O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ebola na Liberia: situacao fugiu ao controle, segundo esposa de embaixador

Como vai se fazer quando os alimentos acabarem e for preciso se abastecer novamente?
Se trata de apenas uma pergunta, não de uma recomendação de remoção.
Paulo Roberto de Almeida 

Mulher do embaixador do Brasil na Libéria descreve clima de horror com surto de ebola

Depoimento, enviado por e-mail a amigos, foi publicado no Facebook por outro diplomata

por 
Residentes de área isolada em Monróvia, na Libéria, tentam fugir durante protestos reprimidos por forças policiais
Residentes de área isolada em Monróvia, na Libéria, tentam fugir durante protestos reprimidos por forças policiais

RIO - O diplomata Pedro Cunha E Menezes publicou em sua página no Facebook um relato da mulher de André Luis Azevedo dos Santos, embaixador do Brasil na Libéria, sobre o clima de horror em Monróvia, capital do país africano. O texto de Arlinda dos Santos, enviado por e-mail para um grupo de amigos e parentes, descreve cenas de uma cidade sitiada pela epidemia que já matou mais de 1300 pessoas no continente negro. A Libéria, assim como Serra Leoa e Guiné, são os países mais afetados pelo surto de febre hemorrágica que começou em fevereiro e levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar estado de emergência mundial.

No relato, Arlinda explica o quão complicada está a situação na cidade. Famílias se recusam a entregar os corpos de parentes mortos às autoridades. Como estão proibidas de enterrá-los, elas fazem os funerais de madrugada, com a ajuda "contratada" de moradores de rua, que carregam os cadáveres e acabam sendo contaminados por isso. Mães embalam no colo seus bebês falecidos, e também são infectadas, segundo o depoimento da mulher do embaixador. Num comentário feito no post de Pedro Menezes, a própria Arlinda deixa claro que este é um relato pessoal, e não oficial da Embaixada Brasileira na Libéria.
Leia, abaixo, o texto na íntegra
"Amigos, vou escrever uma mensagem geral a todos aqui pois tenho recebido inúmeros telefonemas, emails e inbox e fica difícil responder a todos individualmente.
A situação por aqui segue gravíssima! Muitas famílias continuam nao querendo entregar os corpos às autoridades sanitárias e acabam escondendo o corpo, dentro de suas casas, por vários dias. Numa tentativa desesperada por nao deixar que os vizinhos descubram que existe um morto em casa, eles "contratam" mendigos e fazem enterro clandestino no meio da madrugada. Nesse processo, familiares e mendigos encarregados de mover e enterrar o corpo sao contaminados e morrem alguns dias depois. Por conta disso, a Presidente decretou toque de recolher entre 9 da noite e 6 da manhã, numa tentativa de impedir as pessoas de circularem pelas ruas e, assim, organizar enterros clandestinos.
A maior favela de Monrovia é considerada o epicentro do Ebola na capital e é onde os maiores horrores acontecem, como a invasão de um centro de isolamento onde foram roubados colchões e objetos infectados com fezes e sangue, e mais de 30 pessoas que se encontravam em tratamento fugiram.
Conversei por telefone como a Irmã Maria (freira brasileira que mora aqui há 30 anos) e ela me relatou cenas de filme de terror na localidade onde ela mora, a uns 20 km de Monrovia: famílias inteiras amanhecem mortas, mães que perdem seus bebês mas continuam carregando e ninando o corpo por vários dias, até que elas mesmas morrem, pais que ao perder a esposa de ebola se junta ao corpo com os filhos para que todos possam se contaminar e morrer…
A congregação dela tem feito muito pelos doentes, mas mais em termos de doações e orações, uma vez que elas estão proibidas de trabalhar junto aos doentes pois já sao freiras de idade avançada.
Andre e eu estamos bem fisicamente, mas emocionalmente está sendo difícil. Vemos como a economia do país está despencando,muitos estabelecimentos comerciais estao fechando, os empregados estrangeiros estão pedindo demissão e querem retornar aos seus países de origem, o desabastecimento de comida nos supermercados já é visível e, o pior de tudo, o número de infectados continuam aumentando, o que nos da a certeza de que a situação está longe de ser controlada. A cidade amanheceu sob vários portestos/distúrbios em alguns pontos devido ao fato de que a favela West Point foi cercada e colocada em quarentena e muitos liberianos sao contra esse procedimento.
Como já mencionei anteriormente, o risco de contaminação, no nosso caso, é baixo. Nós estamos mantendo o mínimo de contato possível com os locais, lavando as mãos 50 mil vezes ao dia e nao estamos frequentando qquer evento social. Por enquanto a evacuacao de diplomatas está descartada por todas as embaixadas presentes aqui em Monrovia, incluindo a nossa. Continuaremos acompanhando a situação e reavaliando essa posição semanalmente.
Por enquanto é isso. Agradeço a todos pelo carinho, orações, telefonemas, mensagens. Continuem rezando por todas essas pessoas aqui que estão sofrendo muito".

