O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Economia brasileira: desenvolvimento histórico e perspectivas futuras - Paulo Roberto de Almeida

Meu trabalho mais recente, para fins de aula na Faculdade e debate em Grupo de Pesquisas Brasil Global: 

3794. “Economia brasileira: desenvolvimento histórico e perspectivas futuras”, Brasília, 19 novembro 2020, 19 p. Síntese histórica, analítica e prospectiva sobre a economia brasileira, com breve exercício de planejamento estratégico, com base nos trabalhos 3381 e 3662, e atualizações pertinentes. Distribuído aos alunos do Grupo de Pesquisas Brasil Global, como última preleção e debate. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44537361/3794_Economia_brasileira_desenvolvimento_historico_e_perspectivas_futuras_2020_)


Economia brasileira: desenvolvimento histórico e perspectivas futuras

  

Paulo Roberto de Almeida

Professor de Economia Política no Centro Universitário de Brasília.

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

  

Sumário: 

1. A economia brasileira em perspectiva histórica

2. Características atuais e desenvolvimentos futuros

3. Desafios da economia brasileira: equilíbrio fiscal, investimentos, produtividade

4. Dúvidas e questionamentos sobre o futuro: o que falta ao Brasil?

4.1. Estabilidade macroeconômica (políticas macro e setoriais)

4.2. Competição microeconômica (fim de monopólios e carteis)

4.3. Boa governança (reforma das instituições nos três poderes)

4.4. Alta qualidade do capital humano (revolução educacional)

4.5. Abertura ampla a comércio e investimentos internacionais

 

Resumo: Síntese do desenvolvimento histórico da economia brasileira, com ênfase na trajetória recente, marcada pelo declínio das taxas de crescimento e uma incapacidade multifatorial de retomada de um nível sustentado de crescimento, com a preservação de indicadores notoriamente negativos de desenvolvimento social. Identificação dos principais desafios a essa retomada, nos planos fiscal, produtividade e de investimentos, com exposição sumária dos elementos mais relevantes para a reforma da governança econômica no país, em cinco grandes áreas de reformas estruturais: macro e microeconomia, governança política e jurídica, recursos humanos e abertura externa.

Palavras chave: Economia brasileira; elementos do atraso; obstáculos às reformas; objetivos de reformas estruturais.

 


1. A economia brasileira em perspectiva histórica

A economia brasileira tem uma longa trajetória de desenvolvimento desde a incorporação de toda a costa atlântica do continente sul-americano às possessões coloniais portuguesas no início do século XVI. Portugal, a despeito de seu tamanho diminuto e de um relativo atraso econômico, comparativamente a outros Estados nacionais em formação na Europa ocidental do começo da era moderna, chegou a possuir um enorme império marítimo nos quatro séculos seguintes, no qual a colônia brasileira ocupava, certamente, uma posição de destaque, chegando a representar, na época da mineração de ouro e diamantes – séculos XVII e XVIII –, praticamente dois terços dos haveres no Tesouro real português. No início limitada à exploração de “pau-brasil”, extraído das florestas atlânticas, a colônia logo desenvolve uma pujante economia do açúcar, que ainda hoje, mais de cinco séculos depois, ainda ocupa parte relevante no grande e estratégico agronegócio brasileiro. Esse ciclo, limitado à costa atlântica do Nordeste, abastecido pela produção de carne do interior, se prolongaria em outros ciclos oportunamente surgidos nas demais regiões da colônia portuguesa.

Durante quatro séculos essa economia se desenvolve em torno de poucos produtos básicos de exportação, à base da mobilização de mão-de-obra escrava – o componente africano na população brasileira é extremamente relevante –, que foram sucessivamente assumindo papel de destaque nos chamados “ciclos de produtos”: junto com a cana de açúcar, o algodão, os metais preciosos (hoje representados apenas pelo minério de ferro, extremamente abundante no planalto central), o gado (para o abastecimento interno da população, atualmente um dos principais componentes das exportações), o cacau, a borracha amazônica, mas sobretudo o café, que durante dois séculos foi central na economia brasileira, desde a formação do Estado independente até praticamente os anos 1960, tendo justamente servido para financiar a industrialização. Desde os anos 1970, a soja foi ocupando papel central na produção agrícola, chegando a representar, a partir do século XXI, o principal sustentáculo competitivo do setor, com produtividade comparável aos melhores índices internacionais.

No último meio século o Brasil conheceu um processo intenso e bem sucedido de fortalecimento de sua base industrial, ao mesmo tempo em que a revolução agrícola nas terras centrais sustentou a constituição de uma potente agricultura comercial, cujo principal produto, a soja, rivaliza em vendas no comércio internacional com quaisquer outros grandes concorrentes nas exportações agrícolas. O Brasil é um dos poucos países do mundo perfeitamente habilitados a fornecer alimentos – carnes, grãos, possivelmente lácteos – à ainda crescente população mundial, ao mesmo tempo em que o agronegócio investe pesadamente em energias renováveis com base na biomassa. Junto com as demais energias alternativas – eólica e solar –, o Brasil promete sustentar igualmente a demanda futura nessas duas vertentes do abastecimento estratégico para o mundo do século XXI: a segurança energética e a segurança alimentar. 

As taxas médias de crescimento do PIB ao longo desse período real variaram muito em função da conjuntura econômica, do contexto internacional, mas basicamente em virtude das políticas econômicas implementadas pelos sucessivos governos, que perderam qualidade intrínseca progressivamente. A partir dos anos 1980, o Brasil enveredou por tendências declinantes na taxa de crescimento do PIB, permanecendo abaixo da média mundial e bem abaixo dos emergentes dinâmicos como revelado nos indicadores econômicos de crescimento da tabela abaixo: 

 

Taxas médias de crescimento anual do PIB, 1950-2009

Período

Taxas

Período

Taxas

1950-59

7,1

1980-89

3,0

1960-69

6,1

1990-99

1,7

1970-79

8,9

2000-09

3,3

Fonte: IPEA data, contas nacionais

 

(...)


Ler a íntegra neste link: https://www.academia.edu/44537361/3794_Economia_brasileira_desenvolvimento_historico_e_perspectivas_futuras_2020_ 


Nenhum comentário: