O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Ainda uma mini-reflexão sobre o racismo e o nacionalismo — Paulo Roberto de Almeida

 Ainda uma mini-reflexão sobre o racismo e o nacionalismo 

Paulo Roberto de Almeida


Eu não diria que o racismo representa o que há de pior no ser humano, como acreditam alguns: a sensação de desconforto com a alteridade é praticamente natural na “raça” humana: deve ter existido no Cro-Magnon ao se confrontar com o Neandertal, se por acaso isso ocorreu. O racismo vem daí: é quase incontrolável nos grupos humanos diversificados.

Isto, evidentemente, não é uma justificativa para o racismo; apenas um alerta para se evitar simplificações indevidas com respeito a um dos fenômenos mais “comuns” na história humana.

Progressos civilizatórios podem minimizar os sentimentos racistas de pessoas simples (e até de algumas aparentemente “sofisticadas”), mas eles não evitam que tais sentimentos (até inconscientes) aflorem e floresçam em determinadas circunstâncias. O racismo que coexistiu e acompanhou o inconsciente alemão do romantismo nacionalista do Das Vaterlands, Das Volk, sem falar do Der Führer, é uma prova disso, numa sociedade que supostamente conviveu ou apreciou Kant, Goethe e Beethoven.

A tolerância “budista”, ou cristã, que prega a fraternidade e o amor ao próximo, qualquer que seja ele, aparece depois de alguma reflexão sobre o sentido da vida, e do respeito pela vida, costumes, aparência, linguagem e religião dos outros, diferentes.

O racismo pode vir junto com as formas mais canhestras de nacionalismo exclusivista, como no famoso Deutschland über Alles.

Aliás, se parece muito com Make America Great Again e com o “Brasil acima de tudo”, não é mesmo?

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 26/11/2020


Nenhum comentário: