O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Uma política aparentemente externa, sem qualquer programa de política externa, uma diplomacia pouco diplomática - Paulo Roberto de Almeida

 Seleciono abaixo alguns trechos de um trabalho mais amplo, sobre a ausência de qualquer programa de política externa no governo atual: 

A política externa e a diplomacia em tempos excepcionais: sem qualquer programa

A falta de uma exposição prévia, abrangente, explícita, por ocasião da inauguração do novo governo – de caráter geral, pelo presidente, ou de escopo setorial, no caso do chanceler e da política externa –, talvez seja a caraterística básica da nova era bolsonarista. (...) Essa lacuna já estava evidente desde a apresentação do programa do candidato, em agosto de 2018, uma série de slides muito vagos sobre as grandes linhas do que se pretendia fazer – muitas promessas e poucas realizações até aqui – e quatro miseráveis parágrafos sobre uma “não” política externa, absolutamente estapafúrdios em sua linguagem e sem qualquer conexão com uma política externa e uma diplomacia operacionais. 

Não se registrou, nem no discurso de posse do presidente, em 1º de janeiro de 2019, nem em sua primeira mensagem ao Congresso, na abertura da sessão legislativa, em fevereiro seguinte, menções explicitas à política externa ou às prioridades diplomáticas que seriam seguidas ou implementadas em seu governo. No discurso de posse, no Congresso Nacional, as referências foram as mais parcas possíveis, como a promessa de “respeitar as religiões e nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de gênero, conservando nossos valores. O presidente se comprometeu ainda com que o Brasil “voltará a ser um País livre das amarras ideológicas”, sem, no entanto, esclarecer quais seriam essas amarras, supostamente as da esquerda (quando esta tinha sido já afastada mais de dois anos antes). A política externa recebeu uma única linha em seu discurso, assim expressa: “A política externa retomará o seu papel na defesa da soberania, na construção da grandeza e no fomento ao desenvolvimento do Brasil.” O mesmo ocorreu no discurso de recebimento da faixa presidencial, no Palácio do Planalto, quando a política externa recebeu uma única e obscura referência: “Vamos retirar o viés ideológico de nossas relações internacionais.” Apenas isso e nada mais.

Na posse do novo chanceler, a audiência foi surpreendida com um discurso altamente ideológico, muito pouco voltado para a política externa e bem mais para questões ideológicas e filosóficas de caráter geral. Seu discurso começou com uma frase em grego, seguida de sua tradução para o vernáculo: “Gnosesthe ten aletheian kai he aletheia eleutherosei humas; Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Todo o resto seguiu nessa linha, inclusive com rezas em tupi-guarani, sem muitas explicitações quanto à política externa concreta, mas com uma abundância de recriminações aos diplomatas e promessas grandiosas, antecipando sobre realizações futuras, em meio a fortes doses de olavismo explícito, como nestas poucas frases selecionadas: 

O presidente Bolsonaro está libertando o Brasil, por meio da verdade. Nós vamos também libertar a política externa brasileira, vamos libertar o Itamaraty, como o presidente Bolsonaro prometeu que faríamos, em seu discurso de vitória.

 

Não se seguiram recomendações precisas sobre como se faria ou como se daria essa “libertação”, em nome da “verdade”, prometida pelo chefe de governo, mas o longuíssimo discurso do chanceler empossado se excedeu em críticas, admoestações e lições aos diplomatas sobre a necessidade de que tais objetivos fossem alcançados, sem uma prescrição sobre como eles o seriam, como refletido nesta seleção de frases grandiosas: 

Para libertar o Itamaraty através da verdade, precisamos recuperar o papel do Itamaraty como guardião da continuidade da memória brasileira. (...)

O presidente Bolsonaro disse que nós estamos vivendo o momento de uma nova Independência. É isso que os brasileiros profundamente sentimos. E deveríamos senti-lo e vivê-lo ainda mais aqui no Itamaraty, onde a história está tão presente. Deveríamos deixar fluir por estes salões e corredores a emoção deste novo nascimento da pátria. (...)

Nós [os diplomatas] temos tradições, é claro, mas precisamos empregá-las como estímulo para buscar a verdade e a liberdade, como serviço à pátria, como serviço a todos os brasileiros, tanto os mais humildes, quanto os mais afortunados do nosso povo, esse povo que uma ideologia perversa não mais divide. (...)

