Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Economia Keynesiana e Anti-Keynesiana: numero desbalanceado - What's Wrong with Keynesian Economic Theory? (book)
(O editor confessa que gostaria de ter intitulado um precedente livro seu: Anti-Kenesyan Reader, mas que acabou saindo com um título mais moderado. Agora o título é mais direto.)
What's Wrong with Keynesian Economic Theory?
It is a collection of readings by thirteen different economists from across the non-Keynesian economic spectrum, who find Keynesian economic theory a disastrous guide to economic policy.
As an indication of how necessary this book is, let me take you to Henry Hazlitt's 1959, The Failure of the New Economics.
‘There must be hundreds of economic books that may be variously described as Keynesian, pro-Keynesian, semi-Keynesian, or “post-Keynesian,” and there must be thousands of such pamphlets and articles; but there is a great dearth when we come to any literature since 1936 that may be described as definitely anti-Keynesian – in the sense that it is explicitly and consistently critical of the major Keynesian doctrines. In the works of such writers as Ludwig von Mises, F.A. Hayek, Wilhelm Röpke, Frank H. Knight, Jacques Rueff, and others, we do indeed have an impressive non-Keynesian literature, based on “neo-classical” premises, with occasional explicit criticism of Keynesian tenets. But full-length books exclusively devoted to a critical analysis of Keynesianism may be counted on the fingers of one hand.’ (Hazlitt 1959: 437)
Book info:
Possibly the strangest phenomenon in all of economics is the absence of a long tradition of criticism focused on Keynesian economic theory. Keynesian demand management has been at the centre of some of the worst economic outcomes in history, from the great stagflation of the 1970s to the lost decade and more in Japan following the expenditure program of the 1990s. And once again, following the Global Financial Crisis, it is incontrovertible that no stimulus program in any part of the world has been a success, each one having been abandoned as conditions deteriorated under the weight of public sector spending. This book brings together some of the most vocal critics of Keynesian economics. Each author attempts to explain what is wrong with Keynesian theory in ways that can be understood by those seeking guidance on where to turn for a more accurate explanation of the business cycle and on what to do when recessions occur.
More info:
One of the most striking phenomena in all of economics is the absence of a deep tradition of criticism focused on Keynesian economic theory. There have been critics but they are few and far between, even though Keynesian demand management has been at the centre of some of the worst economic outcomes in history, from the great stagflation of the 1970s to the twenty-year ‘lost decade’ in Japan that has been ongoing since the 1990s, and now, once again, the dismal recoveries that have followed the Global Financial Crisis. This book brings together some of the most vocal critics of Keynesian economics of the present time.
Each author attempts to explain what is wrong with Keynesian theory for those seeking guidance on where to turn for a more accurate explanation of the business cycle and what to do when recessions occur. The contributions are by scholars from a wide number of schools of economics, which include but are not restricted to Austrian, monetarist and classical perspectives. Written not just for economists, this accessible book is one of the few anti-Keynesian texts available and explains the inability of public spending and lower interest rates to have restored robust economic growth and full employment after the GFC.
The collection offers an antidote to contemporary macroeconomic theory. It is an essential text for anyone wishing to understand why no stimulus has been able to bring recovery to any economy in which it has been tried.
Contributors:
P. Boettke, P.L. Bylund, T. Congdon, R.M. Ebeling, R.W. Garrison, S. Horwitz, S. Kates, A. Kling, A.B. Laffer, P. Newman, G. Reisman, D. Simpson, M. Skousen, P. Smith
Contents:
