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sábado, 2 de janeiro de 2016

Recordar (2014) e' viver: o que "elles" prometiam entre os dois turnos

Permito-me postar novamente aqui comentários que fiz em resposta a "argumentos" feitos em defesa da candidata que ganhou no segundo turno de outubro de 2014, apenas para constatar o que se prometia, e comparar com o que efetivamente ocorreu.
Os argumentos vão em tipo regular, os meus comentários em negrito.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de janeiro de 2016



Paulo Roberto de Almeida

Encontrei, num dos inúmeros sites que trabalham apaixonadamente pela causa companheira, uma postagem em defesa do voto na candidata do continuísmo, cuja introdução enaltece as qualidades daquele que foi Secretário-Geral do Itamaraty nos primeiros sete anos do governo Lula (deixando o governo para continuar servindo o regime em outras posição). Nela ele é chamado de “maior diplomata brasileiro”, o que pode até ser verdade – pelo menos nesse regime – mas não tenho condições de corroborar essa afirmação comparativamente: deve ter outros que concorrem à mesma distinção (ver a introdução neste link: http://www.ocafezinho.com/2014/10/15/maior-diplomata-brasileiro-enumera-razoes-para-votar-em-dilma/).
Mas isso não vem muito ao caso agora, pois logo após esse panegírico inaugural, vem transcrita uma lista, elaborada pelo dito maior diplomata brasileiro, contendo nada menos do que 31 razões que esse estupendo diplomata acredita que somente a sua candidata seria capaz de atender, para fazer do Brasil um país mais desenvolvidos, mais soberano, mais próspero, mais importante no mundo.
Como eu considero que a maior parte dessas razões são ridiculamente generalistas, ou seja, podem ser cumpridas por qualquer dirigente que tenha bom senso e uma boa equipe ministerial, vou separar, portanto, aquelas que não apresentam nenhuma “vinculação genética” com a candidata governista, daquelas que só ela, ou sua equipe partidária, seria capaz de perpetrar, e submetê-las, então a breves comentários de minha parte.
Ainda assim cabem observações sobre todas as supostas razões de sua lista. Resultou, dessa separação, que metade das razões são de propostas que poderiam ser cumpridas por QUALQUER presidente sensato, sendo que a outra metade, apresentada como contendo razões suscetíveis de serem preenchidas apenas pela candidata oficialista, demanda uma avaliação crítica, feita na lista B. Vejamos como se apresentaria a nova listagem dividida em duas partes, mas com seus números originais.

Lista A: obrigações ou propostas que QUALQUER presidente sensato seria capaz de cumprir (na redação dada pelo maior diplomata brasileiro), sobre as quais algumas pequenas coisas ainda podem ser ditas (por um diplomata menor):

01. para aumentar o emprego, que é a maior preocupação de cada brasileiro, com carteira assinada; [caberia registrar que empregos produtivos são geralmente criados pela iniciativa privada, uma vez que governos não criam riqueza, apenas distribuem a riqueza criada pela sociedade]

02. para controlar a inflação sem prejuízo do desenvolvimento; [parece que a candidata não foi muito feliz em nenhum dos dois objetivos: a inflação só fez elevar-se, em seu governo, passando inclusive do teto, e o crescimento desceu de elevador, para o subsolo do PIB]

03. para aumentar o salário mínimo de que depende a enorme maioria dos brasileiros; [salario mínimo costuma provocar desemprego, ou pelo menos diminuir a empregabilidade daquela fração da PEA que não possui qualificação técnica]

04. para garantir as conquistas dos trabalhadores em termos de horário, férias, licença maternidade, previdência social, aposentadoria; [meritório, mas os países mais regulados nesses aspectos podem igualmente apresentar alto desemprego se a produtividade não acompanha o nível de requerimentos legais]

06. para eliminar a pobreza e a indigência no Brasil; [bem, os companheiros vem tentando fazê-lo desde 2003 e não é seguro que consigam esse objetivo no horizonte previsível]

07. para reduzir cada vez mais a mortalidade infantil; [parece que isso já vem sendo feito desde o ancien régime, e vai continuar, em governos sensatos]

08. para aumentar a expectativa de vida de todos os brasileiros; [parece que esse processo não depende tanto de mandatos presidenciais, e sim de condições sistêmicas que vem ocorrendo naturalmente desde muito tempo; não pode portanto ser apresentado como favor governamental]

09. para eliminar o analfabetismo inclusive funcional; [se poderia começar pela própria candidata, que parece apresentar sérios problemas com as palavras]

10. para ampliar cada vez mais o número de vagas nas escolas técnicas e nas universidades; [que bom]

11. para fortalecer a cultura brasileira em todos os seus aspectos; [cultura patrocinada por burocratas costuma ser da pior espécie; por que não deixar a sociedade livre para se expressar espontaneamente?]

13. para reduzir a violência e o número de homicídios; [no ritmo atual, vai exigir um mandato de 100 anos... e contando]

18. para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e combater toda a discriminação, preconceito e violência que tenha como origem a raça, a orientação sexual, o gênero, o nível de renda, a crença religiosa e a origem regional; [a mania de separar as pessoas por raça e todos os outros quesitos listados acaba criando uma sociedade fragmentada em direitos exclusivos de certas categorias, ao passo que o cidadão comum se sente desamparado]

19. para demarcar as terras indígenas e eliminar o desmatamento ilegal; [os indígenas já são os maiores latifundiários os país; os antropólogos politicamente corretos do partido companheiro e do governo idem pretende deixá-los eternamente numa redoma protetora?]

24. para construir mais ferrovias, mais rodovias, mais portos e aeroportos; [cabe continuar tentando, mas pela experiência acumulada até aqui em matéria de obras públicas, a fatura sempre vai ser três vezes maior do que o planejado, senão mais, e ainda tem os 3% do partido companheiro]

25. para expandir o transporte urbano público e gratuito; [só um dirigente maluco, ou que pretende repassar a conta para todos os brasileiros, inclusive os que não usam transporte público, poderia prometer uma irracionalidade econômica como o transporte gratuito]

26. para fazer a reforma agrária, fortalecer a agricultura familiar e expandir a produção e a exportação agrícola; [parece que os companheiros não gostam do agronegócio]

Lista B: obrigações ou propostas que o maior diplomata brasileiro acredita que só a sua candidata seria capaz de cumprir (na redação dada por ele), mas sobre as quais permanecem fundadas dúvidas (daí os comentários adicionais do diplomata menor, aqui DM: ):

05. para expandir o programa Minha Casa, Minha Vida que atende a aspiração fundamental da casa própria;
            DM: O programa constitui uma enorme propaganda governamental, com subsídios pouco transparentes, num esquema que diminui a capacidade dos mercados de ajustar a oferta da construção civil à demanda existente; só não ocorreu ainda uma bolha imobiliária porque o governo é incompetente até para licenciar o número de casas potencialmente no programa.

