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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 10 de maio de 2015

Itamaraty em greve: inedito nos anais da Casa, mais uma realizacaocompanheira - SindItamaraty

Demorou, mas vai acontecer: a primeira greve organizada, preparada, anunciada, negociada e feita perfeitamente dentro da ordem das coisas. Meus parabéns, antes de mais nada, aos dirigentes do SindItamaraty pela boa condução do processo.
Os funcionários do Serviço Exterior, em face da deterioração sensível, evidente, notória das condições de trabalho e de remuneração, não encontraram nenhum outro recurso, senão a greve, para manifestar sua inconformidade com a situação atual. A direção do Itamaraty, ou seja, a chefia da Casa, não é em nada responsável por essa lamentável situação, herdada, descambada em cima de todos, por uma gestão partidária absolutamente catastrófica e inepta, onde a incompetência disputa com a corrupção o primeiro lugar das culpas pela decadência material e moral do país. A direção se esforça para conseguir recursos, mas eles simplesmente não existem. Seria preciso tirar de outros setores. E o governo, que deveria ser reduzido à metade de um ministério soviético, insiste em aumentar impostos e reduzir benefícios e transferências.
A greve não vai resolver nenhum problema, nem encaminhar soluções. Mas ela sinaliza a insatisfação de todos com um governo perdulário e inepto. Já é alguma coisa. 
A solução, sabemos todos, está na substituição dos ineptos e corruptos por estadistas capazes de corrigir todas as deformações acumuladas ao longo dos últimos treze anos. Vai ser difícil e vai ser ainda mais penoso. Mas é o único caminho que restou ao Brasil.
Pelo momento, meus votos de boa greve e que ela sirva para chamar a atenção de quem deve responder pelo estrago. Mas será que temos responsáveis pelo caos? Parece que tudo foi terceirizado no país: a economia, a política, o Judiciário, quem sabe até a política externa?
Paulo Roberto de Almeida 

Nota do SindItamaraty:
10/05/2015

Prezado (a) Colega, 
A respeito da greve votada em última assembléia, a Diretoria do SINDITAMARATY esclarece que segue.
O Ponto Paralelo é a única forma do Servidor provar que está exercendo um direito e não faltando injustificadamente ao serviço
A função do Ponto Paralelo é registrar, diariamente, a presença do Servidor na GREVE e demonstrar que ele não está faltando ao serviço, mas, sim, exercendo um direito que lhe é assegurado na Constituição da República: a GREVE.
Ele é INDISPENSÁVEL para afastar a hipótese da Justiça atribuir, à não assinatura diária do ponto oficial, abandono de serviço ou falta injustificada. Isto porque, se o Servidor não assinou o ponto oficial, não tem como o juiz saber se a falta se deu por adesão à greve ou por outro motivo. Todos já estão cientes de que, durante a greve, é possível que a Administração do MRE (até numa tentativa de enfraquecer o movimento), efetive o corte do ponto. Caso isto ocorra, caberá ao SINDITAMARATY tentar negociar junto aos MPOG a possibilidade de compensação dos dias parados (mediante reposição dos salários eventualmente descontados) e, se não alcançar êxito, resta à entidade tentar reverter tal situação por via Judicial. Entretanto, sem o envio desse registro (Ponto Paralelo), ANTES DA DATA DE FECHAMENTO DO PONTO OFICIAL PELO MRE, tais medidas, por parte do Sindicato, ficam inviabilizadas.
Diante disto, ALERTAMOS: os Servidores grevistas precisam enviar o ponto paralelo ao SINDITAMARATY (folhas de ponto paralelo desde o início da greve a começar em 12/05), se possível, diariamente. É importante PEDIR A CONFIRMAÇÃO DO RECEBIMENTO, mesmo por email. Nos dias que o Ponto Paralelo da greve for assinado, NÃO assine o ponto oficial do MRE, pois isso pode lhe provocar sérios problemas. Além de assinar diariamente o Ponto Paralelo e enviá-lo ao SINDITAMARATY, conforme acima solicitado, é importante que os Servidores solicitem, à chefia imediata (responsável pelo acompanhamento do ponto oficial do MRE), que seja registrado, na folha de frequência e/ou no relatório de anomalias, a expressão: “exercício do direito de greve” (em relação aos dias nos quais o Servidor participou da greve).
Esclarecemos ainda que o SINDITAMARATY ainda não possui um fundo de greve para arcar com o pagamento de pontos descontados. Tampouco cobra imposto sindical que tem como um dos fins precípuos arcar com esta despesa.
A listagem solicitada pela Secretaria de Estado aos postos ou às Chefias no Brasil dos casos de adesão à greve, NÃO SERVE para os fins acima especificados. Para tais finalidades (de defesa dos Servidores), o envio do Ponto Paralelo deve ser direcionado ao SINDITAMARATY (jurídico@sinditamaraty.org.br  com cópia para mobilizacao@sinditamaraty.org.br e contato@sinditamaraty.org.br).
A Diretoria Executiva do SINDITAMARATY orienta a seus afiliados e demais colegas a observarem as determinações da coordenação de mobilização que estarão sendo publicadas no site do sindicato.
A fim de garantir o sucesso do movimento, recomendamos a leitura e, no seu posto, missão, representação, divisão, etc., as providências elencadas nos documentos disponibilizados no http://www.sinditamaraty.org.br/post.php?x=6119 . 
A Diretoria do SINDITAMARATY ainda instrui os servidores no exterior a providenciarem instrumento de procuração para se fazer representar nas votações das assembleias gerais extraordinárias que ocorrerão durante a greve.
Dada a urgência nas deliberações, eleitas por maioria simples, não haverá possibilidade de estender o tempo de votação para além da vigência da assembleia presencial.
Lembramos que dia 12/05/2015 às 11hs haverá nova AGE para avaliar e deliberar os rumos de nossa greve. Veja o edital no nosso site. Participe!
A Diretoria do SINDITAMARATY
Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores
+55 (061) 3024-8872 - Sede - SRTVS - Ed. Palácio da Imprensa - 2º andar
+55 (061) 2030-5050 - Escritório de Apoio ao Afiliado no MRE (Anexo I -1º subsolo)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Greves no Brasil: dos medicos aos motoristas de onibus - Milton Simon Pires