Nós nos apegamos muito à nossa própria autoimagem e fizemos dela uma espécie de um ídolo, e ficamos nos olhando um pouco no espelho e dizendo que nós somos o máximo, e dizendo que os Governos não nos entendem, mas que o Itamaraty está acima dos Governos. Nós nos tornamos diplomatas que fazem coisas que só são importantes para outros diplomatas. Isso precisa acabar. Deixemos de olhar no espelho e passemos a olhar pela janela. Ou melhor ainda, vamos sair à rua para o Brasil verdadeiro. (...)

O Itamaraty não pode achar que é melhor do que o Brasil. O Itamaraty não pode achar que não faz parte do Brasil. Fazemos parte, voltamos a fazer parte de uma aventura magnífica.

A partir de hoje, o Itamaraty regressa ao seio da pátria amada.

O Itamaraty voltou, porque o Brasil voltou.

Por muito tempo o Brasil dizia o que achava que devia dizer. Era um país que falava para agradar os administradores da ordem global. Queríamos ser um bom aluno na escola do globalismo, e achávamos que isso era tudo. Éramos um país inferior, (...)

Nós buscaremos as parcerias e as alianças que nos permitam chegar aonde [sic] queremos, não pediremos permissão à ordem global, o que quer que ela seja. Defenderemos a liberdade e a vida. Defenderemos o direito de cada povo de ser o que é, com liberdade e dignidade, com a dignidade que unicamente a liberdade proporciona.

Quem ama, luta pelo que ama. Então nós admiramos quem luta, admiramos aqueles que lutam pela sua pátria e aqueles que se amam como povo, por isso admiramos por exemplo Israel, que nunca deixou de ser uma nação, mesmo quando não tinha solo – em contraste com algumas nações de hoje, que mesmo tendo seu solo, suas igrejas e seus castelos já não querem ser nação. Por isso admiramos os Estados Unidos da América, aqueles que hasteiam sua bandeira e cultuam seus heróis. Admiramos os países latino-americanos que se libertaram dos regimes do Foro de São Paulo. (...) Admiramos os que lutam contra a tirania na Venezuela e em outros lugares. Por isso admiramos a nova Itália, por isso admiramos a Hungria e a Polônia, admiramos aqueles que se afirmam e não aqueles que se negam. (...)

O globalismo se constitui no ódio, através das suas várias ramificações ideológicas e seus instrumentos contrários à nação, contrários à natureza humana, e contrários ao próprio nascimento humano. (...) 

Hoje escutamos que a marcha do globalismo é irreversível. 

Mas não é irreversível.

Nós vamos lutar para reverter o globalismo e empurrá-lo de volta ao seu ponto de partida.

Nós queremos levar a toda parte o grito sagrado da liberdade, eleuthería. Esse foi o primeiro grito de guerra do Ocidente em seu nascimento, na batalha de Salamina, Eleutheroûte Patrída. Libertai a pátria.

 

As promessas mais explicitamente vinculadas à missão do Itamaraty são referidas a seguir, mas sem mencionar que, desde o dia anterior, por decreto presidencial com data de 1º de janeiro, o novo ministério da Economia assumia responsabilidade pelas negociações econômicas internacionais, ao passo que o Itamaraty passava apenas a “acompanhá-las”:

Um dos instrumentos do globalismo, para abafar aqueles que se insurgem contra ele, é espalhar que, para fazer comércio e negócios, não se pode ter ideias nem defender valores. Nós provaremos que isso é completamente falso. O Itamaraty terá, a partir de agora, o perfil mais elevado e mais engajado que jamais teve na promoção do agronegócio, do comércio, dos investimentos e da tecnologia. De fato, ao se distanciar do Brasil e do povo brasileiro, o Itamaraty havia se distanciado também do setor produtivo nacional. Pois agora estaremos junto com o setor produtivo nacional, como nunca estivemos. Nós não vamos mais apenas “acompanhar os temas”, como se diz no jargão antigo, o jargão daquele Itamaraty fechado ao povo. O Itamaraty não será mais um Ministério que só fica olhando. Vamos trabalhar sem descanso para promover o comércio agrícola, a indústria, o turismo, a inovação, a capacitação tecnológica, os investimentos em infraestrutura e energia, avançando ombro a ombro com os outros Ministérios – graças a essa extraordinária equipe ministerial que o presidente Bolsonaro criou com um espírito de harmonia e um sentido de missão sem precedentes.

 

Não prática, nada disso ocorreu, pois o Itamaraty entrou em um ritmo letárgico.