Eleicoes 2014: a irresistivel ascensao de Marina Silva? - Reinaldo Azevedo

A vespa se aproxima da Joaninha inocente; o objetivo é injetar um ovo em seu abdômen sem que a coitadinha perceba. Nem dói...
A vespa se aproxima da Joaninha inocente; o objetivo é injetar um ovo em seu abdômen sem que a coitadinha perceba. Nem dói…
Depois de algum tempo, a Joaninha passa a carregar a estrovenga, como um zumbi, uma morta-viva. Assim que a nova vespa nascer, a hospedeira morre... para valer
Depois de algum tempo, a Joaninha passa a carregar a estrovenga, como um zumbi, uma morta-viva. Assim que a nova vespa nascer, a hospedeira morre… para valer
O PSB oficializou nesta quarta-feira a candidatura de Marina Silva à Presidência da República, tendo o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) como vice. Para não variar, tudo está sendo feito de acordo com as exigências de… Marina. O partido que a recebeu já foi transformado em mero hospedeiro. Ela não está nem aí para a legenda que a abrigou. Pois é… Eu sempre disse que seria assim. Vamos ver?
1: Marina disse há quatro dias que acataria os acordos regionais feitos por Eduardo Campos. Isso não vale mais: ela só vai subir em palanques em que todos os partidos pertençam à coligação nacional. Isso exclui São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio.
2: O comando do PSB afirmou que Marina assinaria uma carta de compromisso mantendo os fundamentos da programa que Campos queria para o país. Marina já deixou claro que não assina nada.
3: O PSB tinha o comando da campanha de Eduardo Campos, que estava a cargo de Carlos Siqueira. Marina resolveu dividir o a função com o deputado federal marinheiro Walter Feldman (SP). Na prática, todo mundo sabe, Siqueira foi destituído.
Vale dizer: Marina está, como sempre, fazendo tudo o que quer, do modo que quer, na hora em que quer. Para alguma melancolia deste escriba, acabo de ouvir na TV uma jornalista a dizer que isso só prova a… “coerência” de Marina. É mesmo, é? Entre a burrice e a desinformação, acuso as duas.
Feldman, agora seu braço direito, é um portento da “nova política” que Marina diz abraçar.Foi secretário do governador Mário Covas e dos prefeitos José Serra e Gilberto Kassab. Só não se tornou secretário de Saúde do então prefeito Paulo Maluf porque Covas não deixou. Saiu do PSDB atirando contra o governador Alckmin e voltou tempos depois, fazendo uma espécie de mea-culpa. Durou pouco a fidelidade. Ainda como deputado tucano, juntou-se aos marineiros e passou a comandar a resistência a qualquer acordo com o PSDB em São Paulo. Não se trata de uma sequência para depreciá-lo. Trata-se apenas de fatos.
É claro que Feldman vai atuar contra a candidatura de Alckmin à reeleição. Até aí, tudo bem, né? Faça o que quiser. Ocorre que o candidato a vice na chapa do governador é o deputado Márcio Franca, do PSB, partido ao qual, formalmente ao menos, Marina e seu coordenador pertencem. Aliás, depois de Campos, França é a liderança de maior expressão nacional da legenda, que tem uma grande chance de ocupar um posto político importantíssimo no Estado mais rico do país e com o maior eleitorado.
Se Marina já deixou claro que não vai respeitar os acordos firmados por Campos, ainda que esteja ocupando o seu lugar, por que ela respeitaria o programa do PSB caso se eleja presidente da República? A minha tarefa é fazer a pergunta. A dela é cuidar da resposta.
Olhem aqui. No dia 19 de dezembro de 2013, escrevi um post em que comparava Marina a certa vespa que usa outros insetos, especialmente a Joaninha — ainda viva — para depositar seu ovo. A estrovenga é injetada diretamente no abdômen da vítima, que carrega, então, a futura larva até que uma nova vespa venha à luz. Quando esta nasce, o hospedeiro morre. Há oito meses, portanto, com Campos ainda vivo, afirmei que era precisamente isso o que Marina faria com o PSB. Como eu sabia? A partir de determinado momento, ela tentou ser hospedeira do PT, com agenda própria. Foi repelida. Buscou fazer o mesmo com o PV. Foi repelida outra vez — e sua grande votação não levou a um aumento da bancada da legenda. Era o partido do “Eu-Sozinha”. Não fez, por exemplo, o menor esforço para eleger uma bancada do PV. Terminada a eleição, tentou tomar a direção do partido. Não conseguiu e saiu para fundar a Rede. Agora, no caso do PSB, não sei, não, parece que o ovo foi parar no abdômen do partido.
Ganhe Marina a eleição ou não, tão logo ela migre para a sua Rede, o PSB será menor do que era antes da sua entrada. Na nova legenda, aí sim, ela será, como sempre quis, em sua infinita humildade, Igreja e Estado ao mesmo tempo; rainha e autoridade teológica. E sempre cercada de fanáticos religiosos, com diploma universitário.

A frase da semana, do ano, talvez de sempre: gramatica

Meu amigo Adriano Pucci colocou a seguinte frase no seu Facebook:

I don't judge people based on race, creed, color or gender.
I judge people based on speeling, grammar, punctuation, and sentence structure.

Grammarly Cards

Aproveitando a deixa, eu diria o seguinte: não voto em quem não sabe falar, em quem atenta contra as regras mínimas da gramática, em quem não sabe construir uma frase simples que tenha sujeito, verbo e complemento, ponto.
Ponto não: não voto em quem não sabe pensar...
Paulo Roberto de Almeida

Livros, livros, autores, escritores: Bienal do livro de Sao Paulo

Uma parte da programação: 


 Bienal do Livro de São Paulo 
De 22 a 31 de agosto acontece a 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
 Algumas dicas na programação : 

