sábado, 21 de setembro de 2013

O governo dos companheiros e o desgoverno da economia - Carlos Alberto Sardenberg

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Globo, 19/09/2013

Anos atrás, em um outro país, o presidente estava diante do desafio de conseguir turbinar o crescimento. Políticos, economistas, jornalistas discutiam as saídas e, como sempre, havia propostas para fazer isso por meio de ações mais intensas do governo.
O presidente, então, saiu-se com uma resposta que se tornaria clássica: “Na nossa situação atual, o governo não é a solução. O governo é o problema”.

A presidente Dilma, claro, jamais dirá isso, mas obviamente admitiu a incapacidade ao menos parcial do Estado quando lançou o amplo programa de concessões de obras de infraestrutura à iniciativa privada.
Se o governo tivesse dinheiro e expertise para fazer os investimentos necessários, não precisaria entregar estradas, portos, aeroportos e ferrovias ao capital privado. Reparem que a presidente Dilma tentou turbinar os investimentos públicos. E só partiu para as concessões diante dos atrasos e da sequência de corrupção em obras importantes .
Ou seja, não foi por convicção, mas por necessidade. Ela não admite que o governo é o problema e que a infraestrutura brasileira falha por incapacidade do Estado. Ao contrário, ainda acredita que o governo pode tudo, mesmo que no momento, dadas as circunstâncias, seja preciso chamar os capitais privados.
O resultado disso é a “concessão envergonhada”. Abre-se o negócio ao investidor privado, mas o governo está ali ao lado, financiando a juros de compadre, entrando de sócio, dando garantias de receita e prometendo fazer parte das obras.
Ora, dirão: qual empreiteira recusaria um negócio desses? Especialmente neste lado do mundo, a América Latina, tão viciado no capitalismo de amigos ─ esse sistema em que um bom lobby rende mais que ganhos de produtividade.
Por isso, foi chocante quando nenhuma empresa apresentou propostas no leilão de concessão da rodovia BR 262. A obra era considerada um “filé mignon”.
O governo desconfia de alguma ação política, uma articulação da oposição, inclusive de investidores, para desmoralizar o programa. Não cola. Por mais militante que seja, nenhum empresário joga dinheiro fora.
Logo, o pessoal não achou que o negócio era bom, mesmo com todo o apoio oferecido pelo governo. Em resumo, não achou que o governo pudesse ser a solução para os problemas.
Quais problemas? Tudo poderia ser resumido numa palavra, insegurança. Regulatória: o governo Dilma tem mudado tanto as regras, em tantos setores importantes, que não há como acreditar que as normas regendo as concessões serão mantidas pelos 30 anos do negócio.
Insegurança jurídica: as possíveis restrições à cobrança de pedágio, a única fonte de renda do empreendimento. Políticos e governantes brasileiros não gostaram de pedágio ─ mais ainda, não gostam de cobrar nada diretamente do usuário. Há na cultura local uma queda pela boca livre, reforçada pelas recentes manifestações.
Não é de graça, claro. Quando uma estrada federal em Goiás não é pedagiada, ela termina paga pelo morador de Rondônia quando compra uma cerveja e um maço de cigarros. Mas é um pagamento, digamos, quase invisível, o imposto está embutido no preço. Já no pedágio, o usuário morre com seus reais cada vez que passa ali. É mais justo que só o usuário pague pela facilidade que utiliza, mas, reparem, praticamente todos os governantes cancelaram reajustes de tarifas e pedágios depois das manifestações.
Diante desses óbvios obstáculos ao programa de concessões, o que fez o governo Dilma? Respondeu ao investidor privado: você cobra um pedágio baratinho que a gente faz o resto.
A garantia somos nós, disse o governo.
Ora, o risco está nessa garantia, pensaram os empresários. Não disseram, tanto que o governo contava com o sucesso do leilão. Mas pensaram exatamente isso: eu entro num negócio cuja receita é o pedágio, mas eu tenho de cobrar bem baratinho e só posso cobrar depois que o governo fizer a parte dele nas obras e garantir nos tribunais e nos meios políticos a viabilidade da cobrança; e também não posso ganhar dinheiro além do limite fixado pelo governo.
Resumindo: os obstáculos aos investimentos privados estão no ambiente de negócio ruim colocado pelo setor público. Em vez de mudar o ambiente para torná-lo mais amigável às concessões, o governo diz “deixa comigo”. O problema se apresenta como solução.
E por que saem alguns negócios? Porque muitos investidores acreditam que, enfim, a gente vai conversando lá em Brasília.
Não é assim que se vai turbinar os investimentos.

A frase lá de cima? Ronald Reagan.

