O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O Brasil no Agro Global: apresentação e debate sobre livro - Insper, Apex, MRE (18/11, 18hs)

 Imperdível:

Lançamento do livro: O Brasil no Agro Global

A inserção brasileira nas principais regiões do planeta

Nos últimos 20 anos, o agronegócio brasileiro se consolidou como um grande e regular fornecedor global de alimentos. As exportações mais do que quintuplicaram, ultrapassando os US$ 100 bilhões em 2020 e alcançando mais de 200 países. Mas o mercado mundial vem se transformando e novas exigências vêm se estabelecendo. O Insper Agro Global busca compreender essas novas dinâmicas, ao passo que fomenta o debate relacionado às políticas públicas e ações estratégicas que priorizem a inserção internacional do país.

Resultado da interação de alunos participantes do curso de Educação Executiva do Insper, "O Brasil no Agronegócio Global" com pesquisadores do Centro de Agronegócio Global, o livro O Brasil no agronegócio global: reflexões sobre a inserção do agronegócio brasileiro nas principais macrorregiões do planeta reúne, em nove capítulos, estudos sobre macrorregiões estratégicas ao agronegócio brasileiro.

Dado o grande potencial das regiões avaliadas, o livro destaca o quanto o país ainda tem a ganhar com um processo de estreitamento de laços, estabelecimento de acordos e consolidação de parcerias comerciais. Lançado em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), a publicação se debruça sobre aspectos concorrenciais, tendências e propostas de ações estratégicas para a atuação do Brasil.

Para o debate de lançamento da versão digital do livro, o Insper Agro Global, a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) reúnem Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global e do Núcleo Agro do CEBRI e um dos organizadores do livro, que apresentará a obra, Alexandre Peña Ghisleni, diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores, Márcio Rodrigues, gerente de agronegócios na Apex-Brasil e José Alfredo Graça Lima, embaixador, ex chefe das negociações comerciais do Brasil e vice-presidente do conselho curador do CEBRI. Marcos Lisboa, presidente do Insper, fará a abertura e Julia Dias Leite, diretora-presidente do CEBRI, será a moderadora.

Inscreva-se e participe!

Ícone Data18/11/2021
Ícone Hora18h às 19h30

https://www.insper.edu.br/agenda-de-eventos/o-brasil-no-agro-global/

Conheça os participantes

Alexandre Peña Ghisleni 

Diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do MRE. Ao longo da carreira diplomática, serviu na Missão do Brasil junto às Organizações Internacionais em Genebra e nas Embaixadas do Brasil em Washington e em Havana. 

José Alfredo Graça Lima 

Vice-Presidente do Conselho Curador do CEBRI, Árbitro do Mecanismo Provisório de Apelação da OMC. Foi o principal negociador comercial do Brasil (1998-2002), representante permanente junto à UE, subsecretário-geral para Ásia e Pacífico e professor no Instituto Rio Branco (2013-2016). 

Julia Dias Leite 

Diretora-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Atua há 20 anos na área de relações internacionais. Foi secretária executiva do Conselho Empresarial Brasil-China. É fellow do Inter-American Dialogue e presidente do conselho de administração da Piemonte Holding. 

Márcio Rodrigues 

Gerente de Agronegócios da Apex-Brasil. Responsável pela articulação de ações de promoção do agronegócio brasileiro no exterior. É especialista em Relações Internacionais e em Agronegócio, tema no qual atua há mais de 10 anos. Mestre e doutorando em Ciências Sociais. 

Marcos Jank 

Professor de agronegócio e coordenador do centro Insper Agro Global. Foi presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e do ICONE. Atuou como VP de assuntos corporativos da BRF para a Ásia-Pacífico, onde também representou entidades exportadoras do agronegócio. 

Marcos Lisboa 

Marcos Lisboa tem uma trajetória que abrange experiências em instituições acadêmicas, no governo e como executivo de instituições financeiras. Atual presidente do Insper, de 2013 a abril de 2015 atuou como vice-presidente. De 2006 a 2009, atuou como diretor executivo do Itaú Unibanco e, de 2009 a 2013, como vice-presidente. De 2005 a 2006, foi presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Atuou como secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de 2003 a 2005. Marcos foi professor assistente de economia na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas entre 1998 e 2002. De 1996 a 1998, atuou como professor assistente de economia no Departamento de Economia da Universidade de Stanford. Marcos é Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. 

O modelo Trump-Bannon para a reeleição no Brasil - Jack Nicas (NYT)

 O NYTimes é um jornal progressista, ou "liberal", no conceito americano de esquerda light, que para a direita é socialista, quase comunista. Não encontrei muita novidade neste artigo, pois tudo o que o jornalista reporta eu já tinha lido em diversas matérias de imprensa, reportagens ou análises e colunas de opinião.

