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sábado, 28 de novembro de 2020

Reflexões sobre um personagem que anda à procura de um autor (com a devida licença de Pirandello) — Paulo Roberto de Almeida

 Reflexões sobre um personagem que anda à procura de um autor (com a devida licença de Pirandello)

Paulo Roberto de Almeida

O Josias de Souza chamou o patético personagem — a quem eu chamo de chanceler acidental — de “sub-chanceler”. 

Acho que faz sentido, mas não todo o sentido. Tem muito mais coisas atrás dessa pobre filosofia.

Lula já tinha inventado a figura do “sub do sub”, mas falando de ninguém menos do que o USTR de Bush, Robert Zoellick.

Bolsonaro queria um “sub do sub” no Itamaraty. Acabou achando, sem ser preciso ler “Trump e o Ocidente” (que, de resto, ele não entenderia nada).

O rapaz perdeu um tempo enorme fazendo um blog cheio de altas considerações metapolíticas e metahistoricas, para meia dúzia de leitores. Ignaros além de tudo.

É um escritor sem leitores, para gente que só queria um pau-mandado no Itamaraty.

Como aquele coronel do Garcia Marquez, que “no tenia quien le escribiera”, o rapaz não tem quem o leia. Está mais para mero escrevinhador das alucinações alheias.

Na verdade e de fato, acho que está mais para capacho de toda essa gente: do degenerado, do Rasputin OC, do Zero Três, do Robespirralho, do Trump e do Pompeo, de quem mais?

É o sub do sub do servilismo automático...

Acho que o cara deve se angustiar, na frente do espelho, antes de ir dormir, toda noite.

Aliás, deve ser difícil conciliar o sono, pensando e remoendo tanta humilhação diariamente, constantemente, cada uma pior que a outra. 

O Serviço Médico do Itamaraty vai ter de conseguir uma equipe inteira de conselheiros “espirituais”, depois que terminar o sofrimento: um psicanalista, um psiquiatra, um psicólogo, um neurologista, um curandeiro, das várias escolas combinadas: um freudiano, um outro junguiano, não pode faltar um lacaniano, talvez um reichiano, quem sabe um marcusiano? (êpa!), um umbandista, o pessoal da canabis recreativa, do Santo Daime, whatever, whoever...

Deve ser duro de aguentar ter de trabalhar para gente tão ignara, que o vigia de perto: ninguém ali leu Also Sprach Zarathustra no original, ninguém penetrou nos segredos da Imitação de Cristo, ninguém pensou na batalha de Salamina como a salvação do Ocidente antes do Ocidente vir a ser o Ocidente, nem o Trump, que nunca ouviu falar de Spengler, muito menos de Toynbee, que achava que os EUA já tinham entrado em decadência aí por 1947...

Deve ser duro para o rapaz: podia estar escrevendo novelinhas distópicas, mas foi se meter com um bando de bárbaros fundamentalistas. 

Será que já está arrependido?

Se não está agora, se sentindo todo poderoso, protegido pelo degenerado e seus rebentos, vai se sentir depois, quando a festa acabar.

Imaginem o “corredor polonês” virtual do Itamaraty, quando a luz apagar e os lambe-botas se afastarem? Como é que vai ser?

Amanhã vai ser outro dia, como diria o seu compositor favorito...

Pois é, agora é tarde para se arrepender.

Devia ter pensado antes.

Mas, sempre tem compositor com Réquiem já preparado: assim acaba uma carreira.

Não vou antecipar o julgamento da história. Eu mesmo vou fazer a crônica dos tempos presentes e passados: aliás, já está no quarto volume, só falta encontrar um título accrocheur, que não pode ser RIP evidentemente. Deve ter algum slogan latino apropriado. Preciso sacar o meu Cícero, o meu Virgílio, quem sabe até um Dante? Talvez encontre alguma sugestão no Metapolítica 17, alguma coisa com laivos wagnerianos...

Nada menos abaixo da sua desimportância para a história da diplomacia brasileira...

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 28/11/2022

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