12. para dobrar o investimento público em ciência e tecnologia;
            DM: Impossível fazê-lo, a despeito das intenções; caberia, sim, aperfeiçoar o ambiente produtivo para estimular mais investimento privado em inovação.

14. para fazer a reforma política, com ampla participação popular, eliminar a influência do poder econômico e criar uma verdadeira democracia;
            DM: Quando alguém começa a falar em “verdadeira democracia” deve ser porque já tem problemas com a democracia sem adjetivos ou condições; a reforma política dos companheiros representaria uma deformação legal tendente a assegurar-lhes o reforço de sua hegemonia e monopólio sobre o poder.

15. para lutar de forma legal contra a corrupção, punindo tanto os corruptos como os corruptores;
            DM:  Deve ser uma grande piada!

16. para democratizar os meios de comunicação e garantir a possibilidade e a liberdade de expressão para todos os brasileiros;
            DM: A palavra “democratizar’, como no vocabulário orwelliano, significa exatamente o contrário; trata-se de uma velha obsessão companheira com o controle do que chamam de “mídia”.

17. para ampliar radicalmente as oportunidades de mulheres, negros e pobres em todas as esferas da sociedade e do Estado;
            DM: O que os companheiros mais fizeram foi fragmentar a sociedade em categorias especiais, criando várias tribos que reivindicam “direitos” específicos.

20. para reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil;
            DM: Outra tarefa impossível, ou muito difícil de ser feita pelo governo, por qualquer governo; normalmente, as regiões são adquirindo suas dinâmicas ricardianas e se desenvolvem naturalmente de acordo com processos únicos e exclusivos; a pretensão de moldar regiões e estruturas econômicas é própria de engenheiros sociais, ou de regimes autoritários vocacionados para o estatismo e o intervencionismo, duas doenças tipicamente companheiras.

21. para fortalecer a soberania do Brasil;
            DM: Pura retórica vazia, como sempre foi feita; na prática, os companheiros alienaram a soberania brasileira para regimes bolivarianos e em benefício de Cuba.

22. para promover a integração e a cooperação com os vizinhos da América do Sul e da África;
            DM: Qualquer governo poderia fazer isso, mas no caso dos companheiros virou uma tal de diplomacia míope orientada para o chamado Sul, uma obsessão geográfico-ideológica que consiste em andar com uma perna só.

23. para defender a paz, a auto determinação, a não intervenção, e a solução pacífica de controvérsias como os princípios fundamentais da ação internacional do Brasil;
            DM: Mais retórica vazia, que na prática não se aplica; intervenção nos assuntos internos de outros países é o mais foi praticado durante todos os anos de diplomacia companheira, a exemplo de Honduras, Paraguai e outros casos.

27. para alcançar a autonomia energética;
            DM: Objetivo ilusório; um país aberto ao comércio e aos investimentos vai diversificar sua matriz energética de maneira mais eficiente do que excesso de intervenção governamental no setor, como aliás ocorreu com etanol, com biodiesel, petróleo, gás, nuclear, todos eles em total desequilíbrio em relação aos dados do mercado atualmente; o Brasil exibe um custo da energia dos mais elevados.

28. para reconstruir a indústria brasileira;
            DM: Bem, até agora o que ocorreu foi uma destruição pouco reconstrutora; duvidoso que se consiga fazer coisa melhor; aqui existe apenas um artigo de fé.

29. para tornar o sistema tributário mais justo e menos concentrador de riqueza;
            DM: Mas, se era essa a intenção, por que nada se fez em 12 anos; nesse período, a carga fiscal aumentou 4 pontos do PIB e só uma quarta parte disso foi para as chamadas camadas mais modestas; o resto foi para quem já é rico.

30. para reduzir as taxas de juros e democratizar o credito;
            DM: Os juros estão mais altos agora do que no início do governo, e os consumidores muito mais endividados.

31. para realizar uma Olimpíada ainda melhor do que a Copa.
            DM: Deve ser outra piada...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 18 de outubro de 2014.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: pesquisas de intencoes de votos e campanha difamatoria

O chefe da mafia se movimenta mais uma vez, fazendo o que ele sempre soube fazer: mentir e difamar.
Paulo Roberto de Almeida

Dilma cai, Marina estaciona e Aécio sobe, aponta pesquisa Ibope
Daniel Bramati
O Estado de S. Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2014

• Presidente chegou a 36% das intenções de voto e continua 6 pontos a frente de Marina; tucano tem 19%

O tucano Aécio Neves subiu quatro pontos porcentuais na mais recente pesquisa Ibope, de 15% para 19%, enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) caiu de 39% para 36%. Marina Silva (PSB) oscilou de 31% para 30% e viu sua vantagem em relação ao terceiro colocado diminuir de 16 para 11 pontos. Na projeção de segundo turno, persiste o empate técnico entre Marina (43%) e Dilma (40%). Na pesquisa anterior, feita uma semana antes, o placar era de 42% a 41%, respectivamente.

Aécio melhorou suas taxas de intenção de voto em todas as regiões, com exceção do Nordeste. No Sul, ele chegou a 23% e ficou em situação de empate técnico com Marina, que tem 26%.
Dilma só lidera de forma isolada no Nordeste (48%) e no Sul (34%). Nas demais regiões, aparece empatada tecnicamente com Marina. No Sudeste, onde se concentram cerca de 44% dos eleitores, a candidata do PSB tem 31% e a do PT, 30%.

O desempenho da atual presidente piora à medida que cresce a população dos municípios onde a pesquisa foi feita. Nas cidades com até 50 mil habitantes, Dilma tem 42% das intenções de voto. Nas com mais de 500 mil moradores, a taxa cai para 32%.

Dilma colhe resultados melhores no eleitorado mais pobre. No segmento com renda de até um salário mínimo, a petista fica com 46% das preferências, mais do que os adversários somados.
A presidente lidera em rejeição: 32% afirmam que não votariam nela de jeito nenhum. Nesse quesito, Aécio tem 19% e Marina, 14%.

Não houve variação nos índices de avaliação do governo federal. Para 37%, a gestão é boa ou ótima e para 28%, ruim ou péssima. Outros 33% veem a administração de Dilma como regular.

O Ibope ouviu 3.010 pessoas entre os dias 13 e 15 de setembro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-00657/2014.