Em todo caso, para os brasileiros, nada do que está dito é estranho ao que nós mesmos observamos daqui, mas isso pode impressionar os americanos.

Paulo Roberto de Almeida

 

The Bolsonaro-Trump Connection Threatening Brazil’s Elections

With his poll numbers falling, President Jair Bolsonaro is already questioning the legitimacy of next year’s election. He has help from the United States.

Jack Nicas

The New York Times, 12/11/2021

 

Brasilia - The conference hall was packed, with a crowd of more than 1,000 cheering attacks on the press, the liberals and the politically correct. There was Donald Trump Jr. warning that the Chinese could meddle in the election, a Tennessee congressman who voted against certifying the 2020 vote, and the president complaining about voter fraud.

In many ways, the September gathering looked like just another CPAC, the conservative political conference. But it was happening in Brazil, most of it was in Portuguese and the president at the lectern was Jair Bolsonaro, the country’s right-wing leader.

Fresh from their assault on the results of the 2020 U.S. presidential election, former President Donald J. Trump and his allies are exporting their strategy to Latin America’s largest democracy, working to support Mr. Bolsonaro’s bid for re-election next year — and helping sow doubt in the electoral process in the event that he loses.

They are branding his political rivals as criminals and communists, building new social networks where he can avoid Silicon Valley’s rules against misinformation and amplifying his claims that the election in Brazil will be rigged.

For the American ideologues pushing a right-wing, nationalist movement, Brazil is one of the most important pieces on the global chess board. With 212 million people, it is the world’s sixth-largest nation, the dominant force in South America, and home to an overwhelmingly Christian population that continues to shift to the right.

Brazil also presents a rich economic opportunity, with abundant natural resources made more available by Mr. Bolsonaro’s rollback of regulations, and a captive market for the new right-wing social networks run by Mr. Trump and others.

For the Brazilian president, who finds himself increasingly isolated on the world stage and unpopular at home, the American support is a welcome boost. The Trump name is a rallying cry for Brazil’s new right and his efforts to undermine the U.S. electoral system appear to have inspired and emboldened Mr. Bolsonaro and his supporters.

But Brazil is a deeply divided nation where the institutions safeguarding democracy are more vulnerable to attack. The adoption of Mr. Trump’s methods is adding fuel to a political tinderbox and could prove destabilizing in a country with a history of political violence and military rule.

 “Bolsonaro is already putting it into people’s heads that he won’t accept the election if he loses,” said David Nemer, a University of Virginia professor from Brazil who studies the country’s far right. “In Brazil, this can get out of hand.”

Steve Bannon, Mr. Trump’s former chief strategist, has said President Bolsonaro will only lose if “the machines” steal the election. Representative Mark Green, a Tennessee Republican who has pushed laws combating voter fraud, met with lawmakers in Brazil to discuss “voting integrity policies.”

And President Bolsonaro’s son, Eduardo Bolsonaro, gave perhaps his most elaborate presentation on what he said were manipulated Brazilian elections in Sioux Falls, S.D. He was at an August event hosted by Mike Lindell, the pillow executive being sued for defaming voting-machine makers.

Authorities, including academics, Brazil’s electoral officials and the U.S. government, all have said that there has not been fraud in Brazil’s elections. Eduardo Bolsonaro has insisted there was. “I can’t prove — they say — that I have fraud,” he said in South Dakota. “So, OK, you can’t prove that you don’t.”

Mr. Trump’s circle has cozied up to other far-right leaders, including in Hungary, Poland and the Philippines, and tried to boost rising nationalist politicians elsewhere. But the ties are the strongest, and the stakes perhaps the highest, in Brazil.

WhatsApp groups for Bolsonaro supporters recently began circulating the trailer for a new series from Fox News host Tucker Carlson that sympathizes with the Jan. 6Capitol riot, Mr. Nemer said. The United States, which has been a democracy for 245 years, withstood that attack. Brazil passed its constitution in 1988 after two decades under a military dictatorship.

 “What concerns me is how fragile our democratic institutions are,” Mr. Nemer said.

The American interest in Brazil is not only political. Two conservative social networks run by allies of Mr. Trump, Gettr and Parler, are growing rapidly here by leaning into fears of Big Tech censorship and by persuading President Bolsonaro to post on their sites — the only world leader to do so. Mr. Trump’s own new social network, announced last month, is partially financed by a Brazilian congressman aligned with President Bolsonaro.

Beyond tech, many other American companies have benefited from President Bolsonaro’s opening to trade, including those in defense, agriculture, space and energy.

“We’re turning ideological affinity into economic interests,” said Ernesto Araújo, President Bolsonaro’s foreign minister until March.