Em seguida o discurso retoma o tom monocórdio das admoestações e recomendações de natureza abstrata, sem uma visão concreta das tarefas que caberiam ao “novo” Itamaraty, o que certamente intrigou a maior parte dos diplomatas presentes, pois que, depois de aplaudir de forma entusiasta ao discurso de despedida do chanceler Aloysio Nunes, os diplomatas de carreira aplaudiram apenas de forma muito moderada o discurso do “flamante” chanceler: 

Não deixem o globalismo matar a sua alma em nome da competitividade. Não acreditem no que o globalismo diz quando diz que para ter eficiência econômica é preciso sufocar o coração da pátria e não amar a pátria. Não escutem o globalismo quando ele diz que paz significa não lutar.

Os senhores me perguntarão: e como faremos isso?

Pela palavra.

Acreditemos no poder infinito da palavra, que é o logos criador.

O presidente Jair Bolsonaro está aqui, chegou até aqui, e nós com ele, porque diz o que sente. Porque diz a verdade. E isso é o logos. (...)

Tudo o que temos, tudo de que precisamos, é a palavra. Ela está aprisionada, mas com amor e com coragem havemos de libertá-la. (...) [A integra do discurso pode ser conferida neste link: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-categoria/ministro-das-relacoes-exteriores-discursos/19907-discurso-do-ministro-ernesto-araujo-durante-cerimonia-de-posse-no-ministerio-das-relacoes-exteriores-brasilia-2-de-janeiro-de-2019]

 

Trechos do seguinte trabalho: 

3673. “A política externa e a diplomacia brasileira em tempos de pandemia global”, Brasília, 18-20 maio 2020, 28 p. Ensaio opinativo sobre a temática do título, para servir como texto de apoio a palestra online para alunos dos cursos de Direito e de Relações Internacionais. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43208735/A_politica_externa_e_a_diplomacia_brasileira_em_tempos_de_pandemia_global_2020_).

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Sucesso absoluto do Cronista Misterioso do Itamaraty, quase 2000 visualizações em pouco tempo

1825 visualizações até aqui: 

Um Ornitorrinco no Itamaraty: cronicas do Itamaraty bolsolavista - Ereto da Brocha (2020)

2020, Um Ornitorrinco no Itamaraty: crônicas do Itamaraty bolsolavista
1,825 Views35 Pages

https://www.academia.edu/44437505/Um_Ornitorrinco_no_Itamaraty_cronicas_do_Itamaraty_bolsolavista_Ereto_da_Brocha_2020_

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Um Ornitorrinco no Itamaraty: cronicas do Itamaraty bolsolavista - Ereto da Brocha (2020)
Paulo Roberto de Almeida byPaulo Roberto de Almeida, Ministry of External…
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Um Ornitorrinco no Itamaraty: crônicas do Itamaraty bolsolavista Ereto da Brocha (um diplomata desconhecido) Índice: Nota liminar à 2ª. edição das Crônicas...
 
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A "vacina chinesa do Doria" começa a ganhar o mundo: o que vão fazer agora o capitão e seu militar da Anvisa?


Bahrain is the second country to approve a Chinese vaccine, and other news around the world.

Austin Ramzy

 The New York Times – 14.12.2020

 

Bahrain said on Sunday that it had approved the use of a Chinese vaccine against the coronavirus, after the United Arab Emirates became the first government to do so on Wednesday.

Bahrain said that the vaccine, manufactured by Sinopharm, a Chinese state-owned drug maker, was 86 percent effective based on testing of more than 42,000 volunteers, the same preliminary results that the Emirates cited. Bahrain’s statement provided few additional details of the approval process. Sinopharm had no immediate reaction to the decision.

Experts had described the reported efficacy of the Sinopharm vaccine as a respectable result that would help China’s efforts to play a key role in the global coronavirus inoculation drive, but they noted the lack of detail in the initial announcements. It also falls short of the results reported by the American drug makers Pfizer and Moderna, which said that their coronavirus vaccines were more than 90 percent effective.

Last month, Bahrain said it had begun providing the Sinopharm vaccine to frontline medical workers under an emergency-use authorization. The decision announced on Sunday will allow the vaccine to be administered to the wider public. Bahrain was involved in the testing of the Chinese vaccine, with more than 7,700 people in the island kingdom volunteering for Phase 3 clinical trials.

Bahrain, which has a population of about 1.5 million, said on Thursday that it would offer coronavirus vaccinations free to all citizens and residents, but did not specify which company or companies would provide the shots.

