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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Putin prepara mais um gigantesco crime de guerra e contra a humanidade: a explosão da maior central nuclear da Europa

 Zaporizhzhia NPP

Several employees of "Rosatom," brought to the Zaporizhzhia NPP from Russia, have left Enerhodar, as well as some collaborators who were ZNPP employees that had contracts with the Russians, said the Mayor of Enerhodar, Dmytro Orlov, in a comment to Ukrainian Radio.

According to the Mayor's statement, the occupying forces brought explosives to the ZNPP nearly a year ago and proceeded to mine the plant's perimeter as well as the entire coast of the Kakhovka Reservoir. The Russians have continued mining activities this year, possibly in preparation for a potential counterattack by the Ukrainian Armed Forces. These mining activities, including the impact on the Kakhovka Hydroelectric Power Station, have caused significant concern among specialists in Enerhodar. The presence of trucks with explosives indicates that the occupiers are preparing for various scenarios, and their use of the nuclear power plant as a tool for international influence is seen as a means of blackmailing not only Ukraine but the entire world.

According to Orlov, the Mayor of Enerhodar, there are no shelters in the city in case of an explosion at the ZNPP. In the event of nuclear or radiation incidents at the plant, regulations and instructions dictate a complete evacuation from the city based on wind directions and weather conditions. Shelters are only available in industrial premises at the nuclear and thermal power plants and neighboring facilities. Orlov also highlighted that around 5,000-6,000 ZNPP workers in the city are effectively held hostage by the Russian army. The occupation authorities prevent them from leaving the city limits, and those who have not signed contracts with Rosatom have had their passes blocked, prohibiting them from working.

The humanitarian situation has worsened as well. Since September, the occupiers have blocked the delivery of humanitarian aid, including essential medications like insulin. Communication in the city is also challenging. While mobile networks can reach the upper floors of high-rise buildings, the occupiers have blocked Ukrainian TV channels, radio stations, and taken control of internet resources.

Source: CDS, July 2. 2023

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Derrota de Putin na Ucrânia pode ter consequências inimagináveis - Thomas Friedman (NYT, OESP)

 Derrota de Putin na Ucrânia pode ter consequências inimagináveis 

Thomas Friedman, THE NEW YORK TIMES
O Estado de S. Paulo, 29/06/2023

Os acontecimentos recentes na Rússia se parecem com o trailer do próximo filme de James Bond: o ex-chefe, hacker e mercenário de Vladimir Putin, Ievgeni Prigozhin se rebela. Prigozhin, parecendo com um personagem saído diretamente de ‘Doctor No’, lidera um comboio de ex-detentos e mercenários em uma corrida excêntrica para tomar a capital russa, derrubando alguns helicópteros no caminho. Eles encontram tão pouca resistência que a internet está cheia de imagens de seus mercenários esperando pacientemente para comprar café pelo caminho, como se dissessem: ‘Ei, podem colocar uma tampa no café? Não quero sujar meu blindado.”

Ainda não está claro se o frio e calculista Putin dirigiu qualquer ameaça direta a seu velho amigo Prigozhin, mas o líder mercenário, sendo um velho laranja de Putin, claramente não estava assumindo riscos. E com razão. O sempre útil presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que abrigou Prigozhin, relatou que Putin compartilhou consigo o desejo de matar o mercenário e “esmagá-lo como um inseto.”

Como o sinistro Ernst Stavro Blofeld, o vilão dos filmes de James Bond que lidera o sindicato internacional do crime Spectre e sempre era visto acaraciando seu gatinho branco enquanto tramava algum ardil, Putin é quase sempre visto em sua longa mesa branca, com as visitas geralmente sentadas no lado oposto da peça, onde, é possível suspeitar, uma armadilha espera pronta para engolir qualquer um que saia da linha.

A minha reação inicial ao ver o drama se desenrolar na CNN foi questionar se tudo aquilo era real. Não sou fã de teorias da conspiração, mas 007 — Viva e Deixe Morrer não tem nada a ver com esse motim com um roteiro escrito em Moscou — um roteiro ainda em produção, enquanto um Putin analógico tenta alcançar com a TV estatal russa um Prighozin digital que o cerca com sua comunicação via Telegram.

Responder a pergunta que muitos me fazem — O que Putin fará agora — é impossível. Eu seria cauteloso, no entanto, em tirá-lo de cena tão rápido. Lembrem-se: Blofeld apareceu em seis filmes do James Bond até que o 007 finalmente o derrotasse.

Tudo que se pode fazer por enquanto, creio, é tentar calcular os diferentes equilíbrios de poder envolvidos nessa história e analisar quem, nos próximos meses, pode fazer o quê.

As fraquezas de Vladimir Putin
Permitam-me começar com o maior equilíbrio de poder em questão, que nunca pode ser deixado de lado. E o presidente Biden merece os aplausos por ele. Foi graças à ampla coalizão reunida pelo presidente dos Estados Unidos para enfrentar Putin na Ucrânia que expôs a face do vilarejo Potemkin do líder russo.

Gosto da argumentação de Alon Pinkas, ex-diplomata israelense sediado nos EUA, em um artigo publicado no Haaretz nesta semana. Segundo ele, Biden entendeu desde o começo que Putin é o epicentro de uma constelação antiamericana, antidemocrática e fascista que precisa ser derrotada. E com ela, não há negociação possível. O motim de Prigozhin fez na prática o que Biden tem feito desde a invasão da Ucrânia: expôs as fraquezas de Putin, ferundo sua já abalada aparência de invencibilidade e sua suposta condição de gênio estrategista.

Putin, há muito, governa com dois instrumentos: medo e dinheiro, cobertos com uma capa de nacionalismo. Ele comprou quem poderia comprar e prendeu ou matou quem não podia. Mas agora alguns observadores do que acontece na Rússia argumentam que o medo está se dissipando em Moscou. Com a aura de invencibilidade de Putin abalada, outros poderiam desafiá-lo. Veremos.

Se eu fosse Prigozhin ou um de seus aliados, ficaria longe de qualquer um que passasse na calçada em Belarus com um guarda-chuva em um dia de sol. Putin tem feito um trabalho bastante efetivo eliminando seus críticos e ninguém pode subestimar o temor profundo dos russos sobre qualquer retorno ao caos do período pós-soviético, no início dos anos 90. Muitos deles ainda são gratos a Putin pela ordem que ele restaurou no país.

Um plano que pode dar certo
Quando analisamos o equilíbrio de poder de Putin com o resto do mundo as coisas ficam complicadas. No Ocidente, temos de temer as fraquezas de Putin tanto quanto tememos suas forças.