Introduction
1. The Keynesian Liquidity Trap: An Austrian Critique
Peter Boettke and Patrick Newman
2. What the Entrepreneurial Problem Reveals about Keynesian Macroeconomics
Per L. Bylund
3. A Critique of Two Key Concepts in Keynesian Textbooks
Tim Congdon
4. The Misdirection of Keynesian Aggregates for Understanding Monetary and Cyclical Processes
Richard M. Ebeling
5. Cycles and Slumps in an Overly Aggregated Theoretical Framework
Roger W. Garrison
6. The Problems with Keynesianism: A View from Austrian Capital Theory
Steven Horwitz
7. The Dangers of Keynesian Economics
Steven Kates
8. The Problem of Keynesian Aggregation
Arnold Kling
9. What’s Wrong with Keynesian Economists?
Arthur B. Laffer
10. Capital, Saving and Employment
George Reisman
11. What’s Wrong With Keynesian Economics?
David Simpson
12. Move Over Keynes: Replacing Keynesianism with a Better Model
Mark Skousen
13. The Conclusive Fault Line in Keynesian Economics
Peter Smith
Index
domingo, 13 de setembro de 2015
Arminio Fraga: receita para vencer a crise
Paulo Roberto de Almeida
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Politica externa do governo: criticas de analistas - Luciana Lima (IG)
Com orçamento apertado, Dilma freia pilares da política externa de Lula
Presidente enfrenta críticas por ter desempenho diferente de Lula na área internacional: viajou menos, recebeu menos chefes de Estado e enfrenta queixas na área de direitos humanos
quinta-feira, 27 de março de 2014
Brasil dos companheiros: Recuando na economia - Alexandre Schwartsman
Imunes
- Alexandre Schwartsman
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Um critico acerbo de meus textos: sou "simplesmente muito ruim"? - exchange...
domingo, 21 de julho de 2013
Mercosur: to be or not to be: drama hamletiano no Paraguai (sobrandopara o Brasil)
Fuertes críticas al Mercosur y al Brasil en panel debate
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Uma no cravo, outra na ferradura - Rolf Kuntz (Estadao)
Cinco boas novas, mas com muitas ressalvas
A diferença resultou em aumentos de preços e de importações. Além disso, a expansão trimestral do consumo privado foi a 39.º consecutiva, impulsionada pela expansão da massa de salários e do crédito. Em vista da demanda, a ação do BC é plenamente defensável. Mas a eficácia será prejudicada se a política fiscal continuar expansionista. A perspectiva é de mais um ano sem realização integral do superávit primário e de novas transferências do Tesouro às estatais – como os novos aportes de R$ 15 bilhões para o BNDES e R$ 15 bilhões para a Valec.
domingo, 5 de maio de 2013
Criticas ao governo, nao ao pais - Merval Pereira
Continuarei denunciando as falcatruas, justamente por querer bem ao Brasil, pretendendo defender a verdade e revelar os golpes mentirosos, de maneira perfeitamente transparente e democrática.
Transcrevo apenas um trecho deste artigo de Merval Pereira que permite denunciar algumas das muitas, imensas, fraudes companheiras, de suas mentiras asquerosas, como a que pretende que foram eles que "terminaram" com a inflação no Brasil:
"Para se ter uma ideia de como a atuação oposicionista radical do PT se reflete hoje no governo, basta lembrar que o PT votou contra o Fundef, que mudou radicalmente o financiamento do ensino fundamental no país; contra a criação da CPMF; contra a Lei de Responsabilidade Fiscal; contra a reforma da Previdência; contra a privatização das telecomunicações, entre muitos outros votos não. E hoje é a favor de todas eles."
Leiam a íntegra.
Paulo Roberto de Almeida
Governo e país
Merval Pereira
O Globo, 4/05/2013
Outro dia, o ex-presidente Lula deu uma entrevista e lá pelas tantas disse que ficava “com pena” quando via o ex-presidente Fernando Henrique, aos 80 anos, falando mal do Brasil no exterior.
Na mesma toada, a presidente Dilma Rousseff desabafou recentemente para repórteres: “Tem gente torcendo para o país dar errado”. Na verdade, tanto Lula quanto Dilma se referiam a oposicionistas que criticam a atuação do governo, e não o país.
Lula chegou a uma espécie de desabafo, pedindo a Fernando Henrique que deixasse a presidente Dilma “trabalhar em paz”.
