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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 2 de julho de 2024

Obituary: Democracy - Teresa Joyce (Threads)

Obituary: Democracy

Teresa Joyce (Threads)

Democracy, aged 2,500 years, passed away on July 1, 2024, following a prolonged period of ill health. Born in ancient Greece, Democracy was heralded as a pioneering system of governance that promised power to the people, by the people, and for the people. It inspired countless revolutions, declarations, and movements worldwide, advocating for the ideals of freedom, equality, and justice. (1)

Throughout its life, Democracy experienced various transformations and challenges. It flourished in numerous forms, from the direct democracy of Athens to the representative democracies of modern nation-states. Despite its noble intentions, Democracy often found itself battling corruption, inequality, populism, and apathy.(2)

The latter part of Democracy’s life was marked by increasing polarization, misinformation, and the erosion of trust in institutions. The rise of authoritarianism, coupled with the spread of digital disinformation and weakened civic engagement, accelerated its decline. On July 1, 2024, Democracy succumbed to these mounting pressures, leaving behind a complex legacy of achievements and shortcomings. (3)

Democracy is survived by its ideals, which will continue to inspire future generations seeking a just and equitable society. Memorials will be held in city squares and public forums around the world, where mourners will reflect on its contributions and the lessons learned from its demise.

In lieu of flowers, the family requests that citizens remain vigilant, engaged, and committed to upholding the principles that Democracy once championed.(4)


De “grande conchavão”, Lula entende - Felipe Moura Brasil (O Antagonista)

De “grande conchavão”, Lula entende


Felipe Moura Brasil - diretor de jornalismo

O Antagonista, 2/07/2024

Crítica de Lula à independência do Brasil se aplica a seus próprios governos

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse à Rádio Sociedade nesta terça-feira, 2 de julho:


“A nossa independência foi um acordo feito pela elite que governava o Brasil naquela época e transformaram aquilo na data oficial. Um grande conchavão que resultou, não se sabe se é verdade, no grito de D. Pedro: ‘Independência ou morte’.”


Lula entende do assunto.


O caso do mensalão


O mensalão, descoberto em 2005, foi um “grande conchavão” entre a elite do PT e do Congresso Nacional, com pagamento de propina a parlamentares para que votassem a favor dos projetos do primeiro governo Lula.


A impunidade dos mensaleiros foi um “grande conchavão”, que incluiu o indulto de Natal concedido por Dilma Rousseff a gente do naipe do petista José Dirceu e de Valdemar Costa Neto, que saíram juntos da cadeia e hoje atuam em polos ideológicos supostamente opostos.

O caso do petrolão


O petrolão, revelado em 2014, foi um “grande conchavão” entre empresários amigos de Lula e diretores indicados por ele e seus aliados para setores da Petrobras, com os primeiros levando boladas bilionárias em contratos públicos em troca do pagamento de propina aos demais.


A impunidade dos envolvidos no maior esquema de suborno da história do Brasil também foi um “grande conchavão”, apontado desde a raiz por Crusoé, que uniu lulistas, tucanos e Centrão a bolsonaristas interessados em livrar a família de Jair Bolsonaro das investigações de peculato em gabinetes passados. Os ministros dos tribunais superiores indicados nos governos de PT, PSDB e Bolsonaro somaram seus votos para aliviar a barra dos acusados de corrupção e lavagem de dinheiro no petrolão, bem como de “rachadinha”.

A vingança contra a Lava Jato


A retaliação contra juízes e investigadores da Lava Jato foi um “grande conchavão” da mesma elite política, econômica, judicial e midiática, que resultou em piruetas na lei para cassar o mandato de deputado federal do ex-procurador Deltan Dallagnol, em processos contra o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) até por piada de “prisão” de festa junina, bem como em afastamentos e procedimentos disciplinares contra a ex-juíza Gabriela Hardt e desembargadores do TRF-4, o tribunal de segunda instância que ousou referendar condenações no âmbito da força-tarefa anticorrupção.


O caso do orçamento secreto


orçamento secreto, desvelado em 2020, foi igualmente um “grande conchavão”, que institucionalizou os esquemas anteriores durante o governo Bolsonaro, para garantir a distribuição de verbas públicas conforme a conveniência da cúpula do Poder Legislativo, sendo mantido, de modo maquiado, no terceiro mandato de Lula, mesmo após o STF ter declarado sua inconstitucionalidade e o atual presidente ter chamado o mecanismo, durante sua campanha eleitoral, de “fonte do maior esquema de corrupção da história do país”.


