O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Lotte e Zweig: uma vida para contar, uma morte para lamentar

Lotte e Stefan Zweig se suicidaram, conjuntamente, no Carnaval de 1942, em Petropolis, 70 anos atrás, portanto.
A história está bem contada no magistral livro de Alberto Dines, Morte no Paraíso, que recomendo, vivamente.
Estou lendo, neste mesmo momento, O Mundo de Ontem (em edição francesa), o último livro de Zweig, e o único autobiográfico, que talvez já tenha sido concebido e escrito como uma espécie de despedida de tudo e de todos, seu depoimento sobre um mundo que literalmente se acabou (mas isso já tinha ocorrido desde a Primeira Guerra Mundial).
Agora surge um novo livro, publicado no Brasil, por autor brasileiro. 
Vale a pena conhecer...
Paulo Roberto de Almeida 
Lotte & Zweig, a vida e a morte
Deonisio Silva
Observatório da Imprensa, 8 de março de 2012
No livro Lotte & Zweig, o escritor Deonísio da Silva faz uma reconstrução poética da vida e morte de Stefan Zweig, um dos escritores mais lidos na Alemanha, e de sua mulher, Charlotte Altmann.
Rico, pacifista radical, Zweig trocou cartas com Gorki e Freud, biografou Dostoievski, Napoleão e Maria Antonieta. Opositor de Hitler, deixou a Alemanha com a mulher em 1934 depois que a casa foi invadida pelo exército do ditador. Fugiram para a Inglaterra. Sete anos depois desembarcaram no Brasil para morrer. O suposto suicídio do casal na noite de 22 de fevereiro de 1942, em Petrópolis (RJ), até hoje é um mistério. No ano em que se completam 70 anos da morte, Deonísio recupera os últimos dias do casal e faz um desenho delicado de Charlotte que, pela primeira vez, ganha voz na tragédia. O autor joga luz sobre uma história que jamais deve ser esquecida.
A apresentação do livro é feita por Alberto Dines, mais um escritor que foi seduzido por aquela noite misteriosa. Com olhar mais investigativo do que poético, Dines escreveu Morte no Paraíso, que terá em breve sua quarta edição. Em 2005, o cineasta catarinense Sylvio Back transformou o livro de Dines no filme Lost Zweig.
A seguir confira a entrevista que o escritor Deonísio da Silva concedeu ao DC.
A visita à Casa Stefan Zweig
Stefan Zweig era escritor bem-sucedido quando virou alvo dos nazistas. O intelectual que biografou figuras como Dostoievski, Dickens, Balzac, Nietzsche... de repente fica sem pátria, sujeito às perseguições nazistas. Como foi reconstruir esta vida, já que a ficção vem de uma história real?
Deonísio da Silva– Primeiro me permita dizer que Lotte & Zweig é meu livro mais bonito e mais bem cuidado. A capa de Arlinda Volpato é um show. E a Michele Roberta da Rosa preparou muito bem o original antes de ele chegar à editora. Mas o berço do livro foi o seguinte: um dia estava assistindo a um documentário e vi que o Nilo, um dos maiores rios do mundo, começa com umas gotinhas escorrendo de umas pedras. Com meu romance Lotte & Zweig deu-se algo assim. Li as biografias de Stefan Zweig que fizeram o jornalista Alberto Dines e Donald Prater. Até então só tinha lido as biografias que Stefan Zweig fizera de célebres personalidades, como essas que você cita, e mais uma novela muito bem escrita, 24 Horas na Vida de uma Mulher. Todas essas leituras foram, porém, pequenas gotinhas no grande rio ou mar que deve ser um romance. Um conto é um riacho, uma lagoa, uma laguna, mas um romance, não! Fiquei com vontade de fazer um romance sobre Stefan e o neonazismo, mas a inspiração me levou a escrever outro livro, Orelhas de Aluguel, que publiquei em 1987 e do qual Stefan Zweig está ausente. A vida me levou a morar no Rio de Janeiro, onde vivo desde 2004. Eu não queria morar no Rio. Mas, como comecei a trabalhar muito cedo, aos 54 anos estava aposentado por tempo de serviço e não queria parar de trabalhar. Gosto de ser professor, gosto de ensinar, embora goste mais de escrever. Quando os jornalistas que me pautam na imprensa escrevem sob meu nome escritor e professor, é isso mesmo que eu sou. À luz dessas leituras, comecei a viajar, cada vez com mais frequência, a Petrópolis, onde viveram Stefan Zweig e Charlotte, sua segunda mulher, quase 30 anos mais jovem do que ele. A visita à casa, hoje Casa Stefan Zweig, mantida com verba da Alemanha, me permitiu ver os lugares que ambos dividiram: a sala, a cozinha, o quarto, o banheiro, a varanda, o jardim etc.
Algo de muito estranho aconteceu
Na recomposição de uma vida esquartejada o que foi possível perceber do ânimo do escritor em relação à vida? Será que Zweig desistiu de viver por desacreditar da possibilidade de voltar a ter uma vida normal ou de não se permitir uma vida normal?
D.S.– A melhor metáfora da perda da liberdade, das asas, de não ser pássaro, ser outra coisa, é ser pássaro preso na gaiola. Stefan era isso. Não apenas ele, os dois estavam presos do lado de fora. Eu acho que pelo menos ela não se suicidou. Não há indício nenhum disso. Lotte não escreveu nenhum bilhete de despedida, não disse nada sobre isso. Stefan Zweig disse, mas se cometeu o gesto extremo não temos certeza. De todo modo, ele não disse que fez um pacto com ela. Não disse e não escreveu! O presidente Getúlio Vargas, que passava os dias de pós-Carnaval em Petrópolis – eles morreram na noite de 22 para 23 de fevereiro de 1942 – proibiu a autópsia e impediu que os judeus levassem os corpos para enterrarem no Rio. Ora, os judeus não dão enterro a suicidas em seus cemitérios. Então, por que razão queriam os corpos? Quanto a ficar preso ao passado, isto, sim: ele e ela. Ela era judia-polonesa. Ambos estavam enredados numa teia terrível. E os nazistas estavam ganhando a Segunda Guerra Mundial, em 1942. E mais: o Brasil só rompeu com a Alemanha um mês antes de os dois morrerem! Há muitos mistérios nessas duas mortes.
No livro, você dá voz – ainda que silenciosa – para Lotte. A mulher que acompanhou o escritor sempre em segundo plano, ganha ares de quase-heroína nas horas que se seguiram à tragédia. Qual elemento fez com que você decidisse dar visibilidade a ela?
D.S.– Eu já estava escrevendo o romance, que comecei em 2007, quando Alberto Dines me disse: “Consegui as cartas de Lotte, foram publicadas em inglês.” Ele me mandou uma cópia e comecei a ler essas cartas. O romance tinha então 400 laudas. Abandonei quase tudo o que tinha escrito e recomecei de outro ponto de vista. Fiz um romance como se eu fosse um engenheiro. Os alicerces são o que foi a vida real de Stefan, mas sem o silêncio que os biógrafos impuseram a Lotte. No meu romance, a mulher dele tem o que dizer e diz muitas coisas, às vezes sem proferir palavra alguma, como é próprio das mulheres que, ao contrário do apregoado, mais fazem do que falam, porque se ficassem falando o tempo todo, como dizem, não seriam o que são, as figuras referenciais na vida de qualquer homem. Os dois viveram asfixiados, tanto no Rio quanto em Petrópolis. E Lotte, além desses sofrimentos, tinha o da asma. Aliás, foi por causa disso que foram em busca dos bons ares da cidade imperial de Petrópolis. O que me fez dar visibilidade para Lotte foi que morto sempre fala. Naquela noite, algo de muito estranho aconteceu. E ninguém sabia até agora. Agora, quem ler o livro, saberá. Eu inventei. A literatura é isso: é a história proibida das pessoas, das personagens. Ao inventar, encontramos verdades incômodas. Se mortos falam, o certo é que até agora só tinha falado o marido! A mulher dele, não!
“Senhor, dai-me a castidade, mas não já!”
Em Lotte: Pedaços de um Diário, longe de ser uma mulher submissa, ela aparece como uma pessoa culta e atenta ao que acontecia à sua volta. A submissão foi uma arma de domínio?
D.S.– Lotte era fluente em cinco línguas. E ajudava muito o seu amado, um homem mais velho, por quem ela se apaixonou no frescor dos seus verdes anos. Mas ele não falou dela nas despedidas que fez. Então, valeu a pena Lotte esperar por mim, sem vaidade eu digo, mas com orgulho! Betty Milan, psicanalista e escritora, sempre me diz: “Deo, você dá muita atenção às mulheres em seus romances e contos! Por quê?” Eu acho que é pela falta que elas me fizeram na adolescência: só tive professoras no primário e na universidade. Todo o ensino médio me foi ministrado por padres, que nem homens completos eram porque o celibato os privava de conhecer a mulher, que acabavam conhecendo por frestas, as confissões, confidências contidas. Padres que foram meus professores nos seminários de São Ludgero e de Tubarão, vieram me contar, em outra idade, quando os reencontrei por volta dos meus 40 anos, quando muitos deles não eram mais padres, que um homem sem mulher, por mais que se esforce, não é um homem pleno. Não me refiro apenas ao sexo, este pode ser obtido de outras formas. Eu me refiro à mulher, cuja ausência é tão sentida por todos nós, homens! Eu ouvi Lotte em confissão, digamos assim. Fui uma espécie de padre ou psicanalista para essa mulher extraordinária que tem tanto o que dizer. Afinal morreu abraçada ao cadáver do marido, tornando-se cadáver ela também!
Não é paradoxal que o homem que escreveu o livro que virou uma espécie de slogan Brasil – O País do Futuro– foi justamente escolher este mesmo país para acabar com o seu futuro?
D.S.– Nós precisamos tomar cuidado para não cair nas armadilhas da História. Nero foi um imperador sanguinário? Foi! Mas, antes de se suicidar (será que se suicidou, mesmo?), depois de um golpe de Estado, fez uma reforma agrária na África, uma reforma que prejudicou os generais e seus amigos latifundiários. Eu descobri isso lendo o que Santo Agostinho escreveu sobre música! Eu gosto muito desse santo que é filósofo e teólogo, e rezava assim: “Senhor, dai-me a castidade, mas não já!” Ele teve um filho, o Adeodato, com uma jovem a quem ninguém dá nome, mas eu descobri que se chamava Melânia. Todos só falam da sogra dela, Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho. E Agostinho fala das mulheres como se não falasse. É dele a frase célebre “Mulier, janua Diaboli”, traduzida para “mulher, janela do Diabo”. Mas janua em latim é porta. Janela é fenestra. Portanto, é porta aberta para o Diabo, não janela apenas, entendendo aqui por Diabo tudo o que se opunha à doutrina cristã, como os deuses pagãos.
Os nazistas queriam matar apenas Zweig
Na sua opinião o que aconteceu realmente naquela noite de 1942?
D.S.– Stefan Zweig era inimigo público dos nazistas. Albert Speer, arquiteto de Hitler, disse a Alberto Dines pouco antes de morrer que a morte de Zweig foi muito comemorada na Alemanha. Aliás, Speer morreu minutos antes de dar uma entrevista à BBC. Muitas mortes tidas como suicídios foram depois comprovadas como assassinatos. Eu acho que os assassinatos de Stefan Zweig e sua mulher Charlotte Altmann Zweig, ocorridos na noite de 22 para 23 de fevereiro de 1942, ainda não foram comprovados. Só isso. Naquela noite teve seu desfecho um plano diabólico, concebido e executado muito tempo antes por doutores em matar os outros, de modo a fazer com que as mortes parecessem suicídios. Não posso provar isso, mas eu não preciso provar nada! Sou um romancista, não um historiador. Os romancistas mentem menos do que os historiadores, pode crer! Nenhum deles comprovou que foi suicídio. Por que não foi feita autópsia? E todo escritor tem um lado feminino, o da intuição. Quando uma mulher diz que não foi com a cara de alguém, eu fico procurando onde esse cara me enganou, já que não percebi o que apenas ela percebeu! Eu acho também que a morte de Lotte foi um acidente. Ela deve ter aparecido ou acordado em momento impróprio. Os nazistas queriam matar apenas Zweig. Na verdade, talvez não tenham ido lá para matá-lo, mas para sequestrá-lo, mas daí seria contar o romance e este prazer eu não vou tirar dos leitores.
***
[Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela USP e autor de 34 livros. Os mais recentes são A placenta e o caixão (crônicas), A língua nossa de cada dia (colunas de língua portuguesa) e Lotte & Zweig (romance). É um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá

Alberto Dines, 80 anos: homenagem a um mestre


ALBERTO DINES, 80

Mestre Dines faz 80 anos e 60 de jornalismo

Por Ricardo Kotscho
Observatório da Imprensa, em 06/03/2012 na edição 684
“O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.” (Do poeta alemão Henry Charles Bukowski Jr., citado no convite enviado aos amigos pela jornalista Norma Couri, mulher do homenageado.)
Quando estava começando a trabalhar na profissão, nos anos 60 do século passado, ele já era chamado de mestre pelo seu belíssimo trabalho como editor-chefe do Jornal do Brasil, que ajudou a transformar na época na mais bem feita e influente publicação da imprensa brasileira.
Por isso, e porque depois ficamos amigos, embora nunca tenhamos trabalhado juntos na mesma redação, registro com muita alegria esta data importante para todos os jornalistas de ofício: hoje [5/3], o carioca Alberto Dines comemora, em São Paulo, 80 anos de idade e 60 de jornalismo.
Não é muito comum, afinal, alguém do nosso ramo tão cheio de obstáculos e incertezas chegar a esta idade e com tanta quilometragem rodada em plena atividade, trabalhando ao mesmo tempo em rádio, televisão e internet, escrevendo artigos para jornais, fazendo pesquisas na Unicamp e comandando o seu Observatório da Imprensa.
Um exemplo
Muito já se escreveu nos últimos dias sobre a sua vida e a sua obra, mas não poderia deixar de prestar aqui esta singela homenagem a um colega de profissão que transformou o jornalismo numa arte em defesa da vida e fala dela sempre com o entusiasmo de um iniciante.
Algum tempo atrás, passei uma tarde inteira com Eduardo Ribeiro e sua equipe do Jornalistas & Cia. ouvindo Dines contar a história do menino que queria fazer cinema e acabou se tornando, ao lado de Cláudio Abramo e Mino Carta, um dos três mais importantes jornalistas brasileiros da segunda metade do século 20 – e continua sendo.
Saí do seu escritório na Vila Madalena cansado de tanto ouvir, mas feliz por encontrar alguém mais velho, que continua batalhando diariamente e bota fé no futuro do jornalismo porque não se deixou levar pela onda de cinismo e arrogância dos tempos atuais.
Não importam a plataforma, os modismos de cada época, o veículo: Alberto Dines será sempre Alberto Dines, um jornalista que acredita no que faz e é um exemplo de competência e dignidade para todos nós.
Valeu, grande Dines!
***
[Ricardo Kotscho é jornalista]

Globalizacao reduz pobreza, ponto! Antiglobalizadores sempre equivocados...