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O atirador da presidente
Editorial O Estado de S. Paulo, 17/09/2014

Causando estragos a torto e a direito na campanha presidencial, a entrada em cena de Marina Silva como candidata do PSB e a sua imediata disparada nas pesquisas de intenção de voto reduziram as chances do tucano Aécio Neves de ser o contendor da presidente Dilma Rousseff no segundo turno e fizeram descarrilar a estratégia petista de campanha. Tendo se preparado, antes da tragédia que matou o pernambucano Eduardo Campos, para soltar os cachorros em cima do senador mineiro - tornando a enveredar pelo caminho seguido pelo partido em 2006 contra Geraldo Alckmin e em 2010 contra José Serra -, o comando da operação Dilma+4 trabalhava, não obstante, com a hipótese realista de que, na segunda volta, ele aglutinaria com força total o sentimento de rejeição à herdeira de Lula, agravado pela convicção de que, ao cabo de 12 anos, o PT no poder já deu o que tinha para dar.

Com o quadro eleitoral de ponta-cabeça, os condutores da campanha dilmista parecem ter chegado à conclusão de que só lhes restava uma alternativa para enfrentar a reviravolta - transformar desde logo a disputa em um segundo turno. A nova tática solaparia os ganhos obtidos por Marina, a ponto de fazê-la perder a parada de 5 de outubro, com o que ela começaria debilitada o embate para o verdadeiro tira-teima de três semanas adiante, depois de lhe terem servido o pão que o diabo amassou. Na prática, a mudança significaria duas coisas - ou duas faces de uma coisa só: antecipar tanto o início da "campanha negativa", a temporada de agressões à rival, como a subida aos palanques, dia sim, o outro também, do ex-presidente patrono de Dilma. Com a esperteza adicional de que ele e não mais a sua afilhada é quem apertaria o gatilho para "desconstruir" a imagem de Marina.

Uma segunda novidade reforçaria o plano de não deixar para amanhã as baixarias que podem ser cometidas hoje. Trata-se das revelações atribuídas ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, nos depoimentos que tinha se oferecido a dar ao Ministério Público e à Polícia Federal (PF) para ver reduzidas ou anuladas as penas a que está sujeito pelos crimes cometidos na estatal, em conexão com o tráfico de divisas do cambista seu parceiro Alberto Youssef. A sociedade foi desbaratada pela Operação Lava Jato, da PF. Na sequência de suas "delações premiadas", Costa teria citado mais de 30 beneficiários do esquema, entre eles o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, o do Senado, Renan Calheiros, e pencas de outros políticos também alinhados com Dilma. Ela sentiu o golpe e perdeu o prumo. Tentando abrigar-se da tormenta, alegou, em um assomo de cinismo, que "não tinha a menor ideia de que isso ocorria dentro da empresa".

Mais uma missão para Lula. Secar o escândalo torrencial, fazendo um cavalo de batalha com o fato de o programa de Marina citar somente uma vez o pré-sal, enquanto valoriza outras fontes de energia. (Nas imagens da propaganda dilmista, a posição da adversária literalmente tira a comida da mesa dos brasileiros.) E eis que anteontem o ex-presidente, enfiado em um macacão laranja da Petrobrás, comandou um ato de campanha travestido de manifestação sindicalista de solidariedade à empresa, diante da sua sede no centro do Rio. O palanqueiro se desdobrou. Ora equiparou as denúncias de corrupção na estatal a um "erro qualquer", ora disse que a CPI da Petrobrás serve para "achacar empresários", ora ainda se pôs a dar lições a Marina. Ela deveria proibir os seus economistas de falar, porque "um fala mais bobagem que o outro", e deveria saber que "se tem cargo que você não pode terceirizar é o de presidente da República".

A tarefa de fazer terrorismo eleitoral ele terceirizou para um veterano da violência, o líder do MST, João Pedro Stédile, de quem Dilma mantém prudente distância. O ferrabrás ameaçou infernizar um eventual governo da ex-ministra que amalgamava a causa ecológica com a dos sem-terra. "A dona Marina que invente de colocar a mão na Petrobrás", trovejou, "que voltaremos aqui todos os dias." Resta ver se a ideia de pôr Lula a bater já agora na candidata não se voltará contra Dilma quando ela mais precisará de eleitores.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: como anda essa baixa campanha (triste...)

Reflexos do dia na frente eleitoral.
Lamento o baixo nível da campanha...
É só o que tenho a dizer...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma admite problemas na economia e fala em mudanças caso reeleita
Folha de S. Paulo, 3/09/2014

Em discurso nesta quarta-feira (3) em Belo Horizonte (MG), a presidente Dilma Rousseff (PT) admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e disse que, se reeleita, irá mudar algumas ações e integrantes de sua equipe.
"Obviamente, novo governo, novas e, necessariamente, atualização das políticas e das equipes", disse a presidente, diante de representantes da indústria presentes na abertura da 8ª Olimpíada do Conhecimento 2014, na capital mineira.
"É possível que alguns de vocês, na atual conjuntura, quando a incerteza do cenário internacional se mistura com o debate eleitoral, questionem a eficácia dessa nossa política (...) Eu gostaria que o Brasil estivesse crescendo num ritmo muito mais acelerado. Mas (...) imaginem o que aconteceria se nós não tivéssemos tomado essas medidas."
Antes dessa declaração, Dilma falou da necessidade de investimentos na educação para reduzir a desigualdade e ampliar a renda da população. Enalteceu ações federais, como os cursos do Pronatec e o que chamou de "política industrial", numa referência aos jovens formados nessas aulas profissionalizantes.
E, em tom de campanha eleitoral, admitiu que há muito o que fazer.
"Eu não quero, aqui, dar a impressão que eu acho que tudo foi feito. Eu não acredito nisso, acho, inclusive, que vivemos uma situação bastante complexa na indústria."
Ela, entretanto, saiu em defesa das ações do governo na indústria, cuja produção cresceu 0,7% em julho, após cinco meses seguidos de queda, segundo dados do IBGE.
"Só me pergunto e pergunto a vocês o que seria se nós não tivéssemos tomado as medidas que tomamos na área industrial e no reconhecimento que a indústria é estratégica para o país e que uma política industrial é necessária", disse a presidente.
Dilma também defendeu a participação de bancos públicos na economia do país, citando o financiamento habitacional de imóveis populares por meio do Minha Casa, Minha Vida.
"Não há condição de fazer habitação popular a preços de mercado, porque a pessoa que ganha R$ 1.600 não tem como comprar um apartamento de R$ 60 mil (...) Com isso (...) eu não vejo justificativa para que a gente retire os bancos públicos dessa atividade. Não vejo justificativa."
MUDANÇA
A fala da presidente em Minas é sua primeira sinalização de que faria mudanças em sua política de governo e em sua equipe num eventual segundo mandato, algo que o ex-presidente Lula vem aconselhando que ela faça desde o início do ano.
Na semana passada, interlocutores de Lula voltaram a defender que Dilma emitisse sinais de ajustes em políticas e equipes para um próximo mandato diante do novo cenário eleitoral, com o crescimento de Marina Silva (PSB) nas pesquisas.
Na visão de petistas ligados a Lula, esta sinalização seria fundamental para reconquistar o apoio do empresariado e, também, mostrar ao eleitorado que ela fará mudanças num eventual segundo mandato. A pesquisa Datafolha mostra que 79% do eleitorado deseja mudanças no próximo governo, o que estaria sendo incorporado, neste momento da campanha, por Marina Silva.