O que deixa especialmente irritada a presidente Dilma é a demonstração dos erros de seu governo, notadamente agora que a inflação voltou a ser um tema relevante, saindo da esfera meramente econômica para o campo político.
Apontar os erros da equipe econômica do governo tem rendido bons momentos aos oposicionistas de diversos quilates, desde o senador Aécio Neves, provável candidato tucano à sucessão de Dilma, até o governador de Pernambuco Eduardo Campos, aspirante a oposicionista que ainda busca seu lugar no campo oposto ao que se encontra hoje.
São críticas ao governo Dilma, não ao país. Um governo representa o país, é fato, mas pode representar mal e merecer críticas. E as críticas vêm de uma oposição que, há quase unanimidade sobre isso, é muito fraca no enfrentamento do governo, além de numericamente insignificante no Congresso.
Agora mesmo, quando o PT e a presidente se confundiram em mensagens partidárias e institucionais pela televisão num claro abuso de poder, não há uma manifestação maciça da oposição de crítica a essa postura, muito menos uma análise crítica das mensagens.
Imaginem se a oposição fosse tão aguerrida hoje quanto era o PT nos governos tucanos, a tal ponto que criticava até mesmo medidas que considerava acertadas, como veremos mais adiante.
É mais um exemplo de como confundem o público com o privado, como se consideram donos dos cargos que ocupam transitoriamente ou, no caso de Lula, como não consegue se desapegar da Presidência da República.
Logo ele que criticava a atuação de Fernando Henrique e dizia que daria o exemplo de como um ex-presidente da República deve se comportar.
Não é preciso comentar o que Lula vem fazendo fora do governo para mais uma vez se constatar que o que Lula diz não se escreve. Esse já foi tema de várias colunas, e continua inesgotável. Vale a pena ler de novo.
Afinal, o que fazia o PT quando estava na oposição? Deixava Fernando Henrique governar com tranquilidade ou tentava por todos os meios boicotar sua administração?
Para se ter uma ideia de como a atuação oposicionista radical do PT se reflete hoje no governo, basta lembrar que o PT votou contra o Fundef, que mudou radicalmente o financiamento do ensino fundamental no país; contra a criação da CPMF; contra a Lei de Responsabilidade Fiscal; contra a reforma da Previdência; contra a privatização das telecomunicações, entre muitos outros votos não. E hoje é a favor de todas eles.
Já contei como logo no início do governo Lula, quando ele assumiu surpreendentemente como tarefa de seu governo prosseguir a reforma da Previdência, conversei com o então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha, hoje condenado pela participação no mensalão, e perguntei a ele por que o PT se batera tanto contra a reforma quando o PSDB estava no governo se agora se mostrava favorável a ela. Ele, candidamente, respondeu: “Luta política”. Simples assim.
A “luta política” justificava tudo, até mesmo trabalhar contra medidas que consideravam acertadas. Fora os erros propriamente ditos, como apostar que o Plano Real era apenas eleitoreiro, e não daria certo.
O hoje ministro da Educação, Aloizio Mercadante, era a cabeça econômica do PT, e apostava nisso. Hoje, diz que a oposição, ao criticar o governo, parece-se com o PT quando criticava o Plano Real.
domingo, 8 de abril de 2012
Critica da diplomacia brasileira - Andre Araujo
Curioso, mesmo...
Paulo Roberto de Almeida
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Politica externa: continuidade assegurada...
Talvez o ministro da Defesa (mas parece mais do Ataque) esteja apenas tentando se posicionar como um anti-imperialista de carteirinha, para ficar parecido com outras vozes altissonantes do governo atual, para se credenciar na continuidade, ou talvez até um alto posto na novíssima República ao feminino (que poderia até escolher uma mulher para a Defesa, como foi Bachelet, no Chile, mas isso não creio).