Ainda não há um sinal de que o motim de Prigozhin ou a contraofensiva ucraniana tenham levado a qualquer colapso significativo das forças Rússias na Ucrânia. Apesar disso, ainda é cedo para qualquer conclusão.

Fontes do governo americano dizem que a estratégia de Putin é exaurir o Exército ucraniano até o ponto em que ele não tenha mais suas peças de artilharia howitzer de 155 milímetros nem seus sistemas antiaéreos cedidos por Washington. Essas peças são a principal arma das forças terrestres ucranianas. Sem elas, a Força Aérea Russa teria alguma supremacia até que os aliados ocidentais tenham seus recursos exauridos, ou até Donald Trump voltar à Casa Branca e Putin conseguir algum acordo sujo com ele que salve sua pele.

A estratégia não é maluca. A Ucrânia gasta tanto esse tipo de munição — cerca de 8 mil por dia — que o governo americano está tentando encontrar reposição para elas antes que novas entregas industriais dessas peças cheguem no ano que vem.

Além disso, a logística é importante numa guerra. Também é importante se você está no ataque ou na defesa. Atacar é mais difícil e os russos estão entrincheirados e com toda sua linha defensiva minada. É por isso que a contraofensiva ucraniana tem sido tão lenta.

Como me disse Ivan Krastev, especialista em Rússia e diretor do Centro de Estatégias Liberais na Bulgária: “No primeiro ano da guerra, quando a Rússia estava no ataque, todo dia sem uma vitória era uma derrota. No segundo ano, todo dia em que a Ucrânia não está vencendo é uma vitória para os russos.”

Nós não devemos subestimar a coragem dos ucranianos. Mas também não podemos superestimar a exaustão do país como uma sociedade.

E como a história ensina, o Exército da Rússia tem aprendido com seus erros. John Arquilla, professor da Escola Naval de Pós-Graduação na Califórnia e autor de Blitzkrieg: os novos desafios da guerra cibernética, “os russos sofrem, mas aprendem.”

Segundo o professor, o Exército de Putin ficou melhor em manter a hierarquia da tropa no front. Além disso, segundo Arquilla, eles aperfeiçoaram o uso de drones em combate. Ao mesmo tempo, os ucranianos mudaram sua estratégia inicial, de usar unidades móveis menores, armadas com armas inteligentes, para atacar um imóvel Exército russo, para um perfil mais pesado e maior, com tanques e blindados.

“Os ucranianos agora estão cada vez mais parecidos com o Exército russo que estavam derrotando no ano passado”, disse Arquilla. “O campo de batalha nos dirá se essa é a melhor estratégia.”

Os riscos de uma Rússia sem Putin
Isto posto, devemos nos preocupar tanto com a perspectiva de uma derrota de Putin quanto de qualquer vitória. E se ele for derrubado? Não estamos mais na época do fim da União Soviética. Não há ninguém bonzinho ou decente ali. Nenhum personagem inspirado em Yeltsin ou Gorbachev está à espreita para assumir o poder.

“A velha União Soviética tinha algumas instituições estatais que eram responsável por manter o funcionamento da burocracia, bem como alguma ordem de sucessão. Quando Putin entrou em cena, ele destruiu ou subverteu todas as estruturas sociais e políticas além do Kremlin”, me explicou Leon Aron, especialista em Rússia do American Enterprise Institute, cujo livro sobre a Rússia de Putin sai em outubro.

No entanto, a História da Rússia traz algumas reviravoltas surpreendentes, ele diz. “Apesar disso, numa perspectiva histórica, os sucessores de líderes reacionários no país costumam ser mais liberais: o czar Alexander II depois de Nicolas I, e na URSS, Kruschev depois de Stalin, e Gorbachev depois de Andropov. Então, se houver uma transição pós-Putin, há esperança.

Apesar disso, no curto prazo, Se Putin for derrubado, podemos acabar com alguém pior. Como você, leitor, se sentiria, se Prigozhin estivesse no Kremlin desde hoje cedo comandando o arsenal nuclear da Rússia?

Um outro cenário possível é a desordem ou uma guerra civil e a consequente implosão da Rússia nas mãos de diversos oligarcas e grupos armados. Por mais que eu deteste Putin, eu odeio o caos ainda mais, porque quando um Estado do tamanho da Rússia colapsa é muito difícil reconstruí-lo As armas nucleares e a criminalidade derivadas dessa catástrofe mudariam o mundo.

E isso não é uma defesa de Putin. É uma expressão de raiva pelo que ele fez a seu país, tornando-o uma bomba-relógio continental. Ele fez o mundo inteiro refém.

Se Putin vencer, o povo russo perderá. Mas se ele perder e for substituído pelo caos, o mundo inteiro sairá derrotado.


quarta-feira, 14 de junho de 2023

Diplomacia de Lula: Ucrânia, China, Cúpula sul-americana, Maduro - Paulo Roberto de Almeida

 Diplomacia de Lula: Ucrânia, China, Cúpula sul-americana, Maduro  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com). 

Respostas a questões de corresponde de agência estrangeira em Brasília.  

 

1) Rússia/Ucrânia: Brasil condenou a invasão e procura plano de paz, mas Lula acusou EUA e Europa de "alentar" a guerra, recebeu o chanceler russo, não se encontrou com Zelensky. Como analisa a postura acidentada ou incômoda do Lula adiante a guerra? Qual são os erros e acertos do Lula?

PRA: É preciso considerar que Lula, como líder do Partido dos Trabalhadores (PT), tem conexões, talvez vínculos de solidariedade não de todo explicados, com Cuba e com o Partido Comunista Cubano, desde praticamente sua origem, em 1980 (pelo perfil de boa parte de seus militantes e quadros profissionais, todos eles identificados com o socialismo esquerdista latino-americano, fortemente americano); durante seu governo, Lula forjou, além dos laços tradicionais com a esquerda latino-americana – o PT é um dos organizadores do Foro de São Paulo, criado em 1990, quando da implosão do socialismo e da “orfandade” de Cuba, que ficou sem os subsídios soviéticos –, uma cooperação e alianças estratégicas com outros países do chamado Sul Global, mas sobretudo com as duas grandes autocracias, Rússia e China, especialmente do ponto de vista do antiamericanismo. Quando se desempenhou à frente dos seus dois primeiros mandatos (2003-2010), sua diplomacia foi fortemente marcada pela criação do IBAS (Índia, Brasil, África do Sul, logo em 2003) e, sobretudo, a partir de 2006, oficializada em 2009, a criação do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ampliado em 2011 para incluir a África do Sul, constituindo-se no BRICS. 