Sexta-feira, 22 de agosto:  
17h - "Cozinhando com Palavras - Pão Nosso", com Luiz Américo de Camargo (N500, Alameda N - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes no local) 
 Sábado, 23 de agosto: 
16h - "Criação ilustrada", com Renata Bueno (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
16h - Lançamento do livro O pirata e o farmacêutico, de Henning Wagenbreth (no Estande do Goethe-Institut São Paulo) 
16h - "Ilustração Brasileira", com Fernando Vilela, Roger Mello, Odilon Moraes e Renato Moriconi (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
18h - Bate-papo com Kiera Cass (Arena Cultural - H201 - para o bate-papo * Não é necessário pegar senha. Sujeito à lotação do local. 
19h30 - Sessão de autógrafos com Kiera Cass (Arena Cultural - H201- * É necessário pegar senha para participar da sessão de autógrafos. 500 senhas serão distribuídas no mesmo dia, a partir das 10h, no Espaço de Autógrafos (J200). A senha é pessoal, individual e intransferível. A senha dará acesso à área reservada para autógrafos na Arena Cultural após o bate-papo. Cada portador de senha terá direito a autografar 2 (dois) livros da série A Seleção (edição nacional). Por questão de tempo, fotos só serão permitidas com o fotógrafo oficial do evento. Câmeras pessoais e selfies não serão permitidas. As fotos oficiais serão postadas no Facebook da Editora Seguinte até 3 dias após a data do evento.
Domingo, dia 24 de agosto:
14h - "Narrativas de assalto: o universal no novo gênero policial", com Pablo De Santis, Raphael Montes e Joca Reiners Terron (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
15h30 - Sessão de autógrafos de Dias perfeitos, com Raphael Montes (Estande da Companhia das Letras) 
16h - "Quase romance, quase memória", com Carlos Heitor Cony, e Ruy Castro (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
17h - "Cozinhando com palavras" e sessão de autógrafos de Pitadas da Rita, com Rita Lobo (N500, Alameda N - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes no local) 
20h - "O lugar da crítica literária", com Hans Ulrich Gumbrecht e Silviano Santiago e Rogério Pereira (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
20h - Sarau "70 anos de Paulo Leminski", com os atores Elias Andreato, Ana Lucia Torre, Ana Cecília Costa e Leonardo Miggiorin (L700, Alameda L - Retirar senhas 30 minutos antes no local) 
Segunda-feira, 25 de agosto 
14h - "São Paulo Metrópole Musa", com Maria José Silveira, Cristiano Mascaro, Carlos Augusto Calil e Cunha Júnior (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salã ;o de Ideias) 
17h - "Fala sério! #SQN - Games e Literatura", com Flávia Gasi, David de Oliveira Ramos e Daniel Pelizzari (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
18h - "Ficção e memória na encruzilhada do tempo", com Mary Del Priore, Alberto Mussa, Cao Hamburguer e Cassiano Elek Machado (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 

Terça-feira, 26 de agosto:
14h - "Ateliê Bolonha", com Renato Moriconi (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
14h - "O papel do escritor brasileiro hoje: ouvi-los ou vê-los?", com Patrícia Melo, Cristovão Tezza, Noemi Jaffe e Raquel Cozer (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
16h - "Ironia fundamental", com Antonio Prata, Gregorio Duvivier, Xico Sá e Ubiratan Brasil (Salão de ideia s - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
17h30 - Sessão de autógrafos com Antonio Prata, Gregorio Duvivier e Xico Sá (Estande da Companhia das Letras) 
16h - "Biografias e Biografados", com Paulo Cesar de Araújo (Arena Cultural by Correios) 
17h30 - Sessão de autógrafos com Paulo Cesar de Araújo (Estande da Companhia das Letras) 
18h - "O absoluto da poesia", com Elisa Lucinda, Carlos Nejar e Angélica Freitas (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
19h - "Quem faz conta", com Andrea del Fuego, Índigo e Júlian Fuks (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
20h - "Tertúlia Latino América", com Elsa Osorio, Socorro Acioli e Joca Reiners Terron (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
 Quarta-feira, 27 de agosto:
14h - "Criação ilustrada", com Renata Bueno (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
16h - "Homero, e James Joyce por seus tradutores", com Caetano Galindo, Trajano Vieira, Berthold Zilly e Felipe Lindoso (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
17h - "Quem faz conta", com Daniel Munduruku (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
18h - "Exílio, deslocamento e linguagem na literatura", com Paloma Vidal, Sérgio Sant’Anna, Luciana Hidalgo e Josélia Aguiar(mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
20h - "Relatos do oriente", com Milton Hatoum, Elias Khoury, Safa A-C Jubran e Diogo Bercito (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
 Quinta-feira, 28 de agosto:
14h - "Primeiras leituras para todas as idades", com Ziraldo, Eva Funari e Pedro Bandeira (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
16h - "Território Língua Portuguesa", com Adbulai Sila, Inês Pedrosa, Luiz Ruffato e Susana Ventura (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos an tes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
17h30 - Sessão de autógrafos com Luiz Ruffato (Estande da Companhia das Letras) 
18h - "Violência como herança no Brasil contemporâneo", com Vladimir Safatle, Jaime Ginzburg, Luiz Eduardo Soares, Paulo Markun (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
20h - "A copa fora de campo", com Andrew Jennings, Antônio Lassance, Juca Kfouri e Paulo Vinicius Coelho (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
 Sexta-feira, 29 de agosto:
12h - "Ateliê Bolonha", com Renato Moriconi (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
14h - "Cultura musical: cultura do Brasil", com Zuza Homem de Mello, Chico César, Cacá Machado e Humberto Werneck (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
16h - "O roteiro nos quadrinhos", com David Mairowitz, Marcello Quintanilha, Gabriel Bá e Fábio Moon e André Conti (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
17h - "Quem faz conta", com Ilan Brenman (Espaço Imaginário - retirar senhas 30 minutos antes no local) 
20h - "1964: outras perspectivas", com Almino Affonso, Marcos Napolitano e Marcos Nobre (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
Sábado, 30 de agosto:
13h - "Carta ao Pai", espetáculo Baseado na correspondência que o escritor tcheco Franz Kafka escreveu ao seu pai (Anfiteatro - L700, Alameda L - Retirar senhas 30 minutos antes no local) 
15h - Bate-papo com Sally Gardner (Arena Cultural by Correios) 
18h - "Das páginas para as telas: a adaptação literária para roteiros de cinema e TV", com Marçal Aquino, Maria Adelaide Amaral, George Moura e Cassiano Élek Machado (mediação) (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias) 
20h - "Diálogos sobre a fotografia e outras narrativas", com Sebastião Salgado e José Luiz Peixoto (Salão de ideias - L298, Alameda L - Retire seu ingresso gratuito 30 minutos antes do debate, na bilheteria do Salão de Ideias)
21h às 22h - Sessão de autógrafos com Sebastião Salgado e José Luiz Peixoto no Espaço de autógrafos (J200). É necessário pegar senha para participar da sessão de autógrafos. As senhas serão distribuídas no mesmo dia, a partir das 10h, no estande da Editora Companhia das Letras (D500). A senha é pessoal, individual e intransferível. A senha dará acesso apenas à sessão de autógrafos na Arena Cultural. Cada portador de senha terá direito a autografar 2 (dois) livros, são eles: Da minha terra à Terra (Editora Paralela – Companhia das Letras – D500) e/ou Genesis (Taschen/Paisagem F600). Por questão de tempo, fotos não serão permitidas.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Eleicoes 2014 e o Fim do Brasil: os paradoxos do governo