Curiosa sua afirmação sobre Cuba: "país pobre". Pobre? Cuba tinha a segunda ou terceira maior renda per capita da América Latina até 1959. Se ficou pobre depois disso não deve ter sido apenas pelo embargo americano, inclusive porque os outros países sempre puderam comerciar normalmente com Cuba -- a ilha permaneceu no GATT, apesar de ter saído do FMI, durante todo esse período -- e ela desfrutou do "mensalão" soviético durante mais de três décadas. Isso inclusive lhe permitiu investir na saúde e educação, que se tornaram piores agora, mas que já foram satisfatórios justamente porque a ilha podia "concentrar recursos" nessas duas únicas justificativas de uma férrea ditadura. Se a ilha ficou pobre, foi por sua própria culpa. Nos últimos anos ela vem sendo sustentada pelo "mensalão" bolivariano, na forma de generosos subsídios do coronel amigo (e sucessor presumido) de Fidel.
Curioso também que o anti-imperialismo primário ainda seja uma credencial em certas áreas.
Paulo Roberto de Almeida
Jobim faz duras críticas aos Estados Unidos
"Os direitos do Brasil aos fundos marinhos até 350 milhas do litoral, onde está nosso pré-sal, decorre da convenção. Ou seja, só é possível conversar com um país que respeite essa regra", disse durante a 7ª Conferência de Segurança Internacional do Forte de Copacabana, no Rio. "Não pensamos em nenhum momento em termos soberanias compartilhadas. Que soberania os Estados Unidos querem compartilhar? Apenas as nossas ou as deles também?", questionou.
Jobim também se disse contrário a alianças militares entre a América do Sul e os Estados Unidos. "Nossa visão é a de que podemos ter relações com os EUA, mas a defesa da América do Sul só quem faz é a América do Sul", disse o ministro. Segundo ele, o Brasil não deve se aliar a forças militares que não possam ser por ele comandadas. "Os EUA não participam das forças humanitárias da ONU porque não admitem ser comandados por outros exércitos. Não podemos aceitar esse tipo de assimetria", declarou.
O ministro mostrou contrariedade à expansão da área de atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar da qual os Estados Unidos fazem parte. "Aprovou-se uma nova estratégia em que o teatro de operações da Otan passou a ser o mundo todo, em locais em que se possam ferir os interesses dos países membros. Isso significa que teríamos dois organismos internacionais: a ONU e a agora Otan, que também estaria se arrogando a isso. Mas nós somos contra", disse.
Na avaliação de Jobim, as relações entre os países signatários do Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares também é assimétrica e penaliza aqueles que buscam gerar energia nuclear. Para ele, não há problemas no interesse da Venezuela em dominar essa tecnologia. "A Venezuela sentiu o problema da sua base de energia elétrica ser hidrelétrica e teve inclusive que fazer racionamento", disse. "A Venezuela fez tal qual o Brasil. E nós aplaudimos", complementou sobre o país vizinho, considerado um problema no continente pelos EUA.
As críticas de Jobim aos norte-americanos ainda abordaram a relação do país com Cuba. "Qual foi o resultado do embargo a Cuba? Produziram um país orgulhoso, pobre e com ódio dos EUA", disse.
Para o ministro, os riscos à segurança da América do Sul e os conflitos do futuro estarão relacionados à água, minerais e alimentos. "Isso a América do Sul tem. Temos aqui o aquífero Guarani, a Amazônia, somos os maiores produtores de grãos e de proteína animal do mundo", enumerou. "Temos que nos preparar para isso", advertiu sobre possíveis ameaças futuras.
domingo, 13 de junho de 2010
Os erros da politica externa - Editorial do Estadao
Se, e quando, houver uma resposta oficial às acusações do Estadão, terei prazer em publicar também...