A resposta mais simples à pergunta acima é, portanto, esta: Lula adotou essa postura por antiamericanismo tradicional do PT e, mais especialmente, pela aliança com a duas grandes autocracias da Eurásia, reforçada nos três primeiros mandatos do PT e retomada desde seu terceiro mandato a partir desde ano de 2023. Ademais, convidado pelo G7 de Hiroshima, Lula esperava ser recebido como o grande líder dessa entidade fantasmagórica que responde pelo nome de Sul Global; ele foi completamente ofuscado pela presença de Zelensky, daí explicando-se seu incômodo em encontrar com o presidente ucraniano, que se apresentou como grande estadista de estatura mundial, sendo Lula relegado a segundo plano. Existe, também, portanto, um elemento de ciúme, e até de raiva, na atitude de Lula.

 

2) EUA/China: Ao viajar a Washington e Pequim ao início do governo, Lula sinalizou querer manter um balanço entre as potências. Conseguiu?

PRA: A busca de autonomia em sua política externa é uma velha tradição da diplomacia brasileira, e atravessou décadas, em governos autoritários e democráticos, civis ou militares. Houve uma conjuntura de alinhamento com os EUA durante a primeira Guerra Fria, quando os EUA eram a única potência dispondo de recursos financeiros, tecnológicos, comerciais e de cooperação para formação de capital humano, positivos para o crescimento e o desenvolvimento do Brasil. Desde essa época, o mundo se transformou e se diversificou. Depois de 150 anos de relação privilegiada com Washington, a China superou os EUA no plano do comércio bilateral, a partir de 2009. Mas, nos últimos anos, o turnover comercial Brasil-China representa mais do que o dobro do comércio somado dos dois outros primeiros parceiros com o Brasil, EUA e UE. O superávit de mais de 40 bilhões de dólares no comércio com a China é absolutamente essencial para garantir o equilíbrio das transações correntes do Brasil, que sem isso enfrentaria sérios problemas no equilíbrio do balanço de pagamentos.

Mas, esse equilíbrio entre as duas grandes potências é uma alegação quase sem fundamentos, pois que o PT e Lula já aderiram a essa ideia artificial de criação de uma “nova ordem global”, alternativa à ordem de Bretton Woods, desprezada como “ocidental”. As declarações de Lula em diversas ocasiões, mas especialmente em Beijing, deixaram muito claro sua definição de alinhamento com a China e com essa ideia da nova ordem global, também justificada pela busca de uma “multipolaridade” indefinida. Ou seja, o equilíbrio entre as duas grandes potências não possui o mesmo significado no plano prático, embora seja ainda a postura oficial do Itamaraty e a da maioria da opinião pública brasileira. 

 

3) Cúpula Sul-americana: Lula conseguiu reunir os líderes da América do Sul pela primeira vez em quase uma década, mas sua visão sobre Venezuela foi motivo de divisão. Uma semana depois, qual foi a importância da cúpula dos presidentes?

PRA: Lula tenta repetir o que tinha sido feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que reuniu, efetivamente pela primeira vez, os dirigentes da América do Sul, em 2000, com o objetivo de propiciar a integração física do continente (infraestrutura, energia, comunicações, etc.), por meio da IIRSA (Iniciativa de Integração Regional Sul-Americana). Esse grande objetivo foi deliberadamente sabotado pelo governo Lula, a partir de 2003, que se empenhou em criar, primeiro a Comunidade Sul-Americana de Nações (em 2004, numa reunião em Lima), iniciativa sabotada por Hugo Chávez, depois transformada na Unasul, que foi mais ou menos controlada pelos bolivarianos, com uma suntuosa sede em Quito, na época de Ruben Correa, construída com os petrodólares chavistas. A intenção, tanto de Lula quanto de Chávez, era claramente antiamericana, mas no plano da integração física ou comercial pouco se avançou na primeira década do século. 

O ativismo prático da diplomacia brasileira foi bem-sucedido, pois que se conseguiu mobilizar todos os dirigentes – com exceção do Peru, que ainda assim enviou um representante diplomático, seu chanceler –, mas as declarações de Lula, um dia antes do encontro de cúpula foram desastrosas, assim como o fato dele ter concedido honras de visita de Estado ao ditador venezuelano. Lula enfrentou desacordos com praticamente todos os demais dirigentes e foi expressamente desautorizado pelos presidentes do Uruguai e do Chile, que disseram ser afrontoso considerar a Venezuela uma democracia, como fez Lula da forma mais patética possível. Tanto foi assim que os presidentes não aprovaram nada de muito significativo, apenas repassando o dever de estabelecer novos mecanismos de integração – que não serão, de nenhuma forma, a repetição da Unasul, como pretendia Lula – a uma comissão de chanceleres (na verdade será de meros assessores diplomáticos), que terá um prazo de seis meses para se pronunciar. Ou seja, com suas declarações infelizes, Lula retirou qualquer evidência de sucesso em sua iniciativa de reunião de cúpula. Esta, como outras iniciativas – como uma próxima reunião de países amazônicos – respondem muito mais a um desejo megalomaníaco de Lula de ser considerado um grande líder regional e mundial, do que a um planejamento técnico bem concebido para fazer avançar um difícil processo de integração, numa fase de clara fragmentação do continente. 

 

4) Maduro: Como pode se explicar que, mesmo se o Tribunal Penal Internacional abriu um inquérito sobre violações de direitos humanos na Venezuela e líderes de esquerda como Boric tem críticas fortes contra Maduro, Lula defende o presidente venezuelano sem expressar crítica nenhuma sobre seu governo? Lula errou ao defender a Maduro? Por que? A liderança regional do Lula sofreu prejuízo?

PRA: Lula tem esses vínculos fortes com as ditaduras de esquerda, por razões ainda não de todo claras, mas que se vinculam às origens e aos compromissos do PT, e não possui nenhum espírito crítico ao defender esses ditadores – Chávez, Maduro, Ortega, e outros, no continente africano –, assim como as duas grandes autocracias da Eurásia, sendo que uma delas é claramente de direita (mas antiamericana, que é o que basta). Uma outra razão é a perspectiva de grandes negócios com todas essas ditaduras, muitos deles mesclados a transações paralelas, talvez muito lucrativas, tanto oficialmente, quanto oficiosamente, com possíveis comissões e subornos que já foram revelados por investigações posteriores. Negócios legais e pouco claros entre o Brasil e a Venezuela, na época de Lula 1 e 2 e de Chávez, continuados sob Maduro, podem ter liberados milhões de dólares para as duas partes, como evidenciado no Brasil e em outros países, inclusive africanos, em especial com Cuba e Venezuela, as duas ditaduras mais impenetráveis da região. A eleição de Bolsonaro em 2018 pode ser explicada pela enorme rejeição por parte da classe média brasileira, em relação à imensa corrupção dos anos PT na presidência da República. 