Durante anos e anos, antiglobalizadores repetem a mesma história furada, equivocada, deturpada: a globalização capitalista é perversa, concentradora, produz pobreza e miséria no mundo, desemprego, desigualdades, e todos os horrores que vocês podem imaginar.
E durante anos e anos, venho contestando essas afirmações absolutamente equivocadas em meus artigos, grande parte deles reunidos neste livro:
Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
Pois bem, um relatório do Banco Mundial confirma o que já sabíamos: a globalização reduziu e vai continuar reduzindo a pobreza.
Só espíritos muito tacanhos e mentalidades atrasadas pretendem fechar o país, praticar protecionismo, stalinismo industrial, etc.
Enfim, espíritos que encontramos no próprio Brasil...
Paulo Roberto de Almeida 

Dire Poverty Falls Despite Global Slump, Report Finds

The New York Times, March 6. 2012
WASHINGTON — A World Bank report shows a broad reduction in extreme poverty — and indicates that the global recession, contrary to economists’ expectations, did not increase poverty in the developing world.
The report shows that for the first time the proportion of people living in extreme poverty — on less than $1.25 a day — fell in every developing region from 2005 to 2008. And the biggest recession since the Great Depression seems not to have thrown that trend off course, preliminary data from 2010 indicate.
The progress is so drastic that the world has met the United Nations’ Millennium Development Goals to cut extreme poverty in half five years before its 2015 deadline.
“This is very good news,” said Jeffrey Sachs, director of the Earth Institute at Columbia University and the United Nations’ special adviser on the Millennium Development Goals. “There has been broad-based progress in fighting poverty, and accelerating progress. There’s a lot to be happy about.”
The report indicates that despite the world entering a recession in 2009, poverty did not increase in developing nations. That is contrary to the World Bank’s own expectations. In a year-end 2008 report, the Washington-based development institution warned, “Unemployment is on the rise in industrial countries and poverty is set to increase across low- and middle-income countries, bringing with it a substantial deterioration in conditions for the world’s most vulnerable.”
But that did not happen. Preliminary surveys for 2010 show that the proportion of people in the developing world living in extreme poverty fell.
That is because of strong growth in countries like Brazil, India and especially China, which helped buoy economies in Africa and South America. High commodity prices also aided exporting nations.
Market conditions also favored developing countries. Economists had theorized that the credit crunch and recession would cause a flight to the safety of developed nations. But shortly after the recession, with growth stagnating in countries like the United States and in western Europe, the world’s investors plowed money into emerging markets.
“In the past, economic crises in the rich world had a big and immediate impact on the developing world,” said Charles Kenny, a senior fellow at the Center for Global Development, a research institution based in Washington. “But this time, the impact was much smaller, and we did not see developing countries follow the United States and Europe into long recessions and slow recoveries.”
“That’s good news for all concerned,” Mr. Kenny added, “because growth in developing countries has helped developed countries as well.”
The report contained a raft of statistics showing broad declines in poverty throughout the 2000s. For the first time since the World Bank started keeping statistics in 1981, poverty fell in every region of the world on a three-year timeframe. In sub-Saharan Africa, the proportion of the population living in extreme poverty fell below 50 percent for the first time. And between 1981 and 2008, poverty fell to just less than a quarter of the developing world’s population from more than half .
Much of the story was about China, which moved nearly 700 million people out of poverty between 1981 and 2008, with the proportion of its population living in extreme poverty falling to 13 percent from 84 percent during that period. The country’s annual pace of economic growth never dipped below 9 percent, even in 2009, when the world’s economy contracted.
But perhaps the most surprising success story is sub-Saharan Africa, where the proportion of people living in extreme poverty actually increased through the 1990s, before declining in the 2000s.
“People used to worry, ‘Is Africa going to be poor forever?’ ” said Mr. Kenny of the Center for Global Development. “Well, it doesn’t really look like it, does it?”
Extreme poverty in the Middle East and North Africa fell to just 2.7 percent in 2008 from 4.2 percent in 2002. And extreme poverty in sub-Saharan Africa fell to 47.5 percent in 2008 from 55.7 percent in 2002.
“Long-term changes are really starting to take hold,” said Mr. Sachs, citing favorable market conditions, policies to tackle public health problems and technological change bringing tools like cellphones and Internet connections to even the most remote and rural areas.
Mr. Sachs said that climate change and its attending droughts and floods, the threat of armed conflict and a persistently high birth rate among the very poor threatened to reverse the decline in poverty. But he said he most likely saw them getting better. “Looking at the balance of data, this is a very promising time for fighting poverty,” Mr. Sachs said.
Separately, the United Nations announced that the world had met the Millennium Development Goal of halving the proportion of people without access to safe drinking water five years ahead of its 2015 target. Between 1990 and 2010, more than two billion people gained access to improved drinking water, according to a joint report by the United Nations Children’s Fund and the World Health Organization. Now, 89 percent of the world’s population has that resource, up from 76 percent in 1990.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Mercosul: o pacto pelo atraso - Rolf Kuntz

Creio que eu poderia assinar embaixo, tranquilamente.