O pessoal do "Fim do Brasil", consultoria Empiricus, ataca outra vez.
Mas não é para afundar o Brasil, e sim para salvá-lo dos malucos que estão no comando da economia.
Vão conseguir?
Não sei, mas vocês têm mais notícias abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Os 4 paradoxos do Governo Dilma
00:12- Sala cheia
Agradeço a presença de todos em nosso evento, realizado esta manhã em São Paulo. Além da tese sobre O Fim do Brasil, apresentada pelo Felipe Miranda, o expediente contou com um debate econômico construtivo entre Eduardo Giannetti, Mansueto Almeida e Marcos Lisboa.
Faço das palavras de Masueto as minhas: independentemente de quem venha governar, é preciso ao menos ouvir os contrapontos. Um debate econômico aberto só tem a agregar.
Na sequência trago alguns dos pontos mais interessantes do debate. Lembrando que os assinantes da série Fim do Brasil terão acesso à gravação do evento na íntegra.
01:12- Giannetti e os 4 paradoxos do governo
1. O governo estatizante quebrou as duas principais estatais do país
2. O governo com viés nacional desenvolvimentista foi responsável pela maior desindustrialização da história
3. O governo com a bandeira de reduzir os juros vai entregar o país com a Selic maior do que pegou
4. O governo com bandeira de crescimento entregou o menor crescimento do PIB de todo regime republicano (considerando Collor+Itamar como um ciclo de 4 anos)
01:56- Lisboa e as injustiças com o governo
Por sua vez, Marcos Lisboa, além de ressaltar a importância da transparência e da meritocracia nas políticas públicas, citou algumas injustiças cometidas com o governo atual, dentre elas:
+ o argumento de que o governo é refratário com os empresários: segundo Lisboa não é; o governo conversa com os empresários, mas conversa demais, a portas fechadas e concede benefício a alguns (em detrimento ao prejuízo de outros)
+ a crítica ao modelo de crescimento baseado em consumo: para Lisboa o modelo nunca foi baseado em consumo, mas sim em investimento; mas não deu certo.
02:22- Mansueto e o ajuste
Dentre diversos pontos, Mansueto destacou o problema das contas públicas e alguns dos truques utilizados para maquiar (ou, postergar) as discrepâncias. Para ele existe sim espaço para um ajuste firme no balanço do governo. Mas disse não acreditar em expressivos ajustes  fiscais de curto prazo.
Para ler mais sobre o evento:

Eleicoes 2014: mercados sao contra o continuismo

Mercado precifica cenário ‘todos contra o PT’

Apesar de todas as incertezas que cercam o quadro político depois da morte de Eduardo Campos, as ações da Petrobras sobem 4% hoje.<image001.jpg>
O mercado está fazendo o seguinte cálculo:
1. Com Marina Silva candidata, o segundo turno é garantido.
2. Mesmo que o segundo turno seja entre Dilma e Marina, o PSDB muito provavelmente a apoiaria. Os tucanos não nutrem por Marina o horror que ela frequentemente manifesta em relação a eles. Além disso, figuras como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reconhecendo a fragilidade partidária de um Governo Marina Silva, provavelmente incentivariam o PSDB a ajudá-la no Congresso e com equipe de governo.
3. Na política econômica, a equipe que aconselhava Campos e foi herdada por Marina — Eduardo Giannetti da Fonseca e André Lara Resende — tem total afinidade com o time do PSDB, capitaneado por Armínio Fraga.
4. Na parte de energia e infraestrutura, dá-se a mesma afinidade. O economista Adriano Pires (pelo PSDB) e Alexandre Rands (pelo PSB) têm dito coisas na mesma direção.
Em linha com esta tese, as ações da Eletrobras sobem hoje, mas bem menos. No setor de energia, Marina Silva e o PSDB têm posturas diferentes, particularmente em relação ao tipo de reservatórios nas hidrelétricas. Marina é uma crítica das hidrelétricas na Amazonia e favorável aos reservatórios a fio d’água, que armazenam menos energia.
Por Geraldo Samor

Eleicoes 2014: diretrizes de Aecio Neves para a Politica Externa

Existe um documento de diretrizes do governo Aécio Neves depositado no TSE. Dele retiro apenas a parte de Política Externa, p. 56-57.
Acredito que sejam mais de campanha do que de governo, mas enfim, todo mundo tem o direito de meter a sua colher na política externa, como aliás já fazem os companheiros desde 2002 (isso).
Parece pouca coisa, mas é pouco mesmo. Não poderia ser maior, dada as características do documento, mas poderia ser melhor...
Paulo Roberto de Almeida

VI.II. POLÍTICA EXTERNA
A nova política externa que queremos implantar no Brasil, levando em conta as transformações mundiais e regionais do século XXI, terá por objetivo restabelecer o seu tradicional caráter de política de Estado, visando o interesse nacional, de forma coerente com os valores fundamentais da democracia e dos direitos humanos.

DIRETRIZES:
1. A política externa será conduzida com base nos princípios da moderação e da independência, que sempre nos serviram bem, com vistas à prevalência dos interesses brasileiros e dos objetivos de longo prazo de desenvolvimento nacional.

2. Reavaliação das prioridades estratégicas à luz das transformações do cenário internacional no século XXI. Devem merecer atenção especial a Ásia, em função de seu peso crescente, os EUA e outros países desenvolvidos, pelo acesso à inovação e tecnologia, ao mesmo tempo em que deverá ser ampliada e diversificada a relação com os países em desenvolvimento.

3. Reexame das políticas seguidas no tocante à integração regional para, com a liderança do Brasil, restabelecer a primazia da liberalização comercial e o aprofundamento dos acordos vigentes e para, em relação ao Mercosul, paralisado e sem estratégia, recuperar seus objetivos iniciais e flexibilizar suas regras a fim de poder avançar nas negociações com terceiros países.

4. Definição de nova estratégia de negociações comerciais bilaterais, regionais e globais, para por fim ao isolamento do Brasil, periodizando a abertura de novos mercados e a integração do Brasil às cadeias produtivas globais.