Guerra e paz na historia - Deepak Lal

The dove and the wolf

Deepak Lal
Business Standard (New Delhi), September 20. 2013

A recent meeting of the Mont Pelerin Society I organised in the Galapagos Islands on the theme of "evolution, the and liberty" brought together some of the world's leading neuroscientists, evolutionary psychologists, geneticists and social scientists to discuss what answer recent advances in these human sciences provide to the fundamental question, "what is ?".

One session was on the human animal as a warrior. Richard Wrangham provided an excellent summary of evidence on the evolutionary origins of human  following his path-breaking book (with Dale Peterson), Demonic Males. He argued persuasively that war is part of our evolutionary psychology (particularly in males). His Harvard colleague Steven Pinker accepts this but argues that because of a complex set of social and cultural factors war may now be defunct. This was the view I disputed in my own paper.

I read Professor Pinker's monumental door-stopper of a book, The Better Angels of Our Nature, in my study in New Delhi in May. I could not help thinking that I was about six minutes flying time away from  from Pakistan to my west, and that to my north the heavily armed People's Liberation Army had just made an illegal incursion 12 miles into Ladakh. This made it difficult to believe that Professor Pinker's "better angels" were about to take over the world.

My own view of human nature was heavily influenced by David Hume, who wrote: "There is some benevolence, however small ... some particle of the dove kneaded into our frame, along with the elements of the wolf and serpent." From Professor Pinker's comprehensive survey of the mounting neuroscientific and socio-biological evidence, it is clear that the genial Scot, sitting in his study contemplating his fellow creatures, had got it right.

Where Professor Pinker has gone wrong is in attributing what he terms the Long Peace to the various social processes he discusses at length; they have allowed the dove to tame the wolf and the serpent in at least the developed countries. In my own book on In Praise of Empires, I developed a framework that emphasised the importance of empires (or global hegemons) - the equivalent of Thomas Hobbes' Leviathan in international affairs - in maintaining global order and thereby peace in an otherwise anarchical society. I surveyed the rise and fall of empires since antiquity to show how they provided the order needed to pursue the elementary and universal goals that David Hume maintained any society must pursue for any social life to exist. These are: first, to secure life against violence that leads to death or bodily harm; second, that promises once made are kept; third, the stabilisation of possessions through rules of property. Through their Pax, these empires maintained peace and prosperity, and their decline and fall led to both domestic disorder and the disintegration of the enlarged economic spaces they had created.

True, these ancient empires did not seek to end various barbarous violent practices that were very much part of their "cosmological beliefs", and Professor Pinker is right in stating the importance of what he calls the "civilising and humanitarian processes", whose evolution I also traced in myUnintended Consequences. But nevertheless these have been insufficient to tame the instincts of the wolf in all civilisations, and the role of empires in maintaining peace and prosperity in their domains cannot be gainsaid.

Thus, despite its abhorrent cultural practices by the standard of contemporary norms, the Roman Empire had, through its Pax Romana, brought unprecedented peace and prosperity to the inhabitants of the Mediterranean littoral for nearly a millennium. When it collapsed, the ensuing disorder and the destruction of the imperial economic space led to a marked fall in the standards of living of the common people inhabiting the fallen empires.
In his history of war and peace, Professor Pinker completely neglects the rise and fall of empires. The graph depicts his Long Peace. It does not, as he claims, show that war is now defunct. For it depicts the long struggle for the mastery of Europe, to create another Roman empire (albeit Holy) after the fall of Rome, and the success first of the British in the 19th century and then the United States after the Second World War in creating global empires that mitigated international anarchy.

Thus, during the post-medieval period since 1500, with the consolidation of European nation-states, religious wars were fought to a stalemate. They only ended with the Peace of Westphalia in 1648. But after a brief lull of peace, they resumed their conflicts in wars for the mastery of Europe - till, with its victory in the Napoleonic Wars, Britain established its global imperium in 1820. But by 1870 Britain's long imperial decline had begun. Challenged by the emerging great powers, Germany and the US, and temporarily Russia, the British were willing but unable to maintain their hegemony.

The US, which became a partner rather than a competitor of Britain in the First World War, thereafter turned inwards and was unwilling to take over or share Britain's imperial responsibility for maintaining global order. This led to the global disorder of the interwar years. It lasted till after the Second World War, when a duopoly of empires (the US and the Soviet Union) succeeded in maintaining some global order - with the mutual assured destruction of nuclear weapons preventing a direct war between the two superpowers, and their continuing competition being limited to proxy wars. With the implosion of the Soviet Union, the US became the sole superpower, and the era of warfare depicted in Professor Pinker's graph came to an end.

