O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Across the whale in (less than) a month (19): um bom final de férias, com livros e entre intelectuais...

Como relatado no post anterior, resolvemos acelerar a viagem, atravessando a caipirolândia sem novas incursões citadinas (Nashville passou batida, sob uma chuva torrencial) por um único motivo. Este:

Latin American Series Lecture
Mario Vargas Llosa in Conversation with Enrique Krauze on 'Politics and Culture in Latin America'
McCosh 50
Mario Vargas Llosa (PLAS Visiting Scholar and Recipient of the 2010 Nobel Prize for Literature)
Enrique Krauze (PLAS Visiting Scholar and Historian)
Cross-sponsored with the Spencer Trask Lecture Series
Program in Latin American Studies
Princeton University
309-316 Burr Hall
Princeton, NJ 08544 USA
(tel.) 609.258.4148 (fax) 609.258.0113
www.princeton.edu/plas

Valeu os 900 kms feitos numa segunda-feira sem outros atrativos do que a rápida visita a Charleston, capital de West Virginia, um pequeno estado corajoso, encravado entre o Kentucky, Ohio, Maryland e, sobretudo, a Virginia, da qual ele se separou corajosamente em meados do século 19, pois não queria compartilhar do escravismo renitente naquele estado vizinho que funcionou como capital da Confederação (em Richmond) durante a guerra civil, ou seja, a poucas centenas de quilômetros de Washington. West Virginia é um estado muito bonito, montanhas, vegetação, paisagens que lembram a Europa alpina, a Suíça, em certos trechos.
Como disse, também, aproveitei para comprar o mais recente livro de Niall Ferguson, The Great Degeneration, que fiquei lendo no auditório da universidade de Princeton, esperando a conferência começar.
Mas o dia foi ocupado por visitas a Princeton, que já conhecíamos de anteriores visitas, inclusive uma recente para o lançamento da biografia de Albert Hirschman por Jeremy Adelman (The Wordly Philosopher), que estou lendo ainda (tem mais de 800 páginas, mas já saiu de Berlim, e da Europa, já passei pela Segunda Guerra Mundial, pela Califórnia e por Washington, e atualmente estou seguindo o Hirschman na Colômbia).
Visitamos uma excelente livraria, a Labyrinth Books, na Nassau Street a principal de Princeton, onde Carmen Lícia comprou mais a sua pequena dezena de livros.

Eu me contentei com este aqui:
François Rachline,
De zéro à epsilon: L'Économie de la Capture
(Paris: Archipel First, 1991)

Um livro antigo mas que eu absolutamente não conhecia, mesmo tendo estudado em francês boa parte da vida, e sempre acompanhar os lançamentos da minha área. Em 1991, porém, estava em Montevidéu, e depois em Brasília. Passou-me, pois.
Quando cheguei em Paris, em 1993, já não encontrei mais o livro em destaque, e ele me escapou, impune, se ouso dizer, durante todo este tempo. Uma pena.
Trata-se de um estudo original, que rompe com o modelo usual de análise econômica, baseada no conceito de equilíbrio. O autor busca justamente explicá-la em termos de desequilíbrios e assimetrias, situando a abordagem econômica no contexto histórico, filosófico, epistemológico e cultural de cada época: uma maneira nova de abordar a economia. Vou ler...


Bem, volto à Lecture de Mario Vargas Llosa e de Enrique Krauze, dois grandes intelectuais latino-americanos, reunidos para falar de política, de literatura, de cultura, da América Latina de modo geral.

Confesso que não me acrescentou grande coisa, embora nunca tivesse visto pessoalmente o mexicano; já Vargas Llosa devo tê-lo visto pelo menos uma vez em Washington, no Cato Institute, e recentemente, por video, num programa Roda Viva da TV Cultura, quando ele deu um show de inteligência e bom humor. Eis uma foto tirada por Carmen Lícia ao início da palestra conjunta, os dois sentados democraticamente com suas garrafinhas de água de plástico, sem sequer um copo... Esses americanos são muito democráticos, sem dúvida.

A conversa dos dois, para quem acompanha a realidade latino-americana de perto, como eu, não apresentou grandes novidades, e o que ambos disseram, com exceção de alguns detalhes pessoais -- contatos com líderes políticos de seus respectivos países, leituras, observações de cunho direto -- já me era amplamente conhecido, da realidade política e econômica do Peru, do México, da Venezuela e de outros países. O Brasil foi abordado, basicamente pelo lado da corrupção, que parece que é o que nos distingue mundialmente, processo amplamente ampliado, se me permitem a redundância, pelos companheiros no poder.
Aliás, Vargas Llosa se enganou, ou foi enganado pelo STF, pois se referiu a "ministros do Lula" que "foram para a cadeia". Ele gostaria que fosse assim, nós também, mas infelizmente não é verdade, e os companheiros podem se safar, graças a juízes encomendados pelos companheiros.
Para Vargas Llosa, Humala foi uma "good surprise", e ele não se arrepende de tê-lo apoiado. Confesso que quando ele apoiou o candidato ex-chavista, em sua segunda tentativa, eu o considerei maluco, e achava que deveria ter ficado neutro. Mas ele justificou o gesto, considerando que Humala era o mal menor. Continuo achando que ele foi afetado pela sua derrota frente a Fujimori, ainda nos anos 1990, e nunca se recuperou. Provavelmente considerava que sua filha Keiko fosse libertar o ditador (que de certa forma derrotou os gueriilheiros malucos do Sendero Luminoso, e colocou o Peru no caminho da estabilidade econômica).
Krauze lamentou que a esquerda mexicana ainda não tivesse se modernizado, como suas congêneres do Chile, do Uruguai, de Peru (não citou a esquerda brasileira, pois deve saber que os companheiros adoram ditadores decadentes). Acha que o PRI que retornou ao México é diferente no plano federal, mas que a nível local (governadores e prefeitos), continua o velho PRI oligárquico e corrupto de sempre.
Ambos concordam em que o modelo chavista não tem nenhum futuro, e que a Venezuela só pode afundar de modo catastrófico, o que também acho.
Vargas Llosa foi especialmente crítico em relação aos intelectuais latino-americanos. Disse que sua influência na vida latino-americana, cultural e política, foi essencialmente negativa, pois sempre sustentaram causas erradas: socialismos soviético, maoista, e as piores ditaduras do continente e alhures. Agora ninguém mais os escuta, pois a classe média se tornou pragmática.
Krauze atalhou, para dizer que iria defender Vargas Llosa contra ele mesmo, ao dizer que como intelectual, ele tinha navegado contra a corrente, na boa direção.
Na parte das questões, a maior parte foi genérica demais, mas Vargas Llosa aproveitou para fazer uma defesa do livro, para ele ameaçado pelas novas tecnologias digitais.
Ele acha que o livro pode desaparecer. Pois eu acabo de ler uma matéria de imprensa, que informa que, graças a essas novas tecnologias, os e-books, os readers em tablets, os jovens estão lendo mais do que o faziam na era do livro apenas impresso.
Mas Vargas Llosa também tem razão quando diz que a escrita, na era digital, tornou-se mais medíocre, e que a única salvação da boa literatura continua sendo sob a forma de livros tradicionais.
Pode ser que ele esteja certo, mas não há impedimento que grandes escritores publiquem grandes obras da literatura em formato digital, já que o livro impresso vai continuar sendo relativamente mais caro...
Enfim, ele terminou com previsões sombrias, de um desaparecimento do pensamento crítico sob um mundo orwelliano de tecnologias digitais.
Ao fim e ao cabo, se disse otimista quanto ao futuro da América Latina, para ele cada vez mais democrática, mas não era nada otimista quanto ao futuro da humanidade (no plano do conhecimento e da grande literatura, se entende).