The Trumps, the Bolsonaros, Mr. Green and Mr. Bannon did not respond to repeated requests for comment.

President Bolsonaro’s fraud claims have worried officials in the Biden administration, according to two U.S. officials who spoke on the condition of anonymity. In August, Jake Sullivan, President Biden’s national security adviser, traveled to Brazil and advised President Bolsonaro to respect the democratic process.

In October, 64 members of Congress asked President Biden for a reset in the United States’ relationship with Brazil, citing President Bolsonaro’s pursuit of policies that threaten democratic rule. In response, Brazil’s ambassador to the United States defended President Bolsonaro, saying debate over election security is normal in democracies. “Brazil is and will continue to be one of the world’s freest countries,” he said.

For President Bolsonaro, the Republicans’ support comes at a crucial moment. The pandemic has killed more than 610,000 Brazilians, second to only the 758,000 deaths in the United States. Unemployment and inflation have risen. He has been operating without a political party for two years. And Brazil’s Supreme Court and Congress are closing in on investigations into him, his sons and his allies.

Late last month, a Brazil congressional panel recommended that President Bolsonaro be charged with “crimes against humanity,” asserting that he intentionally let the coronavirus tear through Brazil in a bid for herd immunity. The panel blamed his administration for more than 100,000 deaths.

Minutes after the panel voted, Mr. Trump issued his endorsement. “Brazil is lucky to have a man such as Jair Bolsonaro working for them,” he said in a statement. “He is a great president and will never let the people of his great country down!

 

‘The Donald Trump of South America’

 

In 2018, President Bolsonaro was carried to victory by the same populist wave that buoyed Mr. Trump. The comparisons between Mr. Bolsonaro, a former Army paratrooper with a penchant for insults and off-the-cuff tweets, and Mr. Trump were instant.

“They say he’s the Donald Trump of South America,” Mr. Trump said in 2019. “I like him.”

To many others, Mr. Bolsonaro was alarming. As a congressman and candidate, he had waxed poetic about Brazil’s military dictatorship, which tortured its political rivals. He said he would be incapable of loving a gay son. And he said a rival congresswoman was too ugly to be raped.

Three months into his term, President Bolsonaro went to Washington. At his welcome dinner, the Brazilian embassy sat him next to Mr. Bannon. At the White House later, Mr. Trump and Mr. Bolsonaro made deals that would allow the Brazilian government to spend more with the U.S. defense industry and American companies to launch rockets from Brazil.

Joining President Bolsonaro in Washington was his son, Eduardo. A congressman and former police officer, Eduardo Bolsonaro already was wearing Trump hats and posing with assault rifles on Facebook. He then emerged as Brazil’s chief liaison with the American right, visiting the United States several times a year to meet with Mr. Trump, Jared Kushner, top Republican senators and a cadre of far-right pundits and conspiracy theorists.

A few weeks after his father was elected, Eduardo Bolsonaro went to Mr. Bannon’s birthday party and was treated as “the guest of honor,” said Márcio Coimbra, a Brazilian political consultant who was also there.

Two months later, Mr. Bannon announced Eduardo Bolsonaro would represent South America in The Movement, a right-wing, nationalist group that Mr. Bannon envisioned taking over the Western world. In the news release, Eduardo Bolsonaro said they would “reclaim sovereignty from progressive globalist elitist forces.”

‘We cannot allow them to silence us’

Before the pandemic, President Bolsonaro had been good for American business.

The Trump and Bolsonaro administrations signed pacts to increase commerce. American investors plowed billions of dollars into Brazilian companies. And Brazil spent more on American imports, including fuel, plastics and aircraft.

Now a new class of companies is salivating over Brazil: conservative social networks.

Gettr and Parler, two Twitter clones, have grown rapidly in Brazil by promising a hands-off approach to people who believe Silicon Valley is censoring conservative voices. One of their most high-profile recruits is President Bolsonaro.

Gettr’s chief executive, Jason Miller, is Mr. Trump’s former spokesman. He said that President Bolsonaro and his sons’ activity on his site has been a major boost for business. The four-month-old app already has nearly 500,000 users in Brazil, or 15 percent of its user base, its second-largest market after the United States. Gettr is now advertising on conservative Brazilian YouTube channels. “I had Brazil identified from day one,” he said.

Parler said Brazil is also its No. 2 market. Both companies sponsored CPAC in Brazil. “We cannot allow them to silence us,” Candace Owens, the conservative pundit, said in a video pitching Parler at CPAC.

Gettr is partly funded by Guo Wengui, an exiled Chinese billionaire who is close with Mr. Bannon. (When Mr. Bannon was arrested on fraud charges, he was on Mr. Guo’s yacht.) Parler is funded by Rebekah Mercer, the American conservative megadonor who was Mr. Bannon’s previous benefactor.