5. Nas organizações internacionais, o Brasil deverá ampliar e dinamizar sua ação diplomática nos temas globais, como mudança de clima, sustentabilidade, energia, democracia, direitos humanos, comércio exterior, assim como novos temas, como terrorismo, guerra cibernética, controle da internet, e nas questões de paz e segurança, inclusive nas discussões sobre a ampliação do Conselho de Segurança.

6. Revalorização do Itamaraty na formulação de nossa política externa, subsidiando as decisões presidenciais. Ao mesmo tempo, serão garantidos o contínuo aprimoramento de seus quadros e a modernização da sua gestão.

O Brasil para ingles ver - Michael Reid, da Economist, escreve sobre o nosso pais...

...e parece ter entendido muita coisa, embora seu texto tenha os mesmos lugares comuns e as mesmas simplificações que muitos trabalhos da nossa academia ou as análises dos nossos economistas mais sensatos (o que por definição exclui todos os do governo).
Não querendo ser malvado, detectei alguns erros no texto.
Este aqui, por exemplo: 
"A abertura do comércio promovida pelo presidente Fernando Henrique na década de 90 foi radical pelos padrões brasileiros, mas não se comparada a de muitos outros países da América Latina."
ERRADO: A abertura comercial, com redução da tarifas, foi promovida pelo presidente Fernando Collor, contra a posição dos industriais e dos burocratas, aliás até dos diplomatas, que achavam que o Brasil tinha de "negociar no Gatt" uma redução de tarifas que na média era de 44%, e em vários casos ia a mais de 100% (sem falar da proibição absoluta de importar certos itens).
O FHC promoveu foi o fechamento comercial, pois assim que ele tomou posse, começou a proteger automóveis, brinquedos e outras coisas, com tarifas altas e novas proibições, inclusive absurdas cotas tarifárias para automóveis, que infernizaram a vida dos nossos diplomatas na OMC (voltaram a fazer agora a mesma coisa, com outros mecanismos).
O Brasil de FHC seguiu a Argentina, numa absurda taxa estatística de 3% a mais sobre a tarifa normal, e logo começaram os desvios (no nosso caso sempre para cima) em diversas outras linhas tarifárias.
Não, Michael Reid, FHC não promoveu abertura comercial, ao contrário. Ele começou o fechamento outra vez.
Fico por aqui, se não vou obrigar o jornalista a revisar muito o seu livro antes de soltar na praça.
Quaisquer que sejam os seus erros, eles não são nada comparados aos cometidos pelos companheiros, e não só em economia.
 Será que ele falou do totalitarismo dos neobolcheviques?
Acho que não. Esses ingleses acham que todo mundo é democrata, como eles...
Bando de ingênuos...
Paulo Roberto de Almeida 
O Brasil entre o arcaico e o moderno
Trecho de" Brasil: A Ascensão Turbulenta de uma Potência Global", livro do jornalista Michael Reid, da revista inglesa The Economist, sobre os maiores desafios da economia brasileira, com publicação prevista para setembro.

Embora as autoridades brasileiras, inclusive, a própria presidente Dilma Rousseff, falem muito na necessidade de aumentar os investimentos do setor privado e estimular a produtividade e a competitividade, elas acreditam que esses fatores podem e devem ser induzidos pelo governo. "A presidente acredita piamente que todo problema tem uma solução governamental", comenta o economista José Roberto Mendonça de Barros. Em 2011, quando a valorização do real estava no auge, Dilma anunciou um pacote de medidas destinadas a ajudar a indústria, batizado de Brasil Maior. Algumas medidas eram razoáveis, tais como incentivos para que universidades e empresas colaborassem na área de pesquisa. O Ciência sem Fronteiras, programa de Dilma para que brasileiros estudem no exterior, também fazia sentido. O plano, no entanto, incluía duas medidas polêmicas. A primeira era o aumento em 30 pontos percentuais do imposto sobre carros importados de montadoras com uma fábrica no Brasil. A segunda era a eliminação de imposto sobre os salários dos setores de vestuário, calçados, móveis e software. Em lugar de premiar os vencedores, objetivo de qualquer política industrial, parecia um pacote de socorro para fracassados (embora o corte de impostos sobre a folha de pagamentos tenha sido depois estendido para outros setores).