Em todos esses episódios, Lula foi movido por pouca, ou nenhuma ideologia, mas pela perspectiva de negócios vantajosos, no plano do Estado, do setor privado e do ponto de vista do partido, embora não se possa descartar o esquerdismo anacrônico do PT e de muitos dos esquerdistas que o sustentam politicamente. Esse viés esquerdista pró-ditatorial de Lula também pode ter contribuído para erodir parte de sua pretensão a tornar-se um líder regional sul-americano, agora sem a competição de Chávez e de Kirchner, como era o caso antes.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4409: 5 junho 2023, 4 p.

 

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Nota do Itamaraty em7/06/2023 sobre a destruição da barragem de Kakhovka, na Ucrânia

Nota PRA: a destruição da barragem ocorreu no dia 6 pela madrugada. A embaixada da Ucrânia em Brasilia alertou imediatamente o governo brasileiro, e até cobrou uma reação. Ainda assim, o MRE tardou um dia inteiro para emitir esta nota, sem qualquer ênfase especial, em face da nagnitude da tragédia.

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governo brasileiro recebeu, com consternação, a notícia do rompimento da barragem de Kakhovka, na Ucrânia. O rompimento da barragem demonstra, uma vez mais, o trágico e duradouro impacto da guerra para as populações civis, e também a urgência da busca do entendimento entre as partes com vistas à cessação das hostilidades.

O governo brasileiro está disposto a colaborar, inclusive com as organizações internacionais competentes, para a mitigação das consequências do incidente. Além disso, considera indispensável a apuração de responsabilidades no episódio por entidade internacional isenta e independente.

O Ministro Mauro Vieira manteve, em 7 de junho, chamada telefônica com o Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, com quem discutiu a preservação da segurança nuclear da usina de Zaporizhia. O governo brasileiro reitera seu firme apoio ao trabalho técnico desenvolvido pela AIEA.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Ucrânia se queixa de silêncio do Brasil sobre explosão de barragem de hidrelétrica - Felipe Frazão (O Estado de S. Paulo)

 Ucrânia ainda aguarda uma nota do Itamaraty, alguma manifestação do governo brasileiro sobre a destruição da barragem e a inundação por ela provocada. (PRA)


Ucrânia se queixa de silêncio do Brasil sobre explosão de barragem de hidrelétrica

Por Felipe Frazão

O Estado de S. Paulo, 06/06/2023 | 22h27


BRASÍLIA - O governo da Ucrânia esperava mais “apoio” do Brasil e gostaria que o governo Luiz Inácio Lula da Silva levantasse a voz contra a explosão da barragem de Kakhovka, disse nesta terça-feira, dia 6, a embaixada do país em Brasília. A detonação da barragem da usina hidrelétrica é considerada por Kiev um ato de terrorismo provocado pela Rússia.

O encarregado de negócios ucraniano, Anatoliy Tkach, atualmente chefe da missão diplomática no País, disse ter informado o Itamaraty sobre o incidente na represa e a situação de emergência, mas afirmou que não recebeu nenhuma resposta.

“Evidentemente gostaríamos de contar com a condenação do governo brasileiro contra atos de terrorismo em massa”, afirmou Tkach. “A embaixada informou ao governo sobre a explosão na usina de Kakhovka. Até o momento não temos um comunicado do governo brasileiro. Gostaríamos de ter um maior apoio nas situações críticas, em particular como nessa da usina.”

Até a noite desta terça-feira, a diplomacia brasileira não havia publicado nenhuma nota sobre o caso, o que contrasta com reações de conflitos em outras partes do mundo, como na África e no Oriente Médio. O presidente Lula também não falou sobre o assunto.

Segundo Tkach, os russos tinham como objetivo atrapalhar a contraofensiva militar ucraniana, na tentativa de recuperar terreno na região e fazer as forças russas recuarem. Segundo ele, os danos causados pelos russos pretendiam ainda provocar mortes, seja de civis ou militares. O diplomata afirmou que Kiev ainda não contabilizou as vítimas.

“Isso é um crime de guerra, cometido intencionalmente, e foi planejado. As Forças Armadas russas discutiram essa possibilidade, assim como propagandistas russos na TV”, disse o encarregado de negócios a jornalistas. “A Rússia é totalmente responsável. A explosão da barragem é o maior desastre causado pelo homem na Europa nas últimas décadas. Não há dúvida de que a destruição proposital da barragem foi realizada pelos invasores russos para criar um desastre ecológico e complicar a desocupação dos territórios ucranianos. É mais um crime inédito que terá consequências ecológicas, econômicas e que ameaça a radiação e a segurança alimentar. Os efeitos serão sentidos não só pela população do Sul da Ucrânia, mas também dos outros países.”

O governo de Volodimir Zelenski considera que os russos planejaram um ato de sabotagem. Eles falam em “terrorismo” contra a infraestrutura crítica da Ucrânia. Segundo o diplomata, autoridades ucranianas já sabiam que os militares russos haviam instalado, há cerca de um ano, explosivos na barragem da usina hidrelétrica, que fica em uma região ocupada por Moscou. Ele diz que um míssil não causaria danos comparáveis em extensão.

A explosão vai alagar cerca de 80 assentamentos civis e pode afetar a produção agrícola na área. A barragem, localizada na cidade de Nova Kakhovka, sustentava um volume de 18 milhões de metros cúbicos de água. Ao menos 42 mil pessoas deveriam ser removidas, sendo 17.130 no território controlado por forças ucranianas, na marquem esquerda do rio Dnipro, e cerca de 25 mil em terreno sob comando russo, na margem direita. As estimativas são do governo ucraniano.

A expectativa de Kiev é que a água continue a subir nas cidades por ao menos cinco dias e que o nível caia ao longo do tempo. A altura máxima ainda não foi atingida. Haverá problemas para abastecimento de água potável nas regiões de Kherson, Dnipro, na península da Crimeia e Zaporizhzia.

A usina nuclear em Zaporizhzhia é abastecida com água da mesma represa, cujo nível caiu, mas segundo a embaixada da Ucrânia ainda não há risco maior apresentado ao funcionamento até o momento.

A cobrança da Ucrânia ocorre depois do desencontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Volodimir Zelenski, em Hiroshima, no Japão, por ocasião da cúpula do G-7. Questionado sobre o episódio, o chefe da missão ucraniana disse que continua em contatos com o governo brasileiro e que há intenção de um diálogo de alto nível. Ele repetiu a versão oficial de que houve uma incompatibilidade de agendas durante o G-7. Antes, Lula dissera que Zelenski não apareceu para a conversa, enquanto o presidente da Ucrânia afirmou que não foi o culpado pelo desencontro.