Companies like Gettr and Parler could prove critical to President Bolsonaro. Like Mr. Trump, he built his political movement with social media. But now Facebook, YouTube and Twitter are more aggressively policing hate speech and misinformation. They blocked Mr. Trump and have started cracking down on President Bolsonaro. Last month, YouTube suspended his channel for a week after he falsely suggested coronavirus vaccines could cause AIDS.

In response, President Bolsonaro has tried to ban the companies from removing certain posts and accounts, but his policy was overturned. Now he has been directing his supporters to follow him elsewhere, including on Gettr, Parler and Telegram, a messaging app based in Dubai.

He will likely soon have another option. Last month, Mr. Trump announced he was starting his own social network. The company financing his new venture is partly led by Luiz Philippe de Orleans e Bragança, a Brazilian congressman and Bolsonaro ally.

 

‘Stolen by, guess what, the machines’

 

On the day of the Capitol riot, Eduardo Bolsonaro was in Washington. When asked later, he said the rioters’ efforts were weak. “If it were organized, they would have taken the Capitol and made demands,” he said.

The day after the riot, President Bolsonaro warned that Brazil was “going to have a worse problem” if it didn’t change its own electoral systems, which rely on voting machines without paper backups. (Last week, he suddenly changed his tune after announcing that he would have Brazil’s armed forces monitor the election.)

Diego Aranha, a Brazilian computer scientist who studies the country’s election systems, said that Brazil’s system does make elections more vulnerable to attacks — but that there has been no evidence of fraud.

“Bolsonaro turned a technical point into a political weapon,” he said.

President Bolsonaro’s American allies have helped spread his claims.

At the CPAC in Brazil, Donald Trump Jr. told the audience that if they didn’t think the Chinese were aiming to undermine their election, “you haven’t been watching.” Mr. Bannon has called President Bolsonaro’s likely opponent, former President Luiz Inácio Lula da Silva, a “transnational, Marxist criminal” and “the most dangerous leftist in the world.” Mr. da Silva served 18 months in prison but his corruption charges were later tossed out by a Supreme Court justice.

Eduardo Bolsonaro’s slide show detailing claims of Brazilian voter fraud, delivered in South Dakota, was broadcast by One America News, a conservative cable network that reaches 35 million U.S. households. It was also translated into Portuguese and viewed nearly 600,000 times on YouTube and Facebook.

After his presentation, Mr. Bannon declared “Bolsonaro will win,” unless the elections are “stolen by, guess what, the machines.”

Both Mr. Bannon’s and Mr. Trump Jr.’s comments were translated into Portuguese and shared on Facebook by Bia Kicis, a conservative Brazilian congresswoman. They have been viewed more than 330,000 times.

‘Prison, death or victory’

The first week of September was a critical moment for the Bolsonaro presidency. Facing political crises, he called for nationwide demonstrations on Sept. 7, Brazil’s Independence Day, to protest his enemies in the Supreme Court and on the left.

The weekend before, just down the road from the presidential palace, Mr. Bolsonaro’s closest allies gathered at CPAC. Eduardo Bolsonaro and the American Conservative Union, the Republican lobbying group that runs CPAC, organized the event. Eduardo Bolsonaro’s political committee mostly financed it. Tickets sold out.

The American Conservative Union paid about $15,000 to send Mr. Green, the Tennessee Republican, according to a lobbying disclosure. His planned agenda included a discussion, over lunch, of voting laws with two Brazilian members of Congress who pushed to change Brazil’s.

During the conference, the head of Project Veritas, the conservative group that secretly records journalists to try to expose liberal bias, told the audience that he aimed to expand to Brazil.

Afterward, Eduardo Bolsonaro brought several Americans to the presidential palace. Mr. Miller of Gettr and two men connected to Project Veritas sat outside with President Bolsonaro and his sons, in view of the nearly Olympic-size swimming pool. President Bolsonaro was barefoot and in a soccer jersey. The Americans were in suits. They talked for more than an hour, Mr. Miller said. The Brazilians wanted to “kick the tires” on Gettr, he said.

The next day, Brazil’s federal police detained Mr. Miller at the airport. A Supreme Court judge had ordered police to question him about how Gettr might be used to spread misinformation in Brazil. “It was just farcical,” Mr. Miller said.

Eventually, Mr. Miller’s friend called Eduardo Bolsonaro and asked for a lawyer, according to police records. After the lawyer arrived, so did a senior adviser to President Bolsonaro. The lawyer requested the police not mention the adviser in their reports because, she said, he was there as her boyfriend, according to the records. The police mentioned him. He is not her boyfriend, they said.