Um pacto pelo atraso

8 de fevereiro de 2012 | 10h12
Rolf Kuntz
Saiu no Clarín: a presidente Cristina Kirchner pretende convencer o governo brasileiro a adotar sua política comercial, para deixar mais dólares no Mercosul e frear a busca de lucros das multinacionais na região. A intenção, segundo o jornal, é juntar o Brasil à “estratégia de fomentar o comércio intra-Mercosul em substituição ao externo”. É mais uma ideia contrária aos objetivos iniciais do bloco, há muito tempo esquecidos pelos governos da região. O Mercado Comum do Sul foi concebido como projeto de integração regional e como plataforma de inserção global das economias brasileira, argentina, paraguaia e uruguaia. Não foi planejado como fortaleza para defender a produção regional da concorrência externa, mas como arranjo destinado a facilitar a criação de escala (pelo aumento do mercado), o aproveitamento do potencial de cada sócio (pela criação de cadeias produtivas) e a inserção competitiva nos mercados (pelos ganhos de produtividade e qualidade).
O Mercosul, portanto, foi uma concepção voltada para o futuro. A política dos Kirchners é voltada para o passado, assim como boa parte da impropriamente chamada política industrial brasileira. Esta política tem sido amplamente protecionista e pouco dedicada à superação das deficiências da economia nacional. Mesmo os itens aparentemente positivos, como a desoneração parcial da folha de pagamentos e o incentivo à inovação, continuam mal planejados e com alcance muito curto. No caso da desoneração, a política, além de restrita a poucos setores, ainda resulta no aumento de encargos para alguns segmentos. Quanto à inovação, falta muito para uma política bastante articulada e com potencial para envolver mais que as empresas já empenhadas em pesquisa e desenvolvimento.
Estudo recente com 40 grandes empresas – 30 nacionais e 10 estrangeiras – ressalta a pouca importância do mercado exterior e da internacionalização das companhias como determinantes da inovação. O foco está claramente no mercado interno.
“Mais do que a falta de cultura, a baixa inserção externa da empresa brasileira responde pelo seu tradicional atraso”, escreveu o professor Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário de Política Econômica, em comentário sobre aquele estudo.
A “concorrência em mercados do exterior, muito mais do que a defesa do mercado interno, tem o poder de renovar e perpetuar a necessidade das empresas de atualizar produtos, elevar a produtividade e reduzir custos”, acrescentou.
A relativa abertura da economia brasileira, hoje bem mais ampla do que até o começo dos anos 90, com certeza traz para dentro do País um pouco desse estímulo. A importação expõe o produtor nacional à pressão de concorrentes mais propensos a ganhos de eficiência e de qualidade por meio da inovação. Mas a pressão é certamente menor do que se esse mesmo produtor estivesse mais empenhado em conquistar fatias do mercado global e menos protegido por barreiras tarifárias e não tarifárias. A tendência protecionista do atual governo reforça a barreira contra aquela pressão competitiva, sem, no entanto, neutralizá-la.
O empresário instalado no Brasil enfrenta, é claro, muitos outros obstáculos, apenas parcialmente compensados pelo protecionismo – deficiências de infraestrutura, custos fiscais, insegurança, energia absurdamente cara, escassez de mão de obra adequada, etc. Se o governo cuidasse desses problemas, seria menos pressionado ou tentado a criar barreiras. Mas, nesse caso, as concepções seriam outras e a política seria mais voltada para a inserção externa.
Criado como instrumento de projeção global de quatro países, o Mercosul foi desvirtuado pela ação combinada dos Kirchners e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mudança de rumo, oficializada quando o presidente Lula decidiu, como ele mesmo disse, “tirar a Alca da pauta”, condenou o bloco a reduzir suas ambições e a se concentrar no jogo da divisão inferior, com a prioridade à chamada relação Sul-Sul. O fracasso na negociação do acordo com a União Europeia foi um desdobramento normalíssimo dessa decisão.
O acordo com os europeus, por alguma razão muito obscura, foi considerado menos odioso que um pacto com participação dos Estados Unidos. Mas o esforço deu em nada e isso se deveu, em boa parte, a obstáculos criados pelo lado argentino. O Mercosul jamais funcionou de fato como zona de livre comércio, embora seja, nominalmente, uma união aduaneira. Se o governo argentino conseguir mais uma vez enrolar o governo brasileiro e cooptar a presidente Dilma Rousseff, o compromisso com o atraso será reforçado. Só restará, nesse caso, caprichar ainda mais no protecionismo rastaquera, tirar o pó da substituição de importações e preparar o consumidor para produtos caros e vagabundos.

Brasil 2011: PIB a 2,7%: algo a comemorar? (o governo comemora...)

O governo comemora até inauguração de placa fundamental, assim não é novidade. Quem vive de propaganda se contenta com pouco.
O artigo de Rolf Kuntz é, mais uma vez, impecável.
Ele só peca por uma coisa: é muito leniente com os responsáveis dessa tragédia que se chama involução econômica brasileira...
Paulo Roberto de Almeida

O PIB emperrado

7 de março de 2012 | 7h00
Rolf Kuntz
O governo promete para 2012 um crescimento maior que o do ano passado, puxado mais uma vez pelo mercado interno e dinamizado por investimentos em máquinas, equipamentos, construção imobiliária e obras de infraestrutura. Mais uma vez será preciso ver para crer nas mudanças mais importantes. Não será muito difícil um crescimento maior, depois do fiasco dos 2,7% em 2011. Mas também não será motivo para muita festa. Com a diferença da taxa de expansão econômica, as promessas de agora são as mesmas de um ano atrás. O balanço do ano passado mostra uma economia despreparada para um desempenho muito melhor. A taxa de investimento, 19,3% do Produto Interno Bruto (PIB), continuou insuficiente para uma longa fase de crescimento na faixa de 5% a 7% ao ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia para este ano uma elevação da taxa para 20,8%, 1,5 ponto acima da registrada em 2011. A previsão dos 20,8% apareceu no relatório Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado pelo ministério no mês passado.
Se depender do governo, a parcela da renda aplicada na expansão e na modernização do sistema produtivo continuará muito abaixo da necessária. Em janeiro e fevereiro o Tesouro pagou investimentos no valor de R$ 3,6 bilhões. No ano passado, no mesmo bimestre, foram desembolsados R$ 4,7 bilhões. O ano começou, portanto, com um desempenho pior que o de 2011 nesse quesito. Mas em 2012, como no ano anterior, a maior parte do valor aplicado veio de restos a pagar, segundo levantamento da organização Contas Abertas. A mesma organização havia mostrado, em janeiro, o fracasso dos planos federais de investimento. Os desembolsos para o investimento orçamentário ficaram em R$ 41,9 bilhões em todo o ano passado, bem abaixo do valor aplicado em 2010, R$ 44,7 bilhões. Só essa rubrica diminuiu, porque as despesas de custeio aumentaram. A folha de pessoal e encargos, por exemplo, passou de R$ 183,4 bilhões, em 2010, para R$ 196,6 bilhões, em 2011.
Também as estatais investiram no ano passado menos que no anterior. Só aplicaram 79,4% dos R$ 103,8 bilhões programados para o exercício e mais uma vez o resultado foi garantido pelo esforço da Petrobrás. O setor privado continuou batalhando para elevar sua capacidade produtiva, mas com as limitações de sempre, a começar pelo peso da carga tributária. O resultado geral foi a manutenção de uma economia pouco eficiente e muito vulnerável à pressão da concorrência externa. O crescimento de apenas 1,6% da produção industrial, em contraste com um aumento de 4,1% do consumo privado, reflete essa deficiência, mas isso ainda não dá uma ideia bastante clara do problema.
O desempenho do setor industrial foi puxado pela mineração, com 3,2% de crescimento; pela construção civil, com 3,6%; e pela produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana, com 3,8% de aumento. A indústria de transformação, forçada no dia a dia a enfrentar a concorrência internacional, cresceu apenas 0,1%. Isto é, ficou estagnada, com uma variação de produto muito próxima de zero.
A política de crescimento puxado pelo mercado interno, tal como executada pelo governo, está claramente baseada num equívoco. O problema principal não está na demanda, mas na capacidade da indústria de transformação de atender ao mercado enfrentando a competição estrangeira. Essa capacidade é limitada não só pelo câmbio – o real valorizado encarece os produtos nacionais -, mas principalmente por uma porção de ineficiências estruturais muito bem conhecidas. A maior parte dessas deficiências é atribuível à baixa qualidade das políticas públicas (infraestrutura insuficiente e ruim, energia muito cara, custos trabalhistas elevados, distorções tributárias, escassez de mão de obra adequada, entraves burocráticos, etc.). Sem a solução desses problemas, uma expansão na faixa de 5% a 7% levará à inflação ou à crise externa.
A presidente Dilma Rousseff reclamou na Alemanha do tsunami monetário provocado pelos bancos centrais do mundo rico. Essa é uma das causas da valorização do real e de outras moedas de países emergentes. Ela está certa ao apontar o problema criado pela emissão excessiva de euros, dólares e libras, mas estaria ainda mais certa se cuidasse de eliminar as deficiências e ineficiências da economia nacional. O governo já estima para este ano exportações de apenas US$ 264 bilhões, apenas 3,1% maiores que as de 2011. Isso se deve principalmente à transformação do Brasil num país dependente das vendas de commodities, numa relação quase colonial com a China. Também isso é consequência de tolices econômicas e diplomáticas cometidas em Brasília. Não dá para culpar os bancos centrais do mundo rico por essas t0lices.