A volta ao passado


volta de empresários amigos de Lula à cena do crime em Brasília, em seu terceiro mandato, também foi um “grande conchavão”, que resultou em medida provisória conveniente no setor elétrico e seleção para concluir a mais escandalosa refinaria de todos os tempos. Isto sem falar nas “coincidências” dos leilões de milho e arroz estatal, ou da megalicitação da Secom para a publicidade governista.

A dependência de Portugal


De conchavão em conchavão, portanto, o Brasil vem perdendo a sua independência para uma casta privilegiada que tudo pode e se autoriza a fazer, inclusive em Portugal, como evidencia o Gilmarpalooza, em nome da mesma democracia diariamente solapada por ela.


As elites colonizadoras das instituições se reúnem anualmente em Lisboa para ditar os rumos brasileiros, enquanto Lula, seu maior beneficiário, posa de defensor do povo.


Sabemos perfeitamente que é tudo verdade.


Felipe Moura Brasil - diretor de jornalismo

O Antagonista, jornalismo vigilante.

Guilhon e as novas “pedras preciosas” - José Augusto Guilhon de Albuquerque

 Postagem do Prof. Guilhon de Albuquerque:

Nova regulamentação chinesa estabelece que metais de terras raras pertencem ao Estado

O governo chinês publicou, no Sábado 29, um regulamento que torna toda a cadeia de abastecimento de terras raras, incluindo mineração, processamento, distribuição e exportação, pertencerá a Pequim a partir de outubro. Cerca de 70% da produção mundial de terras raras veio da China no ano passado, de acordo com o Serviço Geológico Americano. Esta é a mais recente de uma série de regulamentos de Pequim para restringir o acesso aos metais, que são um componente das tecnologias industriais e de energia verde. (Nikkei)

 FONTE: COUNCIL ON FOREIGN RELATIONS

Meus comentários (Guilhon):

Primeiro, se é para aprender com os chineses, como parece inclinar-se a facção mais relevante do nosso atual governo, não basta ir acumulando os monopólios do Estado, aos pouquinhos, para ninguém notar. Não basta nacionalizar apenas o subsolo e o fundo do mar: no caso chinês, o monopólio também inclui o próprio solo e toda a cadeia de produção e de valor das terra raras. Para alcançarem o grau de progresso do capitalismo de Estado chinês, seria preciso ter coragem, e força política, para reverter e ir além do antigo monopólio da Petrobras, da re-nacionalização da Eletrobras, e criar, por exemplo uma Infobras, com monopólio dos meios de comunicação, e de toda  sua cadeia de produção e de valor, incluindo sua matéria prima, isto é o corpo e a alma de seus recursos humanos.

E segundo, é assim, de passo em passo, que governos destituídos de princípios internamente compartilhados, e incompetente para atingir os fins heterogêneos de sua coalizão, condenam o País a um recrudescimento da crise de inflação com depressão, que se arrasta há pelo menos 10 anos.

  Vídeo do WhatsApp de 2024-07-01 à(s) 17.12.52_e723c0c5.mp4

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Dr. José Augusto Guilhon Albuquerque
Professor of International Relations, University of São Paulo (USP)
Senior Fellow, USP Research Center for International Relations (NUPRI)
Director, Brazilian Society for the Study of Transnational Enterprises and Globalization
Senior Research Fellow, Wong Center for the Study of Multinational Corporations
+55.11.4704.1627(ho)  +55.11.99890.5568 (cel)

Meu comentário (PRA):

 A Constituição de 1934, seguindo as tendências estatizantes da época, estatizou o subsolo, à diferença dos EUA: se um americano encontrar petróleo no seu quintal, pode explorar. Se encontrar um esqueleto de dinossauro, pode vender no mercado. Os EUA começaram cerceando chips aos chineses. Eles revidam como que têm de mais útil aos americanos.