Hence, the Long Peace is the result of the empires established by Britain in the 19th century and by the US in the late 20th century. With the West again turning inwards, and the current global order being threatened by the rising power of China, there is an emerging struggle for the mastery of Asia. India is at the centre of this coming maelstrom. It cannot afford to believe that the dove in our nature has now replaced the wolf in international relations.

Mexico, Brasil, tempestades e corrupcao: tudo a ver?

Parece que sim...

By ELISABETH MALKIN
The New York Times, 20/09/2013


The twin storms that tore through the country this week renewed criticism that corruption and political shortsightedness made the damage even worse.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A cleptocracia no poder? Assim parece: Assessor do Planalto envolvido na mafia... - Estadao

Assessor da Presidência era lobista de esquema que 'lavou' R$ 300 mi, diz PF

Idaílson Vilas Boas, auxiliar da ministra Ideli Salvatti, recebeu suspeitos de envolvimento com organização criminosa dentro do Planalto

20 de setembro de 2013 | 16h 42
Ampliado às 17h07 - Andreza Matais, Fábio Fabrini e Fausto Macedo
A Polícia Federal acusa um assessor da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT-SC), de envolvimento com a quadrilha suspeita de pagar propina a prefeitos para direcionar investimentos de fundos de pensão municipais. Relatório de inteligência daOperação Miqueias, ao qual o Estado teve acesso, diz que Idaílson José Vilas Boas Macedo atuava como lobista do esquema, tendo feito negociações dentro do Palácio do Planalto.
Ele é filiado desde 1999 ao PT de Goiás e foi nomeado em 25 de março do ano passado, com salário bruto de R$ 9,6 mil, assessor especial na Secretaria das Relações Institucionais (SRI), pasta vinculada à Presidência da República. A nomeação foi assinada pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR) - o preenchimento dos cargos de confiança mais altos precisam do aval dela.
Segundo as investigações da Operação Miqueias, deflagrada nesta quinta-feira, 19, Idaílson intermediava negociações entre prefeitos e um "pastinha", como são chamados os aliciadores do esquema.
A PF pediu a prisão do assessor de Ideli, além do bloqueio de suas contas bancárias e de buscas em sua casa. O pedido de prisão foi negado pela Justiça. Ele é acusado de tráfico de influência e formação de quadrilha.
Procurada nesta tarde, a SRI informou que ainda não se pronunciaria sobre o caso. OEstado não localizou os advogados do assessor e deixou recado no seu local de trabalho, no Planalto. Na pasta, a informação é de que ele estaria em uma "reunião fora".
Para a PF, que flagrou transações de Idaílson em grampos, há uma "intrínseca" relação entre ele e a organização criminosa. O assessor teria atuado, por exemplo, para facilitar o acesso do "pastinha" Almir Bento aos prefeitos de Itaberaí (GO) e Pires do Rio (GO).
Numa das ligações interceptadas, o pastinha Almir Bento marca encontro entre Idaílson e o prefeito de Pires do Rio (GO) dentro do Planalto, orientando-o a falar apenas de "assuntos técnicos". "Fala de projetos, essas coisas", afirmou Bento, segundo transcrição da PF.
O inquérito diz ainda que o aliciador se apresentava como integrante da Casa Civil, supostamente a pedido do assessor palaciano. "Os diálogos interceptados não deixam dúvidas de que Idaílson atuava em favor da organização criminosa em comento, intermediando encontros entre prefeitos - especialmente dos municípios de Pires do Rio e Itaberaí, ambos localizados no estado de Goiás -, e a organização criminosa em comento", sustenta a PF.
Com trânsito no Planalto, Idaílson integrou comitiva da presidente Dilma Rousseff em viagem a Salvador, neste ano, segundo o inquérito.

A charge da semana: Embargo infringente, por Duke


O mito dos 53 por cento de afrodescendentes: a despeito dos dados a empulhacao continua...

Mais um estudo científico que desmente algumas das teses dos afrodescendentes brasileiros, ou melhor dos propositores de políticas raciais racistas, ou seja, baseadas numa falsa divisão entre os "negros" e o resto da população brasileira.
Na verdade, pelos critérios dos autodeclarados afrodescendentes eles já são maioria, ou mais de 53% (certamente em busca de alguma prebenda estatal, trazida pelos racistas no poder).
Aqui vai mais um trabalho.
Paulo Roberto de Almeida

Quilombola é 40% europeu, mostra DNA
Jornal da Ciências, 18 de Setembro de 2013

Estudo de comunidades do Vale do Ribeira (SP) também aponta que 20% do patrimônio genético vem de indígenas

Análises de DNA estão ajudando a contar a história das populações quilombolas --e o resultado indica que se trata de uma história mestiça.

Em quilombos do Vale do Ribeira (SP), por exemplo, embora a ascendência africana tenha ligeiro predomínio, cerca de 40% do patrimônio genético dos moradores parece ser de origem europeia, enquanto um quinto teria sido legado por indígenas.