At the same time, hundreds of thousands of Bolsonaro supporters in yellow and green were filling the national esplanade in Brasília. Pro-Bolsonaro banners hung from government buildings.

President Bolsonaro gave a fiery speech. Then he flew to São Paulo, where he used Mr. Miller’s detainment as evidence of judicial overreach. He told the crowd he would no longer recognize decisions from a Supreme Court judge.

He then turned to the election.

“We have three alternatives for me: Prison, death or victory,” he said. “Tell the bastards I’ll never be arrested.”

 

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Eleições 2022 (11/11/2021): Thomas Traumann: Moro arrasa com candidaturas tucanas (Veja)

Dou início, com esta postagem, a uma série de matérias exclusivamente dedicadas às eleições presidenciais, e gerais, de 2022, com a qual pretendo fazer um seguimento estreito da mais importante decisão a ser tomada pelos eleitores brasileiros em muitos anos, talvez a mais relevante de nossa história, pois o próximo presidente terá de reconstruir o Brasil, depois do furacão dos novos bárbaros.

Sempre colocarei o indicativo "Eleições 2022" e nessa rubrica caberão tanto matérias de terceiros, quanto análises minhas sobre o cenário político e econômico do processo eleitoral.

Concordo com Thomas Traumann: Moro pode liquidar (em todos os sentidos da palavra) com quaisquer outras candidaturas dessa confusa 3a via, e pode facilitar a vitória de Lula.

Paulo Roberto de Almeida

 . Thomas Traumann  Jornalista e consultor de comunicação, é autor de "O Pior Emprego do Mundo", sobre o trabalho dos ministros da Fazenda. Escreve sobre política e economia

Doria e Moro: articulação do ex-ministro para a eleição em 2022 descarta Senado até segunda ordem

Moro arrasa com candidaturas tucanas

  • Pesquisa mostra que com ex-juiz na disputa, Lula vence no primeiro turno
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 10, mostra que a candidatura a presidente do ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro do governo Bolsonaro, Sergio Moro, arrasa com as chances do PSDB e de outros pré-candidatos da chamada terceira via, tira votos do presidente Jair Bolsonaro e, indiretamente, amplia o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos dois cenários pesquisados, a entrada de Moro reduziu os pré-candidatos tucanos João Doria a 2% e o Eduardo Leite a 1%, e o senador Rodrigo Pacheco (PSD) a 1%. Moro se filiou hoje ao partido Podemos para disputar a Presidência. As duas simulações mostram Lula na frente a ponto de vencer no primeiro turno, entre 47% e 48% dos votos votais (o que daria 54% dos votos válidos). O presidente Jair Bolsonaro vem em segundo, com 21%; depois Moro com 8% e o ex-ministro Ciro Gomes com 6% ou 7% dependendo do cenário.

Todas as pesquisas presidenciais até agora mostram que existe espaço para três ou no máximo quatro candidatos viáveis: Lula e Bolsonaro já asseguraram seu lugar. Ciro Gomes tem um público fiel. O último candidato deve vir da centro-direita e Moro largou na frente.

Ironicamente, a chegada de Moro amplia a vantagem de Lula no primeiro turno por ele tirar votos de Bolsonaro e impede a viabilização de um candidato tucano. O ex-ministro da Justiça toma votos do presidente nos principais redutos do bolsonarismo: os mais ricos (entre os que ganham acima de cinco salários mínimos, ele alcança 11% das intenções de voto contra 32% de Bolsonaro e 34% de Lula) e na região Sul (Moro tem 12%, Bolsonaro 22% e Lula 45%). Em compensação, Moro é mais fraco onde Lula é mais forte, o Nordeste (ele cai a 4% ante 60% do ex-presidente) e os que ganham menos de dois salários mínimos (Moro tem 5% e Lula 61%).

Mas não será uma operação simples. Depois de Bolsonaro, Moro é o candidato mais rejeitado na pesquisa da Quaest: 61% dos eleitores dizem que o conhecem e não votariam nele, fruto do seu desgaste com as irregularidades na Operação Lava Jato e do rompimento com o bolsonarismo.

Além disso, Moro é um candidato de uma nota só, o combate à corrupção, tema que deixou o topo das preocupações dos brasileiros. Em agosto, 32% dos brasileiros diziam que a economia era o maior problema do país; agora, são 48%. 73% dos entrevistados acham que no último ano a economia piorou. Perguntados qual seria o principal problema econômico do Brasil, 23% respondem crescimento; 14% desemprego; 11% inflação e 10% miséria. Enquanto não tiver o que dizer a esses eleitores, Moro seguirá tendo um teto para crescer. 