Foi um bom final de viagem.
Amanhã, vamos para a etapa final da viagem, de Princeton até Hartford, numa tacada só...

Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Deu no New York Times: capitalismo companheiro chegou ao seu limite

Que distinção: o Brasil ser contemplado por um editorial sério do New York Times...
Pena que não foi pelos bons motivos...
Aliás, o editorial já começa errado, falando de uma década de crescimento rápido, o que é absolutamente equivocado. O Brasil NUNCA passou de uma média de 4%, e alguns impulsos acima disso não se revelaram sustentáveis. Enquanto o Brasil não investir, não vai haver crescimento decente. E não pode haver investimento, se o governo continuar raspando dois quintos da riqueza produzida pela sociedade.
O Brasil tem uma poupança medíocre (17% do PIB, apenas), e uma carga fiscal elefantesca: 38% do PIB.
Investe menos de 20%, já que o governo não consegue deixar de sugar a riqueza social para gastos correntes.
Será muito difícil de compreender isto?
Leiam vocês mesmos:

EDITORIAL

Brazil’s Next Steps

After a decade of fast growth and rising incomes, Brazil has hit a rough patch that is testing its government’s ability to manage the economy and satisfy the growing aspirations of its people. President Dilma Rousseff, who faces elections next year, needs to push through policy reforms and public investment projects to revive growth and bring inflation under control.

Last year, Brazil’s economy grew only 0.9 percent because private investment slowed down. Analysts expect the growth rate to recover to 2.5 percent this year, but that is still far slower than the 7.5 percent the country achieved in 2010.
In June, tens of thousands of people joined street protests that were prompted by an increase in public-transit fares but quickly became a way for Brazilians to air broader grievances about the rising cost of living, weak infrastructure, political corruption and government spending on big sporting events like the 2014 World Cup. In response to the protests, Ms. Rousseff said she would push for political reforms and investments in infrastructure, but her government has not yet delivered on those promises.
Brazil has made impressive gains under Ms. Rousseff and her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Programs like Bolsa Familia, which provides cash to families if they immunize their children and send them to school, have bolstered incomes of the poor and improved their health. About 8 percent of Brazilians lived on less than $2 a day last yeardown from 20 percent 10 years earlier. Infant mortality has fallen by nearly 50 percent.
But while the incomes of the country’s poorest citizens have grown faster than those of its richest in recent years, income inequality remains high. And inflation, which erodes rising incomes, is taking a big toll on the poorest Brazilians. The country’s inflation rate was 6.09 percent in August, according to the central bank, which has raised interest rates several times this year.
People living in cities like São Paulo pay more for food, housing and other basic goods than people in other comparable countries. A big reason for the high prices is that the government has not built enough roads, railways, ports and other infrastructure to keep up with the economy’s growth. Brazil also imposes high import duties and taxes that inflate the price of many goods and services.
The country also needs to reform its education system, which does a poor job preparing young people for skilled jobs in the manufacturing and the service sector. In an international test of the reading, math and science skills of 15-year olds, Brazilian students scored lower than their counterparts in other Latin American countries like Uruguay, Mexico and Colombia.
Brazil has such chronic shortages of skilled professionals that the government is planning to import doctors from other countries. That might be a fine temporary solution, but the government needs to build more universities and improve teaching in primary and secondary schools to make sure more students can pursue higher education.
The nation has seen social advancements in a short time, and now its citizens expect more from their leaders.

Across the whale in a month (18): approaching the finish line

Chuva, chuva, temporais, tempestades, tornados e sabe-se lá o que mais.
Até Memphis, nossa viagem foi isenta de maiores emoções estradeiras, a não ser belas paisagens de montanhas, de desertos, de florestas, e aquela sucessão de McDonalds e BurguerKings pelas vias de acesso, quando se tratava de parar para gasolina, refrescos e alguma alimentação.
Até ali, sábado 5 de outubro, Carmen Lícia e eu já tínhamos feito mais de 6 mil milhas de viagem (ou seja, quase 10 mil kms), sem nenhum problema para o carro ou surpresas.
Domingo, sem que eu fizesse grande questão, lá fomos seguir aquela massa de americanos caipiras na visita a Graceland, a mansão kitsch de Elvis Presley. Eu, na verdade, não fazia nenhuma questão de ver aquelas coisas bregas, de quem passa (até hoje), por ser um ídolo do rock americano, amado por gerações (hoje de idade avançada, em sua maior parte) de fãs do gênero, em todo o mundo, especialmente nesse interior caipira dos EUA.
Enfim, dispenso-me de maiores comentários. Carmen Lícia pode comprar seus cacarecos presleyanos, fazer suas fotos daquelas coisas, e depois lá tocamos para a estrada.
Eu tinha resolvido acelerar o final da viagem, para poder estar em Princeton na terça-feira, dia 8, para ouvir Mario Vargas Llosa e Enrique Krauze. Carmen Lícia estava inteiramente de acordo, já que a travessia do que chamamos de caipirolândia é realmente muito chata.
Enfim, tem quem goste.
Nashville, por exemplo, ainda no Tennessee, é a capital da música country, vocês sabem, aquela coisa de Johnny Cash, e outros ainda mais bregas. Eu gosto do Willy Nelson, tanto que ouvi várias de suas músicas que tenho gravadas, nas centenas de quilômetros que vamos consumindo no carro sob todas as formas: radios locais, radio de internet, música do iPhone, pendrives carregados de músicas e algumas CDs levados e comprados aqui e ali (inclusive um com músicas do Ray Charles, que eu não conhecia, que comprei num correio de Santa Barbara).
Os imprevistos começaram justamente no domingo 6 de outubro, ao sairmos de Memphis, já depois do almoço.
Não foi possível parar em lugar nenhum, salvo o estritamente necessário para abastecer o carro, pois o dilúvio do Noé se abateu sobre nós.
Praticamente durante nove horas seguidas de viagem, durante 550 milhas (900 kms), viajamos sob chuva forte e muitos ventos.
Ufa! Conseguimos chegar ao final do Kentucky, depois de atravessar os dois estados sob chuva torrencial.
Segunda-feira, já sem chuva, foi outra corrida infernal: quatro estados (desde o Kentucky, passando por West Virginia, Maryland e Pennsylvania), até chegarmos a Nova Jersey, o que faz o quinto estado, mais exatamente em Princeton, onde chegamos tarde da noite: foram mais 563 milhas de estradas bastante boas, mas com inúmeros pontos de consertos e conservação, o que diminuiu o ritmo de viagem, onze horas, praticamente, contando as paradas para descanso e alimentação.
Carmen Lícia continuou fazendo muitas fotos das paisagens.
No caminho, paramos em Charleston, capital da West Virginia, que ainda não conhecíamos.
Foi inevitável comprar alguns livros, numa livraria do centro histórico.
Comprei o último do Nial Ferguson: The Great Degeneration, que andava namorando desde algum tempo, mas que esperava para comprar no Abebooks, por um punhado de dólares. Bem, custo pouco mais de 21 dólares, o que achei razoável. Carmen Lícia comprou vários de seu interesse: China, Oriente Médio, budismo, etc.

Aliás, enquanto eu percorrendo as estantes da Taylor Bookshop, na Capitol Street, estava pensando em quantos livros eu já acumulei em minha existência livresca. Já nem sei mais contar. Deixei milhares no Brasil, e só trouxe algumas centenas para os Estados Unidos.
Desde que chegamos, já comprei algumas dezenas, e só nesta viagem, em que procurei ser comedido, devo ter comprado dez ou doze. Carmen Lícia foi mais gulosa do que eu: o porta-malas do carro, o banco de trás, está cheio de livros dela; com razão, ela consegue ler mais do que eu.