O diplomata apelou que os “parceiros internacionais” apoiem a “fórmula da paz” proposta por Zelenski. O plano com as condições de Kiev para o fim do conflito inclui dez pontos, como segurança nuclear, ambiental, energética, punição pelos crimes, devolução total das áreas tomadas e libertação de presos. A proposta difere dos termos que Lula considera factíveis - o presidente já disse que tanto Zelenski quando Vladimir Putin tenham que ceder um pouco.

https://www.estadao.com.br/internacional/ucrania-se-queixa-de-silencio-do-brasil-sobre-explosao-de-barragem-de-hidreletrica/


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Rússia passa a construir fortificações para se defender da ofensiva ucraniana - Financial Times

Military briefing: how Russia is fortifying its frontline for Ukraine’s counteroffensivering an o

While Kyiv spent months preparing an operation to liberate occupied territory, Moscow has been digging inperatio.to liberate occupied territory, Moscow has been digging in

Financial Times, May 25, 2023. 


Ukraine’s months-long preparation for its next counteroffensive to try to wrest back occupied territory has allowed Russia to fortify its positions along the almost 1,000km frontline. Satellite images reviewed by the Financial Times and analysed by military experts revealed a multi-layered Russian network of anti-tank ditches, mazes of trenches, concrete “dragon’s teeth” barricades, steel “hedgehog” obstacles, spools of razor wire and minefields. “Russian forces really seemed to realise . . . that a lot of the terrain they had control over was going to be difficult to defend without entrenched positions,” said Brady Africk, an open-source intelligence researcher and analyst at the American Enterprise Institute who is tracking and mapping Russia’s defensive build-up.

In preparation for Ukraine’s looming counter-offensive, Russia has spent months significantly fortifying the almost 1,000km frontline across the roughly 100,000 square kilometres of Ukrainian territory it currently occupies.

Russia’s most heavily fortified frontline area is in southern Zaporizhzhia province, where Ukraine is expected to try to break through and sever the “land bridge” connecting Russian territory with occupied Crimea.

There, Russian forces have created a multi-layered defence composed of anti-tank ditches, zig-zag trenches, concrete dragon’s teeth barricades, steel “hedgehog” obstacles, razor wire and minefields.

Russia has paid special attention to the Berdyansk airfield near the Sea of Azov. The airfield is known to be a hub for Russian military aircraft.

The northern border of Crimea, which Russia has occupied since 2014, has also been heavily fortified with a combination of trenches and tank traps.

The defences stretch from Armyansk in the north to Dzhankoi in the north-west. Both are crucial transport hubs and gateways to the peninsula.

The towns of Tokmak, Polohy, Bilmak and Ocheretuvate, which sit at important road junctions, have been completely encircled by defences. 

Russia constructed layers of “dragon’s teeth”, trenches and other obstacles across an extensive swath of occupied territory near the eastern cities of Severodonetsk, Lysychansk and Popasna, after capturing them in May and June 2022. A Ukrainian breakthrough there would face significant challenges.

Russia also erected a strong defensive line along the border of eastern Luhansk province to the north, where Ukrainian forces are thought to want to break through somewhere around the town of Kupyansk.

Russia began digging in “in earnest” in November and when its troops took new territory they worked quickly to entrench themselves, he said, adding that Russian forces had “ramped up” work on their fortifications recently. “There was a brief lull in winter, likely due to [the] ground freezing and it becoming more difficult to dig,” Africk said. “But since the ground has softened, we’ve seen the digging of fortifications escalate dramatically, particularly in the past few months.” Military analysts said these fortifications would not be enough to stop Ukrainian troops from advancing, but were likely to slow the offensive.

The stakes for Ukraine are high. A successful operation could give it significant momentum as it tries to drive out Russian troops, convince western partners to continue their military support, and give Kyiv leverage in any future negotiations with Moscow. It would also help keep morale high among Ukraine’s defiant but fatigued population, which has endured the horror of Russia’s full-scale invasion for 15 months. There is also much at stake for Russia. If Ukraine can take back control of the provinces of Donetsk, Luhansk, Kherson and Zaporizhzhia — which Russian president Vladimir Putin claimed to have annexed last September — or of the Crimean Peninsula, which the Kremlin seized in March 2014, it could deal a significant blow to a military already showing signs of exhaustion and infighting.

Early signs of Ukraine’s counteroffensive can already be seen in what military experts refer to as “shaping operations” — common tactics used ahead of a large-scale attack. Over the past two weeks, Ukraine’s forces have carried out missile strikes and sabotage on Russian command and control centres, weapons depots and artillery systems. Drone attacks and explosions targeting military facilities in Russia, and even the Kremlin itself, also suggest Ukrainian involvement, according to analysts, despite Kyiv’s denials. Before Moscow claimed to have captured the embattled eastern city of Bakhmut this weekend, Ukrainian troops had attacked Russian forces on their northern and southern flanks, recapturing a few square kilometres of territory — their first gains in the area in months. But observers are yet to see a massive thrust along the lines of the Ukrainian counteroffensive last autumn, when Kyiv’s forces swept through the north-eastern Kharkiv region and recaptured the southern city of Kherson.

Breaking through Russia’s multi-layered defensive lines without sustaining heavy losses would be extremely difficult, said Mykola Bielieskov, a research fellow at the Kyiv-based National Institute for Strategic Studies. Success would require synchronising different units deploying armoured vehicles, artillery, mine-clearing and air defence, he added. “On their own, obstacles don’t stop advancing forces. They will only [be effective] if manned properly and complemented with artillery fire, aviation and manoeuvre of reserves.” Rob Lee, a senior fellow at the Foreign Policy Research Institute, an American think-tank, said Russia’s fortifications were designed to funnel Ukrainian troops towards areas where they would come under intense fire. “If you have multiple lines of defence, even if Ukraine punches through the first one successfully, then Russia should have enough time to reinforce a second or third,” he said.

The south is likely to be the main focus for Ukrainian forces — something not lost on Moscow even as Ukrainian president Volodymyr Zelenskyy and his military leaders have kept operational plans a closely guarded secret, experts say. “Around November and certainly continuing into the new year, [Russian forces] ramped up construction, particularly in southern Ukraine,” Africk said. “The topography there is a lot flatter and there are wide open fields. It became a priority for Russian forces to make sure they had defensive lines [there].” Satellite images show Russia’s most heavily fortified section of the frontline is in the southern Zaporizhzhia province, where Ukraine is expected to try to break through and sever the “land bridge” connecting Russian territory with occupied Crimea. The connection is crucial for Russian military logistics and supplies.