Comissão Mista do Orçamento tem de acomodar a decisão de Rosa Weber, que cortou a bandalheira do orçamento secreto

 CMO corta R$ 138 milhões de crédito por causa de suspensão de emendas de relator

Da Agência Senado | 11/11/2021, 10h03

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) decidiu dividir o Projeto de Lei do Congresso (PLN) 31/2021 por causa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a execução de emendas de relator, classificadas como RP9. Com isso, os parlamentares aprovaram apenas parte do crédito especial, com R$ 721,3 milhões.

O relator, deputado Wilson Santiago (PTB-PB), explicou que procurou privilegiar recursos mais urgentes para bolsas e comunidades terapêuticas. O texto original do Poder Executivo abria créditos de R$ 859,6 milhões. No entanto, os R$ 138,3 milhões que tinham como origem as emendas de relator foram repartidos em uma outra proposta, denominada PLN 31-B/2021, que somente será votada posteriormente. A proposta aprovada pela comissão, que ganhará nova numeração (PLN 31-A/2021), deve ser analisada nesta quinta-feira pelo Plenário do Congresso Nacional.

Incerteza
A presidente da comissão, senadora Rose de Freitas (MDB-ES), comparou o efeito da decisão do STF a dirigir na neblina.

— Quero alertar da cautela que devemos ter. Estamos votando uma matéria depois da decisão do STF, mas o projeto veio para esta Casa antes. Está eivada de dúvidas sobre sua tramitação e conclusão — disse.

O líder do governo na Comissão de Orçamento, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), entende que a suspensão também alcança recursos que já estão empenhados. 

— São prejuízos visíveis, em especial para população que seria beneficiada com recursos na saúde e educação — lamentou.

Cláudio Cajado sugeriu que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal entrem com embargo de declaração para esclarecer os efeitos e o alcance da decisão do Supremo.

— Os empenhos terão que ser cancelados até a decisão do mérito da ação ou serão continuados até o pagamento? — questionou.

O líder disse que o governo deve estudar a possibilidade de apresentar outros PLNs que transfiram os recursos de emendas de relator para despesas primárias discricionárias, classificadas RP2.

O parlamentar avalia que a suspensão das emendas de relator vai afetar o Orçamento de 2021, que já foi prejudicado pela demora na aprovação do projeto de lei orçamentária, sancionada apenas em abril.

— Estamos a quase 45 dias do fim do exercício e muitas ações não serão executadas, com prejuízo claro para prefeituras, dezenas de estados, centenas ou milhares de órgãos — afirmou, dizendo-se preocupado especialmente com a aquisição de equipamento hospitalares que precisarão de licitação.

Obras paralisadas
O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), teme que a decisão do STF leve à paralisação de obras, o que teria como consequência a quebra de empresas de construção e o aumento do desemprego.

— Temos obras importantes em andamento que são fruto de emendas de relator de 2020 e 2021, para escolas, creches, unidades de saúde, pavimentação de vias e estradas. Se não dermos uma solução, teremos mais obras paralisadas — alertou. 

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) também criticou a interferência do STF em decisões do Legislativo.

— Não é conveniente que outro poder defina os mecanismos de distribuição do Orçamento. Por mais que tenhamos questionamentos a fazer às emendas de relator, este episódio do STF deve nos servir de estímulo para buscar uma solução na Casa.

Transparência
Já a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) afirmou que falta transparência nas emendas de relator.

— Tenho discordância à intromissão do STF, mas neste caso foi acionado por parlamentares que defendem isonomia e transparência — contrapôs.

Por sugestão da deputada, a Comissão Mista de Orçamento deve organizar uma audiência pública nesta quinta-feira para discutir as emendas de relator.

O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) também defendeu o aumento de transparência para as emendas de relator, mas alertou para o impacto da decisão do STF.

— Os bons pagam pelos maus. Devemos ter cuidado para não interromper a execução orçamentária, que vai resultar em vários problemas.

Substitutivo
O substitutivo do deputado Wilson Santiago (PTB-PB) ao PLN 31-A/2021 manteve integralmente os R$ 276,2 milhões destinados pela proposta original para educação. Somente a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) receberá R$ 146,9 milhões para manutenção de contratos, pagamento de auxílio-moradia a servidores e bolsas de iniciação à docência, à residência pedagógica e o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (Parfor).

Outros R$ 41,9 milhões serão destinados para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com o pagamento de bolsas a estudantes indígenas, quilombolas e com vulnerabilidade socioeconômica das universidades federais, de bolsas de iniciação científica para estudantes do Programa Universidade para Todos (Prouni), de bolsas a estudantes e tutores do Programa de Educação Tutorial (PET), além da continuidade da execução de obras e aquisição de mobiliários e equipamentos para educação básica.

