Em conferência religiosa, Ernesto Araújo diz que “politicamente correto” é tão grave “quanto a violência física”
Sem citar dados, ministro das Relações Exteriores falou em "cristofobia", acusou Maduro de perseguir cristãos e afirmou que o materialismo "não é compatível com sociedades livres"
Marcelo Hailer
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araujo, participou esta semana do encontro da International Religious Freedom of Belief Alliance (em português, Aliança para a Liberdade de Religião ou Crença) e, sem apresentar dados e fontes, afirmou que “oito cristãos são mortos por dia no mundo” e que são a parcela religiosa mais perseguida.
Araújo falou a respeito de perseguição contra as minorias religiosas e que estas são “oprimidas em todo o mundo”, mas, em momento algum falou sobre os ataques contra as religiões de matriz afro dentro do Brasil. “Nenhuma fé está a salvo da intolerância e da perseguição e os cristão estão entre suas principais vítimas”, declarou Araújo.
Ao misturar a concepção de Estado e democracia com fé, o ministro afirmou que “a liberdade religiosa não é algo que a sociedade democrática deveria apenas tolerar, como se a religião fosse apenas um corpo estranho. Religião, fé e vida espiritual devem ser consideradas fundamentais para a democracia”.
Também fez ataque a outras concepções de mundo, como a materialista, ao dizer que esta é incompatível com a liberdade. “As pessoas só podem ser livres na medida em que preservam a dimensão espiritual interior. O materialismo não é compatível com sociedades livres. A concepção materialista do mundo e da vida encerra o ser humano em uma prisão de impulso e satisfação sem nenhuma aspiração mais elevada, tornando-o presa fácil dos ditames políticos do momento”, criticou o ministro.
Para Araújo, apenas a comunicação com Deus pode livrar as pessoas da opressão. “Somente se puder se comunicar com o que está acima e além, o ser humano poderá escapar do ciclo de controle e opressão”, disse.
Na sua fala, Araújo afirma que o presidente Bolsonaro defende “ativamente a liberdade religiosa no Brasil e no exterior”. Destacou, como uma das ações de Bolsonaro, em defesa da liberdade religiosa, de que os cultos religiosos não fossem interrompidos durante o lockdown, método realizado no mundo para evitar a propagação do coronavírus.
Ao dizer que o governo brasileiro defende a liberdade das religiões, o ministro disse que “ao mesmo tempo, também reconhecemos nossa fé religiosa predominante, o cristianismo como fundamento e pilar de nossa identidade nacional”. Além disso, Araújo resgatou a fala de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, de que é preciso uma aliança internacional para “combater a cristofobia”.
Novamente, sem citar fontes, o ministro volta a dizer que os cristãos são perseguidos e que enfrentam “dificuldades e desafio para expressar sua fé e viver e e praticar suas religiões no mundo de hoje”. E, como é de praxe do ministro, voltou a atacar “a cultura dominante” e o “politicamente correto”.
“A cultura dominante, formada em torno do politicamente correto, não reconhece o devido lugar da religião e da dimensão espiritual na vida humana. Ela trata a fé com desprezo e hostilidade. Isso talvez não seja menos sério do que a violência física e a perseguição. É mais sutil e pernicioso do que a violência porque deslegitima a fé nas mentes das pessoas”, analisou.
O ministro também aproveitou a sua fala para atacar o governo de Nicolás Maduro. “Na Venezuela, os crimes de Maduro contra a humanidade não poupam os fiéis. Cardeais denunciaram seu uso de leis anti-ódio para processar católicos que se manifestaram contra ele”, criticou.
Ao término de seu discurso, o ministro Ernesto Araújo anuncia que o Brasil vai sediar, em 2021, A Reunião Ministerial para a Promoção da Liberdade de Religião ou Crença e o Fórum de Ministros da Aliança Internacional para a Liberdade de Religião ou Crença.
Abaixo, confira a fala do ministro na íntegra (vídeos)
https://revistaforum.com.br/noticias/em-conferencia-religiosa-ernesto-araujo-diz-que-politicamente-correto-e-tao-grave-quanto-a-violencia-fisica/
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