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Sent from my iPhone
Paulo Roberto de Almeida
Tel.: (61) 99176-9412
www.pralmeida.org
pralmeida@me.com
diplomatizzando.blogspot.com

Putin’s regime or the war: which will end first? - Anders Puck Nielsen (Kyiv Post)

Putin’s regime or the war: which will end first?https://youtu.be/iTxL4FlDlDA?si=uc6PFDa0-6v-qHHX

Anders Puck Nielsen’s Youtube channel (   / @anderspuck  ) is one of the most popular military channels and focuses heavily on the military strategy in Ukraine and what to look out for next in the world of warfare. According to his https://apnielsen.info/en/frontpage/, Nielsen is “a military analyst at the Royal Danish Defence College,” and has “a background as a naval officer.” 

In this exclusive Kyiv Post interview, Nielsen gives an outlook to viewers that may shock: Russia wishes to commit war crimes – and wants the world to know about them – as Moscow is seeking to challenge the international rules-based order. In that regard, Nielsen explains why the International Criminal Court arrest warrants for the Chief of the Russian General Staff, Valery Gerasimov, and former Russian Defense Minister, Sergei Shoigu, are so important to understanding Russia’s strategy. 

As such, Nielsen asks, “How can a real, lasting peace be developed with a country that rejects abiding by rules?” Nielsen gives deep insight into what is happening now in Ukraine, how the war is developing, and highlights the risks that Russia will face ahead. Despite all of the outward trimmings of power, Nielsen feels that there is something rotten in Moscow and the ability for Putin to maintain power is far more limited than what many might assume. 

Anders can be followed on    / @anderspuck  , https://x.com/anderspuck?lang=en,   / en  , or via his fascinating newsletter – https://www.logicofwar.com/.



segunda-feira, 1 de julho de 2024

Para entender rapidamente a eleição francesa - André Spritzer

Para entender rapidamente a eleição francesa

André Spritzer

(1/07/2024)

Pesquisador. Doutor em ciência da computação, especializado em visualização e interação. Cientista político e internacionalista. Site: https://andrespritzer.com/

 

Sistema político

A França é uma república democrática com um regime semipresidencialista, com o poder executivo compartilhado entre um presidente eleito por voto direito e um primeiro-ministro oriundo do parlamento (a Assembleia Nacional). O presidente serve por um mandato de cinco anos e pode ser reeleito consecutivamente uma vez. A eleição se dá em um sistema de dois turnos similar ao brasileiro: se algum candidato obtiver mais de 50% no primeiro turno, vence; caso contrário, os dois candidatos com mais votos se enfrentam em um segundo turno.

O parlamento é eleito depois da eleição presidencial para aumentar as chances de coerência ideológica-programática na composição do governo e na sua coalizão na Assembleia, evitando o risco de coabitação (quando o presidente é de um partido e o primeiro-ministro de outro) e consequente paralisia ou, no mínimo, dificuldades políticas. A Assembleia tem 577 assentos, cada um representando um distrito eleitoral. Uma maioria absoluta, portanto, requer 289 assentos. Assim como na eleição presidencial, a eleição se dá por dois turnos.

O presidente e o primeiro-ministro compartilham o poder executivo, mas desempenham funções distintas. O presidente é o chefe de Estado, responsável por indicar o primeiro-ministro (que deve ser aprovado pela Assembleia Nacional) e os membros do Conselho Constitucional (a principal autoridade constitucional). Além disso, o presidente tem o poder de convocar referendos e, crucialmente, pode dissolver a Assembleia Nacional, convocando novas eleições legislativas, como fez o presidente Emmanuel Macron após a eleição europeia. Por outro lado, o primeiro-ministro é o chefe de governo, encarregado da administração cotidiana e da implementação das políticas públicas. Ambos, presidente e primeiro-ministro, compartilham algumas atribuições, como a escolha de ministros, assinatura de ordens e decretos, negociação e ratificação de tratados, entre outras.

 

História política recente

Os partidos políticos atuais incluem os tradicionais PS (Parti Socialiste, ou Partido Socialista), de centro-esquerda, e o LR (Les Républicains, ou Republicanos), de centro-direita gaullista. Na extrema-esquerda, há o LFI (La France Insoumise, ou França Insubmissa), liderado por Jean-Luc Mélenchon. Já a extrema-direita se divide entre o nacionalista RN (Rassemblement National, ou Reunião Nacional), de Marine Le Pen, e o arquiconservador R! (Reconquête, ou Reconquista), do jornalista Éric Zemmour. No centro, há ainda o partido RE (Renaissance, ou Renascença), de Emmanuel Macron, atual presidente da República.