Russia has constructed an elaborate maze of anti-tank ditches, trenches, concrete and steel obstacles, razor wire and minefields in the area. The Berdyansk airfield near the Sea of Azov, a hub for Russian military aircraft, has been surrounded by deep trenches and three lines of concrete “dragon’s teeth”. Melitopol and Berdyansk were “obvious” locations for Russian fortifications, Lee said. If Ukraine took either, it would gain significant ground and enable its forces to carry out onward campaigns more effectively, he added.

The northern border of Crimea has also been heavily fortified. The defences stretch from Armyansk in the north to Dzhankoi in the north-west. Both are crucial transport hubs and gateways to the peninsula. Dzhankoi also hosts a Russian military airfield. Ukraine is likely to utilise the size of the battlefield to try to catch its enemy off guard. Despite Russia’s extensive defences, the sheer length of the frontline meant the Kremlin’s forces would be stretched, experts said. “The length of the frontline works to our advantage,” said Andriy Zagorodnyuk, chair of the Ukrainian Centre for Defence Strategies and a former defence minister of Ukraine. “[Russian troops] are scattered around this frontline and we will always be able to find areas where they don’t expect us.” Dara Massicot, a senior policy researcher at the Rand Corporation, a US global policy think-tank, said Russia’s performance would depend on several factors, including whether its frontline was manned by “exhausted or maltreated, inadequately trained personnel”.

“The morale of Russian soldiers is variable, from tired to bad — it matters,” she said. Lee said other factors included whether Russia had exhausted its munitions trying to capture Bakhmut — the longest and bloodiest battle of the past year — and whether its newly mobilised forces were ready for the coming fight. “They don’t necessarily have that much combat experience. A lot of them have been just holding trenches. Will they stay in the fight, or will they run?”


quarta-feira, 24 de maio de 2023

Ucrânia: derrota para o Grupo Wagner em Bakhmut - Raul Ilargi Meijer (Automatic Earth Blogger)

 War - NATO Beaten By "A Restaurant Owner & A Bunch Of Convicts"?

WEDNESDAY, MAY 24, 2023 - 12:00 AM

Authored by Raul Ilargi Meijer via The Automatic Earth blog,

In Bakhmut/Artyomovsk, all of NATO, all 31 member nations, were defeated by a restaurant owner and a bunch of convicts, is how I saw someone describe it. That of course caricatures the situation somewhat (Wagner is well-organized), but it’s not that far off. And that spells a serious problem for NATO.

All of those 31 members may have lots of control over their media, but in the end you can’t endlessly deny being defeated.

So what will NATO do now? They will double down, and then again. And at the end of the “doubling down road” lie nuclear weapons. Not Russian nukes, because as my friend Wayne wrote the other day, their high-precision hypersonic missiles make nukes look crude and primitive, Middle Ages territory. But NATO/US never developed such weapons. They spent 10+ times as much money on weapons, still do, and -comparatively – ended up with bows and arrows.

Nuclear bombs are good only to create widespread panic and destruction. But that includes your own destruction, because of Mutually Assured Destruction protocols. Which also go back almost as far as the bow and arrow. If you fire a nuclear missile, one very much like it will land on your head a few minutes later. End of story, end of you.

US/NATO, the “collective west”, the hegemon, has lost. And has missed the moment when that occurred. Because hegemon equals hubris. Look at what they’ve all still been saying, and you notice they can’t see, and can’t acknowledge, that -and how- the world has changed. Not just this weekend, and the 9 months before, in Artyomovsk. It’s the entire story of Ukraine: it illustrates how the West “lost it”.

The US plotted a coup and moved NATO’s borders east, and Russia reacted exactly how they said they would. No nukes, no nazis, no NATO. They got the last two, and know they can expect the first too. But still the west maintains Russia’s special operation was entirely unprovoked. Look, they’re not even listening anymore. They would like to negotiate and end all this, but negotiate about what? Putting AZOV back on the borders of the Donbass, so they can kill more Russians there? Not going to happen.

It’s not only about weaponry, though that plays a major role: the hegemon can no longer make its demands based on military might. It’s been surpassed.

Nor can it make demands based on the dollar’s reserve currency status, and it caused that itself. Weaponization of the currency has backfired to the extent that de-dollarization has become a process that can no longer be halted.

The moment that Saudi prince MbS turned his back on “Joe Biden” is a milestone. Because once he did that, it was obvious many would follow. In central Asia, if you are Kazachstan or Uzbekistan, why on earth would you opt to go with G7/US/NATO instead of BRICS? Why go with the power that is waning, and not the one in ascendancy? Russia is your biggest neighbor, strongly connected to China which is building its BRI network in your region, and the nearby Arab states are about to join that network. Why would you link yourself to the G7? When you know all your neighbors do not?

Then there are the voices that say the US will push for a bigger and wider war, perhaps including American troops. First, because NATO is losing, and second, because it could mean American boots on the ground, and presidents don’t lose elections in wartime. I’ve said before, I would expect them to go with Polish troops first, possibly on Polish territory too. But the Polish don’t appear all that eager anymore. And neither would any other European NATO country. German and French and Dutch troops are in no shape for war, and in the US over 70% of potential troops are grossly overweight and/or handicapped in some other way.

Ukraine had perhaps the best boots on the ground force in Europe, financed and trained since 2014 by NATO, and they lost to a caterer and a loose group of hired hands. You’re not going to win that. Your only option is long distance weapons, missiles, planes, you name it. But NATO has no advantage in that over Russia. To put it mildly.

The sole thing that’s in your favor is that Russia doesn’t seek to destroy you. They want to live in peace and trade with you. Same thing for China. NATO equals unipolar. But the world has moved towards multipolar. Ergo, NATO is obsolete. Ukraine will never reconquer its “lost” territories, and Zelensky will move to some property in Italy or Florida, never to be heard from again, unless perhaps in his obituary. The deaths of some 300,000 of his countrymen will be on his conscience.

But also on that of all the “leaders” who have sent their second-hand armory to Kiev. They are just as responsible for all those deaths. The world has changed a lot in the past few years, and ignorance is no excuse if you are a “leader”, or a “Joe Biden”. Not even if you’re “just” a voter or reader. Those deaths will be on your head when you go see St. Peter at the gate.

PS: Don’t be surprised if “Joe Biden” sends US boots on the ground anyway. No hegemon has ever given up power lightly. That part of the road is yours, US and EU voters. You may have to fill up the streets like you’ve never seen. The rest, the majority, of the world will be waiting to see if you do or not. They’re prepared for either of the two options

“Brasil” cancela exportação de ambulâncias blindadas à Ucrânia (DefesaNet)

 Nota preliminar PRA: Lula deve ter ficado com raiva da repercussão negativa da imprensa sobre o seu desempenho em Hiroshima e cancelou a exportação de ambulâncias-blindadas Guarani para a Ucrânia, que antes era dada como certa.