Mas estive pensando em uma série que pretendo escrever, sobre livros, obviamente.
Já brinquei comigo mesmo, dizendo que, entre todos os livros que acumulei, e todos aqueles que não tenho mas que me interessam, e e que estão nas bibliotecas, nas livrarias, e os que ainda não foram publicados, mas que pretendo ler um dia, entre todos esses, sua leitura me exigiria mais uns 150 anos de vida, no meu estilo de leitura: cada linha, pensando, anotando, refletindo, eventualmente copiando citações para usar em trabalhos, para completar pesquisas, enfim, apenas pelo prazer de ler e guardar frases ou análises memoráveis.
Acho que não vai dar: 150 anos a mais acho que é um pouco exagerado, então vou ter de encurtar o processo.
Estou pensando em começar uma série, que intitulo, provisoriamente, de
Livros para ler Até o Fim dos Dias...
Nela, pretendo percorrer cada um dos livros ao meu alcance, e fazer uma anotação breve, ao estilo das minhas miniresenhas (mas provavelmente um pouco maiores, de duas páginas, aproximadamente), resumindo o livro, sem precisar ler linha por linha. Minha capacidade de absorção e de apreensão dos meus livros me permitiria fazer isso, o que seria até útil para ler apenas os que ainda valem a pena de serem lidos inteiramente.
Bem, vou começar com os que tenho em Hartford, e recolher mais alguns em Brasília, numa próxima ida.
O problema, como sempre, é guardar todos eles.
Já não tenho mais estantes disponíveis no apartamento. Vou precisar comprar mais.
Loucura infinita...
Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013

Woody Allen em Caracas, mas nao para uma comedia romantica, ao contrario...

"Bananas" é, possivelmente, o PIOR filme do jovem Allen, ainda cheio de estereótipos sobre a América Latina, misturando Cuba, México, o resto da América Central, enfim, uma confusão dos diabos e um filme horroroso, para chorar de raiva, não de riso.
Pois bem, o filme "Bananas" ainda parece bem melhor do que a comédia horrorosa que se passa atualmente na Venezuela, para chorar de desespero, pelo menos os venezuelanos, coitados.
Um dia os venezuelanos ainda vão rir do ridículo que estão passando. Por enquanto é viver no desespero...
Paulo Roberto de Almeida

Uma farsa atrás da outra

06 de outubro de 2013 | 2h 08
Editorial O Estado de S.Paulo
Parecia uma cena copiada de Bananas, a clássica comédia de Woody Allen, filmada em 1971, sobre golpes e revoluções na América Latina, em que o autor interpreta um impagável Fidel Castro. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, surge em rede nacional de TV para anunciar, em meio a um patriótico discurso comemorativo de uma batalha travada há 200 anos no norte do país, a expulsão de três diplomatas americanos. Ele os acusa de "fazerem ações (sic) para sabotar o sistema de eletricidade" nacional. E apela para o velho mote: "Yankees, go home!".
Na Venezuela chavista, diferentemente da máxima de Marx de que a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa, a história oficial é uma sequência interminável de farsas. Em março, pouco antes de comunicar a morte do caudilho a quem havia sucedido ainda em vida, Maduro mandou expulsar dois adidos militares dos Estados Unidos, sob a acusação de urdir "planos desestabilizadores". Na semana passada, deixou de participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, alegando riscos à sua "integridade física".
O trio inclui a principal enviada de Washington a Caracas, a encarregada de negócios Kelly Keiderling. Desde 2010, as respectivas representações estão sem embaixadores, embora os EUA sejam o maior comprador do petróleo venezuelano. Antes de se ir, a diplomata tomou a incomum iniciativa de convocar uma entrevista para responder à delirante versão de que ela e seus dois colegas haviam instigado atos de sabotagem contra o sistema elétrico venezuelano, além de repassar fundos à oposição, tendo em vista as eleições municipais de 7 de dezembro próximo no país.
O governo americano reagiu conforme o protocolo. Repeliu a invencionice contra os seus representantes e expulsou igual número de diplomatas venezuelanos. Com isso, esfumam-se as irrealistas expectativas de que a morte de Chávez pudesse levar a uma distensão das relações bilaterais, depois de 14 anos de ataques do bolivariano ao "maldito império del dólar", com o qual nunca deixou de fazer negócios.
Mas, como sempre, tudo vale na tentativa de jogar areia nos olhos do povo e impedir que o partido do regime se saia mal no pleito que se aproxima - e que Maduro considera um referendo sobre a sua gestão. Ela tem sido um completo desastre. Nada, rigorosamente nada, melhorou para os venezuelanos desde a eleição encharcada de fraudes do antigo vice de Chávez, em abril último. A rigor, quase tudo piorou. Segundo o Banco Central da Venezuela, o desabastecimento subiu para 20%, puxado pelos bens de consumo cotidiano - do leite ao papel higiênico. A inflação é da ordem de 40%, a mais alta da América Latina.
No paralelo, o dólar vale 42 bolívares, ante 6,3 no oficial. O volume das reservas em moeda forte desceu ao menor nível em nove anos, amputando a capacidade do país de importar gêneros de primeira necessidade, pagando em dólar. A criminalidade, a corrupção e os apagões seguem o seu curso habitual. Assim também as farsas. Maduro fala em adotar "medidas especiais" contra os meios de comunicação que estimulariam a corrida aos supermercados ao abordar a crise de escassez no país.
Seria um caso típico da proverbial profecia que se cumpre por si mesma, não fosse por um detalhe que desmancha a teoria conspiratória da "guerra psicológica contra a segurança alimentar do povo", no dizer de Maduro. Vários periódicos, sobretudo no interior, tiveram a circulação suspensa ou simplesmente fecharam por falta de tinta e papel de impressão. "O governo acusa os empresários privados de provocar desabastecimento", protestou o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, o uruguaio Claudio Paolillo. "Mas omite a falta de insumos para a publicação de jornais, sendo o único responsável por permitir sua importação." Maduro quer evitar a todo custo que o desabastecimento se torne tema da campanha eleitoral, constata o sociólogo venezuelano Luis Vicente León. "Por isso, ameaça a imprensa com a censura ou a autocensura."

A frase da semana: afinidades eletivas dos companheiros

“A esquerda brasileira sempre teve profunda identificação ideológica com Chávez, como o chavismo na Venezuela”.


José Guimarães, líder do PT na Câmara.

Está tudo explicado, então: eles são tão fascistas quanto o foi o finado coronel, que tinha o DNA do Mussolini.
Será que vão levar o Brasil para o mesmo desastre econômico da Venezuela?
Questão em aberto...

Brasil: crescimento padrao companheiros: mediocre, declinante, desquilibrado...