O texto aprovado pela comissão ainda apresenta:

R$ 90,5 milhões para Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
R$ 79 milhões para o Ministério da Cidadania, para regularização dos atendimentos da Ouvidoria-Geral; compra de kits de coleta de amostras para conduzir as operações de controle de dopagem, a gestão de resultados, as investigações e outras atividades referentes à antidopagem; custeio de despesas para redução da demanda de drogas, relacionadas à manutenção dos serviços de acolhimento de dependentes químicos em 481 comunidades terapêuticas contratadas para 10,6 mil vagas, evitando a interrupção dos serviços vigentes que atendem anualmente, aproximadamente, 27,5 mil pessoas com transtornos decorrentes do uso e abuso de álcool e outras drogas.
R$ 32,3 milhões para o Ministério da Defesa.
R$ 23 milhões para o Ministério do Desenvolvimento Regional.
R$ 20,5 milhões para o Ministério da Infraestrutura, para cobrir despesas da extinção da Companhia Docas do Maranhão (Codomar), a operação de terminais hidroviários, eclusas e hidrovias e a construção, reforma e reaparelhamento de aeroportos e aeródromos de interesse regional.
R$ 20 milhões para o Ministério da Economia.
R$ 17,3 milhões para o Ministério do Turismo, com o apoio a projetos de infraestrutura turística e promoção de investimentos privados e financiamento no setor; instalação de espaços culturais da Cultura AfroBrasileira; contribuição ao Programa Ibermedia; e administração dos investimentos, financiamentos e atividades do Fundo Setorial do Audiovisual.
R$ 15,5 milhões para o Ministério do Meio Ambiente, para ações de fiscalização e de repressão ao desmatamento ilegal e outros crimes ambientais e de combate aos incêndios florestais e queimadas.
R$ 7,9 milhões para a Advocacia-Geral da União adquirir balanceadores e servidores de rede.
R$ 1,5 milhões para o Ministério das Relações Exteriores pagar ajuda de custo com movimentação de pessoal, no segundo semestre de 2021.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que tinha R$ 128,7 milhões na proposta original, ficou com apenas R$ 385 mil no PLN 31-A. A diferença será analisada posteriormente no PLN 31-B, que também ficou com R$ 10 milhões para o Ministério da Saúde, com a estruturação de unidades de atenção especializada.

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/11/11/cmo-corta-r-138-milhoes-de-credito-por-causa-de-suspensao-de-emendas-de-relator

BlinkLearning: uma nova plataforma de estudos, pesquisas e leituras

 O que é o BlinkLearning?

(...)

Um dilema brasileiro (a questão racial) - Bolivar Lamounier

UM DILEMA BRASILEIRO

Bolívar Lamounier – 10.11.2021


Desde a antiguidade, sempre fomos aconselhados a nos conhecermos – nosce te ipsum, conhece-te a ti mesmo. Mas esse conselho foi sempre dirigido muito mais a indivíduos que à sociedade como um todo. A rigor, a ideia de uma sociedade, de um “todo” que deveria conhecer melhor seus problemas, a fim de facilitar a solução deles, é muito pálida ao longo de toda a história da filosofia política. 

No mundo atual – e no Brasil isso raia à beira do escândalo-, o trabalho de conhecer à sociedade no sentido totalizante a que me referi no parágrafo anterior foi deixado a cargo das área das ciências humanas das universidades, cuja qualidade, como todos sabemos, é patética. As fortunas empresariais destinam-se basicamente a duas finalidades: projetos de pequeno alcance, destinados a proteger a reputação e aliviar a consciência de alguns, que buscam esse alívio mesmo sabendo que atuam numa escala liliputiana, e encomendar publicações caríssimas, em papel de primeira e ilustrações caríssimas, que dão uma notável fosforescência às marcas da empresa e superam qualquer alternativa como presentes de Natal. Atenção: sei que muitas dessas publicações são de grande valor para a conservação de nossa memória história. Mas adoraria saber quanto, anualmente, o empresariado gasta com esse tipo de publicação, em comparação com projetos que possam ter um verdadeiro alcance social. 

Nos próximos dias, vou contar aqui algumas historinhas sobre fundações e indivíduos que fizeram um uso portentosamente relevante de seus recursos. Começo hoje com a questão racial nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra. 

Reproduzo abaixo um trecho (pág. 117) de meu livro Tribunos, profetas e sacerdotes (Companhia das Letras, 2016) 

“A coincidência temporal entre a fundação do Estado e a implantação do regime representativo foi uma circunstância benfazeja na origem dos Estados Unidos, mas é necessário apreciá-la na devida perspectiva histórica. Estamos falando de uma época em que o poder era praticamente monopolizado por uma estreita camada aristocrática e mercantil, que não necessitava legitimação por parte da sociedade inclusiva, até porque uma grande parte desta era constituída por escravos. Transcorridos dois séculos, no segundo pós-guerra, a realidade do país era outra: uma sociedade complexa e conflituosa, na qual numerosos grupos demandavam uma participação mais efetiva no sistema político e todo um rol de questões novas pressionava a agenda pública. 