Paulo Roberto de Almeida
Os erros da política externa
Editorial O Estado de São Paulo
Domingo, 13 de junho de 2010
O chanceler Celso Amorim usa o argumento da altaneria para explicar o voto brasileiro contra as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã. “Nossa posição foi independente, não foi quixotesca. Dizer não, em vez de se abster, era a única posição honrosa, honesta e justa. Se tivéssemos votado de outra maneira, teríamos perdido totalmente a credibilidade.” O problema é que dois erros não fazem um acerto. E o erro original foi o governo brasileiro, tomado por absurda soberba, ter julgado que poderia levar o Irã a abandonar pela via negociada o seu programa nuclear, e que a comunidade internacional, penhorada e agradecida, passaria a acreditar nos bons propósitos de Teerã. Resultou daí o acordo de troca de urânio levemente enriquecido, patrocinado pelo Brasil e pela Turquia - que só embarcou na aventura na undécima hora -, que o Itamaraty exaltou como o início de conversações de boa-fé entre as grandes potências mundiais e o Irã, e as ditas grandes potências, calejadas no trato com a república islâmica, consideraram ser apenas mais um expediente para ganhar tempo.
O fato é que o acordo de Teerã reproduziu uma oferta feita pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) um ano antes, e rejeitada pelo Irã - e o presidente Lula achou que essa seria a chave para a afirmação da influência do Brasil no Oriente Médio - melhor dizendo, no mundo muçulmano. Seus assessores deixaram que ele incorresse no erro, ao não alertar que a oferta da AIEA fazia sentido quando foi feita, mas não mais um ano depois, quando o Irã havia praticamente dobrado o seu estoque de urânio enriquecido. Além disso, não há no acordo uma única palavra que sugira que o Irã se submeterá de bom grado às inspeções da AIEA - e sem isso não se desfarão as suspeitas de que o objetivo do programa nuclear é a construção da bomba.
A diplomacia lulista cometeu mais um grave erro de avaliação quando tentou se imiscuir nos assuntos do Oriente Médio. Primeiro, Lula ofereceu seus bons serviços para obter a paz entre palestinos e israelenses - oferta que foi recusada com rascante ironia pelas duas partes. Depois, foi a vez do, digamos, equívoco iraniano.
Esses e outros fiascos se devem a uma interpretação enviesada da evolução e da tendência dos acontecimentos mundiais. Em seu antiamericanismo visceral, os assessores internacionais de Lula acreditam que a superpotência está em declínio, que o mundo experimenta uma fase de multipolaridade e que do diretório multipolar fazem parte os países emergentes, com grande destaque do Brasil. E que essas transformações já estão ocorrendo, e em velocidade vertiginosa. Ocorre que, se é verdade que as linhas gerais desse cenário são corretas, o ritmo das transformações é lento, como quase tudo na história.
O declínio dos Estados Unidos é lento e relativo - o país continua sendo, de longe, a maior potência militar e econômica do mundo - e o multilateralismo ainda cede às demandas e imposições da política de poder, como comprovam os fatos do dia a dia.
Não bastasse isso, o Brasil não tem condições objetivas de agir em regiões que estão fora de sua área de influência direta. Somente a reconhecida capacidade de articulação dos diplomatas do Itamaraty e o prestígio conferido ao presidente Lula por sua inegável popularidade no exterior não são suficientes para fazer do Brasil o interlocutor universal e o peacemaker à outrance que a propaganda oficial exalta.
Veja-se, a propósito, que o governo Lula nunca pretendeu - justamente por saber que não dispõe dos instrumentos para esse tipo de tarefa - resolver, por exemplo, o contencioso entre Argentina e Uruguai, a respeito das papeleras, ou consertar os desarranjos estruturais do Mercosul, ou buscar soluções para a virtual guerra civil colombiana. E tais contenciosos afetam diretamente os interesses brasileiros.
O presidente Lula e o Itamaraty, no entanto, sentiram-se à vontade para querer resolver problemas no outro lado do mundo, e justamente aqueles que, há anos ou décadas, tiram o sono das grandes potências, incapazes de promover a paz nessas regiões. A intromissão no caso palestino-israelense foi apenas patética. Já o envolvimento com o Irã é perigoso porque afeta graves questões de segurança internacional, que o Brasil não está preparado para enfrentar.