E deficitário também.
Eles conseguiram, finalmente, chegar ao seu próprio padrão, sem ajuda chinesa, sem estímulos da economia mundial, apenas com a própria incompetência da política econômica governamental...
Paulo Roberto de Almeida

FMI reduz a projeção de crescimento do Brasil em 2014 para 2,5%

Segundo as projeções, Brasil terá o menor crescimento entre países emergentes; para 2013, a previsão foi mantida em 2,5%

08 de outubro de 2013 | 10h 01
Altamiro Silva Júnior, enviado especial da Agência Estado
WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projeção de crescimento do Brasil em 2013, mas reduziu a de 2014. Os economistas do Fundo seguem apostando que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2,5% este ano, de acordo com o relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado nesta terça-feira (8) pelo Fundo no início de sua reunião anual. A estimativa é a mesma que havia sido divulgada em julho. Mas, para o ano que vem, a projeção anterior de alta de 3,2% do PIB foi reduzida para 2,5%.
Se o crescimento de 2,5% se confirmar em 2014, este será a menor alta entre os emergentes. Apesar de a projeção ter sido cortada, a Índia deve crescer 5,1% em 2014 e 3,8% em 2013. As projeções para o PIB da China também foram reduzidas e o documento diz que o país asiático terá nos próximos anos um ritmo menos intenso de crescimento do que vinha registrando. Em 2013, a previsão de crescimento da economia baixou de 7,8% para 7,6%. No ano que vem, foi reduzida de 7,7% para 7,3%.
No caso da Rússia, o PIB deve crescer 3% em 2014 e 1,5% em 2013. O documento ainda calcula uma alta de 2,9% da economia da África do Sul em 2014 e de 2% em 2013.
Os países emergentes, ressalta o FMI, estão registrando crescimento menor e devem contribuir menos com o avanço do PIB mundial este ano e nos próximos. As taxas de expansão destes mercados estão em torno de três pontos porcentuais abaixo do que eram em 2010, com Brasil, Índia e China respondendo por dois terços do declínio. No caso do Brasil e Índia, o relatório destaca que parte da desaceleração deve-se a uma infraestrutura insuficiente, que limita uma maior expansão da atividade, além de questões regulatórias.
A América Latina deve crescer 2,7% este ano e 3,1% no próximo, nos dois casos uma redução de 0,3 ponto porcentual ante a estimativa divulgada em julho. O México deve se expandir apenas 1,2% este ano. O país teve o maior corte na estimativa do PIB em 2013 no relatório de hoje, com redução de 1,7 ponto.
Manutenção da projeção
Foi a primeira vez em mais de um ano que o FMI manteve a projeção de crescimento brasileiro para 2013, já que o número vinha sendo reduzido a cada novo relatório com estimativas econômicas do Fundo desde meados do ano passado. Para 2014, a redução de 0,7 ponto porcentual na projeção do PIB brasileiro foi a maior entre os principais países com números divulgados hoje pelo FMI.
No relatório, o FMI destaca que a recuperação da economia brasileira deve continuar em ritmo moderado, ajudada pela alta do dólar e pelo consumo, além das políticas de estímulo do governo para incentivar o investimento. Mas o documento chama atenção para o fato de que a inflação alta pode pesar no desempenho do varejo ao reduzir o poder de compra da população. Incerteza política e problemas pelo lado da oferta também podem continuar a prejudicar a atividade econômica.
Em meio à inflação ainda alta, o FMI diz que o Brasil pode precisar elevar novamente os juros. "Em um grupo de países, incluindo Brasil, Índia e Indonésia, um maior aperto (na política monetária) pode ser necessário para fazer face à continua pressão inflacionária vinda da limitação da capacidade produtiva e que deve ainda ser reforçada pela recente depreciação da moeda", afirma o documento, que reserva boa parte de sua análise para descrever a desaceleração econômica dos mercados emergentes - movimento que acabou acontecendo em intensidade maior do que se esperava.
O FMI estima que o índice de preços ao consumidor vá subir 6,3% este ano no Brasil e 5,8% no próximo. O déficit da conta corrente deve ficar em 3,4% e 3,2%, respectivamente neste ano e no próximo. Já para a taxa de desemprego a previsão é de 5,8% e 6%. Ainda sobre o Brasil, o FMI alerta que a política fiscal do País precisa ser reforçada com urgência, dado o alto nível de endividamento.

Neomalthusianos ecologicos podem acabar com o reinado dos companheiros- Jorge Hori

O título é meu, mas o resto é desse excelente analista político, que me foi apresentado por meu amigo Mauricio David.
Paulo Roberto de Almeida

Ruptura definitiva
Blog do Jorge Hori, 7/10/2013
O que mais está assustando os petistas não foi apenas a coligação de Marina Silva com Eduardo Campos, mas o seu discurso. Ressentida, revoltada e indignada apesar da fala leve e mansa do seu discurso.
O grande golpe perpetrado por Lula e pelo PT, percebendo as falhas de Marina Silva e seus adeptos ou simpatizantes na coleta das assinaturas foi valer-se da lei para tirá-la do jogo.
Deixando de ser candidata, a maioria dos seus quase 20 milhões de eleitores votaria preferencialmente em Dilma e uma grande parte não votaria em Aécio Neves ou em qualquer outro candidato do PSDB. 
Petista de carteirinha não vota em tucano de jeito algum. E uma grande parte dos eleitores marinistas eram oriundos do PT. 
Sem Marina Silva na disputa voltariam a votar no PT, propiciando a Dilma uma vitória no primeiro turno. Se, porventura, a eleição fosse para o segundo turno, Eduardo Campos também voltaria à aliança com o PT, deixando Aécio Neves isolado.
De qualquer forma sem Marina Silva na disputa, a reeleição de Dilma estaria assegurada.

Mas o golpe petista, acabou resultando num "tiro no pé".

Marina Silva levou ao "pé da letra" a famosa frase que teria sido proferida por Getúlio Vargas que já aqui usamos: "para os amigos tudo, para os inimigos o rigor da lei".

Percebeu a sua ingenuidade no processo de coleta das assinaturas, porque não aceitou os alertas de que os cartórios estavam tendo atividades suspeitas. Preferiu acreditar na lisura e na seriedade dos Cartórios Eleitorais, da mesma forma que foram defendidos por Carmem Lúcia.

Mas ao perceber a efetividade do golpe, aceitou-o como uma guerra não declarada e manifestou-a publicamente.

O seu discurso é de ruptura definitiva com o PT. Entendeu que foi tratada como inimiga e como inimiga agora que destruir o contendor. Sentiu-se traida na confiança.

Engajou-se no movimento "chega de PT", aliando-se a Eduardo Campos e, indiretamente, com Aécio Neves.

Quer acabar com a hegemonia do PT e o chavismo.

O seu discurso sublminar aos marineiros é "não votem mais no PT": ele é nosso inimigo.

Ou para não ser tão radical: "ele nos trata como inimigos". 

É só ver as manifestações colocadas na rede social. Que não tem a diplomacia ou educação de Marina.

Apesar disso muitos continuarão votando no PT, por tradição e sedução. 

E  Marina aliando-se a Eduardo Campos oferece uma alternativa a quem não quer votar em Aécio Neves, um tucano.

Sem os votos de grande parte dos marineiros, principalmente os jovens Dilma terá grande dificuldade de vencer no primeiro turno, embora possa ter mais votos que cada um dos demais individualmente.

Indo para o segundo turno terá que enfrentar a aliança dos "chega de PT", que terá maior possibilidade de vitória.

O golpe do PT tornou uma vitória de Dilma que parecia certa, com o afastamento de Marina Silva do jogo, em mais problemática.

Terá que cuidar muito da sua reação e dos lances seguintes, para arrumar os estragos e não piorar a situação.
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A strategic response

The Brazilian electoral-political framework is not easy to be understood by foreigners.

The Workers' Party (PT) has been in power since 2003, with the election of a trade unionist, Lula, that even outside the formal power since January 2011, is still the main leader of the PT and governs its actions.

The PT was formed out of opposition to the military dictatorship, along with the then MDB (Brazilian Democratic Movement). From it, by splitting, arose PSDB (Brazilian Social Democracy Party).

Lula, after two terms, successfully led the election of Dilma Rousseff, and also repeated the feat managing to elect an almost electorally unknown as Mayor of the City of São Paulo, and intends to repeat the miracle in the next election for Governor of the State of São Paulo.
There’s a gossip that he may have said “If I wish I can make even a pole elect”…

His main goal now is to have Rousseff reelected, to maintain political hegemony for another 4 years, after which he, personally survive and if there is no other strong candidate of the PT, will run for election. In Brazil there is possibility of reelection for another term and there is no impediment for a former president to run again.

But over and above this, his goal under personal idiosyncrasy is to avoid that the PSDB, former ally against the military dictatorship, return to power.