Todos esses movimentos grevistas se desenvolvendo de modo mais ou menos selvagem no Brasil trazem à lembrança outros tempos: os anos Goulart e a crise permanente, inclusive de falta de autoridade e de descalabro administrativo, nas quais o Brasil vivia. Terminou mal, como sabemos.
Só que, desta vez, não haverá marcha de um milhão de pessoas, de classe média obviamente, contra o governo, em defesa da família, da ordem e da propriedade (todas elas ameaçadas, como hoje, aliás), nem haverá outro golpe militar.
Desta vez, não haverá ruptura da democracia, ainda que a democracia já esteja conspurcada pelo fascismo reinante no Brasil.
Desta vez, a única força organizada no país, e com projeto próprio, e operante, é o partido totalitário.
O Brasil ainda não acordou para a realidade.
Paulo Roberto de Almeida 

CHAMEM OS MOTORISTAS CUBANOS PARA PORTO ALEGRE.


Milton Pires

Hoje, dia 29 de janeiro de 2014, a cidade de Porto Alegre amanheceu sem absolutamente nenhum ônibus circulando. Trata-se da mais abrangente greve dos rodoviários de que me recordo aqui na cidade. O impasse provocado pelo ex-petista José Fortunati, agora prefeito, existe pelo fato de que os proprietários das empresas de ônibus querem “atrelar” o aumento dos salários dos trabalhadores ao aumento das tarifas. Astuto, o prefeito sabe da consequência de um aumento para ordem pública aqui em Porto Alegre. Subindo o preço da passagem, a reação dos integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) vai ser radical: novos ataques às lojas, bancos, e demais estabelecimentos comerciais...ônibus incendiados, e por aí vai: tudo aquilo que já conhecemos em 2013.
Curioso em tudo isso é o tratamento que a grande imprensa está dando ao tema. Ao contrário da polêmica envolvendo a vinda dos médicos cubanos, quando toda ela ficou contra a classe médica brasileira, agora leio, assisto e escuto gente (de grandes meios de comunicação) que dá razão aos motoristas! Por que, hein? O que diferencia uma questão da outra?
Lendo o que escrevo aqui, tem gente que vai perguntar: Milton, o que “tem a ver” uma coisa com a outra? Motoristas não são médicos, ganham muitíssimo menos! O lucro dos empresários é enorme. Médicos encontram emprego em qualquer lugar; motoristas não!
Ora, não me interessa a diferença que existe entre médicos e motoristas! O importante é que o Poder Público apresenta (e ingressa na justiça contra) os dois serviços – os de saúde e de transporte – como “essenciais à população”. Se são essenciais, se há tanto tempo existe greve de rodoviários no Brasil, por que o tratamento que a imprensa dá aos dois temas é tão diferente?
Em abril de 2003 eu passei por uma das experiências mais vergonhosas de toda minha vida profissional. Decretada uma greve dos médicos municipários de Porto Alegre, a Prefeitura ingressou na justiça e o movimento foi considerado ilegal. Ameaçado com uma enorme multa, no dia 12 de abril de 2003 (ou foi no dia 16? Não me lembro mais..), perante um auditório da Associação Médica do Rio Grande do Sul lotado, o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, decretou o fim da greve. A partir daquela data, jurei para mim mesmo que nunca mais em toda minha vida eu participaria pessoalmente de qualquer movimento grevista na minha profissão.
Hoje, 29 de janeiro, motoristas de ônibus e cobradores estão mostrando uma coragem milhares de vezes maior do que a dos médicos. Trabalham em verdadeiras carroças...saunas ambulantes aqui da nossa cidade, sem segurança alguma, levando gente como gado para o abate e mantendo intacta uma máfia que controla todo transporte público de um país que deveria ser baseado fundamentalmente em trens e navios. Não tenho dúvida alguma de que os rodoviários tem mais dignidade e coragem do que os médicos brasileiros. Não tenha dúvida de que o prejuízo para população vai ser enorme, mas afirmo com todas as letras que ninguém merece tanto um prejuízo político como esse quanto o prefeito de Porto Alegre. Junto com o nosso secretário municipal da saúde, outro defensor ferrenho do Programa Mais Médicos, ele agora está numa encruzilhada da qual quero ver como vai sair. Enquanto não encontra o caminho, deixo aqui a minha sugestão: Chamem motoristas cubanos para Porto Alegre!

Porto Alegre, 29 de janeiro de 2014