In other global developments:

* Italy has overtaken Britain as the country with the most coronavirus fatalities in Europe, with both countries reporting more than 64,000 deaths.

* South Korea reported 1,030 new coronavirus cases on Sunday, setting a record for the second consecutive day as the country struggles to contain a fourth wave of infections. Early in the pandemic, South Korea was praised as a model for its aggressive antivirus efforts, but President Moon Jae-in warned on Sunday that restrictions could be raised to their highest level after they were already tightened in the capital, Seoul, last week.

* Panama, which has the highest infection rate in Latin America, reported a record 2,806 coronavirus cases on Saturday.


Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração, Kristina Michahelles - livro da Casa Stefan Zweig, 2020


 

Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração

Livro da Casa Stefan Zweig, 2020

A Casa Stefan Zweig recebe o apoio da KAS para publicar a cartilha Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração. A publicação apresenta e estimula o debate sobre várias das questões mais em evidência na atualidade, como migração, refúgio e exílio. A obra é dedicada a um amplo público, incluindo jovens, alunos de nível médio e estudantes universitários.

Coordenação editorial: 

Kristina Michahelles

Projeto gráfico: Ruth Freihof, Passaredo Design


Sumário: 


Apresentação, 6 

O viajante, de Luiz Aquila, 8

Artigo: Exílios - Renato Lessa, 11

Exposição | Legado do exílio, 15

Livro: Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, 28

Perfil: Lore Koch, única discípula de Volpi, 35

Grupo de Estudos: Stefan Zweig no país do futuro, 40

Download: 

https://www.kas.de/documents/265553/265602/Stefan+Zweig+-+Ex%C3%ADlio+e+Integra%C3%A7%C3%A3o.pdf/69c28c71-5df3-efd1-cb7f-f2a08d3d9a6f?version=1.1&t=1607529230018


Grupo de estudos

Stefan Zweig no país do futuro


O Grupo de Estudos Stefan Zweig foi criado em junho de 2020 com o objetivo de ampliar a rede de especialistas na obra e a vida do autor austríaco nas universidades brasileiras. Coordenado por Kristina Michahelles, o encontro inicial contou com a presença de Larissa Fumis, Marina de Brito e Carlos Eduardo do Prado. 

Mariana Holms acaba de se juntar ao grupo.

Larissa Fumis é de São José do Rio Preto, SP. Fez mestrado em Literatura com uma tese dissertação sobre Stefan Zweig e seu livro Brasil, um país do futuroNo doutorado, fará uma análise contrapondo o mesmo livro ao Romanceiro Brasileiro, do também exilado Ulrich Becher. 

Marina Brito mora em Viena. Em sua tese de mestrado, fez um estudo comparativo das traduções para o português - em um intervalo de sete décadas - das duas obras icônicas de Zweig, Brasil, um país do futuro e a autobiografia O mundo de ontem.

Carlos Eduardo do Prado é professor de francês da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e se doutorou em Estudos de Literatura – Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense com um estudo comparativo entre as biografias de Balzac e Zweig, com base na obra Balzac, eine Biographiede Zweig.

Mariana Holms é doutoranda em Língua e Literatura Alemã pela Universidade de São Paulo. Depois de focar em Stefan Zweig no mestrado, atualmente concentra sua atenção na vida e obra da escritora e pintora austríaca Paula Ludwig, exilada no Brasil entre 1940 e 1953. 

As reuniões serão trimestrais. O site da CSZ (www.casastefanzweig.org) criou uma nova seção para abrigar trabalhos acadêmicos sobre Stefan Zweig no Brasil. 




Política Externa Brasileira e Ordem Global em Transição - papers Konrad Adenauer, CEBRI

Política Externa Brasileira e Ordem Global em Transição

Konrad Adenauer, CEBRI, 14/12/2020

 

No ano de 2020, o projeto da parceria institucional entre o Centro Brasileiro de Relações Internacionais – CEBRI e a KAS teve como tema central “Política Externa Brasileira e Ordem Global em Transição”.

Os debates e publicações do projeto tiveram foco na relação entre o reordenamento global e o papel do Brasil, em áreas na qual a regulação multilateral é crucial: sustentabilidade, tecnologia e inovação, comércio internacional e governança multilateral. As publicações, escritas por pesquisadores com experiência acadêmica e prática nos assuntos, analisam o atual status destes regimes, identificam os desafios para a política externa brasileira e fazem proposições de caminhos benéficos para a consolidação da estratégia de inserção internacional do Brasil. As publicações também enfatizam o impacto da pandemia tanto na regulação global quanto nas perspectivas para o Brasil.