UMA CÓPIA MALFEITA
Os críticos acusam o governo de pegar a onda do capitalismo de Estado — que, segundo Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, nunca chegou a desaparecer por completo no Brasil. "E um modelo que enfatiza a concessão de benefícios a determinadas empresas, em vez de deixar o mercado funcionar. É um modelo ruim que, associado ao protecionismo, fica ainda pior", entende ele. Para o professor Sergio Lazzarini, da escola de negócios Insper, em São Paulo, o governo começou a usar estatais para regular os mercados de petróleo, eletricidade e bancos, fazendo com que essas empresas passassem a registrar prejuízos. Todas essas medidas contrastam com a bem-sucedida política industrial sul--coreana, evocada por Luciano Couti-nho, presidente do BNDES, e outras autoridades brasileiras. A política sul--coreana tinha como principal meta impulsionar as exportações a fim de obrigar as empresas a competir no exterior. E, passado um período limitado de tempo, o governo asiático foi implacável no corte de subsídios.
A abertura do comércio promovida pelo presidente Fernando Henrique na década de 90 foi radical pelos padrões brasileiros, mas não se comparada a de muitos outros países da América Latina. Mesmo após a queda das barreiras, a economia brasileira permaneceu relativamente fechada. As tarifas médias continuaram superiores às de Coreia do Sul, China e Taiwan, por exemplo, e ainda foram elevadas depois de 2008. O custo de importação de um contêiner para o Brasil é excepcionalmente alto. Contratos públicos e muitos setores têm regras de conteúdo nacional. Em 2012, as importações corresponderam a apenas 13% do PIB, o valor mais baixo entre os 176 países acompanhados por um estudo do Banco Mundial. A Coreia do Sul, a potência industrial e tecnológica admirada pela equipe econômica de Dilma, é muito mais aberta, com exportações e importações equivalentes a 58% e 54% do PIB, respectivamente. O pendor protecionista é arraigado entre as autoridades brasileiras. Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, destaca as falhas nessa abordagem: "E patético você olhar tanta reclamação contra importação. Temos algo muito peculiar no Brasil, que é essa enorme abertura para investimento estrangeiro da qual não resulta em exportação. Fico abismado quando vejo nossa presidente dizer "vamos proteger nosso mercado". E quem está explorando nosso mercado são as multinacionais, que têm aqui lucros extraordinários".
O Brasil tem mesmo alergia ao liberalismo. Roberto Campos, um dos mais importantes economistas liberais do país, morto em 2001, escreveu que "assumir explicitamente o liberalismo é tão alienígena em um país com cultura dirigista quanto fazer sexo em público". (Ele mesmo começou sua carreira na vida pública como funcionário do governo dirigista de Juscelino Kubitschek.) Há razões para isso — e é por causa delas que o Brasil é diferente dos Estados Unidos, com os quais tantas vezes gosta de se comparar. Dos tempos coloniais à ditadura, a manutenção da coesão de um vasto território de geografia difícil — onde o estabelecimento de comunicações e as condições para a vida humana abundante e saudável apresentavam enormes dificuldades — foi uma preocupação permanente dos governantes. Por isso, no Brasil, foi o Estado que criou a nação, e não a nação que criou o governo, como nos Estados Unidos. Do mesmo modo, diferentemente da América espanhola, os governantes brasileiros sempre tiveram consciência da necessidade de consultar os notáveis locais, a fim de conservar a unidade nacional e evitar a secessão.
A escravidão — e o temor da revolta dos escravos — foi outra causa da necessidade de uma frente unida, além de distorcer as prioridades do Estado de tal maneira que retardou por séculos o desenvolvimento do país, condenando--o ao status de eterno país do futuro. A conseqüência trágica de uma sociedade de senhores e escravos foi que o Estado, quando começou a desenvolver a economia, não tratou de investir na educação, saúde e segurança da grande massa de brasileiros mais pobres. Foi somente a partir de 1988 que o país decidiu se propor uma sociedade em que o Estado de Direito fosse aplicado igualmente a todos.
ESTADOS UNIDOS DO SUL?
Não se trata de uma defesa da tese de que o Brasil tem de imitar os Estados Unidos. Nos tempos de Tiradentes, em Minas Gerais, se ansiava por uma república jeffersoniana. Desde então, os brasileiros comparam seu país com seu alter ego do Norte. Muitos lamentam, como o escritor brasileiro Viana Moog, morto em 1988, que o Brasil tenha produzido bandeirantes extra-tivistas em vez de trabalhadores pioneiros. O Brasil, porém, não pode mudar sua história ou, pelo menos no curto prazo, sua cultura. Na verdade, o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos raros liberais do país, entende que, se o Brasil não se tornou como os Estados Unidos, "foi essencialmente por não querer" — por não se dispor a sacrificar a alegria e sua abordagem tranqüila da vida em prol da acumulação de capital e da prosperidade futura. Ele propõe que o Brasil ofereça ao mundo um conjunto diferente e menos materialista de valores do que o estilo de vida americano, como mostra o recente compromisso do país com o ambientalismo.
Sem dúvida, a conversão nas duas últimas décadas para políticas mais preocupadas com a proteção do meio ambiente marca o fim de uma longa marcha, de mais de quatro séculos, para ocupar o vasto território brasileiro, iniciada com jesuítas e bandeirantes. A agricultura do país já confia mais no aumento da produtividade do que na incorporação de novas terras. Ainda há, entretanto, muitos pobres. O país não poderá renunciar, por um bom tempo, à busca do crescimento econômico.
Também vale ressaltar que a crítica ao renascimento do nacional-desenvolvimentismo não constitui um argumento em prol de um Estado mínimo "neoliberal" (ou seja, neoconservador). O Brasil não é Singapura. É um país grande demais, com demasiadas desigualdades sociais e regionais, para que essa opção seja viável (ainda que os brasileiros tenham muito a aprender com a determinação daquele país com a inovação, a abertura e a seguridade social). Pelo contrário, trata-se de uma convocação para que o Brasil retome o consenso social-democrata que tanto êxito obteve de 1994 a 2006, com sua combinação de economia amplamente liberal com maior ênfase na política social e na redução das desigualdades. Se o Brasil não abandonar seu recente flerte com o renascimento do Estado corporativo e não voltar a se empenhar na criação de uma regulamentação eficaz, não conseguirá atender às demandas de seus cidadãos — detentores de um poder cada vez maior — por mais oportunidades, melhores serviços e maior qualidade de vida. E uma pena, embora talvez fosse inevitável, que o debate no seio do movimento de oposição que se alastrou por São Paulo no fim da década de 70 tenha levado à fundação de dois partidos rivais — o PT e o PSDB. De maneiras diferentes, ambos constituíram forças modernizadoras, mas tornaram-se polos opostos na política, cada qual obrigado a aliar-se às forças arcaicas do peemede-bismo e seus congêneres. Como observou o economista Mario Henrique Simonsen em 1987, "o grande debate nacional não é entre esquerda e direita, mas entre o moderno e o arcaico". Ainda é verdade. A eleição de outubro poderá produzir uma mudança de rumo. Quer isso ocorra ou não, o povo, que pouco a pouco adquire mais educação e, sob certos aspectos, torna-se mais empreendedor, poderá interferir na condução das políticas públicas.

Em três ocasiões nos últimos 25 anos, os brasileiros foram em grande número às ruas, em protestos pacíficos contra o status quo. Embora não tenham conseguido as eleições diretas para presidente que demandaram em 1984, a democracia veio rápido. Em 1992, provocaram a deposição do presidente Fernando Collor, ainda que não a sua punição, por seu desprezo pelo Estado de Direito. Será que vão obter a melhoria dos serviços públicos e a maior responsabilização política que exigiram em 2013? Deve ser essa a pauta do debate político no país nos anos que antecederão o bicentenário da Independência, em 2022. Quase pela primeira vez em sua história, os brasileiros agora querem refazer seu país de baixo para cima, como um país de cidadãos iguais, não de privilégios patrimoniais. Isso colocou o Estado corporativo na defensiva, e dá motivos para esperar que as conquistas das duas últimas décadas serão construídas e ampliadas em uma nova fase da história brasileira."