Os resultados vêm de um estudo das pesquisadoras Lilian Kimura e Regina Mingroni-Netto, do Instituto de Biociências da USP. Elas analisaram amostras de DNA de 307 quilombolas de dez comunidades no Vale do Ribeira. Os dados foram publicados na revista "American JournalofHumanBiology".

As proporções de ancestralidade africana, europeia e indígena encontradas pelas pesquisadoras e seus colegas batem, grosso modo, com resultados obtidos em quilombos da Amazônia, indicando que tanto brancos quanto índios --além dos escravos negros-- tiveram papel importante na formação dessas comunidades tradicionais.

No Congresso Brasileiro de Genética, que acontece nesta semana em Águas de Lindoia (SP), Kimura deve apresentar mais dados, os quais sugerem que essa miscigenação não foi exatamente igualitária, porém.

Quando se olha apenas o cromossomo Y (a marca genética da masculinidade, transmitida apenas de pai para filho homem), verifica-se que mais de 60% dos quilombolas do sexo masculino descendem de um homem europeu, enquanto apenas 9% deles têm um indígena como ancestral paterno. (O que sobra da conta, claro, corresponde às linhagens africanas do cromossomo Y.)

A interpretação mais lógica desses dados é que, na época colonial, os homens de origem europeia monopolizavam as mulheres africanas e indígenas. Trata-se de um padrão encontrado numa série de outras populações brasileiras, inclusive no caso de quem se declara branco: é comum que a pessoa descenda de índios ou negros pelo lado materno, mas bem mais raro que sua linhagem paterna tenha essa origem.

GARIMPOS
Kimura conta que a região do Vale do Ribeira teve um ciclo do ouro incipiente e que, quando os garimpos se esgotaram, muitos escravos foram abandonados por seus donos ou fugiram, dando origem às comunidades da região.

Os descendentes desses primeiros quilombolas contam que mestiços de brancos com índios também teriam se juntado a esses grupos. "O que está menos claro é a presença de homens de origem indígena. Parece que as mulheres índias é que foram incorporadas nas comunidades", explica a bióloga.

Ela diz reconhecer o risco de que resultados como os obtidos em seu estudo tenham uso político em discussões sobre cotas raciais, por exemplo.

"Acho que esses dados servem para você contar e valorizar a sua história. Mas eles são muito diferentes da autoidentificação, que está ligada à origem cultural. A gente sabe, por exemplo, que pessoas com cor de pele bem clara podem ter mais genes de origem africana e vice-versa", pondera.

PISTAS
Para chegar à estimativa das proporções de ancestralidade dos quilombolas, os pesquisadores usaram um conjunto de 48 "indels", pequenas variações no DNA que correspondem a inserções ou "deleções" (apagamentos) na sequência de letras químicas da molécula --daí o nome.

Esses "indels", com diferenças de três a 40 "letras" de DNA para mais ou para menos, têm sido considerados indicadores confiáveis da origem geográfica dos ancestrais de uma pessoa, porque há conjuntos deles que são mais frequentes em um continente do que nos demais.

No caso dos quilombolas, os cientistas usaram dados sobre os "indels" de três populações correspondentes aos possíveis ancestrais --africanos de Angola, Moçambique e outros países, europeus (basicamente portugueses) e sete tribos indígenas brasileiras-- e compararam isso com os "indels" presentes nos quilombolas.

Depois, uma análise estatística estimou as proporções de ancestralidade. Segundo a bióloga Lilian Kimura, a fatia indígena da amostra se beneficiou de dados obtidos pelo pesquisador Sidney Batista Santos, da Universidade Federal do Pará.

"Os nossos dados corroboram o que se sabe sobre a história da ocupação do Vale do Ribeira e também o que contam os moradores mais antigos dos quilombos."

A pesquisa concorre ao Prêmio Francisco Mauro Salzano, uma das láureas oferecidas pela Sociedade Brasileira de Genética no congresso que acontece nesta semana em Águas de Lindoia.