Acessem os papers resultantes do projeto no site do CEBRI

 

Paper 1/5 - Challenges for building a multilateral trading system in the 21st century

 

Paper 2/5 - Geopolitics and the Economics of Innoavtion

 

Paper 3/5 - Global Reorganization and the Crises of Multilateralism

 

Paper 4/5 - The times they are a-changing: perspectives of the Brazilian Sustainable Development agenda

 

O último evento do projeto “Dilemas do Multilateralismo: Desafios para o Brasil” foi realizado no dia 11 de dezembro e está disponível através do seguinte link youtu.be/JRvhC3aAS2Y

 

Existe, também, uma playlist com todos os eventos do projeto: www.youtube.com/playlist?list=PLxIbgGVEtVSyt4cz5UOTQ-MmoX9uEAg4D

 

 

 


Qualidade da educação: Priscila Cruz (“Todos pela Educação”) e Walter Schalka (“Parceiros da Educação”) - IEDI

Estudo completo: https://iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_1049.html 

A qualidade da educação e o desenvolvimento do Brasil 
  
Avanços no nível educacional da população, como se sabe, são fundamentais para a melhoria do padrão de vida das pessoas e da produtividade dos países, ampliando sua capacidade de inovar. No Brasil, porém, a qualidade do ensino ainda deixa muito a desejar, a despeito dos progressos das últimas décadas. Fórum recente organizado pelo IEDI analisou a situação atual e estratégias futuras para a educação no país, com a participação de Priscila Cruz, do “Todos pela Educação”, e Walter Schalka, membro do “Parceiros da Educação” e Presidente da Suzano, que integra o IEDI. 
  
9% 
Análise dos dados recentes mostram que dos alunos com certificado de conclusão do ensino médio somente 29,1% apresentam aprendizagem mínima em Português e 9% em Matemática. 
  
  
Estudos da Universidade de Stanford indicam que 100 pontos a mais para o Brasil no PISA/OCDE, aumentaria 2 p.p. o crescimento de nosso PIB e 26% o salário médio dos brasileiros.
  
26% 
  
» Veja o estudo completo

www.iedi.org.br

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Benjamin R. Teitelbaum: War for Eternity - Capítulo 13: um jantar na embaixada do Brasil em Washington, na visita presidencial



Benjamin R. Teitelbaum

War for Eternity: Inside Bannon’s Far Right Circle of Global Power Brokers

Publisher: Dey Street Books, April 2020, 332 p.

ASIN: B07SD11Z2Y (Kindle Books)

 

Antes de transcrever o capítulo 13, alguns trechos recolhidos aleatoriamente no livro: 


As fontes inspiradoras do guru presidencial, de acordo com o relato do livro de Benjamin Teitelbaum, "War for Eternity":
"René Guénon died paranoid and embroiled in conflicts with his former followers in 1951, and Julius Evola spent his last years holed up in his Rome apartment with a tiny group of exceptionally radical and dangerous followers—simple terrorists, some of them—and scorned by many Traditionalists."
Olavo recomendou o chanceler acidental ao presidente:
"Olavo offered ... Ernesto Araújo,... as foreign minister. Araújo had studied Olavo’s lectures and was a skilled writer and a scholar in his own right, who maintained a blog called Metapolítica: Contra o Globalismo (Metapolitics: Against Globalism) and could discuss the works of Guénon and Evola fluently. More so than Olavo himself, Ernesto was a Traditionalist. In 2017 he penned an academic essay, “Trump and the West,” that referenced Evola’s Metaphysics of War."
Depois, ele veio a chamar ambos de loucos, como figura mais adiante no livro:
"Steve asked him about Guénon. “He was crazy,” Olavo said. “He said a lot of crazy things. But”—and Olavo turned straight to me for the first time during the dinner and peered over his glasses while pointing his finger—“he said a lot of true things as well.” What about Evola? I asked. “Evola was completely insane. He wanted to bring down the church so that he could create a new European paganism. Ha! But he is so fun to read. His book on alchemy was great. They all could write beautifully. No atheist could write as beautifully as they could.”