Mundorama encontra Paulo Roberto de Almeida (ou vice versa)

Não tinha reparado, só agora, mas no fundo, no fim, ao término, in fine da postagem da resenha do meu livro por uma mestranda do Irel-UnB, havia linkagem para materiais antigos publicados em Mundorama, e que levam ao meu nome.
(Mas só isso? Ando escrevendo pouco..., ou o pessoal está distraído.)
Aqui vão eles:

domingo, 17 de agosto de 2014

Cade o tripe economico que estava aqui? O gato (companheiro) comeu... - Roberto Ellery

O economista Roberto Ellery, sempre muito direto, "to the point", como diriam os companheiros estadunidenses, comete aqui o pecado de dizer que os companheiros afundaram com o tripé econômico, e não têm mais nada para colocar no lugar.
Concordo plenamente.
Posto aqui seu pequeno artigo, e depois acrescento meus comentários que coloquei no blog dele.
Paulo Roberto de Almeida

 Elegia para um Tripé

Blog do Roberto Ellery, domingo 17 de agosto de 2014

Apesar dos esforços na direção de uma teoria unificadora a abordagem padrão de macroeconomia nos força a pensar em termos de curto prazo e longo prazo. O desafio de longo prazo é fazer com que renda per capita do país aumente, mais recentemente a distribuição de renda e a redução da pobreza se juntaram ao desafio do longo prazo. No curto prazo o desafio é manter o nível e emprego sem criar desequilíbrios que venham a gerar problemas nas contas públicas e/ou na inflação. Boa parte do meu interesse enquanto economista está na macroeconomia de longo prazo, mas é inevitável abordar temas relativos ao curto prazo. Até porque as dinâmicas de curto e longo prazo não são apartadas, se na ânsia de evitar o desemprego um governo coloca a economia em uma trajetória de inflação e descontrole fiscal é quase certo que isto levará a problemas no longo prazo. A experiência brasileira a partir de meados da década de 1970 e a crise da década de 1980 ilustram bem como medidas ruins de curto prazo podem comprometer o longo prazo.
No que tange ao longo prazo o Brasil conseguiu reduzir a desigualdade e a pobreza, ainda não encontramos o caminho para o crescimento sustentado no longo prazo. Mas no momento é o curto prazo que me preocupa. Durante aproximadamente dez anos parecia que tínhamos encontrado a receita de como administrar o curto prazo de forma que pudéssemos voltar às atenções para o longo prazo. Porém em 2011 a presidente Dilma resolveu trocar a receita que vinha dando certo. Os objetivos anunciados para justificar a troca de receita não foram alcançados. A promessa que a troca de receita aumentaria a taxa de investimento e aumentaria a participação da indústria no PIB não foi cumprida, pelo contrário, tanto a taxa de investimento quanto a participação da indústria no PIB estão menor do que estavam em 2010. Como desgraça pouca é bobagem a inflação está maior, o governo está gastando mais com serviço da dívida pública, o saldo negativo em transações correntes está crescendo perigosamente e a taxa de desemprego está se sustentando pela saída de pessoas da força de trabalho e não pela geração de empregos. Como tanta coisa pode ter dado errado?
Para responder é preciso falar mais a respeito da antiga receita, conhecida como tripé macroeconômico. A estabilização da economia em 1994 encerou um longo período de hiperinflação, mas deixou um problema nas mãos do governo: como financiar os gastos públicos. A Constituição de 1988 criou uma série de novas responsabilidades para o governo e era necessário financiar essas responsabilidades sem recorrer ao financiamento inflacionário. Como o aumento da carga tributária não foi suficiente para financiar os novos gastos a saída foi recorrer ao endividamento. O problema é que dívida tem custo e para financiar este custo é preciso se endividar ainda mais. Tudo ficou ainda mais complicado porque o Plano Real previa que o câmbio ficasse preso em um determinado intervalo, era o chamado regime de bandas cambiais, e o governo começou a ter de elevar juros para atrair capital do resto do mundo e assim não permitir que o câmbio saísse do intervalo proposto. A combinação foi explosiva, em 1999 o serviço da divida pública chegou a 10,4% do PIB.
Era preciso encontrar uma maneira de desatrelar o real do dólar de forma que a taxa de juros não mais fosse determinada para manter uma dada taxa de câmbio, o risco era que sem o dólar segurando o real a inflação voltasse. A saída foi o que chamamos de tripé macroeconômico. A primeira perna do tripé era a taxa de câmbio flutuante, com isso o BC não mais precisaria elevar os juros toda vez que houvesse uma pressão para desvalorizar o real. A segunda perna do tripé consistia na exigência de uma disciplina fiscal capaz de reduzir o custo com os serviços da dívida, o meio encontrado foram os famosos superávits primários. Mas e a inflação? Resolver o problema do custo da dívida e do câmbio permitindo o descontrole da inflação levaria o Brasil de volta a 1993 e tornaria inútil todos os sacrifícios de 1994 a 1998. A saída foi a terceira perna do tripé, a parte mais complexa da receita. O Banco Central, presidido por Armínio Fraga, adotou a política de metas para inflação. Tal política decorria de avanços recentes na macroeconomia e não tinha sido muito testadas em outros países. Como era muito importante manter a confiança no real para evitar a volta inflação adotamos uma versão bem estrita do regime de metas: a única meta do BC era a de inflação, ou seja, o BC não estaria “preocupado” com emprego ou com crescimento e o período de convergência para meta foi fixado como 12 meses.
A figura abaixo ilustra a história que contei e como o tripé mudou os rumos da economia. De 10,4% do PIB em 1999, ano que o tripé foi adotado, o serviço da dívida caiu para 2,2% do PIB em 2010, último ano do tripé. Em março de 2014, quatro após o abandono do tripé, o serviço da dívida já tinha subido para 3,4% do PIB. A história pode ser contada por outras variáveis, o leitor do blog já viu a história sendo contada por meio dos descompassos entre oferta e demanda (link aqui) e várias vezes por meio da inflação. Voltemos então à pergunta: como tanto coisa pode ter dado errado? A resposta é simples: tanta coisa deu errado por termos destruído tudo que impedia tantas coisas de dar errado.
Primeiro veio o abandono da segunda perna, a dos superávits primários grandes o suficiente para estabilizar a dívida pública. Esta perna foi abandonada já em 2008 por conta da crise financeira. Se é ou não é adequado usar política fiscal para reduzir os efeitos de uma crise é uma questão que divide macroeconomistas e que não vou explorar aqui, porém insistir na política fiscal mesmo após a estabilização do emprego é uma estratégia que poucos macroeconomistas recomendaria, estou sendo generoso. Depois caiu a primeira perna, o regime de câmbio flutuante. O governo Dilma comprou a tese que o câmbio deve ser o que equilibra a indústria, mais uma invenção de economistas que (quase) ninguém consegue sequer calcular, e iniciou uma política de desvalorização do real. Quando a inflação começou a incomodar o governo tentou reverter a política e agora o BC está gastando dinheiro do contribuinte para impedir que o câmbio desvalorize ainda mais. A verdade é que o câmbio foi de R$ 1,60 para R$ 2,40 sem entregar nada do que havia sido prometido em caso de desvalorização cambial. O governo Dilma também abandonou o regime de metas de inflação, pelo menos o regime tal como estabelecido no Brasil. Mas a inflação não ficou dentro da meta em todo o governo Dilma? Sim. Mas esta não é a questão. O regime de metas é um compromisso entre a sociedade e o BC que determina que este último fará tudo que está a seu alcance para que a inflação fique no centro da meta, no Brasil o valor é de 4,5%. Se a inflação fica dentro do intervalo das metas porque o governo está intervindo diretamente nos preços, porque a providência assim desejou ou por qualquer outra razão que não esteja relacionada à ação do BC então não estamos em um regime de metas. Por exemplo, a inflação nos EUA flutuou em torno de 3% ao ano desde meados da década de 1980, mas o FED não trabalha com um regime de metas explícitas no estilo de nosso BC. Claro está que o regime de metas não é a única, talvez nem mesmo a melhor, forma de manter a inflação sobre controle, é legitimo o BC abandonar o regime, o que não é legitimo é não avisar que abandonou.