There are no major programmatic differences between the two parties, but in the way to participate in the elections and how to conduct government.
There is a deep hatred of the historical “petistas”, against the former President Fernando Henrique Cardoso to have delayed the conquest of power by the PT. They still think that FHC betrayed them and took the place that should be of Lula in 1996, when he was first elected, defeating Lula.
Even having defeated the PSDB candidate in 2002, the deadly hatred continues, despite this party being always divided and not having a strong candidate to face the current President.

DilmaRousseffwas living in a tranquil perspective of re-election, based on the votes of the poor that PT benefits from social programs, but two facts undermined her position: the resurgence of inflation, which the people call the “carestia” (sort of "famine" - rising of prices of what one has to buy) and then large demonstrations in the streets of major cities, initiated by angry young people, but that mobilized the urban middle class.

The poorest were only as the spectators, but all have an obligation to vote. This is the trump card of the PT, which has greater ability to affect the hearts and minds of the poorestvoters.

But in the midst of these demonstrations the people found a third figure, characterized by honesty and distune with the set of Brazilian politicians, almost all "tail stuck" and defenders of the status quo and their privileges:
Marina Silva, a former rubber tapper, advocate of environmental causes and Evangelical, a PT member from its beginning, believing in the innovative and ethical propositions of the party. When it abandonedits ethical proposals, she left the party and in the last elections in 2010, reached 20 million votes.

By becoming an alternative to the presidential election she was seen as a PT enemy, and Lula acted to derail her candidacy.
Taking advantage of amateurism in mounting her party, the “Rede” (Network), Lula maneuvered so that the Regional Electoral Registrars retain the confirmation of registration forms in the party, and got the Electoral Court reject, on grounds of legal bureaucracy, the record of her new party.

She was left with two basic options: join another party to keep her candidacy for president, in this case preferably the PPS (Popular Socialist Party), former Brazilian Communist Party, still leftist, but allied to the opposition to the Government. Or quitting the application while maintaining a programmatic coherence and continue the struggle to legalize her party, became clandestine.

That was the main hope of the PT, taking her out of the electoral race, so as not to disturb the re-election of Rousseff.

But surprisingly, she adopted a third way, more threatening to Dilma: she  teamed up with one of the alternative candidates against re-election of Rousseff, Eduardo Campos, Governor of the State of Pernambuco and president of his party, the PSB (Brazilian Socialist Party).

Until recently a member of the governing coalition, the PSB dissented with PT and aims to be an alternative to the dichotomy PT x PSDB.

Marina Silva entirely shuffled the framework of electoral competition, and was a strategic move to counterattack the PT moves to derail her candidacy.
No longer will be presidential candidate, but strengthens an alternative candidate.
She did exactly what the PT did not want and did not desire.
Treated as "enemy" by PT she hit back.

But the game continues and there is still exactly one year to the elections.


Anyway, the positions on the chess board changed and Rousseff now has two strong opponents, Campos, PSD, and AécioNeves, PSDB, that will play combined, but in different fronts, with a common goal: wear out Roussef’s popularity.

Brasil: universidades padrao companheiros? A queda da USP era esperada- Editorial Estadao

A USP sai da elite mundial

Editorial/OESP/08out13
Dois anos depois de ter ficado entre as 200 melhores universidades do mundo, no levantamento comparativo que a Times Higher Education vem realizando desde 2004, a USP despencou no ranking. Em 2012, a instituição foi classificada no 158.º lugar. Na pesquisa de 2013, ela figura entre as 226 e 250 melhores (o estudo não revela a posição de cada universidade depois do 200.º lugar).
A segunda melhor instituição brasileira no ranking - a Unicamp - nem sequer aparece entre as 300 primeiras. A classificação leva em conta o orçamento de cada universidade, o nível de ensino, a reputação do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, a quantidade de pesquisas e o volume de receitas delas decorrente, citações de artigos em periódicos de prestígio mundial, a influência das pesquisas na inovação industrial e o grau de internacionalização. Para o ranking de 2013, a Times Higher Education entrevistou mais de 10 mil acadêmicos e analisou cerca de 50 milhões de menções em revistas científicas.
Dos países que tinham ao menos uma universidade entre as 200 melhores nas edições anteriores da Times Higher Education, o Brasil é o único que não está mais na lista. No levantamento de 2013, há 26 nações com universidades bem avaliadas - e nenhuma delas é da América Latina. Os Estados Unidos, com 77 instituições, lideram o ranking, seguidos do Reino Unido, com 31. Apesar das dificuldades financeiras e políticas por que passam, Espanha e Turquia entraram para o grupo de elite.
Para os especialistas em educação, a saída do Brasil da elite universitária mundial afetará negativamente a imagem externa do País. "Com seu tamanho e poder econômico, o Brasil precisa de universidades competitivas internacionalmente. É um golpe perder a única entre as 200 no topo do ranking", diz o editor da Times Higher Education, Phil Baty. "Um país do porte do Brasil precisa ter mais universidades de nível global para o crescimento com base em inovação científica", afirma a especialista que analisou o sistema educacional brasileiro, Elizabeth Gibney.
A queda da USP no ranking da Times Higher Education se deve a vários fatores. A instituição apresenta problemas na proporção entre doutores e alunos da graduação. Tem um número baixo de doutorados premiados por mérito acadêmico. E o desempenho nos indicadores de reputação internacional caiu, apesar dos programas de internacionalização adotados pela instituição. A reputação é medida por questionários enviados a milhares de acadêmicos em todo o mundo.
Segundo os especialistas, se os professores e pesquisadores da USP e das demais universidades brasileiras publicassem mais artigos em revistas internacionais com conselho de arbitragem, a imagem melhoraria. Nos últimos anos, nossas universidades aumentaram a produção de artigos, em termos absolutos, mas a qualidade - medida pelo total de citações nos periódicos mais respeitados - deixa a desejar. Além disso, as atividades de intercâmbio internacional de nossas instituições de ensino superior são muito baixas - só nos últimos dois anos é que o País ampliou seus investimentos na área, com a criação do Ciência sem Fronteiras. E, mesmo assim, muitos bolsistas desse programa não têm o domínio de outros idiomas, o que compromete seu aprendizado numa instituição estrangeira. O inglês é apontado como um dos principais obstáculos para pesquisadores brasileiros em trabalhos e publicações científicas no exterior.
Uma parte dos problemas que afligem nossas universidades resulta de dificuldades burocráticas e falta de foco na definição de prioridades. Outra parte resulta do viés ideológico das autoridades educacionais - desde a ascensão do PT ao poder, elas desqualificam os órgãos responsáveis pelos levantamentos comparativos e insistem em aumentar a quantidade de universidades federais, abrindo campi onde não há demanda, admitindo alunos antes de existirem instalações adequadas, criando cursos noturnos sem preocupação com a qualidade e aumentando os custos do ensino superior sem modificar seus objetivos e formas de atuação.

Nao espiona e nao deixa ninguem espionar: aventuras sherloquianas doscompanheiros - Guilherme Fiuza

Guilherme Fiuza


Dilma foi à ONU e acabou com Barack Obama. Lendo com fúria o discurso terceiro-mundista que algum Marco Aurélio Garcia ajuntou para ela, deixou os yankees apavorados. Falando sobre espionagem digital, a presidente brasileira deu uma lição de direito e democracia aos americanos, com sua autoridade de aliada de Cuba, Irã, Síria e Venezuela. E Dilma fez mais: cancelou a visita que faria neste mês aos Estados Unidos. A maior potência mundial talvez não resista a esse golpe.

Obama inventou uma briguinha com o Congresso e fez seu governo parar de funcionar - tudo para ganhar tempo e pensar o que fará sem Dilma. A Casa Branca estaria tentando negociar pelo menos a substituição dela por outra grande líder do Brasil transparente - como Erenice Guerra ou Rosemary Noronha -, mas o Planalto estaria irredutível.

