Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Impeachment: uma especulacao teorica ou uma possibilidade concreta?
A esse respeito, permiti-me lembrar que a lei do impeachment, que é de 1951, foi usada pela primeira vez contra Getúlio Vargas, em seu governo constitucional (1951-54), depois de denúncias feitas por seu ex-ministro das relações exteriores, João Neves da Fontoura, a propósito de dinheiro peronista que tinha entrado pela fronteira, sob os cuidados de João Goulart, para financiar a campanha presidencial de 1950 (pois é, já naquela época). Levado o processo à Câmara, no início de 1954, ele foi votado e recusado (creio que em abril desse ano), e portanto nem chegou a ir para o Senado. Se tivesse ido, talvez o presidente tivesse sido impedido, mas o fato é que, ante a avalanche de denúncias, contra seu irmão e contra seu guarda-costas (aparentemente envolvidos na tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, poucos meses antes, quando morreu um tenente da Aeronáutica), o presidente resolveu se suicidar, ai virando o jogo contra seus adversários políticos, que perderam as duas eleições presidenciais seguintes, na base do emocionalismo popular em favor do "presidente do povo", contra as "elites anti-povo".
Hoje temos um quadro de descalabro econômico impressionante, o que pode ocorrer com qualquer governo, digamos assim, mas o fato é que, ao lado disso, temos um festival de denúncias que tendem a comprovar crimes de responsabilidade da presidente da república, aliás antes mesmo que ela se tornasse presidente, ou seja, como presidente do conselho de administração da Petrobras, onde e quando ajudou a encobrir fatos escabrosos que estão ligados à tremenda corrupção ali cometida.
Não tenho nenhuma dúvida de que ela não só sabia, como colaborou ativamente para dar cobertura e continuidade aos atos delituosos, embora tudo isso precise ser provado e comprovado por elementos testemunhais e provas documentais (mas se o impeachment é político, nada disso precisaria bastaria a convicção dos parlamentares; foi o que ocorreu, por exemplo, com Fernando Lugo: os senadores nem precisaram examinar todas as provas contra ele, bastou a convicção de que não tinha agido no caso de policiais assassinados por guerrilheiros).
Eu já postei aqui alguns elementos do enredo deste carnaval, entre eles estes:
Documento do jurista Ives Gandra Martins sobre a possibilidade teórica do impeachment:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/impeachment-o-assunto-entra-na-pauta-da.html
Integra do parecer de Ives Gandra Martins:
http://www.gandramartins.adv.br/parecer/detalhe/id/0ed01f9c48ff7e2a4ba993c9dc3b9e98
Alinhamento de fatos (um tanto desconexos) por Felipe Moura Brasil:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/petrolao-lava-jato-mensalao.html
Existe um telegrama confidencial da Embaixada americana em Brasília, de 2006, liberado pelo Wikileaks, confirmando que a então ministra sabia das tratativas em torno de Pasadena, e as aprovava inteiramente:
https://cablegatesearch.wikileaks.org/search.php?q=dilma+pasadena+refining+systems
Agora, recebo do Eduardo, do Rio de Janeiro, mais alguns elementos que listo abaixo a esse respeito. Só resta esperar que as oposições se organizem, pois pior que haver derrota num eventual processo de impeachment, é essa sensação de passividade ante o descalabro.
Paulo Roberto de Almeida
Transcrevendo, apenas:
“[...] a presidente da República, em seu discurso oficial de diplomação no TSE, em 19 de dezembro, negou a vigência do Estado de Direito, declarando que não vai aplicar a Lei Anticorrupção às empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, sob o pretexto de manutenção do nível de emprego (?). E reafirmou essa vontade prevaricadora expressamente na primeira reunião ministerial do segundo mandato, anteontem.