Dilma falta a entrevista ao 'Jornal da Globo' e programa revela perguntas
Folha de S. Paulo, 3/09/2014

Com a recusa da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, de participar da série de entrevistas do "Jornal da Globo", a direção do telejornal revelou as perguntas que seriam realizadas à candidata.
"A entrevista de hoje, decidida por sorteio, será com a candidata do PT Dilma Rousseff, mas ela se recusou a dar entrevista, naturalmente, um direito dela", disse William Waack, um dos apresentadores, que ainda lembrou que desde 2002 o "JG" realiza entrevistas com os candidatos que disputam o Palácio do Planalto.
De acordo com a assessoria da TV Globo, a decisão de revelar as perguntas (leia abaixo) quando o candidato não aparece é um procedimento realizado desde 2002, como já aconteceu com candidatos que disputavam o governo do Estado ou à prefeitura.
No telejornal, a apresentadora Christiane Pelajo afirmou que "esta é a primeira vez que isso ocorre em se tratando de candidatos à Presidência". "Somente na última sexta-feira, a assessoria [de Dilma], lamentando muito, disse que a decisão final era não gravar a entrevista. Nada disso desmente a realidade de que a candidata se recusou a dar a entrevista", afirmou a Globo.
A entrevista com os candidatos à Presidência é gravada horas antes de o programa ir ao ar. Segundo a assessoria da TV Globo, a gravação foi uma solicitação dos candidatos, que pediram ainda que a entrevista fosse exibida na íntegra, sem qualquer tipo de edição ou corte.
Por meio de nota, a assessoria da campanha de Dilma afirma que ela "acumula as funções de presidenta e candidata, situação peculiar em relação aos demais candidatos, o que impacta na sua disponibilidade de participar de todas as entrevistas solicitadas". Informa ainda que Dilma concedeu entrevista à Globonews no dia 12 julho, ao "Jornal Nacional" em 18 de agosto e já se comprometeu a participar do debate entre os presidenciáveis veiculado pela TV Globo.
De acordo com a TV Globo, os representantes dos candidatos participaram de duas reuniões para definir o sorteio e as datas em que seriam realizadas as entrevistas nos telejornais da emissora.
"Em 14 fevereiro de 2014, a TV Globo reuniu os partidos para explicar como seria a cobertura e seus critérios. Nessa ocasião, os partidos tomaram conhecimento das semanas em que as entrevistas seriam feitas no 'Jornal Nacional', no 'Jornal da Globo', no 'Bom Dia Brasil' e no 'Jornal das Dez' da Globo News. Na ocasião, os representantes assinaram um documento com esses dados, inclusive o representante do PT. Em 21 de julho, a TV Globo voltou a se reunir com os representantes dos partidos para o sorteio da ordem das entrevistas. Nenhum partido disse que deixaria de comparecer. Ao contrário, assinaram o documento do sorteio, sem ressalvas, inclusive o representante do PT", disse a emissora.
Nesta quarta-feira (3), será a vez de o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, participar da série de entrevistas.
PERGUNTAS QUE SERIAM FEITAS A DILMA
1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?
6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

Marina diz que Dilma quer 'ressuscitar medo' na 'pior forma de fazer política'
Folha de S. Paulo, 3/09/2014

Candidata do PSB ao Palácio do Planalto, Marina Silva rebateu o tom mais agressivo adotado pelo PT contra sua candidatura e disse que a presidente Dilma Rousseff "está tentando ressuscitar o medo" durante a campanha eleitoral.
"A pior forma de fazer política é pelo medo", declarou Marina nesta quarta-feira (3), em sabatina promovida pelo portal G1.
"Acredito profundamente que a esperança venceu o medo. A sociedade brasileira, quando faziam terrorismo contra o [ex-presidente] Lula, repetia essa frase [em 2002]. Infelizmente, quem está querendo ressuscitar o medo é a presidente Dilma. A pior forma de fazer política é pelo medo. Prefiro fazer política pela esperança e pela confiança", afirmou a pessebista.
Desde que Marina despontou nas pesquisas e apareceu ao lado de Dilma com 34% das intenções de voto, segundo o último Datafolha, a campanha de reeleição da petista repaginou a "estratégia do medo" –condenada pelo próprio partido em outras disputas– para tentar desconstruir a imagem da ex-senadora.
Dilma e várias lideranças do PT se dizem "preocupados" com o programa de governo de Marina e fazem investidas para explorar o que chamam de "inconsistências" da presidenciável.
Marina foi orientada pelo comando de sua campanha a não deixar os ataques de Dilma sem resposta e intercalar as críticas que faz ao atual governo federal aos compromissos de seu programa.
Com seu discurso de nova política e a promessa de que enviará uma emenda constitucional ao Congresso Nacional para estabelecer o fim da reeleição e o mandato de cinco anos para o presidente da República, a candidata do PSB repetiu propostas como o passe livre para estudantes em todo o Brasil, o repasse de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação e de 10% da receita bruta da União para a Saúde. Juntas, as medidas teriam um custo de mais R$ 120 bilhões para a máquina pública.
Marina, porém, foi evasiva ao explicar de onde sairá esse dinheiro e costuma recorrer, como faz durante a sabatina, ao que chama de "transparência" e "eficiência dos gastos públicos" para garantir os recursos de cada setor.
"Existem muitos projetos que são verdadeiras máquinas de destruição de recursos do contribuinte. Você tem que corrigir os erros", afirmou. Questionada sobre qual projeto poderia ser revisto, Marina citou a transposição do Rio São Francisco, mas também não deixou claro o que faria diante da obra. "O país vai voltar a crescer e vamos ter os recursos para investir em saúde e educação", concluiu.
SEGUNDO TURNO
Marina se recusou a dizer se aceitaria o apoio do PSDB em um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que, em 2010, quando era candidata ao Planalto pelo PV e aparecia em terceiro lugar nas pesquisas, sentia-se "incomodada quando vocês [jornalistas] ficavam me perguntando quem eu iria apoiar no segundo turno. Segundo turno a gente discute no segundo turno".
O coordenador-geral da campanha de Aécio Neves (PSDB), José Agripino Maia (DEM), disse esta semana que estava disposto a compor com Marina em um eventual segundo turno, o que irritou os tucanos.
PRÉ-SAL
Ainda na estratégia de responder vigorosamente as críticas de adversários, a candidata do PSB reforçou seu discurso quanto à exploração e investimento do pré-sal, uma das principais bandeiras do governo Dilma.
A petista tem dito que Marina não vai dar a atenção devida ao recurso já que seu programa de governo coloca fontes de energia limpa e renovável como prioridade.
"Não é verdade o que está sendo dito pelos meus concorrentes em relação ao pré-sal. Nós vamos priorizar, mas vamos também priorizar outros investimentos. Não há necessidade de tirar recursos do pré-sal", declarou.
PINGA-FOGO
No último bloco da sabatina, Marina precisou responder com "sim" ou "não", "a favor" ou "contra", para perguntas rápidas do jornalista. Teve dificuldade de ser objetiva.
Afirmou ser a favor "dentro do respeito à lei e do bem-estar das crianças" da adoção por casais homossexuais; contrária à eutanásia, à diminuição da maioridade penal e à revisão da Lei da Anistia; e favorável ao voto obrigatório.
Disse que a taxação de grandes fortunas e o fim do serviço militar obrigatório devem ser debatidos e que a lei que existe hoje sobre o aborto é "suficiente".