Benjamin R. Teitelbaum
War for Eternity: Inside Bannon’s Far Right Circle of Global Power Brokers
Publisher: Dey Street Books, April 2020, 332 p.
ASIN: B07SD11Z2Y (Kindle Books)



Dinner at the Embassy

Capítulo 13, pp. 131-137


I ARRIVED LATE, A LITTLE BEFORE FIVE IN THE EVENING, delayed during my walk from the train station by hordes of youths in MAGA hats and their clerical chaperones who had swarmed downtown Washington, D.C., for the anti-abortion March for Life in January 2018. As I turned the corner and walked up the sidewalk toward the townhouse, I saw Andy Badolato standing outside berating someone on his cell phone, sweating robustly while wearing shorts and a polo shirt in the 30-degree air. He was there to receive me. Steve knew I was coming and had asked his most notorious fixer to park me in the ground level of what he still calls “the Breitbart embassy.”

Like a cruise liner, Steve Bannon’s Washington townhome goes from stark to gaudy as you ascend floors. You enter the first floor into a dimly lit TV den with low ceilings and a large worn leather couch flanked by a steel table and chairs that look like they were taken from a 1990s sports bar—a space that is part run-down bachelor pad, part war room. As you move farther into the house, French doors open onto a conference room overflowing with papers and laptops, all facing a mounted monitor on the wall and a poster of D.C. that one could easily mistake for a target map.

I sank into the couch and got comfortable. I’d been through the routine plenty of times before, and had come to suspect that the waiting exercise was a deliberate strategy to humble me ahead of a meeting. Meanwhile, Andy was on and off the phone, a bottle of beer in his hand. He segued from making a business pitch to a lawyer to a conversation with someone interested in Trump’s famed border wall with Mexico (was this a business pitch, too?).

After more than an hour, I was summoned. “Dinner party is starting, boss wants you upstairs.” Steve greeted me with a handshake and a hug as I entered. “Welcome, Ben.” The walls of the second floor are painted with pastel scenes from Greek antiquity, while the carpeting—royal blue with white stars—says home. A dozen other guests trickled in and mingled with Steve in front of a minibar. Darren Beattie, a former speechwriter for Trump recently fired for presenting at a conference sponsored by the controversial H. L. Mencken Club years earlier, made a quiet entrance. The other attendees were Brazilians.

Then the main attraction entered, the guest in whose honor Steve had arranged the dinner. Everyone made space and broke out in cheers as he and Steve walked across the room to greet each other. One of the younger Brazilians standing next to me was fighting back tears. With smiles and laughs we made our way to the long, impressively laden table. We sat down and said grace, reciting the Lord’s Prayer with our heads bowed, as is the routine for the Brazilian guest. Of course I joined them in this.

The mood wouldn’t become jovial again until, after a few minutes, a middle-aged Brazilian investment banker named Gerald Brant tapped his glass and proposed a toast: “This is a dream come true,” he said. “Trump is in the White House, Bolsonaro is in Brasília. And here we are in Washington: Bannon and Olavo de Carvalho, face-to-face. This is a new world, friends!”

I knew Traditionalism had motivated Bannon to connect with one other power broker—Aleksandr Dugin. But the story had grown more complex, for here was another major global Traditionalist. I had asked Steve on multiple occasions if he could help me reach Olavo, or if I could sit in on one of their meetings, and he had always been evasive—until now.

Following the October 28, 2018, elections in Brazil, the new president, Jair Bolsonaro, had offered Olavo the position of minister of education. Olavo declined, citing his desire to continue writing and agitating freely from his social media throne. The former muqqadam in Frithjof Schuon’s tariqa would be serving as an adviser to the president nonetheless, everyone knew, while remaining situated at his home in rural Virginia, where he had lived without returning to Brazil for over a decade.

As is proper, however, Olavo made recommendations as to those the president might consider instead for government positions. Cultural funding and universities would be key targets of reform, so Olavo understood that the future minister of education would need robust credentials and a passion for, as he saw it, fighting against Marxist infiltration. He recommended Ricardo Vélez Rodríguez, a conservative philosopher. And while making that recommendation, Olavo offered a second: Ernesto Araújo, perhaps as foreign minister. Araújo had studied Olavo’s lectures and was a skilled writer and a scholar in his own right, who maintained a blog called Metapolítica: Contra o Globalismo (Metapolitics: Against Globalism) and could discuss the works of Guénon and Evola fluently. More so than Olavo himself, Ernesto was a Traditionalist. In 2017 he penned an academic essay, “Trump and the West,” that referenced Evola’s Metaphysics of War.