(Reinaldo José Lopes/Folha de S.Paulo)

Prata da Casa, Boletim ADB – 3ro. trimestre 2013: livros de, ou com a participacao de diplomatas

Não tenho certeza de já ter publicado estas miniresenhas de livros de diplomatas, o que faço a cada três meses para o boletim dessa associação de intangíveis e diáfanos colegas de carreira.
Em todo caso, seguem agora, tal como publicadas no Boletim ADB (ano 20, n. 82, julho-agosto-setembro 2013, p. 30-32; ISSN: 0104-8503). 
Já publiquei dezenas de miniresenhas como estas, mas não tenho certeza de te-las postado todas. Em todo caso vou fazer um levantamento.
 Paulo Roberto de Almeida

1) Geraldo Holanda Cavalcanti: A herança de Apolo: Poesia, Poeta, Poema (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, 462 p.; ISBN: 978-85-200-1161-4)

Poesia rima com diplomacia? Talvez. A obra discorre sobre poesias e poetas em todos os seus estados, inclusive os maus poetas e os suicidas. Impressionante o volume de citações: as obras citadas chegam a quase 600, duas ou três por página. Sem prefácio, o livro tem um posfácio dedicado justamente às citações: na esteira de Montaigne e de Walter Benjamin, o autor certifica que as suas foram todas garimpadas bona fide nos inumeráveis livros que percorreu em 50 anos de leituras, para nos oferecer o que é, possivelmente, a maior enciclopédia do poema já publicada no Brasil. Poesia tem tradução? Talvez, mas ficou faltando a tradução de serendipity. Em todo caso, os tradutores, para Stephen Spender, são os “embaixadores oficiais da linguagem” (The Making of a Poem, 1962: p. 113). Bem, pelo menos isso.
  
2) Luiza Lopes da Silva: A questão das drogas nas relações internacionais: uma perspectiva brasileira (Brasília: Funag, 2013, 407 p.; ISBN: 978-85-7631-428-8)

A “diplomacia das drogas”, se ela existe, começa em Xangai, em 1909, mas o problema é mais antigo, secular mesmo. Surgida em virtude das guerras do ópio, promovidas pelo imperialismo inglês, até hoje ela não logrou resultados satisfatórios, mas os Estados continuam tentando limitar os danos. Esta tese de CAE representa o esforço mais abrangente para circunscrever a questão do ponto de vista brasileiro: do proibicionismo às soluções alternativas, o caminho ainda é longo para se vislumbrar uma solução aos problemas do comércio ilegal e crimes associados. O Brasil parece dotado de instrumentos adequados, mas, como outros países da região, pouco atuou na construção dos mecanismos de controle e pode ser vítima deles, como também da “diplomacia cocalera”. Muitos sugerem a liberalização; seria essa a resposta?

3) Elias Luna Almeida Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros (Brasília: Funag, 2013, 345 p.; ISBN: 978-85-7631-426-4)

O trabalho tem qualidades inegáveis, ao apontar as inúmeras dificuldades no tratamento dos fundos soberanos. Mas, à diferença do que diz o prefaciador, o FSB não está voltado para o gerenciamento das reservas brasileiras (tarefa a cargo do Banco Central), e sim tem sido usado mais para fins de economia doméstica (como a sustentação da Petrobras). O Brasil, aliás, tem todas as condições para NÃO ter um fundo desse tipo, já que não tem excedentes fiscais ou de transações correntes. Seja como for, esta tese de CAE ilumina o funcionamento desses fundos e os problemas a eles associados. Se e quando o Brasil dispuser de um fundo verdadeiro, a obra oferece desde já um panorama muito claro de como se movimentar no intrincado cenário de ganhos econômicos e ambições políticas que caracteriza sua existência corrente.

4) Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas (São Paulo: Benvirá, 2013, 168 p.; ISBN: 978-85-8240-025-8)

Dos cadernos do ex-ministro, notas sobre momentos cruciais, de 2002 a 2004 (e alguns desdobramentos ulteriores), da diplomacia “ativa e altiva”, como ele designa a sua gestão; mais adiante se acrescentou “soberana” à dita política externa. Trata-se de uma explicação e uma justificativa, pro domo sua, de alguns episódios desses anos: a invasão do Iraque pelos EUA, as tribulações do coronel Chávez, a implosão da Alca, o golpe de truco em Cancun, a aliança com a Índia e a África do Sul, as origens da Unasul e as andanças pela África. A história completa ainda vai ser contada, mas os escritos do ministro, entre eles Conversas com Jovens Diplomatas (2011), podem ser fontes primárias, desde que se confronte interpretações pessoais com análises independentes: a historiografia serve, justamente, para filtrar tais tipos de relatos.

5) Douglas Wanderley de Vasconcellos: Esporte, poder e relações internacionais (3ra. edição; Brasília: Funag, 2011, 268 p.; ISBN: 978-85-7631-319-9)

Com a Copa das Confederações já realizadas, chegando a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), nada melhor do que refletir sobre os vínculos entre esporte e diplomacia, o que faz este trabalho antigo, mas ainda plenamente válido. O trabalho vai muito além de uma simples “diplomacia do futebol”, o que o Brasil já fez no Haiti, por exemplo, e trata da utilização política, no bom e no mau sentido, das competições esportivas para o atingimento de objetivos estratégicos ou táticos pelos países que possuem algum peso nessa arena. Mas mesmo pequenas ou grandes coalizões de países (os árabes, por exemplo) podem fazer pressão “esportiva” sobre outros atores (Israel, no caso) para a obtenção de algum ganho diplomático. O Itamaraty e o Ministério do Esporte formam um time alinhado a tal objetivo.