A ética petista não transige com espiões, não tolera governos que abusam de seu poder para fins de dominação política. Tanto que a espionagem do sigilo bancário do caseiro Francenildo foi feita sem qualquer invasão de privacidade - a conta era num banco estatal, e as estatais, como se sabe, são deles, e ninguém tem nada com isso. Inclusive, Marcos Valério levava tranquilamente sacos de dinheiro do Banco do Brasil para o PT, tudo em casa. Agora os Estados Unidos aprenderão com Dilma a respeitar o que é dos outros.

Alguns críticos neoliberais, elitistas e burgueses andaram dizendo que o discurso de Dilma na ONU foi uma bravata pueril, uma lambança diplomática. Disseram que Oswaldo Aranha e o Barão do Rio Branco se reviraram nas catacumbas com a transformação da assembleia da ONU em assembleia do PT, onde o que vale é rosnar contra o "inimigo" para excitar a militância e descolar uns votos. Esses críticos acham que a gritaria de Dilma em Nova York e o cancelamento de sua visita aos EUA fazem bem ao PT e mal ao Brasil. São uns invejosos.

Quando o assunto é espionagem e manipulação de dados protegidos, o governo popular sabe do que está falando. Uma de suas obras-primas na matéria foi o vultoso Dossiê Ruth Cardoso - uma varredura em registros contábeis sobre a ex-primeira-dama. Na ocasião, o primeiro escalão do governo Lula era denunciado por uso abusivo dos cartões corporativos. O material sobre as despesas de Dona Ruth não trazia nenhuma irregularidade, mas virou um "banco de dados" nas mãos da "inteligência" aloprada, acostumada a envenenar informação e jogar no ventilador.

O Dossiê Ruth Cardoso foi montado na Casa Civil pela ainda desconhecida Erenice Guerra. Sua chefe se chamava Dilma Rousseff- essa mesma que agora ensina Obama a não futricar a vida alheia.

Ela pode ensinar, porque entende de invasão. Segundo a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, a então ministra chefe da Casa Civil Dilma Rousseff- a quem Lina não era subordinada - ordenou-lhe que desse cabo de um processo o companheiro Sarney. Após a denúncia, Lina aceitou ser acareada com Dilma, que dessa vez preferiu não se meter com ela.

Na campanha presidencial de Dilma em 2010, funcionários de seu comitê invadiram o sigilo fiscal da filha de seu adversário eleitoral. Era mais uma tentativa de dossiê, traficando dados protegidos por lei. Que Obama compreenda de uma vez: ou para de espionar os outros ou se filia ao PT, que aí não tem problema.

Enquanto Dilma lia seu panfleto na ONU, o Brasil registrava o primeiro déficit nas contas públicas desde 2001. O mês de agosto de 2013 passa à história como um marco do governo popular: após dez anos zombando das metas de inflação e de superávit, os pilares da estabilidade econômica, torrando dinheiro público com sua Arca de Noé ministerial e o dilúvio de convênios piratas, o PT conseguiu levar o Brasil de volta ao vermelho.

Mas está tudo bem. Basta olhar para os manifestantes nas ruas, ninjas, black blocs, sindicalistas e arruaceiros light para entender que o negócio hoje é brincar de revolução. Nessa linha, nada mais excitante que a "presidenta-mulher falando grosso" com os imperialistas. O Brasil entrega as calças, mas não admite acordar desse conto de fadas. Feliz 2019.

Incompetencia no ensino produz adultos incompetentes; alguma novidade nisso?

O estudo compara os EUA com outros países. Mas se o Brasil fosse comparado, os resultados seriam catastróficos. Os EUA ainda são uma grande potência porque importam cérebros de todo o mundo, e porque o sistema de R&D e a produção científica são inigualáveis, mas se dependessem apenas do ensino público seriam uma potência medíocre, como a Rússia ou a China. O que os salva é o sistema de livre competição num mercado e num país incomparavelmente livres.
Liberdade é um grande fator de produção...
Enquanto isso, a USP foi retirada da lista das 200 melhores do mundo...
Paulo Roberto de Almeida

U.S. Adults Fare Poorly in a Study of Skills


American adults lag well behind their counterparts in most other developed countries in the mathematical and technical skills needed for a modern workplace, according to a study released Tuesday.
The study, perhaps the most detailed of its kind, shows that the well-documented pattern of several other countries surging past the United States in students’ test scores and young people’s college graduation rates corresponds to a skills gap, extending far beyond school. In the United States, young adults in particular fare poorly compared with their international competitors of the same ages — not just in math and technology, but also in literacy.
More surprisingly, even middle-aged Americans — who, on paper, are among the best-educated people of their generation anywhere in the world — are barely better than middle of the pack in skills.
Arne Duncan, the education secretary, released a statement saying that the findings “show our education system hasn’t done enough to help Americans compete — or position our country to lead — in a global economy that demands increasingly higher skills.”
The study is the first based on new tests developed by the Organization for Economic Cooperation and Development, a coalition of mostly developed nations, and administered in 2011 and 2012 to thousands of people, ages 16 to 65, by 23 countries. Previous international skills studies have generally looked only at literacy, and in fewer countries.
The organizers assessed skills in literacy and facility with basic math, or numeracy, in all 23 countries. In 19 countries, there was a third assessment, called “problem-solving in technology-rich environments,” on using digital devices to find and evaluate information, communicate, and perform common tasks.
In all three fields, Japan ranked first and Finland second in average scores, with the Netherlands, Sweden and Norway near the top. Spain, Italy and France were at or near the bottom in literacy and numeracy, and were not included in the technology assessment.
The United States ranked near the middle in literacy and near the bottom in skill with numbers and technology. In number skills, just 9 percent of Americans scored in the top two of five proficiency levels, compared with a 23-country average of 12 percent, and 19 percent in Finland, Japan and Sweden.
“The first question these kinds of studies raise is, ‘If we’re so dumb, why are we so rich?’ ” said Anthony P. Carnevale, director of the Georgetown University Center on Education and the Workforce. “Our economic advantage has been having high skill levels at the top, being big, being more flexible than the other economies, and being able to attract other countries’ most skilled labor. But that advantage is slipping.”
In several ways, the American results were among the most polarized between high achievement and low. Compared with other countries with similar average scores, the United States, in all three assessments, usually had more people in the highest proficiency levels, and more in the lowest. The county also had an unusually wide gap in skills between the employed and the unemployed.
In the most highly educated population, people with graduate and professional degrees, Americans lagged slightly behind the international averages in skills. But the gap was widest at the bottom; among those who did not finish high school, Americans had significantly worse skills than their counterparts abroad.
“These kinds of differences in skill sets matter a lot more than they used to, at every level of the economy,” Dr. Carnevale said. “Americans were always willing to accept a much higher level of inequality than other developed countries because there was upward mobility, but we’ve lost a lot of ground to other countries on mobility because people don’t have these skills.”
Among 55- to 65-year-olds, the United States fared better, on the whole, than its counterparts. But in the 45-to-54 age group, American performance was average, and among younger people, it was behind.
American educators often note that the nation’s polyglot nature can inhibit performance, though there is sharp debate over whether that is a short-run or long-run effect.
The new study shows that foreign-born adults in the United States have much poorer-than-average skills, but even the native-born scored a bit below the international norms. White Americans fared better than the multicountry average in literacy, but were about average in the math and technology tests.