Economistas esquecem, inclusive Paul Krugman

Aos que apreciam Paul Krugman, o artigo abaixo serve para retificar algumas de suas ligeirezas. Depois que ele deixou de ser economista, para ser colunista do NYTimes, ele perdeu sua habitual presteza com os dados, e talvez até a honestidade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida 



Krugman and British Austerity
by Sean Rosenthal on March 7, 2012

In a recent New York Times op-ed piece called "The Austerity Debacle," columnist Paul Krugman notes how policies in Britain have failed to bring about an economic recovery. In doing so, he contends that the British government's decision to "slash spending" has led to a slower economic recovery as measured by real GDP growth than during the Great Depression. However, as will be shown, the present British government has implemented insignificant spending reductions and continues to run large budget deficits while the British government of the Great Depression followed "austerity" measures much more closely than the present government. Therefore, so far as unrelated historical events provide any evidence, the historical evidence in Britain supports the view that spending cuts bring about larger economic recoveries than deficit spending does.
For Krugman, austerity measures represent the source of serious economic problems in Britain. As a consequence, Krugman remarks,
It turns out that by one important measure — changes in real GDP since the recession began — Britain is doing worse this time than it did during the Great Depression. Four years into the Depression, British GDP had regained its previous peak; four years after the Great Recession began, Britain is nowhere close to regaining its lost ground.… Yes, there are some caveats and complications. But this nonetheless represents a stunning failure of policy. And it's a failure, in particular, of the austerity doctrine that has dominated elite policy discussion both in Europe and, to a large extent, in the United States for the past two years.
Based on a combination of economic problems in Britain and an assertion that austerity caused or exacerbated these problems, Krugman believes he has empirical support for his view that, during recessions, deficit spending promotes economic growth and cutting spending exacerbates economic downturns.
Interestingly, Krugman neglects to provide any data on British government actions. In particular, although he asserts that British policies have simply been to "slash spending," he neglects that Britain ignored the advice of free-market supporters by increasing tax rates significantly, such as raising the top marginal income-tax rate to 50 percent, the capital-gains-tax rate to 28 percent, and the value-added-tax rate to 20 percent. More damaging to his view, as can be seen on tables 25 and 27 of this Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) document, British spending has experienced no significant cuts and still represents a sharp increase compared to prerecession levels.
Although British spending as a percent of GDP fell mildly from 51.1 percent in 2009 to 49.8 percent in 2011, this level still signifies a massive increase in spending from 2007 levels of 43.9 percent of GDP. Similarly, although the British deficit as a percent of GDP fell from 11 percent in 2009 to 9.4 percent in 2011, this deficit still amounts to a huge surge compared to the 2007 level of only 2.8 percent and, with the exception of this recession, exceeds all other deficits in Britain since World War II. Though certainly Keynesians can look at these minor cuts in the scope of government spending as compatible with their theories of how reducing deficits affects the economy, they should emphasize for the sake of honesty that they believe a government that represents half of all the spending in an economy with an essentially record post–World War II deficit of more than 9 percent of GDP is being "austere" so that people who haven't looked at the data can make their own judgments on the merits of the claim.
Although critics of spending cuts can legitimately interpret British data to fit their theories, they cannot gain further evidence through the historical comparison made by Krugman to the Great Depression. As stated above, Krugman believes that British austerity measures have caused the recovery in Britain to be slower than during the Great Depression. In making this claim, he fails to consider the actual fiscal policy of Britain during the Great Depression. After leaving the gold standard in 1931, the British government balanced its budget and reduced spending as a percent of GNP every year until 1935, reducing government spending from a high of 28.8 percent in 1931 to 24.4 percent in 1935.[1] Although not ideal — because part of the reduction included tax increases — this policy succeeded in creating small budget surpluses every year from 1929 through 1936 (except for an irrelevant 0.2 percent deficit in 1932) — leading as Krugman mentioned to a faster recovery than the current British policy of a 9 percent-plus deficit as a percent of GDP.[2]
Comparing the real cuts in 1931 to the 2010 "cuts," which entailed an increase in spending in real terms, it's clear that a historical comparison would better support proponents of spending cuts than Keynesian deficit spending.[3] It is truly a strange state of affairs when economists find it reasonable to use the word "austerity" to describe both Britain's balanced budgets and spending reductions in the 1930s and its extremely large deficits without any real spending cuts in 2010. It's also unfortunate that, in making this comparison, they neglect to mention that the balanced-budget economy experienced a stronger recovery.
In reflecting on British stagnation, Krugman laments that economic policy has failed to learn the lesson of the Great Depression. In particular, he states,
Surpassing the track record of the 1930s shouldn't be a tough challenge. Haven't we learned a lot about economic management over the last 80 years?… I'm sorry to say, many economists decided, largely for political reasons, to forget what they used to know. And millions of workers are paying the price for their willful amnesia.
Indeed, it is truly sad that many economists have advocated bad policies, and Britain and other governments have continued to raise taxes and run large budget deficits despite experience that cutting spending in Britain worked better. It's also truly sad that some economists in describing this history have experienced "willful amnesia." For instance, Krugman says that he has read Lionel Robbins's The Great Depression (1934), but he apparently forgot (or ignored) Robbins's contention that Britain balanced its budget in 1931 — that is, before the economic recovery.[4]
In ignoring the lessons from 80 years ago, the New York Times columnist advocates for less effective policies than those performed at the time, resulting in a slower recovery in the present. Although historical comparisons offer inconclusive evidence at best, Krugman chose to make this specific comparison to bolster his point when, in fact, the historical comparison between Britain during the Great Depression and contemporary Britain conflicts with Krugman's interpretation. Rather than advancing the Keynesian hypothesis, the comparison of British policies over time better supports the view that true spending cuts lead to more robust economic recoveries than the allegedly "austere" policies of Britain today.

Sean Rosenthal is a graduate of Georgetown University. As an avid reader of liberty, he considers his main intellectual inspirations to be Frederic Bastiat, F.A. Hayek, Henry Hazlitt, Rose Wilder Lane, Ludwig von Mises, Robert Nozick, and Murray Rothbard. He will be attending law school in the fall. Send him mail. See Sean Rosenthal's article archives.