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: pesquisa aponta Marina como vencedora absoluta

Ibope: Marina abre 10 pontos sobre Aécio e esmagaria Dilma no 2º turno
Pesquisa com intenções de voto no 1º turno mostra Dilma (PT) com 34%, Marina (PSB) com 29% e Aécio (PSDB) com 19%
O Globo, 26/08/2014

SÃO PAULO - Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira mostra a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, em segundo lugar com dez pontos de vantagem sobre o tucano Aécio Neves, que está em terceiro. A presidente Dilma Rousseff (PT) lidera com 34% das intenções de voto. Treze dias depois da morte de Eduardo Campos, a sua sucessora tem 29%. Aécio soma 19% .


Pastor Everaldo (PSC) e Luciana Genro (PSOL) têm 1% cada. Os demais candidatos somados contabilizam 1%. Brancos e nulos são 7%. Outros 8% declararam estar indecisos.
Na simulação de segundo turno, Marina venceria Dilma por 45% a 36%. Na disputa com o tucano, a petista sairia vitoriosa por 41% a 35%.

A pesquisa, contratada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pela TV Globo, foi realizada entre os dias 23 e 26 deste mês e ouviu 2.506 eleitores. A margem de erro é de dois pontos percentuais. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o número BR-00428/2014.

Apesar de não ser possível fazer uma comparação direta, o cruzamento das intenções de voto com a última pesquisa realizada pelo Ibope, entre os dias 3 e 6 de agosto, ainda com Campos na disputa, permite concluir que Marina, além de absorver todos os simpatizantes do seu antecessor, ainda tirou votos de todos os demais principais adversários.

Dilma e Aécio perderam quatro pontos em relação. Os candidatos nanicos têm três pontos a manos. Com a ambientalista na disputa, o total de eleitores que votaria em branco ou nulo cai seis pontos. Já o total de indecisos é três pontos menor.

O levantamento divulgado nesta terça-feira ainda mostra que Marina tem a menor rejeição entre os principais candidatos: apenas 10%. Dilma tem 36%, enquanto 18% dos eleitores declaram não votar em Aécio de jeito nenhum.

Na pesquisa espontânea, em que o eleitor não tem acesso à relação de candidatos, Dilma lidera, com 27%. A candidata do PSB tem 18% e o tucano, 12%.

No dia 18, o Datafolha divulgou a primeira pesquisa com Marina no lugar de Campos. O levantamento mostrava Dilma com 36% das intenções de voto, Marina, com 21% e Aécio, com 20%. Na simulação de segundo turno, Marina aparecia numericamente à frente da petista, com vantagem de 47% a 43%.

sábado, 31 de maio de 2014

Eleicoes 2014: Joaquim Barbosa chanceler da Republica? De qual republica? - Carlos Brickmann

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 30/05/2014:

Por que saiu?

Joaquim Barbosa diz que vai aposentar-se porque já tem 41 anos de serviço público. E também porque nada perde: mantém o salário integral e pode se dedicar a outros afazeres. Mas também diz que o motivo "sairá no momento oportuno". Não quer estar num tribunal dirigido por Ricardo Lewandowski, de quem não gosta (não gosta também dos demais ministros, no que é correspondido).

Não pode concorrer a eleições; mas pode fazer campanha, se quiser.

Saiu por que?

Há quem diga que ele quer apenas descansar, há quem diga tê-lo ouvido dizer que vai "entrar pesado" na campanha. Há quem sustente que apoiará Aécio Neves, do PSDB, e em caso de vitória iria para o Itamaraty. Barbosa acha que, quando trabalhou nas Relações Exteriores, foi vítima de racismo. Esta seria sua oportunidade de dar o troco.

Seu jeito truculento, arrogante, autoritário não casa bem com o Itamaraty. Mas, enfim, não existe mais Ministério da Guerra.

sábado, 16 de novembro de 2013

Intervencao nos assuntos internos de outros paises: uma velha mania do guia genial dos povos

Sempre foi assim, e parece que vai continuar sendo assim: o falastrão interferiu em TODAS as campanhas eleitorais de TODOS os paises onde houvesse um candidato que ele considerava "progressista", desde o início (2003) até agora, isso multiplicado "n" vezes em casos de crises políticas em todos esses países também (à exceção da Argentina).
Ou seja, ele é absolutamente ANTICONSTITUCIONAL, obriga o Brasil a também sê-lo e ainda acha que está fazendo o certo.
Nunca antes, MESMO!!!!!!
Paulo Roberto de Almeida
Ai, ai… O Foro de São Paulo ainda não desistiu e pretende tomar conta de Honduras de qualquer jeito. No próximo dia 24, o país realiza eleições gerais, inclusive para presidente. O Artigo 236 da Constituição estabelece que vence aquele que obtiver a maioria simples dos votos, num único turno. É claro que se trata de um modelo de risco. E o perigo já se anuncia. Há nove candidatos. Xiomara Castro Zelaya, mulher do ex-presidente e ainda maluco Manuel Zelaya, está entre os favoritos. É a candidata de um partido inventado e liderado por seu marido, o LIBRE (Libertad y Refundación). Uma das principais propostas de Xiomara é realizar uma Assembleia Constituinte, caminho que usam os bolivarianos para golpear as instituições. Até a presidente Dilma quer uma — mas só para fazer a reforma política… Ah, bom!
Muito bem! O ex-presidente Lula, uma dos chefões do Foro de São Paulo, decidiu gravar um vídeo em apoio à candidata de Xiomara, a exemplo do que que fez para Nicolás Maduro, aquele que fala com Chávez por intermédio de passarinhos e que vê a imagem do comandante até em reboco descascado. Aliás, o humor dos venezuelanos na Internet é impagável. Deram para descobrir o tirano morto nos locais mais, como direi?, escatológicos… Segue o vídeo. Volto em seguida.