6) José Vicente Sá Pimentel (org.): O Brasil, os BRICS e a agenda internacional (2a. ed., rev., ampl.; Brasília: Funag, 2013, 604 p.; ISBN: 978-85-7631-427-1)


O que era Bric virou Brics, embora a expansão numérica, para incluir a África do Sul coincidiu, na verdade, com a redução do impacto desse grupo de emergentes na economia e na agenda mundiais, em vista do arrefecimento do crescimento em vários deles. Diplomatas e acadêmicos trataram, em seminários realizados em 2011 e em 2012, das possibilidades e limitações dos países membros, sob diferentes aspectos e em abordagens complementares. Gelson Fonseca, no texto inicial, formula a questão de saber se os Brics conseguirão influenciar a ordem mundial, e em qual sentido? Rubens Ricupero pergunta, por sua vez, se eles não seriam os “monster countries” mencionados pelo diplomata americano George Kennan, o que não deixa de colocar o tema da democracia. Boa questão, aliás ainda não respondida.

Relação de Originais n. 2498. Relação de Publicados n. 1106.

O mito do esgotamento do petroleo - Juan Morillo Bentue

Grato a meu amigo e colega blogueiro Orlando Tambosi por me chamar a atenção para este pequeno mas importante artigo.
Paulo Roberto de Almeida

 

¿Se agota el petróleo?

Juan Morillo Bentué

Instituto Juan de Mariana,19/09/2013

Uno de los sofismas económicos más difundidos por quienes buscan aprovecharse de la ignorancia económica de la gente es que los recursos naturales se están agotando. Esto, dicen sus defensores, acabará con la civilización actual debido a la crisis energética que provocará la carestía de las fuentes energéticas como, por ejemplo, el petróleo. Sin ir más lejos, en 1972 el Club de Roma dijo en su apocalíptico libro Los Límites del Crecimiento que no habría petróleo más allá de 1992.

Prácticamente desde los inicios de la Revolución Industrial oímos que los seres humanos están agotando los recursos naturales del planeta y los niveles de vida empezarán a declinar a menos que se tomen medidas inmediatas.

No deja de ser un mito. La realidad es muy distinta. Centrándonos en el petróleo, observamos que¡las reservas no dejan de aumentar! En 1882 se consideraba que las reservas eran de 97 millones de barriles; en 1932, 10.000 millones; en 1950, 100.000 millones; en 1980, 656.000 millones; en 1991 ya superaba el Billón de barriles; y en 2012 se cifran las reservas mundiales en casi 1,5 Billones de barriles de petróleo.


¿Cómo es posible esto si desde hace más de un siglo nos están diciendo que queda petróleo para 30 años?

Veamos. Cuando la demanda de un bien aumenta también lo hacen sus precios y los beneficios de las empresas que proporcionan ese bien. El petróleo no es una excepción. Este aumento de beneficios del sector hace que sea rentable comenzar buscar nuevas fuentes de petróleo en zonas que hasta ahora eran muy costosas de explorar. De esta manera se descubren yacimientos que hacen aumentar las reservas mundiales de petróleo.

Asimismo, nuestro conocimiento científico ha aumentado notablemente, pudiendo utilizar los medios de forma más eficiente, así como desarrollar nuevas técnicas y vías de descubrimiento y extracción de petróleo.

Vemos como los precios actúan de señal para que los productores y empresarios decidan qué hay que producir, en qué cantidad y para quién. Sólo de esta manera los recursos se asignan de forma eficiente generando riqueza. Únicamente los procesos de mercado (de forma espontánea y evolutiva) pueden ofrecer esa información relevante.

En este sentido, cuando el petróleo comience a escasear verdaderamente, el aumento considerable de precios hará que se desarrollen rápidamente sustitutos a esta fuente energética. De hecho, ya existen múltiples fuentes alternativas al petróleo, pero de momento no son rentables, asequibles y viables.

Lo importante no es que el petróleo se acabe. Quizás se acabe, quién sabe. Para entonces el ser humano tendrá otras muchas fuentes de energía desarrolladas. Lo único que necesita la civilización para que esto sea posible es que se respete el sistema de precios y la propiedad privada.

Conversao de arquivos digitais em arquivos de textos - OCR, by Guardamoria

Meu amigo Paulo Werneck sempre prestando bons favores aos pesquisadores.