Reciclagem diplomatica - Editorial O Globo

Reciclagem é uma atividade difícil: sempre é preciso separar o que presta do que não presta, jogar fora o que entrar nesta última categoria e retrabalhar a primeira, limpar, remoldar, avaliar, aproveitar.
Enfim, coisas que devem ser feitas de modo profissional, sem considerações ideológicas muito comuns em certos tipos de catadores de lixo...
Paulo Roberto de Almeida

A necessária reciclagem na diplomacia
Editorial - O Globo, 7/03/2012

Antes de assumir, Dilma Rousseff, em entrevista ao “Washington Post”, criticou o Irã por desrespeitar os direitos humanos. A afirmação se referia ao caso da viúva Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, acusada de adultério. Foi o primeiro sinal de alguma mudança na “diplomacia companheira”, seguida nos oito anos de Lula em Brasília.
Esta política externa foi, de fato, um ponto fora da curva na tradição do Itamaraty, por anacrônica: terceiro-mundista, quando o mundo avançava, e avança, na globalização; e preconceituosa no antiamericanismo, quando o comércio e parcerias econômicas já contavam muito mais que ideologias.
A posição de Dilma ganhou importância também pelo fato de o Brasil de Lula, na incessante busca por alianças com inimigos declarados do Ocidente em geral e dos Estados Unidos em particular, ter se aproximado do Irã e, numa operação desastrada com a Turquia, tentado intermediar um acordo em torno do suspeito programa nuclear de Teerã.
Conseguiu apenas ser usado pela teocracia de Khamenei e Ahmadinejad para ganhar tempo e avançar no programa.
O GLOBO de ontem revelou a encomenda de Dilma de uma política externa ajustada a um novo cenário mundial, em que há a Primavera Árabe e séria crise europeia. Sensata decisão, embora seja preciso aguardar definições claras desta diplomacia.
Afinal, a influência lulopetista continua forte no Planalto. Haja vista o comportamento decepcionante de Dilma na viagem oficial a Cuba, quando, em declarações à imprensa, tentou equiparar crimes contra direitos humanos cometidos pelos Estados Unidos na base de Guantánamo, na ilha, denunciados e debatidos com liberdade pelos americanos, com a extensa lista de barbaridades cometidas há 50 anos neste campo pela opressora ditadura cubana.
A Primavera Árabe requer, mesmo, uma revisão da política seguida na região pela “diplomacia companheira”. Mesmo porque um dos aliados do lulopetismo, o “irmão” Kadafi, é peça fora do tabuleiro, assassinado por rebeldes.
A diplomacia brasileira esteve no lado certo dos debates na ONU ao condenar o regime líbio devido aos ataques à população civil. Mas, numa demonstração de insegurança para assumir uma postura clara ao lado do grupo de países desenvolvidos do qual deseja participar, foi leniente quando a ditadura síria dos Assad começou a bombardear cidades.
A reaproximação com os Estados Unidos será um ingrediente desta reciclagem. Nada mais natural, pois virar as costas ao maior mercado importador do mundo — e em fase de recuperação — é pura cegueira ideológica. Além do que o novo grande parceiro comercial brasileiro, a China, está em desaceleração.
Outro fator a impulsionar a revisão na política externa é a situação da América Latina, na qual a Venezuela parece entrar em tempos ainda mais tumultuados. Será um teste para esta nova política externa.
O Itamaraty, diferentemente da Era Lula, terá de firmar uma posição de equidistância para mediar uma solução pacífica e pactuada da grave crise em que poderão mergulhar os venezuelanos.
O Brasil se destaca cada vez mais como uma nação confiável num continente de Kirchner, Morales, Chávez e Correa, todos herdeiros da pior tradição populista e autoritária latino-americana.
Mas é pouco. São necessários atos concretos para que não pairem dúvidas sobre a volta da política externa aos trilhos do tradicional profissionalismo do Itamaraty.

A diplomacia economica dos companheiros chineses (nada a ver com a de outros companheiros)

Impecável! Eu até diria que precisaria circular mais...
Mas, como dizem, o pior cego é aquele que não quer ver.
Os companheiros chineses, mesmo tendo (alguns) aqueles olhos miúdos (mais os mongóis do que propriamente os chineses), mantêm os olhos bem abertos para os seus interesses.
Já outros companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

O dragão recatado

29 de fevereiro de 2012 | 10h29
Muito mais notável que o diagnóstico – é preciso ajustar o modelo chinês – é o fato político. O governo da China, segunda maior economia do mundo, maior emergente e única potência industrial ainda sujeita a um regime de partido único, fez dobradinha com o Banco Mundial para estudar um roteiro econômico para os próximos 18 anos.
China 2030 é o título do relatório de 468 páginas preparado por economistas do banco e do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento, órgão do Conselho de Estado da China. O prefácio é assinado pelo presidente do centro, Li Wei, e pelo presidente do Grupo do Banco Mundial, Robert Zoellick, esnobado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “sub do sub”. Nesse tempo, Zoellick chefiava a diplomacia comercial da potência número um, mas o presidente brasileiro parecia desconhecer ou menosprezar esse detalhe.
A concepção lulista das relações internacionais continua dominante em Brasília. Segundo essa concepção, o mundo é uma versão ampliada do ABC paulista e os países correspondem, na escala micro, a patrões e empregados. Por isso, a linguagem adequada para falar ao mundo é a das assembleias de Vila Euclides. Esse foi o critério seguido pelo presidente em todas as suas manifestações internacionais. Ainda é, com pequenas mudanças, o padrão da diplomacia econômica petista. A atuação do ex-presidente podia ser mais pitoresca, mas a mensagem se mantém.
Segundo esse discurso, os interesses dos emergentes são essencialmente iguais e se opõem, de modo geral, aos dos países capitalistas mais desenvolvidos. A tese vale, portanto, também para os componentes do Bric – Brasil, Rússia, Índia e China. A maior parte dos emergentes parece ter outra visão, porque esses países quase nunca apoiam as pretensões brasileiras (a um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU, por exemplo) e, além disso, dão prioridade comercial aos parceiros mais desenvolvidos.
De acordo com o mesmo discurso, o Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento, é o fórum econômico mais importante e suas decisões pautam as instituições multilaterais. Novamente os fatos negam a tese. Superada a pior fase da crise de 2008-2009, diminuiu a cooperação entre os membros do G-20, como assinalou já em 2010 Dominique Strauss-Kahn, então diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nestes dois anos, a ação do grupo tem sido pouco relevante.
Além do mais, o Fundo, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o Conselho de Estabilidade Financeira sempre se anteciparam ao G-20 na identificação de problemas estruturais e na formulação de estudos e de propostas, até porque dispõem de equipes técnicas permanentes e de acesso regular às fontes de informação.
A crise não acabou, novos desafios surgiram e o efetivo ganho de relevância foi para as instituições multilaterais. O disco petista continua girando, no entanto, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prossegue em sua cruzada ruidosa para levar os emergentes e pobres ao poder no FMI e no Banco Mundial. As reformas no sistema de cotas e na gestão do Fundo prosseguem, como prosseguiriam sem esse barulho. Outros grandes emergentes fazem seu jogo com menos ruído e mais atenção aos interesses próprios. A parceria entre China e Banco Mundial, às vésperas de mudança no governo, é um exemplo de pragmatismo, um fator de fortalecimento da instituição e um aval político à estratégia chinesa.
Por uma notável coincidência, o economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco, Justin Yifu Lin, é um ex-membro do Congresso do Povo da China e ex-integrante de vários comitês governamentais chineses. Nomeado em 2008, Justin Lin é o primeiro economista-chefe do Banco Mundial originário de um país emergente.
Também chinês é desde julho de 2011 um dos vice-diretores-gerentes do FMI, Min Zhu, ex-governador adjunto do Banco do Povo da China, o banco central. Como Justin Lin, ele também se formou em seu país, fez cursos de pós-graduação no exterior e é há vários anos uma figura respeitada e conhecida em fóruns internacionais, pouco frequentados por figuras brasileiras. Eles estão no Banco e no Fundo como funcionários selecionados profissionalmente e não como representantes de seu país, mas sua origem está longe de ser irrelevante. Um brasileiro, Murilo Portugal, já ocupou posição semelhante à de Min Zhu na cúpula do FMI, mas autoridades brasileiras parecem pensar em algo diferente, e mais ideológico, quando defendem a atribuição de mais postos, no Fundo e no Banco, a pessoas originárias do mundo em desenvolvimento. O governo chinês é mais discreto, pragmático e eficiente em relação a essas questões. Dragões podem ser mineiramente recatados.

terça-feira, 6 de março de 2012

EUA vs Iran: exit diplomacy, enter battleships...