Voltei
O vídeo de Lula em apoio a Xiomara pegou mais mal do que bem. Houve uma forte reação nos meios políticos hondurenhos, que consideraram a peça publicitária uma ingerência nos assuntos internos do país. O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, David Matamoros, encaminhou uma reclamação formal ao embaixador do Brasil no país, Zenik Krawctschuk. As TVs hondurenhas pararam de exibir o vídeo, e os adversários de Senhora Zelaya passaram a acusá-la de estimular a interferência de estrangeiros nas questões que dizem respeito apenas a Honduras. Imaginem se Barack Obama decidisse pedir votos para o candidato do PSDB ou do PSB em 2014. Pra começo de conversa, saiba,  a legislação eleitoral impediria que o vídeo fosse ao ar.

Não custa lembrar que Lula se meteu na eleição venezuelana, e Nicolás Maduro não perdeu por muito pouco. O Apedeuta, com a sua vocação para presidente do “planetinha” (como ele se refere à Terra), deve achar que o mundo inteiro o vê com os olhos com que vê a si mesmo.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Socialistas sustentaveis? Novidade ou mais do mesmo? -Carlos AlbertoSardenberg

O pré-candidato socialista à presidência do Brasil (mas pode não ser ele e ficarmos com a Santa da Floresta) diz que é contra novos impostos. Bom, isso é fácil: qualquer idiota diria o mesmo. Em todo caso, a turma da bufunfa, como diria um keynesiano de botequim, os muito ricos ficaram contentes.
Eu quero ver ele dizer que vai reduzir o peso do Estado, pois essa é a origem dos altos impostos.
Acompanhemos.
PRA

POLÍTICA

Entre o mercado e o social

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 10/10/2013
Ouvi Eduardo Campos falar para empresários e investidores de São Paulo — e o pessoal gostou muito do que o governador contou sobre sua administração em Pernambuco e sobre sua visão de Brasil.
Não estavam no grupo aqueles nomes tradicionais, tipo chapa-branca, que, no fundo da alma, não gostam do PT, mas, do fundo do bolso, desgostam mais ainda de brigar com o governo. E acham que sempre se pode arrumar negócio bom mesmo numa administração ruim e/ou hostil ao capital privado.
Estavam no grupo pessoas de dinheiro, é claro, preocupadas, por exemplo, com o imposto sobre grandes fortunas. Aliás, perguntaram ao governador e adoraram a resposta.
Campos disse: há impostos demais no Brasil; é preciso reduzi-los e torná-los mais progressivos; ricos devem pagar mais, mas não se pode esfolar o investidor e a empresa; e, finalmente, que o imposto sobre grandes fortunas é tecnicamente ruim, arrecada pouco e cria muita desconfiança. Ou seja, muito barulho ideológico para pouco dinheiro.
Perguntaram também sobre o chavismo e os bolivarianos. Campos aproveitou bem a deixa para mostrar seu lado “gauche”. Atacou ferozmente as velhas oligarquias venezuelanas (e, por tabela, as latino-americanas) que enriqueceram à custa de privilégios e verdadeiros assaltos ao Estado.
Esse contraste entre uma elite muito rica e um povo muito pobre deu origem a Chávez e seus seguidores. Trata-se de um caminho equivocado, um atraso contra outro atraso, disse Campos, mas a forma de escapar disso é um regime moderno, democrático, capitalista e social.
Me lembrei de Tony Blair. Ou Bill Clinton. No Velho Continente, existia (ainda existe) uma esquerda socialista, estatizante, que se opunha à direita liberal tipo Thatcher. Blair inventou aí a Terceira Via: economia de mercado, ambiente de negócios amigável ao empreendedor, liberdade financeira, com forte investimento estatal nas áreas sociais, sobretudo saúde e educação. Mas, atenção: o setor público deve seguir as regras de eficiência do privado, com metas e meritocracia.
Campos encantou aquela plateia quando falou de sua gestão nas escolas de Pernambuco — diretores, professores e alunos premiados por bom desempenho, medido e avaliado regularmente — e nos hospitais, vários entregues à gestão privada.
Nos EUA, Clinton claramente colocou-se entre Ronald Reagan, seu antecessor, e a esquerda do seu Partido Democrata, esta representada por seu vice, Al Gore, e agressivamente contra o que chamava (e chama) de big money e suas variações (big oil, big pharma etc.).
FHC e Lula, o do primeiro mandato, ajudaram a formar essa Terceira Via por aqui, ainda que em condições bem diferentes. Nunca tivemos nossa Thatcher (ou nosso Reagan), de modo que FHC, um social democrata europeu, teve que tocar boa parte da agenda liberal para conquistar a estabilidade macroeconômica (metas de inflação, abertura comercial, câmbio flutuante, privatizações, responsabilidade fiscal).
Começou também os programas sociais — Bolsa Escola, por exemplo, e o aumento real do salário mínimo —, seu lado esquerdo. Mas perdeu o ímpeto reformista no segundo mandato.
Lula, de origem, digamos, mais socialista, foi obrigado a manter a base da estabilidade e, ainda, sob influência de Palocci, avançou nas reformas microeconômicas, especialmente nas leis e regras que garantiram a concessão e ampliação do crédito. E mais o Bolsa Família e os aumentos do salário mínimo.
No segundo mandato e depois da crise de 2008/09, Lula começou a estragar tudo, tarefa seguida por Dilma Rousseff. Inventaram os truques para aumentar o gasto público e a dívida total, sem o confessar, e expandiram a intervenção estatal — da regulação e controle cada vez maior do setor privado ao avanço forçado das estatais, incluindo bancos, e à tentativa de aceleração de grandes obras.
Sem contar o ambiente de incerteza criado por decisões do governo e dos tribunais que a todo momento criam novas obrigações e custos aos negócios. Cabe aqui a mão pesada do Fisco na interpretação e criação de regras que geram impostos e multas bilionários, numa ação ao mesmo tempo hostil ao grande capital e com o objetivo de gerar receita perdida com os subsídios aos setores privilegiados.
O resultado aparece na inflação mais alta, no baixo crescimento, na falta de investimentos (pela desconfiança do setor privado e ineficiência do setor público), no Custo Brasil recorde, na situação delicada de estatais como a Petrobras e as elétricas.
É curioso: quando se apresenta como terceira via entre PT e PSDB, Campos, na verdade, parece querer recuperar os lados positivos de FHC e Lula e mais a agenda de reformas que ficou pelo caminho. Como? Com Marina?
Voltaremos.