* * *


STEVE SAT ME across from Olavo at the dinner table, with himself at the head. Darren Beattie was to my left, and in between toasts and monologues, he and I chatted about philosophy and academia. Beattie received a round of praise during the meal after Steve said that he had played a key role in writing a speech President Trump delivered in Warsaw in July 2017, which celebrated Poland and America as members of a cultural and political union of the West. “We write symphonies. We pursue innovation. We celebrate our ancient heroes, embrace our timeless traditions and customs” were some of its key lines, as well as the charge that “our own fight for the West does not begin on the battlefield—it begins with our minds, our wills, and our souls.” Beattie later told me he wasn’t in fact one of the lead writers on the speech, but so as not to cause embarrassment, he nodded in thanks.

We talked a lot about Bolsonaro. Some of the Brazilians seemed to have come to the dinner with the agenda in mind of selling the new administration to Steve. Olavo and a handful of the others had been to the U.S. State Department earlier in the day for what appeared to have been part of an official visit, and a puzzling one at that: neither Olavo nor anyone in his immediate entourage held official positions in the Bolsonaro government. Olavo was there to voice his condemnation of China and the urgency of resisting the spread of its influence globally: unlike Aleksandr Dugin, Olavo was a stalwart Traditionalist ally of Steve’s in this regard. The officials at the State Department had seemed to agree with this assessment of China, much to the Brazilians’ surprise.

Steve didn’t seem as surprised as they were. Meanwhile, he wanted to know more about the composition of the Bolsonaro government. Olavo and Gerald Brant took turns describing the new administration as factionalized.

Regrettably it contained elements of the old military guard, who were often the target of Olavo’s screeds on corruption, but at least all parties involved seemed serious about establishing law and order in Brazil. There were the free-market capitalists, represented by Bolsonaro’s minister of finance, Paulo Guedes, who was educated at the University of Chicago. He opposed socialism—that was good—but he seemed like a globalist. This made him unlike the final pillar: the patriots, the nationalists, personified by Olavo and Bolsonaro’s sons—none of whom had official positions in the administration, but were instead confidants of the president with massive social media followings. Steve asked about this faction’s vision, and the Brazilians around the table seemed to reply in unison, “Alignment with the Judeo-Christian West.”

Olavo was in direct contact with the president, he affirmed. They spoke most recently about China and about CNN, which had established itself in Brazil for the purpose, he thought, of contesting the messaging machine of the new president. His conversation with Bolsonaro left Olavo concerned that the new president didn’t see the threat CNN posed to his government. But the Chinese threat and the need for Brazil to reorient itself toward the United States—that Bolsonaro understood well, if only for economic reasons.

Steve was thrilled to hear that. Brazil had long been grouped together with Russia, India, and China in the so-called BRIC alliance of powerful, non-NATO-allied ascendant economies. Isolating China by undoing that alliance was appealing enough, but as Steve once argued to me, Brazil has hidden metaphysical gifts to offer the United States as well. Not only does the Judeo-Christian West exist in South America through Brazil, but Brazil began the process of modernization later than Western Europe and the United States. That means that its authentic Western culture runs deeper, is less corrupted. It can serve as a reserve of culture that nations further deteriorated by modernity embrace as they strive to revitalize themselves. 

Steve didn’t go there this evening. Instead, he stuck to practical issues as the conversation got more serious. He shared Olavo’s belief that mainstream education in the West was destroying its potential for a conservative future, and that alternative education systems were needed as a countermeasure. He had been working on a solution.

In 2009, at his then new home in rural Virginia, Olavo launched Seminário de Filosofia. It was an online school, a way for him to make use of his years of lecture notes from Brazil now that he lived abroad. A standard university position would not have appealed to him anyway. He felt leftists had infiltrated Brazil’s educational system in preparation for a communist revolution. Conservative ideas could be introduced into society only through alternative channels at this point—metapolitics, that’s what was needed—and the internet provided the ideal venue. Seminário de Filosofia was not designed for students to ever meet with Olavo face-toface. 

Instead their tuition provided them with access to a series of video lectures, the broad topics being comparative religion, letters and arts, human and natural sciences, and communication and expression. Enrollment would eventually swell to over two thousand students, most of them young men. 

Steve wanted to achieve a similar level of outreach. After all, he, too, had plans to develop a school for the implicit purpose of waging metapolitics. But Olavo was quick to distinguish himself. He had taught the masses, but he wasn’t into creating templates; he focused on the individual. He said he wanted to know where each student was and to help his pupils understand what they wanted. How he could do this with so many students at once? I was curious to know. As I listened, I wanted to ask Olavo whether it was a coincidence that someone who opposed globalism also disapproved of universal educational models that didn’t address the particular student. 