O tom meio macho é esse mesmo: 
"I will buttress my diplomacy with a military option that will persuade the ayatollahs to abandon their nuclear ambitions. Only when they understand that at the end of that road lies not nuclear weapons but ruin will there be a real chance for a peaceful resolution."
Parece que os iranianos vão gostar: outro dia tinha um general desafiando os EUA, dizendo que eles estão prontos para enfrentar o grande Satã, até preventivamente...
Fortes emoções em 2013...
Paulo Roberto de Almeida 
How I would check Iran’s nuclear ambition
By Mitt Romney
The Washington Post, March 5, 2012



Beginning Nov. 4, 1979 , dozens of U.S. diplomats were held hostage by Iranian Islamic revolutionaries for 444 days while America’s feckless president, Jimmy Carter, fretted in the White House. Running for the presidency against Carter the next year, Ronald Reagan made it crystal clear that the Iranians would pay a very stiff price for continuing their criminal behavior. On Jan. 20, 1981, in the hour that Reagan was sworn into office, Iran released the hostages. The Iranians well understood that Reagan was serious about turning words into action in a way that Jimmy Carter never was.
America and the world face a strikingly similar situation today; only even more is at stake. The same Islamic fanatics who took our diplomats hostage are racing to build a nuclear bomb. Barack Obama, America’s most feckless president since Carter, has declared such an outcome unacceptable, but his rhetorichas not been matched by an effective policy. While Obama frets in the White House, the Iranians are making rapid progress toward obtaining the most destructive weapons in the history of the world.
The gravity of this development cannot be overstated. For three decades now, the ayatollahs running Iran have sponsored terrorism around the world. If we’ve learned anything from Sept. 11, 2001, it is that terrorism in the nuclear age holds nightmarish possibilities for horror on a mass scale.
What’s more, Iran’s leaders openly call for the annihilation of the state of Israel. Should they acquire the means to carry out this inhuman objective, the Middle East will become a nuclear tinderbox overnight. The perils for Israel, for our other allies and for our own forces in the region will become unthinkable.
The United States cannot afford to let Iran acquire nuclear weapons. Yet under Barack Obama, that is the course we are on.
As president, I would move America in a different direction.
The overall rubric of my foreign policy will be the same as Ronald Reagan’s: namely, “peace through strength.” Like Reagan, I have put forward a comprehensive plan to rebuild American might and equip our soldiers with the weapons they need to prevail in any conflict. By increasing our annual naval shipbuilding rate from nine to 15, I intend to restore our position so that our Navy is an unchallengeable power on the high seas. Just as Reagan sought to defend the United States from Soviet weapons with his Strategic Defense Initiative, I will press forward with ballistic missile defense systems to ensure that Iranian and North Korean missiles cannot threaten us or our allies.
As for Iran in particular, I will take every measure necessary to check the evil regime of the ayatollahs. Until Iran ceases its nuclear-bomb program, I will press for ever-tightening sanctions, acting with other countries if we can but alone if we must. I will speak out on behalf of the cause of democracy in Iran and support Iranian dissidents who are fighting for their freedom. I will make clear that America’s commitment to Israel’s security and survival is absolute. I will demonstrate our commitment to the world by making Jerusalem the destination of my first foreign trip.
Most important, I will buttress my diplomacy with a military option that will persuade the ayatollahs to abandon their nuclear ambitions. Only when they understand that at the end of that road lies not nuclear weapons but ruin will there be a real chance for a peaceful resolution.
My plan includes restoring the regular presence of aircraft carrier groups in the Eastern Mediterranean and the Persian Gulf region simultaneously. It also includes increasing military assistance to Israel and improved coordination with all of our allies in the area.
We can’t afford to wait much longer, and we certainly can’t afford to wait through four more years of an Obama administration. By then it will be far too late. If the Iranians are permitted to get the bomb, the consequences will be as uncontrollable as they are horrendous. My foreign policy plan to avert this catastrophe is plain: Either the ayatollahs will get the message, or they will learn some very painful lessons about the meaning of American resolve.

Aspone de assuntos monetarios e internacionais (enfim, quase...)


Dilma: ‘Quem fala de juros no governo é o BC’

5/3/2012 13:35,  Por Redação, com ABr - de Brasília
– Quem fala de juros no meu governo é o Banco Central, Alexandre Tombini, nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros, disse a presidenta a jornalistas em Hannover, na Alemanhã.A presidenta DilmaRousseff disse nesta segunda-feira que cabe apenas ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falar sobre política de juros e desautorizou declarações de qualquer outro integrante do governo sobre o tema.
No domingo, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse, em entrevista, que a taxa básica de juros, a Selic, vem em uma trajetória de queda e que na reunião desta semana do Conselho de Política Monetária (Copom) essa trajetória irá se confirmar.
– Vamos ter mais uma reunião do Copom, na qual vamos ter uma queda moderada, mas vamos ter uma queda, disse Garcia, que integra a comitiva da presidenta em Hannover, na Alemanha.
O Copom se reúne esta semana, nos dias 6 e 7, e as instituições financeiras apostam em uma queda na Selic para 10% ao ano. Atualmente, a taxa está em 10,5%. O comitê divulga a decisão sobre os juros básicos na quarta-feira.

O ministro, o governador e a miseria educacional...

Um ministro da educação, no passado, fez aprovar uma lei sobre piso salarial dos professores apenas para "ferrar" -- o termo é mesmo esse -- sua adversária política, governadora tucana, que dizia que seu estado não tinha recursos para pagar o piso estabelecido, certamente bem mais alto.
Dinheiro sempre tem, obviamente, tudo é uma questão de prioridades. Tem gente que prefere gastar em publicidade, por exemplo.
Pois bem, quis a vontade do povo que o antigo ministro virasse governador, do mesmo estado.
Agora esse cidadão, que deve andar de quatro de tamanha incoerência, diz que não vai pagar, e vai apelar para a Justiça (da qual ele também já foi responsável, mas muito irresponsável, pois mandou deportar dois refugiados, o justiceiro).
Mas a Justiça apenas interpreta leis, ela não faz as leis. Quem faz é o parlamento.
O ministro cavalgadura deveria saber disso...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Quem acha que o governador anda de quatro é o jornalista abaixo. Eu só o sigo...

De cabeça para baixo, Coluna Carlos Brickmann
(*) Coluna exclusiva para a edição dos jornais de Quarta-feira, 7 de março de 2012

Há cem anos, o Japão não tinha condições de sustentar sua população. Por isso, estimulou as emigrações (e, por isso, tantos japoneses vieram para o Brasil). Há 67 anos, duas bombas atômicas destruíram Hiroxima e Nagasáqui e o Japão foi ocupado por tropas americanas. Há cinquenta e poucos anos, produto japonês era famoso por ser mal feito, mal acabado, pouco durável.

Como é que o Japão mudou, sem fontes de energia, sem recursos naturais? O jornalista Renato Lombardi, sempre competente, manda duas pistas: o salário inicial de um professor de ensino fundamental no Japão equivale a R$ 4 mil. Professor de escola pública é a 17ª profissão mais bem paga do país.