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

domingo, 26 de maio de 2013

Ditadura teocratica iranana: um grupo apenas detem todo o poder no pais

Iran : de la République islamique à la dictature d'un clan

LE MONDE Editorial du "Monde"
Editorial du "Monde". Dans l'histoire de la République islamique d'Iran, le 21 mai 2013 restera comme une date importante : ce jour-là, elle est devenue un régime dictatorial comme les autres monolithique. Un seul clan veut détenir tout le pouvoir. C'est une mauvaise nouvelle, notamment pour l'avenir du dossier nucléaire.
Une des multiples institutions chargée de préparer l'élection présidentielle du 14 juin, le Conseil des gardiens de la Constitution, devait sélectionner une dizaine de candidats sur quelque 600 postulants. Il a rendu son verdict mardi. Il a éliminé les deux seuls candidats qui pouvaient contester la ligne du Guide de la révolution, l'ayatollah Ali Khamenei. Sauf surprise de dernière minute toujours possible en Iran , l'élection est verrouillée : ne restent en lice que des personnages connus pour leur soumission totale au Guide.
Le conseil a rayé la candidature d'un des pères de la révolution de 1979 qui renversa le régime du chah , l'ancien président Hachémi Rafsandjani. Richissime, disposant de réseaux dans tout le pays, Rafsandjani est la quintessence de l'homme du sérail. Il a été proche du Guide, il a cautionné une campagne d'assassinats d'intellectuels démocrates, mais il s'est aussi posé, ces dernières années, en opposant de l'intérieur.
Les "réformateurs", tout ce que l'Iran compte de classes urbaines modernes, éduquées, une partie des militants du "mouvement vert" écrasé dans le sang lors de la précédente élection présidentielle, en 2009, ceux-là s'étaient rangés derrière la candidature de Rafsandjani.
L'autre prétendant qui défiait la ligne du Guide, Esfandiar Rahim Mashaie, est le bras droit du président Mahmoud Ahmadinejad. Après deux mandats, ce dernier ne peut se représenter. En conflit de plus en plus ouvert avec M. Khamenei, qui parraina pourtant sa carrière politique, le président sortant a défendu avec acharnement la candidature de M. Mashaie lui aussi éliminé mardi.
Dans le jeu savant et complexe des institutions de la République islamique, la présidence a presque toujours été un contre-pouvoir à celui du Guide. Celui-ci incarne l'autorité religieuse, qui a le monopole de la décision en dernier recours, et ne se mêle pas de la politique au jour le jour.
Déjà bousculé en 2009, cet équilibre n'est plus. L'Iran est aux mains d'un homme, Khamenei, et de son clan, un groupe formé d'une minorité de dignitaires religieux et des chefs des Gardiens de la révolution, le bras armé du régime. Pour la première fois depuis 1979, une seule faction veut disposer de tous les leviers de pouvoir. Sa ligne est celle du Guide.
Intransigeance sur le nucléaire Téhéran accélère son programme de centrifugeuses , soutien indéfectible à la Syrie de Bachar Al-Assad, au Hezbollah libanais et refus d'un dialogue avec les Occidentaux : grand admirateur de la Corée du Nord, le Guide "bétonne" ses positions. Mais, en voulant exercer lui-même la réalité du pouvoir exécutif, il change de rôle. Il se met en première ligne. Il devient comptable de la situation économique et stratégique de l'Iran. Tout ce qui va mal doit lui être imputé, dans un pays qu'il transforme en dictature personnelle.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Brasil invisivel, irrelevante, "esquecivel"? - Marcelo Coutinho


TENDÊNCIAS/DEBATES
Marcelo Coutinho
Folha de S.Paulo9.11.2012

Nosso poder militar não assusta nem Honduras. A influência do Brasil viria da legitimidade das suas bandeiras. Mas em épocas nervosas ninguém liga para isso
Acabou a eleição norte-americana para presidente. O Brasil não apareceu em nenhum momento da campanha. Obama nem Romney se lembraram do nosso país. Ficamos invisíveis ou o que foi que aconteceu?
Poucos anos atrás, éramos tratados como uma das grandes estrelas em ascensão. Na disputa de 2008, os candidatos democrata e republicano citaram o Brasil em mais de uma oportunidade, inclusive no debate sobre política externa. Agora nada, nem uma palavrinha, mesmo quando tantos brasileiros correm para fazer compras em Nova York.
Não é de todo ruim desaparecer das preocupações de Washington. Afinal, eles costumam prestar mais atenção a quem dá sérios problemas, como o Irã. Não é o nosso caso.
Os políticos americanos certamente não mudaram muito em relação à América Latina. Fora do radar, continuam sem saber o que fazer com ela. Mas com a Europa indo a pique e a Ásia crescendo, os olhares se voltaram para o Pacífico. Por isso, é natural que o futuro presidente dos EUA se interesse mais pela China do que pelo vizinho do Atlântico Sul. Mas o silêncio absoluto quanto ao Brasil parece um megafone de significados. O Brasil mudou para pior desde as últimas eleições nos EUA.
O governo brasileiro há anos incorre em uma "misperception", uma interpretação completamente equivocada da realidade. Ele acreditou em um conto de fadas, superestimando suas próprias capacidades internacionais.
Mais uma vez, como viemos fazendo desde o fim da Primeira Guerra, o Brasil teve certeza de que a cadeira fixa no Conselho de Segurança da ONU era sua, de que era o pivô da solução para conflitos históricos no Oriente Médio e que progredia "pari passu" às potências orientais.
A realidade se mostrou bem diferente disso tudo.
Nem sequer a elite paraguaia levou o Brasil em consideração antes de destituir Fernando Lugo. E Brasília sequer tomou parte da mediação definitiva no conflito colombiano, a última guerra da América do Sul, o que foge de todas as nossas melhores tradições diplomáticas desde Rio Branco. Um espanto.
Alguns poderiam argumentar que seriam os EUA que não fazem uma leitura correta e negligenciam o Brasil. Isso pode ter uma parte de verdade, mas não explica porque vizinhos sul-americanos não nos priorizam nem porque os investimentos e o crescimento econômico brasileiro viraram fumaça. Tampouco explica porque não alcançamos nossos objetivos de política externa.
As nossas estruturas militares não assustaram nem a pequena Honduras no episódio da embaixada. O risco de o porta-aviões São Paulo quebrar antes de alcançar o mar do Caribe seria um risco que não suportaríamos.
Somos a sétima economia do mundo, mas isso pode muitas vezes se resumir a uma conta cambial sem maiores impactos sobre a ordem internacional.
Uma questão importante é saber o quão distantes estamos das grandes potências EUA e China, e quais as chances que temos de influenciar o comportamento de outros de modo a atender os nossos interesses. Alguns caças a mais apenas nos equipararão ao Chile, e qualquer coisa que pareça cara de mais destoaria da precariedade das nossas escolas e hospitais.
Ainda não nos conscientizamos que a força do Brasil não está no mundo realista, medido pelo alcance das armas. Nossa força será tão maior quanto mais próximo o mundo estiver de uma verdadeira sociedade global, pois assim a influência é dada pela legitimidade do que dissemos e queremos, e não pelo que amedrontamos.
A projeção brasileira no mundo sempre esteve menos associada à ideia de projétil do que à de "soft power", de poder das ideias, cultural, dos valores. O problema é que esse poder suave, definido pelo cientista político americano Joseph Nye, não funciona em tempos de escassez e beligerância iminente como os de agora. Daí a indiferença das eleições americanas em relação a nós.
De um novo eldorado, fomos distinguidos agora pelo dom da invisibilidade. Inventaram um gigante sem altura, uma potência sem poder.