Paulo Werneck
Blog Guardamoria, 19 Sep 2013 07:59 PM PDT

Os textos apresentados aqui no Guardamoria são, em geral, obtidos na Internet, sob a forma de arquivos de imagem (jpg, pnt) ou pdf, e convertidos para texto. Alguns, felizmente poucos, são copiados em bibliotecas.

Algumas conversões foram feitas na base da cópia pura e simples, ou seja, alguém lê o texto e o digita, mas existem ferramentas denominadas OCR, acrônimo de Optical Character Recognition, em vernáculo Reconhecimento Ótico de Caracteres, que fazem o trabalho de conversão automaticamente.

O primeiro problema é que os textos são cópias de textos antigos, impressos há séculos, com caracteres irregulares, muitas manchas de oxidação do papel ou da tinta, umidade, insetos, além do formato dos caracteres muitas vezes ser bem diferente do formato atual, em especial o "ſ", forma antigamente usada para o "s" em algumas posições na palavra, nunca no final, e que se parece extremamente com o "f".

Essas características acabam ocasionando muitos erros de conversão, que precisam ser corrigidos manualmente, pela comparação visual entre o texto original e o convertido mecanicamente.

Um segundo problema é o próprio software OCR. Há versões pagas, há versões on line. Guardamoria prefere as gratuitas, on line e simples de usar, que tenham razoável taxa de acertos, ou baixa taxa de erros.

Assim recomenda o Free Online OCR, da Smart Soft, disponível em free-online-ocr.com, uma ferramenta bem simples de usar: basta subir o arquivo (PDF, GIF, BMP, JPEG, TIFF or PNG), selecionar o formato de saída (DOC, PDF, RTFou TXT) e pressionar o botão "Convert".


Free Online OCR

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What is OCR?

OCR (Optical Character Recognition) is a technology that extracts the text from an image or a scanned document so that it can be edited, formatted, searched, indexed, automatically translated or converted to speech.
OCR can be used to convert books and documents into electronic format and to automate various business processes.
It's time to stop retyping. Just scan and OCR.

Cuba: companheiros continuam sustentando a economia moribunda - The Economist

Cuba: Additional agricultural agreement signed with Brazil

The Economist, 18/09/2013

Cuban officials have signed a co-operation agreement with their Brazilian counterparts, which it is hoped will reduce food imports and boost technology transfers to the benefit of Cuba's agricultural sector. The deal also underscores warming ties between the two countries.
Analysis
The co-operation agreement, which has a five-year scope, was signed by the Instituto de Investigaciones de Granos de Cuba (the Cuban grain institute) and Brazil's Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA, the rice institute of Rio Grande do Sur). As well as bolstering commercial ties it aims to improve co-operation through the exchange of technicians and boost productivity in Cuba's agricultural sector. Cuban officials hope that a secondary effect of this will be to improve Cuba's balance of payments by boosting domestic production of staples such as soya and corn, thereby reducing imports from Brazil.
The agreement indicates that the Cuban authorities are continuing to attempt to improve efficiency, productivity and output from the agricultural sector, which has disappointed in recent years and failed to meet official targets. It also follows an 2012 agreement between Brazilian company Odebrecht and the Cuban authorities to invest an initial US$60m in a sugar mill in the southern province of Cienfuegos. The involvement of Odebrecht, which is also involved in the US$800m construction of an industrial container port at Mariel near the capital, Havana, is expected to bring more modern equipment and management techniques to revive the industry. It is hoped the latest agreement will have a similar effect.
Impact on the forecast
The latest agreement supports our forecast for the agricultural sector to stage a moderate recovery in 2013-17. Its impact on Cuba's balance of payments is likely to be minimal in the short- to medium term and therefore does not have an impact on our forecast.

E la nave (dei compagni) va... -


As brasas ressurgem

Delúbio Soares, um dos condenados do Mensalão, pretende festejar a aceitação dos embargos infringentes com um churrasco na fazenda da família, em Buriti Alegre, Goiás. Festa assim não ocorria faz tempo, desde antes da descoberta do escândalo. Quando Delúbio era ainda tesoureiro do PT, seu churrasco de aniversário atraiu 18 jatinhos a festa na fazenda. Um deles, ao levar a São Paulo o deputado do PR Valdemar Costa Neto (hoje também condenado pelo Mensalão), derrapou na pista de Congonhas e acertou um carrinho de pipoca fora do aeroporto.

Foi assim que os não iniciados souberam da grande festa companheira.

Cala que eu te escuto

O ministro do Trabalho, Manuel Dias, do PDT, andou balançando no cargo, depois que várias pessoas bem colocadas no Ministério, ou bem relacionadas com ele, viraram alvo da Polícia Federal, por acusações diversas, todas ligadas a enfiar a mão onde não deviam (uma das acusadas é a esposa do ministro, Dalva Dias). O ministro ameaçou, caso fosse afastado do cargo, tomar providências "impublicáveis". Logo depois o Governo reafirmou sua confiança em Dias.