Os últimos governos dos partidos tradicionais foram bastante impopulares. Tanto Nicolas Sarkozy (presidente entre 2007 e 2012) pelo LR (na época UMP—Union pour un mouvement populaire, ou União por um Movimento Popular), quanto François Hollande (no cargo entre 2012 e 2017) pelo PS, serviram apenas um mandato. Enquanto os tradicionais perdiam popularidade, o RN (na época, Front National, ou Frente Nacional) ganhava força. Marine Le Pen investiu em uma suavização de sua imagem e adotou uma estratégia de “desdemonização” do partido, que mudou de nome e se afastou—ao menos na superfície—de suas raízes antissemitas e filonazistas (vários fundadores do partido tinham ligações com regime de Vichy, que colaborou com a Alemanha nazista). Essa mudança no RN passou até pela expulsão do pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, um dos principais fundadores e tradicional líder e candidato do partido.

Em 2016, Emmanuel Macron, então ministro da economia do governo Hollande, largou o cargo e fundou o movimento/partido centrista En Marche! (Em Marcha!), que depois mudou de nome duas vezes, primeiro para La République em Marche! (A Reública em Marcha!) e, finalmente, Renaissance (Renascimento). Macron venceu a eleição presidencial no que foi essencialmente uma “zebra”. Na esquerda, o tradicional PS virtualmente desapareceu enquanto o extremista LFI cresceu espetacularmente (6.4% dos votos para Benoît Hamon, do PS, contra 19.6% para Mélenchon). Na direita, François Fillon, candidato do tradicional LR e ex-primeiro-ministro de Sarkozy, tinha tudo para ir ao segundo turno contra Marine Le Pen, mas perdeu força em meio a um escândalo de nepotismo envolvendo sua mulher há poucas semanas da eleição e terminou em terceiro lugar, com 20% dos votos. O espaço aberto pelos problemas de Fillon fez com que o então novato Macron ficasse em primeiro lugar no primeiro turno, com 24% dos votos. Ele foi seguido por Le Pen, com 21.3%. Macron venceu o segundo turno com facilidade, conquistando 66.1% dos votos contra 33.9% para Le Pen. Os votos de Macron, no entanto, foram mais contra Le Pen do que exatamente nele—ou seja, ele venceu não tanto por seu programa, mas porque na época votar na extrema-direita ainda era tabu.

A despeito do mérito, a baixa legitimidade do programa de Macron e seu estilo “imperial” fez com que ele tivesse uma presidência difícil, com baixa popularidade e problemas de governabilidade, enfrentando crises como a dos Coletes Amarelos. Ainda assim, com o PS praticamente morto nacionalmente e o LR fraco, em 2022 Macron conquistou a reeleição em nova disputa contra uma Le Pen mais forte, mas ainda considerada tabu. Essa eleição também foi marcada por uma grande demonstração de força da extrema-esquerda de Mélenchon e na participação do segundo partido de extrema-direita, o Rêconquete, de Zemmour, que atraiu para seus quadros ninguém menos que Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha de Marine (Marion posteriormente retornaria ao RN durante a eleição europeia de 2024, quando foi expulsa do partido por defender aliança do Rêconquete com o partido de sua família).

Assim como em sua primeira eleição, Macron foi reconduzido ao cargo mais por não ser Le Pen do que por seus próprios méritos. Sua impopularidade e seus problemas de governabilidade, portanto, só aumentaram à medida que implementava pontos-chave de seu programa. Uma das suas medidas mais controversas foi uma reforma da previdência que levou milhões de franceses a protestarem nas ruas, às vezes com violência. Outra reforma controversa foi uma proposta para endurecer a política de imigração. Essa reforma só aprovada com o apoio do RN de Le Pen e resultou em uma implosão de sua coalizão, forçando a primeira-ministra, Élisabeth Borne, a se demitir e levando à formação de um novo governo com Gabriel Attal, até então ministro da Educação, como primeiro-ministro.