MARCELO COUTINHO, 38, é professor de relações internacionais do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

domingo, 8 de abril de 2012

Capitalistas franceses: de partida para o estrangeiro

Curioso amálgama de posições na campanha presidencial francesa de 2012: nem a esquerda, nem a direita gostam dos capitalistas, do capital, dos lucros, da exploração burguesa, da especulação financeira, enfim, essas coisas "de mercado".
Os candidatos se ocupam, portanto, de bater nos capitalistas, e prometem tributá-los ainda mais, impor regras, restrições, e outros requerimentos.
O efeito será a expulsão de alguns deles para o exterior, o que aliás já está acontecendo, como mostra esta matéria da revista Economist.
Paulo Roberto de Almeida

The French election and business

The terror

The 75% tax and other alarming campaign promises

EUROFINS SCIENTIFIC, a bio-analytics firm, is the sort of enterprise that France boasts about. It is fast-growing, international and hungry to buy rivals. So people noticed when in March it decamped to Luxembourg. Observers reckon it was fleeing France’s high taxes. It will soon be joined by Sword Group, a successful software firm, which voted to move to Luxembourg last month.
As France enters the final weeks of its presidential campaign, candidates are competing to promise new measures that would hurt business. François Hollande, the Socialist candidate, and the current favourite to win the second and final round on May 6th, has promised a top marginal income-tax rate of 75% for those earning over €1m ($1.3m). He has declared war on finance. If the Socialists win, he pledges, corporate taxes will rise and stock options will be outlawed.
Other countries welcome global firms. “France seems to want to keep them out,” sighs Denis Kessler, the boss of SCOR, a reinsurer. Jean-Luc Mélenchon, an even leftier candidate than Mr Hollande, has been gaining ground. Communists marched to the Bastille on March 18th to support him.
The right offers little solace. Nicolas Sarkozy, the incumbent, is unpopular partly because of his perceived closeness to fat cats. To distance himself, he has promised a new tax on French multinationals’ foreign sales.
If Mr Hollande wins, he may water down his 75% income-tax rate. But it would be difficult to back away from such a bold, public pledge. And doing business in France is hard enough without such uncertainty. Companies must cope with heavy social charges, intransigent unions and political meddling. The 35-hour work week, introduced in 2000, makes it hard to get things done. Mr Hollande says he will reverse a measure Mr Sarkozy introduced to dilute its impact by exempting overtime pay from income tax and social charges.
The 75% income-tax rate is dottier than a pointilliste painting. When other levies are added, the marginal rate would top 90%. In parts of nearby Switzerland, the top rate is around 20%. French firms are already struggling to hire foreign talent.
More firms may leave. Armand Grumberg, an expert in corporate relocation at Skadden, Arps, Slate, Meagher & Flom, a law firm, says that several big companies and rich families are looking at ways to leave France. At a recent lunch for bosses of the largest listed firms, the main topic was how to get out.
Investment banks and international law firms would probably be the first to go, as they are highly mobile. Already, the two main listed banks, BNP Paribas and Société Générale, are facing queries from investors about Mr Hollande’s plan to separate their retail arms from investment banking. He has also vowed to hike the corporate tax on banks from 33% to nearly 50%.
In January Paris launched a new €120m ($160m) “seed” fund to attract hedge funds. Good luck with that. Last month Britain promised to cut its top tax rate from 50% to 45%. No financial centre comes close to Mr Hollande’s 75% rate (see chart).
Large firms will initially find it hard to skedaddle. Those with the status ofsociété anonyme, the most common, need a unanimous vote from shareholders. But the European Union’s cross-border merger directive offers an indirect route: French firms can merge with a foreign company.
Big groups also have the option of moving away the substance of their operations, meaning decision-making and research and development. Last year, Jean-Pascal Tricoire, the boss of Schneider Electric, an energy-services company, moved with his top managers to run the firm from Hong Kong (where the top tax rate is 15%). For now, the firm’s headquarters and tax domicile remain in France. But for how long?
Pressure to leave could come from foreign shareholders, says Serge Weinberg, the chairman of Sanofi, a drugmaker. “American, German or Middle Eastern shareholders will not tolerate not being able to get the best management because of France’s tax regime,” he says. At the end of 2010, foreign shareholders held 42% of the total value of the firms in the CAC 40, the premier French stock index. That is higher than in many other countries.
It is not clear whether the 75% tax rate would apply to capital gains as well as income. As with most of the election campaign’s anti-business pledges, the detail has been left vague. Mr Sarkozy has offered various definitions of what he means by “big companies”, which would have to pay his promised new tax.
Some businessfolk therefore hope that the most onerous pledges will be quietly ditched once the election is over. But many nonetheless find the campaign alarming. French politicians not only seem to hate business; they also seem to have little idea how it actually works.
The most debilitating effects of all this may be long-term. Brainy youngsters have choices. They can find jobs or set up companies more or less anywhere. The ambitious will risk their savings, borrow money and toil punishing hours to create new businesses that will, in turn, create jobs and new products. But they will not do this for 25% (or less) of the fruits of their labour. Zurich is only an hour away; French politics seem stuck in another century.