2000: 25 anos atrás, a IIRSA de FHC
Gustavo Felix de Lima
Há 25 anos, em 31 de agosto de 2000, Brasília sediava um encontro inédito: a primeira Reunião de Presidentes da América do Sul, convocada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante dois dias, os chefes de Estado dos doze países da região — da Argentina à Venezuela, passando por Guiana e Suriname — reuniram-se para discutir os rumos do continente.
O momento era carregado de simbolismo. Nunca antes todos os líderes sul-americanos haviam se sentado à mesma mesa para pensar o futuro regional. Havia divergências ideológicas claras — conservadores, liberais, social-democratas e líderes de esquerda dividiam o mesmo espaço. Ainda assim, prevaleceu um espírito de cooperação. Ao contrário do clima polarizado que hoje domina a política, eram raros os ataques pessoais. A maioria dos presidentes entendia que sem algum nível de integração regional seria impossível enfrentar desafios comuns: consolidar a democracia, defender direitos humanos, reduzir a desigualdade, facilitar o comércio e cooperar contra o crime organizado. Um dos resultados-chave da cúpula foi a criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, ou simplesmente IIRSA, é um programa que visou a promover a integração sul-americana através da integração física desses países.
O Comunicado de Brasília trouxe propostas concretas em todas essas frentes e inaugurou um período de maior aproximação política e econômica entre os vizinhos. O contexto internacional ajudou: o início da chamada “década dourada” para a América Latina, impulsionada pelo boom das commodities, garantiu taxas de crescimento não vistas havia décadas.
Do ponto de vista político, a reunião simbolizou uma aposta na construção de uma identidade regional própria, distinta da dependência histórica em relação aos Estados Unidos ou à Europa.
O contraste com os dias atuais é marcante. Uma reunião desse porte, dedicada a pensar coletivamente o futuro da América do Sul para além das disputas partidárias, soa hoje quase impossível.
A cúpula de 2000 é um lembrete que, quando a cooperação prevalece sobre disputas ideológicas, a região é capaz de dar passos reais rumo á estabilidade e prosperidade.
Gustavo Felix de Lima
Nota PRA: A IIRSA, infelizmente, não foi continuada pelos governos do PT. Ao contrário, foi deliberadamente descontinuada. Em seu lugar veio o palanquismo antiamericano de Lula-Amorim, com a proposta de uma Comunidade Sul-Americana de Nações, imediatamente sabotada por Chávez e Kirchner, que manobraram para ter a Unasul criada pelos bolivarianos, com uma suntuosa sede em Quito (nos tempos do bolivariano Rafael Correa), construída com os petrodólares da ditadura chavista, que o lulopetidmo sempre apoioi (por negócios sobretudo).