Nota preliminar: a nota abaixo foi escrita em outubro de 2024, e nela eu já me espantava com o fato de que um chefe de Estado de um país cuja diplomacia se pauta pelo estrito respeito à Carta da ONU e às normais elementares do Direito Internacional, se dispussese a apertar a mão de um CRIMINOSO DE GUERRA.
Reproduzo-a novamente, pois parece que a intenção permanece a mesma. (PRA, 3/05/2025)Uma dúvida que não é só diplomática
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre a convivência do governo brasileiro com governos e movimentos pretendem a eliminação de outros Estados.
A política, desde Platão e Aristóteles, se destina, entre outras coisas, a facilitar a convivência pacífica entre pessoas, súditos ou cidadãos de uma mesma comunidade, de cidades-Estados, de nações organizadas em monarquias, repúblicas, fazendo com que partidos, movimentos, governos, Estados possam interagir entre si da melhor maneira possível, isto é, pacificamente, civilmente, construtivamente, para o bem de todos.
Já é estranho, portanto, que existam partidos, movimentos, governos e Estados que desejem a eliminação completa, o desaparecimento de seus contrapartes, outros partidos, movimentos, governos ou Estados, como objetivo prioritário.
Este é o caso, por exemplo, de movimentos como o Hamas, de partidos como o Hezbollah, de governos e Estados como a teocracia fundamentalista do Irã, cujos objetivos principais, senão exclusivos, são a eliminação de todo um Estado, no caso Israel.
Mais estranho ainda é que um governo supostamente democrático, de um Estado dotado de tradições, princípios e valores comprometidos com a ordem democrática, a convivência pacífica entre as nações (como está em nossa Constituição), que se pauta, em suas diretrizes diplomáticas, pelo estrito respeito do Direito Internacional, consubstanciada na Carta das Nações Unidas, é estranho, portanto, que um governo representando o Brasil da CF-1988 e de toda a história diplomática de convivência pacífica com todos os demais Estados da comunidade internacional, desde mais de 200 anos, aceite conviver, no mesmo grupo, bloco, foro ou movimento convergente de interesses com outros partidos, movimentos ou Estados que tenham, entre seus objetivos constitutivos, suas diretrizes nacionais a ELIMINAÇÃO de outros Estados, partidos, governos, movimentos, etnias ou povos, como é o caso do Brics, que abriga o Irã, e como é o caso do atual governo brasileiro, que aceita conviver normalmente com partidos e movimentos terroristas como são o Hamas, o Hezbollah e outros do mesmo grupo, sendo que alguns desses terroristas são Estados perfeitamente constituídos.
Anexo:
Como diplomata, estou perfeitamente horrorizado - e suponho que meus colegas também estejam- de ver Lula apertando alegremente a mão de um violador da Carta da ONU, saudando um assassino de civis, conversando simpaticamente com um sequestrador de crianças, um criminoso de guerra confirmado. Acredito que cada um dos meus colegas diplomatas profissionais deva se sentir terrivelmente enojado ao contemplar os efluvios de amizade do presidente brasileiro com um terrorista em escala global. Triste para a diplomacia!
Como sempre, assino embaixo do que escrevo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19/10/2024
Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/10/uma-duvida-que-nao-e-so-diplomatica.html).