Já o Brasil, que há cem anos tinha condições de absorver os imigrantes japoneses, está agora em guerra para não pagar aos professores a fortuna mensal de R$ 1.451. Onze Estados avisaram que não vão pagar o piso de lei. No Rio Grande do Sul, o governador Tarso Dutra, do PT, ex-ministro da Justiça, ligadíssimo ao atual ministro da Justiça, quer pagar aos professores salários que nem analfabeto hoje aceita: R$ 791.

Aluguel, comida, livros? Os professores que se virem. Já Tarso, cuja função certamente não é tão útil quanto a de um professor, recebe quase R$ 30 mil mensais, fora casa, comida e muitas mordomias. E, a julgar pelo que anda dizendo, já faz tempo que não gasta nada de seu salário com livros.

Diziam que os japoneses, do outro lado do mundo, andavam de ponta-cabeça. Aqui, nosso Governo não avança nem andando sobre os pés. E veja, são quatro!

Um pouco de luz
A Justiça gaúcha determinou ao Governo que pague o piso legal, incluindo os atrasados desde 2009. Mas o governador que foi ministro da Justiça vai recorrer.

Big Brother persa: aprendendo com os chineses...

Governos autoritários, em várias partes do mundo, em diferentes épocas, mantêm a ilusão de pretender isolar suas populações de ideias nefastas, vindas do exterior. Essas ideias se tornam ainda mais atrativas, sejam elas boas, más, medíocres, irrelevantes ou até revolucionárias.
Ao fim e ao cabo, a população fica sabendo do que lhe querem privar.
Paulo Roberto de Almeida

Las autoridades de Irán confirman la separación entre Internet y su propia red nacional

Irã – EFE – 05/03/12.

Dos mujeres iraníes consultan versos. | Afp
El ministro de Comunicaciones iraní, Reza Taghipur, insistió en que Irán separará la red internacional de Internet de una nacional de información, pero apuntó que se podrán utilizar ambas, en declaraciones difundidas por la agencia local ISNA.
“Internet se podrá utilizar dentro de Irán para la recepción de datos no disponibles en la red nacional” y ésta será de “uso general”, dijo a la agencia el ministro.
Internet, a pesar del férreo control iraní que incluye incluso un cuerpo de ‘ciberpolicía’ para tal fin, es “una red insegura” y se va a cambiar por “una segura para el intercambio de datos electrónicos del Gobierno con la creación de la red nacional y el uso de ‘software’ de fabricación local”, agregó.
Censura
La seguridad se conseguiría al convertirse la red en nacional, para lo que Taghipur pidió la colaboración del sector privado con el público, ya que este servicio “no funcionará como Internet en un principio”, señaló ISNA.
El Gobierno de Irán ha reiterado desde hace más de un año su intención de desligar la red nacional de Internet mundial por motivos de “seguridad” y debido a la estricta censura que aplica a las comunicaciones y la información por este medio, lo que ha llevado a algunas dramáticas sentencias.
Un gran número de páginas web están bloqueadas por las autoridades iraníes, entre ellas las de muchos medios de comunicación extranjeros y también las de grupos sociales y políticos, tanto iraníes como de otros países e internacionales, que el Gobierno de Teherán considera hostiles.
Además, también hay numerosas páginas bloqueadas al considerar las autoridades de Teherán que atacan a las estricta moral de la República Islámica y otras muchas están sin acceso porque en su dirección de Internet llevan palabras que los censores iraníes consideran peligrosas.
Las redes sociales, en especial Facebook, e incluso la mayoría de las versiones del buscador Google también están bloqueadas, lo mismo que los blogs, sea cual sea su origen o la temática que traten, así como los accesos por algunos protocolos de seguridad.

Novas aulas de economia, por professores experientes

Já conhecíamos as aulas de economia (al revés) do Professor Chávez; agora temos novas aulas de economia de quem tem, alegadamente, mais experiência na matéria, já que frequentou, pelo menos isso, os bancos universitários em um curso fabuloso de economia de uma consagrada Faculdade em Keynesianismo aplicado, que aliás fabricou recentemente um título de doutor a um de seus ex-alunos que enveredou pela política, mas ainda assim mereceu ser agraciado, pelo novo professor, com um cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, e agora, da Educação.
Paulo Roberto de Almeida 



Merkel diz compreender preocupação do Brasil com o câmbio
Reuters, Portal Exame, 05/03/2012 19:16


Durante a reunião, a chanceler alertou o Brasil e outros países contra o protecionismo
Hanover - A chanceler alemã, Angela Merkel, disse na segunda-feira, pouco antes de se reunir com a  presidente Dilma Rousseff, que compreende os problemas cambiais enfrentados pelos países emergentes em decorrência da grande oferta de dinheiro a juros baixos nas nações industrializadas.
Merkel e Dilma se encontraram em Hanover para a inauguração de uma importante feira de informática.
Durante a reunião, a chanceler disse que a solução para o problema cambial depende de um
fortalecimento do G20 (bloco das maiores economias mundiais). Ela alertou o Brasil e outros países contra o protecionismo.
"Precisamos ser capazes de confiar uns dos outros, precisamos ser capazes de confiar em um marco justo de condições", disse Merkel.
O Brasil e outros países têm pedido à Europa que se empenhe mais na estabilização do euro, antes que o Fundo Monetário Internacional concorde em liberar mais verbas para os países endividados que usam a moeda europeia.
"A presidente brasileira falou de um 'tsunami de liquidez' e expressou suas preocupações", disse Merkel. Na semana passada, durante a cúpula da UE em Bruxelas, a governante alemã disse que a Europa está empenhada em evitar a criação de novas bolhas financeiras.
O real já se valorizou cerca de 7 por cento neste ano, contribuindo com a perda de competitividade das exportações brasileiras e com uma inundação de produtos importados. Na segunda-feira, a moeda teve desvalorização de 0,25 por cento, cotada a 1,7353 por dólar.
Ao mesmo tempo, Merkel se queixou de barreiras comerciais nos países emergentes. "Por outro lado, vemos que há protecionismo e medidas unilaterais", disse ela, referindo-se a queixas de companhias europeias contra as alíquotas de importação brasileiras.
Antes da reunião com Merkel, Dilma disse que o Brasil continua disposto a adotar novas medidas para impedir a excessiva valorização do real, já que os países desenvolvidos continuam inundando o sistema financeiro global com dinheiro barato.
De acordo com Dilma, a adoção de juros baixos para estimular as economias europeias equivale a uma "forma artificial de protecionismo", já que faz o real se valorizar em comparação ao euro e ao dólar.
"Nós somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger. Vamos ver quais", afirmou Dilma, sem especificar quais medidas estão em estudo, e quando poderão ser adotadas.
A presidente fez as declarações durante a viagem à Alemanha, e o Palácio do Planalto divulgou o áudio no seu site.
Nos últimos anos, várias autoridades brasileiras tentaram esvaziar a valorização do real fazendo críticas às tendências financeiras internacionais, ou alertando que medidas restritivas estão sendo estudadas.
Dilma descartou a imposição de uma "quarentena" sobre o capital estrangeiro, com prazos mínimos para a permanência de investimentos.
Na semana passada, o Brasil ampliou a abrangência de um imposto sobre empréstimos do exterior, na esperança de limitar o afluxo de capital para o Brasil. Além disso, o Banco Central comprou dólares à vista e fez a operação conhecida como "swap cambial reverso", na expectativa de segurar o "tsunami" de dinheiro barato que ameaça varrer as economias mais pobres.