O fascismo em construcao: capitalismo companheiro ainda nao produziu resultados

Não para o país em todo caso. Apenas para os companheiros e seus apaniguados, inclusive o filho do guia genial dos povos, que ficou milionário, assim, do nada, apenas com aporte das empresas beneficiados pelos atos do pai.
Para quem não sabe, isso é fascismo, ou seja, usar o Estado para controlar a economia, e beneficiar os membros do partido totalitário.
Paulo Roberto de Almeida

Mais um sonho desfeito

08 de outubro de 2013 | 2h 11
Editorial O Estado de S.Paulo
Além de sua importância para o mercado e para os investidores, a fusão da companhia brasileira de telecomunicações Oi com a Portugal Telecom, que assume a gestão da nova empresa, tem também um significado político de grande relevância. Ela simboliza o fracasso - mais um, entre tantos outros - da política do governo do PT de mobilizar grande volume de recursos públicos, beneficiar grupos empresariais privados por ele escolhidos e modificar regras e normas para formar o que vinha chamando de empresas campeãs nacionais capazes de conquistar espaço no mercado internacional. É mais um sonho de grandeza criado durante o governo Lula que se desvanece na realidade da vida empresarial.
A história da Oi e de suas antecessoras é, em boa medida, a história do ativismo e do intervencionismo estatal no setor de telefonia muitas vezes justificados pela necessidade de viabilizar a entrada de empresas privadas em setores antes dominados por estatais, mas também marcados por intrigantes trocas de favores.
O leilão de concessão da Tele Norte-Leste, que reunia operadoras de 16 Estados até então controladas pela Telebrás, foi vencido em 1998 pelo grupo - formado, entre outras, por uma empresa da área comercial, uma construtora de grande porte e companhias de seguro - que ofereceu ágio de apenas 1%. Para viabilizar a operação, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entrou no consórcio com significativa participação no capital, mas com a disposição de dele se retirar assim que houvesse um investidor para assumir a sua parte.
Dez anos depois, na metade do segundo mandato de Lula, o governo voltou a apoiar o grupo, já com o nome de Oi, para viabilizar a compra da Brasil Telecom (BrT), com o que se formaria o que se chamou de "supertele" brasileira, uma empresa forte financeiramente e com capacidade técnica para operar em outros países. Seria o que, na área de telecomunicações, o BNDES passou a chamar de empresa campeã, cuja constituição apoiaria fortemente.
Para permitir a formação da "supertele", além de assegurar-lhe apoio financeiro, o governo teve de mudar o Plano Geral de Outorgas (PGO), dele eliminando a regra segundo a qual a operadora poderia atuar em apenas uma das quatro regiões em que o País foi dividido. Assim, a Oi tornou-se a primeira tele de alcance nacional.
Não passou despercebido, na ocasião, o fato de que, entre os principais sócios da Oi, estava a construtora Andrade Gutierrez, principal financiadora da campanha que levou Lula à Presidência da República. Igualmente foi observado que a Oi tinha sido investidora da Gamecorp, empresa especializada em produção de programas de televisão e de jogos para celular, da qual o principal sócio era Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente da República.
Mas, em vez de se transformar na "supertele" pretendida pelo governo, a Oi - cujos sócios principais, desde o início, não eram do setor de telecomunicações - passou a enfrentar dificuldades, sintetizadas na dívida de mais de R$ 29 bilhões. A soma das dívidas da Oi e da Portugal Telecom alcança R$ 45,6 bilhões. A capacidade de geração de recursos, expressa no conceito de Ebtida (lucro antes dos juros, depreciações, amortizações e impostos), nos últimos 12 meses alcançou R$ 12,5 bilhões. Ou seja, a dívida é 3,64 vezes maior do que a capacidade de geração de recursos, relação um pouco maior do que a considerada tolerável pelos analistas financeiros (de 3,5 vezes).
O BNDES investiu cerca de R$ 18 bilhões na criação das "campeãs nacionais". Elas receberam recursos do banco público para operações de fusão ou aquisição, inclusive no exterior. Uma delas, a Lácteos Brasil (LBR), em regime de recuperação judicial, impôs prejuízos estimados em R$ 700 milhões ao banco estatal. Já as ações de outras empresas escolhidas como "campeãs" tiveram forte desvalorização desde a entrada do BNDES. O valor de mercado da Oi, por exemplo, que alcançou R$ 13 bilhões na época da compra da BrT, chegou a cair para R$ 7 bilhões. O BNDES e diversos fundos de pensão de estatais são acionistas da Oi.

Ascensao do fascismo tupiniquim: Klauber Pires e Paulo Roberto deAlmeida

Desde muito tempo, afirmo que as esquerdas, na América Latina, são mais fascistas do que comunistas ou socialistas, e isso por uma razão muito simples: elas são estúpidas, mas não são burras.
Estúpidas porque NUNCA aprenderam com a História ou com a economia. Continuam a acreditar em coisas impossíveis, contraditórias, estúpidas.
Mas não são burras: viram, nos últimos 30 anos, os regimes socialistas clássicos implodirem um a um. Sobraram dois stalinismos ridículos e miseráveis nas antípodas do planeta. Concluiram que aquele socialismo não dava mesmo certo. Mas são desonestas, ao jamais reconhecer isso e ainda se proclamam socialistas, quando são apenas fascistas, ou seja, querem o controle de tudo e de todos pelo Estado super-poderoso, desde que o controlem, o que fazem pela propaganda enganosa, pela mentira e pela mistificação, enquanto distribuem migalhas aos pobres, base do seu poder, e enriquecem o seu partido e a si mesmas com o butim que roubam do Estado, ou seja, dos empresários e trabalhadores, os únicos que criam riqueza.
Quem não reconhece isso, ou é cego, ou quer enganar a si mesmo.
Por isso concordo inteiramente com o argumento abaixo do colega blogueiro Klauber Pires, em seu post no Libertatum.
Só discordo do título: o fascismo não se encontra no ocaso, mas está ainda em ascensão. O mais incrível é que políticos tradicionais (do PSDB, do PSB, os Verdes, e outros) também são fascistas, embora ingenuamente, sem o saber. Eles também acreditam que um Estado grande, ou para eles "generoso", pode fazer o bem para a população. Não por outra razão continuam a aprovar mais e mais redistributivismo estatal. Estão alimentando, sem querer, ou querendo (e sendo estúpidos), o ogro estatal. Nosso fascismo ainda está em ascensão, caro Klauber: todos os políticos prometem um Estado melhor e mais compassivo com os pobres. Vão ter o que não querem: um Estado fascista, que alimenta as hordas de mandarins e marajás estatais, e perpetua o atraso, que é sobretudo mental. As pessoas precisam saber disso.
Eu nunca deixei de denunciar o fascismo sob a roupagem do esquerdismo progressista. Tempos sombrios os nossos...
Paulo Roberto de Almeida
O ocaso do fascismo tupiniquim?
Prezados leitores,

Desde há bastante tempo, na verdade bem antes de isto  começar a ser divulgado pela grande mídia, que ainda nem sequer se encorajou a colocar as coisas nestes termos), tenho demonstrado que no Brasil vigora uma espécie de nazismo (ou fascismo, como queiram). 

Explico: parece entre os comunistas (e neste termo deve-se compreender os socialistas em geral, inclusive e principalmente o PT), que tomar a titularidade da propriedade dos meios de produção é algo contraproducente, dada a histórica incompetência deles nesta área, e de difícil consecução, haja vista tratar-se de um país gigantesco e dotado de uma economia grande e diversificada como o Brasil.

Então, a alternativa tem sido manter a titularidade das empresas com seus respectivos proprietários, mas tributá-los até um limite que considerem próximo da exaustão, bem como regulamentar a atividade produtiva (bem como a vida privada) a um nível tão absurdo que mesmo as coisas mais comezinhas permaneçam sob a decisão do estado. 