“Além de cometer explicitamente crime de responsabilidade ao assim agir contra a aplicação de lei federal (artigo 85, VII, da Constituição), a presidente demonstra mais uma vez o desastre que é o seu governo, agora acrescentado pela total ignorância dos efeitos benéficos da aplicação da Lei Anticorrupção no caso da Petrobrás e das empreiteiras e fornecedoras nacionais e multinacionais que, em concurso criminoso, levaram à destruição de valor da estatal e agora, gradativamente, delas próprias.” (Modesto Carvalhosa, jurista)
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-virgindade-da-lei-anticorrupcao-imp-,1626377
"Wikileaks: Casa Branca consultou Dilma antes de autorizar aquisição de refinaria por Petrobrás” (2014)
http://internacional.estadao.com.br/blogs/jamil-chade/wikileaks-casa-branca-consultou-dilma-antes-de-autorizar-aquisicao-de-refinaria-por-petrobras/
“Como Dilma ajudou a impedir que se investigasse a Petrobras e concorreu para o naufrágio da empresa; pior: ignorou crimes reais e apontou os que não existiam. Ou: O vídeo da impostura”, por Reinaldo Azevedo.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/como-dilma-ajudou-a-impedir-que-se-investigasse-a-petrobras-e-concorreu-para-o-naufragio-da-empresa-pior-ignorou-crimes-reais-e-apontou-os-que-nao-existiam-ou-o-video-da-impostura/
domingo, 19 de dezembro de 2010
Também já utilizei o conceito de partículas elementares para explicar certos componentes da política brasileira. A informação abaixo é puro deleite de leigo...
Paulo Roberto de Almeida
Ciência - Química
Massa atômica de elementos na tabela periódica mudará pela primeira vez na história
Dez elementos terão suas massas expressas em intervalos
A massa atômica de um elemento é calculada pela média das massas de seus isótopos, ponderada pela frequência com que são encontrados na natureza. Isótopos são átomos de um mesmo elemento com mesmo número de prótons, mas não de nêutrons, o que faz a massa atômica variar. A mudança foi feita porque a média dos isótopos pode variar dependendo de onde o elemento é encontrado. As amostras de oxigênio encontradas na Antártida, por exemplo, não têm a mesma massa atômica (15,99903) das amostras encontradas no fundo do mar (15,99977).
A variação parece pequena, incapaz de influenciar a química que é ensinada nas salas de aula do ensino médio, mas é grande o bastante para os instrumentos de medição dos laboratórios. Por isso, as tabelas periódicas não irão mais mostrar a média dos isótopos, mas os valores mínimo e máximo. O que era 15,9994, para o oxigênio, passa a ser de 15,99903 até 159997.
O que mudou na tabela periódica
Alterações atingem dez elementos químicos
Elemento | Como era? | Como fica? |
---|---|---|
Hidrogênio (H) | 1,00794 | 1,00784; 1,00811 |
Lítio (Li) | 6,941 | 6,938; 6,997 |
Boro (B) | 10,811 | 10,806; 10,821 |
Carbono (C) | 12,0107 | 12,0096; 12,0116 |
Nitrogênio (N) | 14,0067 | 14,00643; 14,00728 |
Oxigênio (O) | 15,9994 | 15,99903; 15,99977 |
Silício (Si) | 28,0855 | 28,084; 28,086 |
Enxofre (S) | 32,065 | 32,059; 32,076 |
Cloro (Cl) | 35,453 | 35,446; 35,457 |
Tálio (Tl) | 204,38 | 204,382; 204,38 |
Aplicações - As diferenças de massa entre os isótopos são úteis ao homem em diversas situações. Em um tipo de exame antidoping, por exemplo, os médicos podem facilmente detectar a presença de testosterona — o hormônio masculino — artificial no sangue do atleta, porque o isótopo do átomo de carbono na variante industrializada é mais leve que o natural, produzido pelo corpo. Os isótopos também podem ajudar a detectar alterações em alimentos, rastrear a origem de poluentes e estimar a idade de fósseis.
Biblioteca básica
A Tabela PeriódicaO autobiográfico 'A Tabela Periódica' (Editora Relume Dumará) é uma das principais obras do escritor e químico judeu Primo Levi (1919-1987). Foi considerado o melhor livro de ciência de toda a história pela Royal Institution, à frente de 'A Viagem do Beagle', de Darwin, e 'O Gene Egoísta', de Richard Dawkins. Nele, Levi mistura temas da química às memórias de sua Itália natal e dos horrores do nazismo, ao qual sobreviveu graças a seu conhecimento científico: escapou da morte em Auschwitz para trabalhar em uma fábrica de borracha. Cada um dos capítulos recebe o nome de um elemento químico da tabela.