Ao tirar as duas pernas restantes do tripé a política econômica do governo Dilma permitiu a queda da estabilidade de curto prazo que o tripé segurava. A Nova Matriz Macroeconômica, que é tão nova quanto assistir Kojak ou ouvir Black Sabath, ao não providenciar nada que pudesse sustentar a estabilidade conquistada nos anos 1990 levou a política econômica de Dilma a um labirinto. O resultado é que voltamos a discutir inflação, dívida, confiança de investidores e todos aqueles temas de curto prazo que pareciam já estar resolvidos. Infelizmente a discussão a respeito do longo prazo voltou para geladeira.


Meus comentários: 
O texto está perfeito como explicação, embora o Português necessite algum polimento para poder ter ampla distribuição e até ser publicado como artigo de jornal.
Comentando substantivamente, eu diria o seguinte. O governo não fez tudo errado porque tinha vontade de errar, ser perverso, chutar o pau da barraca e causar o maior mal ao maior número de pessoas. Não, eles, os keynesianos de botequim, acreditavam piamente que estavam fazendo a coisa correta, ou seja, domando o mercado, e ensinando aos agentes como é que se cuida da economia.
Ou seja, uma mistura de ignorância com arrogância, o que provavelmente é o resultado da incultura econômica e da prepotência pessoal.
Nem o ministro da Fazendo, nem a sua chefe, podem ser efetivamente chamados de economistas. Eles aprenderam algumas lições de economia de orelha, pois nunca devem ter se debruçado sobre aqueles pesados manuais, ou text-books americanos (tipo Samuelson, Obersfeldt, etc) ou mesmo o manual dos professores da USP. No máximo deram uma folheada no último, alguma edição antiga, quando até os uspianos eram mais keynesianos do que mainstream neoclássico.
Depois, ficaram ouvindo aquelas bobagens que a Conceição dizia, ou melhor, as suas diatribes contra os garotos do Banco Central, as gozações do Beluzzo e do Coutinho contra os garotos da PUC-Rio, e de forma geral todos reclamando da tal de financeirização da economia, que parece um inferno, assim dito...
Ou seja, o pensamento desse pessoal, se o termo se aplica, é o mais tosco e primitivo possível. Além de não entenderem nada de economia, eles têm essa prevenção contra o setor financeiro (que seriam sanguessugas aproveitadores) e contra os lucros excessivos dos capitalistas industriais.
No fundo, não adianta, pois eles só vão mudar debaixo do cacete, ou seja, quando a crise já estiver instalada, como parece que já está.
No fundo, no fundo, o Brasil perdeu 12 anos de não reformas e de insistência nos erros.
Isso quanto aos companheiros.
Mas, há que reconhecer também que nossa Constituição é esquizofrênica, e os congressistas e todos os mandarins da República são mais esquizofrênicos ainda, todo dia criam novas despesas sem fontes de receita.
Acho que voce poderia explicar isso ao povo de uma forma mais ordenada.

Governo companheiro: entre o patetico e o ridiculo

Quase não quis acreditar. Mas se está no Diario Oficial da republiqueta petista deve ser verdade. Ou não?
Paulo Roberto de Almeida 

Veja,com, 16/08/2014,  7:54 \ Brasil

Haja simplificação

De olho no aumento da concorrência
Afif, o patrão da tal servidora
A burocracia brasileira é um caso perdido. Em julho, o Diário Oficial da União publicou a nomeação de uma servidora do Ministério da Micro e Pequena Empresa para ocupar o cargo de Coordenador da Coordenação da Coordenação-Geral de Serviços de Registro do Departamento de Registro Empresarial e Integração da Secretaria de Racionalização e Simplificação. Não há limites para o ridículo.
Por Lauro Jardim