I never got a chance to ask because the conversation took a quick turn. Olavo’s school was a philosophy school, and he said his definition of philosophy was the attempt at aligning the unity of knowledge with the unity of consciousness. This meant he was interested in understanding the limits of knowledge a person had. It was a bit arcane—I didn’t get it, and I don’t think others at the table did, either. But I remember thinking that Olavo indicated he defined a person by what he or she knows. People are knowledge. When you change, it is because you learned something. Steve, in host mode, was acting agreeable, but I knew he disagreed with this. He thought that we possessed “being” beyond knowledge; indeed, that our economy and society is flawed because it only values people based on their intellect. When your life changes genuinely, he thinks, it is because you’ve had a change in being. This is why Steve loves the movie Groundhog Day.

Steve asked him about Guénon. “He was crazy,” Olavo said. “He said a lot of crazy things. But”—and Olavo turned straight to me for the first time during the dinner and peered over his glasses while pointing his finger—“he said a lot of true things as well.” What about Evola? I asked. “Evola was completely insane. He wanted to bring down the church so that he could create a new European paganism. Ha! But he is so fun to read. His book on alchemy was great. They all could write beautifully. No atheist could write as beautifully as they could.” 

I asked him if it was a coincidence that both he and Bannon had gained influence, and that both considered themselves affiliated in some way with Traditionalists. “No,” he replied. “Because the Traditionalists put forth a criticism of science, modern science.” I found it a puzzling response. They were both gurus behind major populist revolts. Was that really about criticizing science? Steve did question the reality of global warming, but he didn’t present himself as an opponent of modern science. And why did Olavo seem so eager to downplay his affiliation with Traditionalism and then go on to praise its key thinkers? What had happened since his time in Schuon’s tariqa?

Those were questions I would have to get to later. Steve speedily wrapped up the dinner and we bid each other farewell. I left wondering where his and Olavo’s relationship was headed. Steve maintained a plethora of political partnerships—some shallow, some substantial—throughout the global radical right. But compared even with his connections with close allies like Brexiter Nigel Farage, his commonalities with figures like Aleksandr Dugin and Olavo de Carvalho ran deep and must have felt exceptional. They were political and spiritual kin, and they were only beginning to interact now.

* * *

ABOUT TWO MONTHS LATER, I saw images splashed across U.S. media showing Steve sitting once more at a lavish dinner in Washington, D.C.— across town this time, at the residence of the Brazilian ambassador on Massachusetts Avenue. To Steve’s left sat President Bolsonaro. To Bolsonaro’s left sat Olavo de Carvalho. And to Olavo’s left sat Brazil’s foreign minister, Ernesto Araújo. The president was making his first visit to a foreign government, and breaking with convention in the process.

Typically, this first foreign visit takes place in Buenos Aires. But Bolsonaro wanted to signal to the world that Brazil’s foreign policy was changing. 

His decision to invite Steve to the dinner was also provocative. Steve no longer held any official position in the White House or in the government. Not only that—Trump’s most recent public comments on “Sloppy Steve,” as he had taken to calling him, were fiercely critical. The guest list at the embassy thus testified to Steve’s continued high status in the eyes of the Brazilian government but also Bolsonaro’s confidence in his relationship with Trump. He adored the U.S. president, hardly ever missed an opportunity to praise him on social media, and would greet him the next day at the White House with a Brazilian soccer jersey emblazoned with the Trump name.

The purpose of the visit was more than trading pleasantries, however. Bolsonaro and Trump hoped to discuss trade deals, the imperiled anti-American government in Venezuela, perhaps even the possibility of basing a U.S. rocket-launching station in Brazil, though all these were just elements of the bigger message: Bolsonaro was there to tell Trump he wanted a greater U.S. presence in Brazil. Implicitly, this also meant that he wanted to loosen the Chinese grip on his country and its economy. It marked the advance of an agenda from the nationalist faction of his administration, the wing driven by Olavo, the complicated Traditionalist who was striving to see Brazil shed its mercantilist geopolitics that linked it to China, and instead prioritize the spiritual roots that made it a part of the Judeo-Christian West.

It was part of the Traditionalist-inspired vision that united Olavo and Bannon, now in action. 

 

Fim do capítulo: pp. 131-137.