Um comentário meu a postagem do Fernando José Coscioni sobre o recém-falecido guru presidencial que se autodemitiu ao constatar a “traição” do seu pupilo:
“O problema de OC não era a falta de leituras ou a capacidade de escrever bem, nos seus artigos, ensaios e livros; era mais a confusão mental e a tendência a exacerbar seus posicionamentos mais à direita, como se esta detivesse a chave da interpretação dos processos políticos contemporâneos, num conservadorismo bem mais reacionário do que liberal.
Não ouso me expressar sobre seus escritos ditos “filosóficos” - nos quais muitos especialistas apontam “exegeses” sofríveis, quando não equivocadas —, mas quanto a seus pronunciamentos sobre temas de política internacional, nos quais guardo certa competência, os exemplos constatados são claramente estapafúrdios, quando não alucinados, no contexto das teorias conspiratórias sobre um complô globalista para retirar soberania aos Estados nacionais.
Num “debate” que não deveria ter ocorrido — pois que eu tinha sido convidado a uma entrevista sobre “globalização e globalismo”, não a um “diálogo” com o polemista e agitador da extrema-direita—, em dezembro de 2017, ele passou a me hostilizar (depois de maneira mais ofensiva no seu blog), pelo fato de eu ter denunciado seus argumentos como uma fantasmagoria alucinada.
Em várias oportunidades se referiu a mim como uma espécie de “ignorante ingênuo”, ao não perceber a dominação dos “globalistas” no plano multilateral e como ameaça concreta à soberania dos Estados.
Seu pupilo no Itamaraty, o ex-chanceler acidental tinha ódio de mim, pelas denúncias que fiz das loucuras que estavam rebaixando a respeitabilidade do Itamaraty e da própria política externa.”
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1/02/2022
Um comentário:
Eu assisti a esse debate e acho que você foi brilhante ao relegar a tese do "globalismo" ao seu lugar junto das teorias conspiratórias mais doidivanas.
Ou, ao menos, seus argumentos foram suficientes nessa direção. E, sim, foi bom esse debate ter acontecido, para deixar documentada a impossibilidade de um globalismo como fundo ideológico para a decisões de todos os governos.
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