Brasil–Ucrânia: Lula, os blindados ambulância e o G7

Editor DefesaNet, 22 de maio de 2023

Atualização

De acordo com informações recebidas da diplomacia brasileira, o Departamento de Assuntos de Defesa do Itamaraty deu parecer contrário a exportação dos veículos blindados Guarani na versão ambulância. 

A autorização era dada como certa por fontes do MD e MRE e pode ter sido travada após o fracasso da visita de Lula a Hiroshima, durante reunião do G7. Ainda não se sabe se houve uma ordem expressa do Governo Brasileiro.

O Editor

Matéria original:


Durante a visita de Celso Amorim  à Ucrânia ele informou ao presidente Volodymir Zelensky de que “não haveria óbices” para a exportação das viaturas blindadas 6×6 Guarani, fabricados no Brasil.

Segundo fontes do Itamaraty, o primeiro-ministro da Holanda Mark Rutte afirmou que a assinatura do contrato para a compra de cinco KC-390 da EMBRAER dependeria da mudança de postura do Brasil em relação a guerra na Ucrânia e a autorização de venda das viaturas blindadas. (A posição brasileira também poderá comprometer outras vendas internacionais em negociação.)

Durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro  holandês, Lula chegou a dizer a um jornalista que a solicitação da Ucrânia por blindados Guarani na versão ambulância era fake news, sendo que o documento oficial havia sido protocolado no Ministério da Defesa havia quase duas semanas.

Os blindados Guarani poderiam ser pagos pelos governos dos EUA, Itália, Alemanha, França e Suécia; países que fornecem material militar ao Brasil e possuem grandes contratos militares em andamento. O Guarani é um veículo competitivo no mercado internacional devido ao seu valor de venda ser relativamente baixo se comparado aos principais concorrentes e ter uma proteção básica que garante a sobrevivência naquele Teatro de Operações, e no caso da exportação para Ucrânia, viriam equipados com rádios e sistemas de comunicação fabricados no Brasil e poderia ser entregues com urgência com unidades das encomendas e estoques que o Exército Brasileiro tem para receber.

Tanto o Exército Brasileiro quanto Ministério da Defesa  enxergam de forma positiva a exportação do Guarani. Resta uma decisão final que deverá ser anunciada nos próximos dias.

O futuro da indústria de defesa brasileira depende dessa exportação. Uma fonte do Itamaraty disse que os europeus, que veem a invasão russa como a maior ameaça à paz e a estabilidade na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial, planejam somente a retomada das negociações para o acordo União Europeia- Mercosul,  após a concretização do negócio. A mensagem dos sócios europeus é clara. Quando existe uma ameaça existencial a civilização europeia e a violação da Carta Magna das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário, não existe neutralidade. Ou o Brasil compreende e apoia a vítima Ucrânia e a Europa, ou estará do lado do agressor.

Na arena externa, Lula foi eleito graças ao apoio do presidente dos Estados Unidos  Joe Biden e das principais lideranças europeias, como Olaf Schols e Emanuel Macron. Sem o apoio deles, Lula vai isolar o Brasil e seu governo e poderá ser visto como um traidor do ideal democrático que esses países representam. A situação do Brasil e do próprio presidente na área internacional ficaria difícil, sem saída. Esse é o dilema dos blindados e seu simbolismo, tanto para Lula quanto para política externa brasileira.

Duas perguntas ainda permanecem sem resposta pelo governo brasileiro:

A primeira é porque as gestões petistas deixaram a Rússia armar a Venezuela e quebrar o balanço do poder regional, colocando as forças armadas brasileiras em situação de fragilidade tecnológica e operacional, sobretudo na região amazônica.

A segunda pergunta, feita por um diplomata ucraniano, perguntando se a Amazônia fosse invadida por uma potência estrangeira, se o Brasil resistiria e se defenderia ou aceitaria negociar a perda do território em troca da paz. A pergunta nunca antes feita por um diplomata estrangeiro foi sentida como uma pressão numa ferida aberta. A reposta do governo brasileiro poderia abrir um processo de impeachment contra o presidente, e colocaria em risco sério a segurança nacional brasileira. Mais fácil para o governo seria responder como se deve: o Brasil é um país soberano e seu território é inviolável, e protegido pelas Forças Armadas.

Surge uma terceira pergunta: após o resultado desastroso para a diplomacia brasileira da participação do presidente Lula na reunião do G7 – 2023, Hiroshima: qual o curso de ação do Planalto?


domingo, 14 de maio de 2023

Revista Interesse Nacional: vários artigos de interesse nacional: Ucrânia, meio ambiente, etc.

 

O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para política externa, Celso Amorim, viajou nesta semana à Ucrânia e propôs ao presidente Volodimir Zelenski o início de um processo diplomático para tentar dar início às negociações de paz. Em editorial, o embaixador Rubens Barbosa, coordenador editorial da Interesse Nacional, avalia que, embora a expectativa de Lula fosse que a viagem do assessor especial trouxesse indícios e soluções para que se possa começar a conversar sobre a paz, as perspectivas de negociação para a suspensão das hostilidades estão ainda muito difusas e distantes. Leia o artigo completo.

Além da proposta de colocar o Brasil como um mediador em busca da paz, o governo também continua tentando projetar o país como uma liderança na área ambiental. Em sua estreia como colunista da Interesse Nacional, o professor de estudos latino-americanos e geografia Robert Toovey Walker argumenta que o plano do presidente para desenvolver a Amazônia pode criar uma redução artificial do desmatamento com projetos de infraestrutura que aumentarão a destruição no futuro.

A semana ainda incluiu análises sobre a capacidade do Brasil de ter influência no mundo e sobre rivalidades políticas em nações polarizadas.

Repasse este e-mail para quem você quiser e avise que é possível assinar a newsletter da Interesse Nacional clicando aqui. 

Boa leitura!

Daniel Buarque
Editor-executivo - Interesse Nacional

As promessas e mais promessas ambientais


Parar completamente o desmatamento da Amazônia será uma tarefa difícil, e pode determinar o legado do novo governo de Lula e mesmo o futuro do planeta. Em sua estreia como colunista da Interesse Nacional, o professor de estudos latino-americanos e geografia Robert Toovey Walker argumenta que o plano do presidente para desenvolver a Amazônia pode criar uma redução artificial do desmatamento com projetos de infraestrutura que aumentarão a destruição no futuro.