Com as rédeas em uma mão e um chicote na outra, o governo  conduz a economia e o comportamento das pessoas na direção que deseja, e de quebra, ao submeter o empresariado, cria para si uma rede de simbiose entre uma parcela selecionada, de modo a privilegiar os que forem capazes de lhes patrocinar a manutenção no poder, oferecendo em contrapartida seus fiscais para a perseguição aos desafetos de seus protegidos, ou ao menos para obrigar o restante a trabalhar mais para pagar a conta.

A esfervescência de normas administrativas com efeito de lei,  chamada de legislação administrativa, isto é, que não provém do devido processo legislativo de origem parlamentar, com algum nível mínimo de representatividade, que no Brasil já é bastante comprometida pelo voto proporcional, gera tamanho caos que não é incomum que certas normas de um órgão entrechoquem-se com as de outro, levando os cidadãos que têm empresas sob sua responsabilidade, sejam donos, diretores, gerentes ou profissionais especializados, a um estado sem saída. 

No Brasil, qualquer empresário há de reconhecer que passa mais tempo trabalhando para o governo do que para os objetivos sociais e econômicos do seu negócio. 

Pasmem os leitores se ainda é tempo de se surpreender com alguma coisa, que uma amiga minha, dona de um pequeno restaurante, recentemente informou-me que foi notificada a pagar uma multa para a Secretaria de Estado da Fazenda do Pará - SEFA, por não ter cumprido uma cota mínima de clientes que forneceram o seu CPF para a campanha "Nota Fiscal Cidadã".  Inconformada, ela me revelou que absolutamente ninguém quer fornecer o CPF e que não tem como forçá-los a tanto, no que tem ampla razão, e digo mais, que é um absurdo a priori  - antes mesmo de ser inconstitucional - que o estado obrigue os empresários a servir como funcionários da SEFA; em tempo, mesmo que efetivamente fossem funcionários daquele órgão, ainda assim não teriam como forçar os cidadãos a declarar seus respectivos CPF's no momento em que realizam suas compras. 

Eis o estado de coisas a que o positivismo kelsenista nos trouxe. No direito natural, prepondera uma conexão transcendental entre a ordem mundana e a divina, cujos liames  alçam o indivíduo à condição de finalidade precípua de todo e qualquer arranjo social. No positivismo, ao contrário, proclama-se como fundamento bastante de validade a própria vontade do estado, transformando esta entidade em fim e os cidadãos em meio. Opera-se aí uma maligna inversão de valores. 

Com a ascensão ao poder do PT, o nazi-fascismo verde-amarelo conquistou o seu ápice, tendo como marco a capa da revista Veja retratando a figura de Eike Batista como um dos homens mais ricos do planeta a ditar receitas de uma nova filosofia empresarial.

Dez anos se passaram, e hoje podemos começar a avaliar os efeitos das políticas de intervencionismo e favorecimento estatal: 

  1. O grupo OGX, de Eike Batista, deverá ainda neste mês pedir a falência; 
  2. Praticamente todo o setor elétrico, englobando as fornecedoras e as distribuidoras, está falido, com muitas regiões do Brasil à beira de um iminente apagão; 
  3. As empresas de telefonia, endividadas até a pleura, são campeãs de reclamações nos Procons, principalmente por cobranças indevidas, e a cada dia, digo por experiência própria, vai se tornando uma loteria conseguir efetuar uma simples chamada - nesta semana, foi notícia nos principais jornais que as tarifas dos celulares no Brasil são as mais caras do mundo;
  4. Os planos de saúde estão quase todos no vermelho, e como medida desesperada, estão transferindo seus clientes de planos individuais para planos empresariais, como uma forma de furtarem-se à excessiva regulamentação estatal;
  5. As companhias aéreas também tem operado com pesados e seguidos déficits, a ponto de atualmente estarem cortando o ar condicionado das aeronaves quando estacionadas e diminuindo severamente durante as viagens (imagine o quanto devam estar cortando na manutenção preventiva);
  6. Do Blog do Reinaldo Azevedo: O banco (BNDS) injetou cerca de 20 bilhões de reais em companhias como JBS, Marfrig, Lácteos Brasil (LBR), Oi e Fibria. O resultado, seis anos depois, não é nada animador: LBR pediu recuperação judicial, Marfrig teve de vender a Seara para a JBS para reduzir seu endividamento, enquanto a empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista, apesar de em melhor saúde financeira que a concorrente, também sofre para reduzir as dívidas adquiridas ao longo de seu processo de expansão.
O que se tem aqui é uma sucessão de empreendimentos sem empreendedores no sentido estrito da palavra, isto é, líderes competentes e conhecedores das regras do mercado livre. O que se têm aqui são os novos fidalgos do século XXI, que se beneficiaram de benesses negadas aos demais cidadãos e que jamais se preocuparam em oferecer ao público bons e competitivos produtos e serviços. 

As chamadas parcerias público-privadas, tão alardeadas há somente alguns anos atrás, viraram lenda urbana e hoje ninguém quer tomar parte em nenhum negócio do governo - vide o projeto do trem-bala, o sistema de concessões para estradas federais e o sistema de partilha no pré-sal. Talvez ainda seja cedo para vislumbrar a exaustão do PT, mas ao menos sua fórmula econômica - e ao mesmo tempo  uma importante fonte de financiamento e propaganda - parece resultar desanimadora para a participação futura de novas parcelas do empresariado. 

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Capitalista companheiro vai 'as cordas: pergunta incomoda

Perguntar não ofende: quanto o BNDES e os fundos sindicais controlados pelos companheiros perderam e perderão com a falência total e a derrocada final de capitalista comopanheiro?
PRA

Depois de calote, OGX pode pedir falência, diz Bloomberg

Na VEJA.com, 7/10/2013


A OGX, empresa de exploração de petróleo do ex-bilionário Eike Batista, cogita deixar de lado a alternativa de pedir recuperação judicial (a antiga concordata) e optar pela falência. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a empresa estuda a possibilidade de fazer o pedido dentro de um mês. A reportagem apurou que o pedido pode ser feito no Rio de Janeiro, onde a empresa está sediada.

A alternativa que vinha sendo considerada pelo mercado até o momento era a de recuperação judicial, que ocorre quando uma empresa busca proteção judiciária para reestruturar sua dívida com credores e continuar operando. Já no caso de falência, todos os ativos da empresa são liquidados.
Caso o pedido se confirme, a OGX dará o calote em 3,6 bilhões de dólares em títulos emitidos com vencimento para 2018 e 2022, configurando-se como o maior default de dívida de uma empresa da América Latina. Na semana passada, a empresa deveria pagar 45 milhões de dólares em juros aos detentores dos títulos mas não honrou o compromisso.
Os campos de exploração da OGX se mostraram sobreavaliados. Primeiro, Tubarão Azul, que era o principal deles, deixará de produzir em 2014 e será devolvido ao estado, devido à sua baixa capacidade de exploração. Na semana passada, o campo de Tubarão Martelo também desapontou: sua capacidade, atualmente, é de um terço da estimativa inicial.
Mais devoluções – Na tarde desta segunda-feira, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) rejeitou pedido da empresa para que mantenha outros três campos de petróleo onde investimentos foram suspensos. A OGX solicitou à agência reguladora a suspensão das atividades nos campos Tubarão Tigre, Tubarão Areia e Tubarão Gato, alegando falta de tecnologia existente. Contudo, a ANP negou e exigiu a apresentação de planos de desenvolvimento para os campos, afirmou o diretor da reguladora, Florival Carvalho.
Se a OGX não apresentar à ANP planos de desenvolvimento para as áreas, poderá ter o contrato de concessão extinto e os campos, originários do bloco BM-C-41, devolvidos à reguladora, explicou. A petroleira ainda pode recorrer da decisão da agência, acrescentou Carvalho. Procurada, a OGX não comentou imediatamente o assunto e se vai apresentar um recurso à ANP.