Com os partidos tradicionais praticamente fora do jogo e Macron a cada vez mais detestado, Marine Le Pen continuou a crescer em popularidade com sua estratégia de “desdemonização”. Um dos pilares dessa estratégia é o jovem Jordan Bardella, que teve uma ascensão meteórica no RN, se tornando presidente do partido (o primeiro a não ter Le Pen como sobrenome) aos 27 anos. Carismático e bem apessoado, Bardella se destacou por seus vídeos em redes sociais (em especial TikTok), que atraíram muitos eleitores jovens. A estratégia deu frutos: na eleição europeia de 2024, o RN obteve mais que o dobro de votos da coalizão capitaneada pelo Renaissance de Macron (31,37% contra 14,6%). A esquerda e direita tradicionais, por sua vez, não chegaram nem a 10% cada (respectivamente 13,83% e 7,25% para coalizão liderada pelo PS e para o LR) e a extrema-esquerda de Mélenchon conseguiu 9,89% dos votos. Esse desastre eleitoral levou Macron à arriscada decisão de dissolver a Assembleia Nacional e convocar a eleição legislativa precoce que está agora em curso.

 

Eleição legislativa de 2024

A convocação de uma eleição legislativa surpresa caiu como um meteoro na já instável política francesa. Muitos questionaram a decisão de Macron (inclusive apoiadores) pelo risco de produzir uma Assembleia ingovernável e até uma coabitação com Jordan Bardella como primeiro-ministro. Não só isso, como a eleição serviu de catalisador para diversos conflitos.

Temendo a ascensão da extrema-direita, o PS aceitou formar uma coalizão de esquerda com os demais partidos do espectro e o LFI de Mélenchon como protagonista. Essa aliança, no entanto, é bastante desconfortável para a ala mais centrista do PS, devido tanto ao programa do LFI quanto a tentativa deste partido de se aproximar do considerável eleitorado muçulmano através de uma retórica/agenda antissemita/antissionista.

À direita, a eleição provocou uma crise no LR, com o presidente do partido, Éric Ciotti, forjando uma aliança com o RN, algo ultrajante para boa parte da elite do partido, que acha absurda a ideia do partido gaullista se unir a um partido ligado a Vichy. A aliança com o RN não se materializou, mas gerou um caos no partido e levou à expulsão de Ciotti, que foi posteriormente revertida por decisão judicial.

Finalmente, para Macron, a aposta na eleição legislativa parece ter dado errado. No primeiro-turno, ocorrido dia 30 de junho, sua coalizão amargou o terceiro lugar, com somente 20% dos votos. O primeiro lugar ficou com o RN, com 33% dos votos e o segundo com o bloco de esquerda, com 28%. O LR, por sua vez, conseguiu 10,23%. Apesar da vitória, é improvável que o RN de Le Pen conquiste a maioria absoluta da Assembleia após a votação segundo turno, que se dará dia 7 de julho.

 

Confederação do Equador: 200 anos; seminário comemorativo

O seminário terá transmissão dias 2 e 3/07, pelo IAHG-PE neste link: 

https://youtube.com/live/PHdpFctXyrI?feature=share



Aqui a informação do Senado: 

Confederação do Equador: há 200 anos, Pernambuco criou 'Brasil alternativo' ao Império de Pedro I

Ricardo Westin
Publicado em 21/6/2024

Em 1822, quando o Brasil estava à beira da separação de Portugal, diferentes projetos políticos para a nova nação entraram em disputa.

Um dos projetos previa que a antiga Colônia portuguesa pouco mudaria: a nova nação seria monárquica, o território ficaria intacto, a escravidão permaneceria como a base da economia e o poder não seria repartido entre as províncias, mas concentrado nas mãos do governo central, no Rio de Janeiro.

Os brasileiros conhecem bem a história. No fim das contas, foi justamente esse o projeto político vencedor, idealizado pela elite do eixo Rio-Minas-São Paulo e executado pelo imperador D. Pedro I a partir do grito do Ipiranga.

O que os brasileiros não conhecem são os projetos perdedores, aqueles “Brasis alternativos” que, apesar de possíveis, o curso da história não permitiu que se tornassem realidade.

Tais projetos podem ser pelo menos vislumbrados quando se olham as outras histórias do continente. A Colômbia, a Argentina e outros vizinhos se fragmentaram em diferentes repúblicas. O Haiti foi palco de uma rebelião negra que massacrou os brancos, declarou o país independente e aboliu a escravidão. Cuba se manteve escravista e unida à Espanha. Os Estados Unidos entregaram o poder de mando aos estados, não ao governo nacional.

A verdade é que houve, sim, um “Brasil alternativo” que conseguiu sair do papel. Foi a Confederação do Equador, que costuma aparecer nos livros didáticos de história como um episódio menor dentro do Primeiro Reinado (1822-1831).

Fonte: Agência Senado