Leia o artigo completo

Apesar de a emergência climática ser reconhecida pelos principais atores do mundo, ações contra o aquecimento global não parecem ter efeito suficiente. Para o professor de engenharia florestal Víctor Resco de Dios, o planeta sofre de miopia climática severa e a indiferença deve ser a resposta mais provável que encontraremos em alguns anos.

Leia o artigo completo

A transição ecológica merece um novo contrato social. Compensações e compromissos devem ser compartilhados de forma transparente com as partes interessadas e o público em geral. Isso nada mais é do que garantir não só a equidade e eficácia da ação pública, mas também sua legibilidade e credibilidade.

Leia o artigo completo

Influentes, quem?


Rankings que medem imagem e influência de diferentes países seguem metodologias limitadas e influenciadas pela mentalidade centrada no Ocidente rico. Para o diplomata Hayle Melim Gadelha, o Brasil poderia formular métricas que aferissem o lugar do país no imaginário do mundo multipolar que se conforma.

Leia o artigo completo

Investigações e imagem


Investigação sobre vacinação de casal Bolsonaro tem destaque no exterior. Na primeira semana de maio, foi registrado o total 56 textos com menção ao Brasil nos sete veículos analisados, volume um pouco abaixo da média semanal doÍndice de Interesse Internacional (iii-Brasil). A maior proporção dos textos teve tom neutro, atingindo 67% da cobertura sobre o país, já as reportagens com tom negativo foram 19% e as notícias de tom positivo foram apenas 14%. Demonstrando o aumento das notícias factuais e diminuição das notícias de teores positivos e negativos sobre o Brasil.

Leia o relatório completo

Rivalidades exageradas


As pessoas são consistentemente muito pessimistas em relação a seus opositores políticos e tendem a superestimar o extremismo, a hostilidade e o egoísmo do outro lado. Para economista comportamental, as pessoas tendem a exagerar no quanto não gostam de quem elas discordam.

Leia o artigo completo

Ficção científica e ameaças reais


Países como o Reino Unido e a França usam histórias fantásticas como uma forma de pensar em futuros possíveis e seus riscos. Para professor de Marketing a ficção científica pode ajudar a imaginar um mundo moldado por novas tecnologias e oferecer lições importantes.

Leia o artigo completo
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"Ucrânia indica para embaixador no Brasil apologista do nazismo" - Hora do Povo

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Ucrânia indica para embaixador no Brasil apologista do nazismo

 Por 13 de maio de 2023 

Zelenski nomeou para embaixador da Ucrânia no Brasil o ex-embaixador do país na Alemanha, Andrei Melnik, de onde foi destituído após ofensas ao presidente e ao povo alemão, além de elogiar como “lutador da liberdade” o colaborador de Hitler na Ucrânia, Stepan Bandera

O regime de Kiev retirou Melnik de Berlim após intensa pressão pela saída do embaixador que classificou o colaboracionista Bandera de “lutador da liberdade”.  

Em abril do ano passado, Melnik destilou seu veneno russofóbico contra o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, porque o chefe de Estado alemão em um gesto em favor da pacificação do conflito promoveu um concerto com a participação de músicos russos e execução de obras de um compositor ucraniano. Em seu destempero, Melnik disse que ‘”todos os russos são inimigos” qualificou a ação do presidente alemão de equivalente à de “hipócritas construtores de pontes que levam direto ao inferno”.

Ao ser questionado sobre a razão de não participar, assumiu abertamente a russofobia insuflada por Washington qualificando o evento interessado em promover o entendimento de “provocação” e acrescentou que “não é nossa preocupação agora diferenciar entre russos maus e russos bons”, que “agora são todos”.  “Vou dizer muito claramente: a Rússia é um Estado inimigo para nós. E todos os russos são inimigos da Ucrânia neste momento”, enfatizou no estilo dos colaboracionistas anti-soviéticos e adeptos do ocupante hitlerista na Segunda Guerra.

E finalizou, em estado de belicismo apoplético: “E então está claro para mim que, provavelmente, mesmo depois da guerra, a Rússia continuará sendo um Estado inimigo”.

As declarações publicadas no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) receberam ampla condenação. “Sr. Melnik, representar uma nação inteira como inimiga não passa de fascismo. Você deveria se envergonhar. Não só por isso, mas também por seu comportamento em geral”, reagiu um internauta. “‘Todos os russos…’ Esta é a coisa mais estúpida que ouvi hoje. Declaração completamente injustificada e só contribui para uma maior escalada”, disse outro.

“Bem, eu sou russo, recebi muitos amigos ucranianos e um amigo meu de uma família ucraniana em minha casa em Berlim. Mas de acordo com sua lógica, eu também sou o inimigo”, apontou mais um internauta.

Em outra ocasião, teve que pedir desculpas ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, por chama-lo de “salsicha de fígado ofendida” diante de sua negativa em visitar Kiev depois que Zelenski se negou a receber o presidente alemão Steinmeier dizendo que este “não é desejado em Kiev”. Isso porque o presidente alemão defendia a manutenção de relações com a Rússia bem como a abertura do gasoduto Nord Stream 2, que duplicaria e baratearia o fluxo de gás russo para os alemães. O Nord Stream 2 ficou obstruído depois que Berlim cedeu às pressões de Washington por boicote a Moscou.

O embaixador ainda se sentiu com espaço para chantagear o chanceler, dizendo que era melhor a Alemanha “cumprir rapidamente o envio de armas pesadas”.

TRIBUTO DE MELNIK AO COLABORACIONISTA BANDERA

Melnik também foi repudiado por prestar homenagem ao colaboracionista Bandera, visitando o túmulo do criminoso de guerra em Munique. Questionado sobre as evidências de que Bandera colaborou com o extermínio de judeus e poloneses, falou que isso era apenas uma “narrativa” criada pelos russos.

REAÇÕES À AFRONTA

O governo de Israel respondeu que “a declaração do embaixador ucraniano é uma distorção dos fatos históricos, menospreza o Holocausto e é um insulto àqueles que foram assassinados por Bandera e seu pessoal”.

Já para o governo polonês, “essa opinião e essas palavras são absolutamente inaceitáveis”.

A nomeação é uma clara provocação contra o governo brasileiro, uma vez que o presidente Lula tem buscado se manter equidistante e propor uma solução negociada para o conflito na Ucrânia, manter os negócios com a Rússia, ter recebido o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov em Brasília e enviado o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim a Kiev.

Enviar ao Brasil um elemento que se posiciona simpático aos crimes de guerra nazistas na Segunda Guerra e tergiversa com relação ao morticínio de judeus durante a ocupação da Ucrânia é uma afronta aberta contra a diplomacia brasileira.