Mas, se o ministro sabe de algo irregular, tem obrigação legal de fazer a denúncia. Ou estará prevaricando, violando a lei. A ameaça que fez para manter-se no cargo também é estranha à legalidade e ao comportamento que se espera de um político. Os franceses poderiam até, fazendo biquinho, chamá-la de chantage.

Da coluna do jornalista Carlos Brckmann, 20/09/2013

Nao e' so' pelos 170 milhoes roubados pelo PT, senhores juizes... - Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo, 20/09/2013

Trinta pessoas protestaram na Avenida Paulista contra a admissão dos embargos infringentes na quarta-feira. Cinco atrizes postaram nesta quinta foto no Instagram em que aparecem, vestidas de preto com a legenda “atrizes em luto pelo Brasil”: Carol Castro, Rosamaria Murtinho, Nathália Timberg, Suzana Vieira e Barbara Paz. Aumentou meu respeito por elas. Artista que hoje não exibe o nariz marrom diante do partido do poder é coisa rara. Isso não quer dizer, obviamente, que sejam antipetistas — o que não tem a menor importância. Trata-se somente de um protesto contra a impunidade. No Distrito Federal, um grupo enviou 37 pizzas para o STF, endereçadas a Ricardo Lewandowski, que está tendo o seu trabalho devidamente reconhecido. Aqui e ali, houve outras pequenas manifestações de indignação. Mas resta evidente que nem o advento do deputado-presidiário nem o risco de o julgamento do mensalão desandar comoveram as ruas.
Quando Roberto Barroso, o “novato”, e Celso de Mello, o decano, decidiram demonizar as “multidões”, vociferando contra o clamor popular, eu fiquei aqui a me perguntar: “Mas a que clamor se referem estes senhores? Onde estão as multidões?”. Os truculentos já haviam expulsado do espaço público o povo de verdade enquanto aqueles dois batiam a mão do peito para exaltar a própria independência. Foi constrangedor. Não honra a biografia de um e não ajuda a construir a do outro. A miríade de grupelhos de esquerda, muitos deles financiados com dinheiro público, que alimentavam os protestos por intermédio das redes sociais já havia retirado o time de campo, num rápido processo de desmobilização. O PT foi muito eficiente no trabalho de contenção. E os setores da imprensa que estavam brincando de Primavera Árabe resolveram arrumar outra distração.
Se eu tivesse alguma dúvida — na verdade, como vocês sabem, nunca tive — sobre o real caráter das manifestações de junho, ela teria se dissipado agora. Não era “pelos 20 centavos”? Pois bem. Poder-se-ia criar agora o movimento “não é pelos R$ 170 milhões” — mais ou menos o valor a que se chegou na pequeníssima fatia do mensalão que foi investigada. O poder real do PT está hoje nos fundos de pensão, que conseguiram passar incólumes pela investigação. Onde estão os protestos?
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra a impunidade.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra um grupo que ousou se organizar para tomar a democracia de assalto.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma Justiça que se mostra incapaz de garantir aos réus as seguranças próprias de uma democracia e, ao mesmo tempo, demonstrar que essa democracia repudia o malfeito.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma óbvia operação de captura do Poder Judiciário por um partido político.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma Justiça que parece organizada para proteger malfeitores.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra o uso de dinheiro público para criar na Internet e nas redes sociais uma teia de apoio a larápios, que fraudaram o estado de direito.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra o uso de uma lei de incentivo à cultura para cantar as glórias de corruptos, peculadores e quadrilheiros.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra partidos e lideranças de oposição que silenciam diante do risco da impunidade.
Que fique claro! Não estou duvidando dos motivos de milhares que foram às ruas e da justeza de algumas de suas reivindicações. Estou aqui a destacar, isto sim, que aqueles protestos foram superestimados e, em boa parte, estimulados por setores da imprensa que tentam colar nas redes sociais num esforço meio desesperado e vão de acompanhar o frenesi. Ao fazê-lo, perdem profundidade, capacidade de análise e, infelizmente, a devida prudência.
Quaisquer que tenham sido os motivos que detonaram aqueles protestos — já escrevi muito a respeito —, nada aconteceu de mais grave do que o Poder Legislativo tentar inaugurar a sua “facção Papuda” e o risco de a corte suprema sofrer uma desmoralização inédita em tempos democráticos. Não, senhores! Não é só pelos R$ 170 milhões — só o escândalo recém-descoberto no Ministério do Trabalho pode chegar a R$ 400 milhões.

É pela afronta à dignidade.

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