A questão racial 

O que colocou a questão racial no topo da agenda intelectual americana ainda durante a Segunda Guerra foi o convite feito pela Fundação Carnegie ao economista sueco Gunnar Myrdal para elaborar um amplo estudo sobre o assunto. O resultado foi a publicação, em 1944, de An American Dilemma, um volume de quase 1500 páginas contendo uma cerrada análise das condições de vida dos negros e dos obstáculos à sua integração na vida social e política americana. A influência desse livro se fez sentir não apenas no plano das percepções dos americanos sobre os negros, mas em numerosas conexões específicas, sendo citado pela Suprema Corte no histórico caso Brown contra Conselho de Educação e permanecendo por muito tempo como uma referência obrigatória em programas de integração racial e ação afirmativa. 

Esquematicamente, podemos dizer que Um Dilema Americano tem como base uma tensão conceitual básica. De um lado, o que Myrdal denominou causação múltipla e cumulativa: o emaranhado de círculos viciosos que perpetuava a condição de pobreza e marginalidade das comunidades negras. O fato que primordialmente caracterizava tais comunidades era, com efeito, o reforço mútuo de vários handicaps: a raça, a classe, as deficiências de escolarização e saúde, a desorganização familiar e a vitimização pela violência , entre outros. A condição social e cultural produzida por esse conjunto de fatores superpostos “ratificava” por assim dizer os estereótipos que alimentavam os preconceitos e “absolvia” os brancos dos infortúnios que eles mesmos causavam. Um diagnóstico sombrio, sem a menor dúvida. Mas a análise de Myrdal não desembocava num pessimismo paralisante graças ao outro polo da tensão conceitual a que me referi: a cultura política liberal e o regime democrático americanos. Um ponto fundamental da cultura político é, com efeito, a crença amplamente compartilhada em que todos os indivíduos são portadores de certos direitos básicos em virtude tão somente de sua condição humana. O regime democrático, por mais afetado que estivesse em seu funcionamento por preconcepções e interesses racistas, não era imune a questionamentos de legitimidade fundados na invocação dos valores de justiça, igualdade e liberdade que presidiram à própria fundação do país. A viabilidade e a pujança da nação dependiam em alguma medida desse parâmetro; pretender substituí-lo ou permitir que ele se mantivesse indefinidamente contaminado por uma concepção racialista da sociedade equivalia a comprometer seriamente seus fundamentos. Tendo identificado essa fenda simbólica, a estratégia sugerida por Myrdal era obter a maior publicidade para a causa negra. Nos anos 1950, o acerto de tais seria evidenciado pelo avanço do movimento dos direitos civis, a liderança de Martin Luther King e a clara tomada de posição da Suprema Corte contra a segregação. Longe de mim pretender que tudo isso tenha acontecido apenas em decorrência do American Dilemma. O trabalho de Myrdal levou em conta uma agenda política em certa medida já articulada por líderes negros, mas reagiu sobre ela, reforçando-a e multiplicando sua ressonância na opinião pública e na esfera política nacional.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, n. 11/2021 - Capa e Sumário, conteúdo completo

 A primeira revista da qual fui editor no Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Ainda não está no formato e no conteúdo ideal, que devem ser aperfeiçoados nos próximos números.

A revista inteira está desde já disponível neste link: https://www.academia.edu/61551096/Revista_do_IHGDF_n11_2021_






Por que defendo a decisão da Ministra Rosa Weber? - Deputado Rodrigo Maia (O Globo)

 POR QUE DEFENDO A DECISÃO DA MINISTRA ROSA WEBER?!

Rodrigo Maia, Deputado Federal pelo Rio de Janeiro
O Globo, 09/11/2021 

A decisão da Min. Rosa Weber, que determinou a suspensão do “orçamento secreto” e a adoção de medidas de transparência, tem gerado controvérsia. Lideranças parlamentares ligadas ao governo falam em crise com o STF. A decisão, contudo, limita-se a dar fiel cumprimento a uma regra aprovada pelo próprio Congresso em reformas recentes. Não pode ser interpretada como uma interferência na autonomia do Legislativo.

A LDO de 2014 já consagrava o caráter impositivo das emendas individuais. A Emenda n. 86/2015 constitucionalizou o “princípio da execução equitativa”, reafirmado na Emenda n. 100/2019. Segundo esse princípio, o governo deve observar critérios objetivos e imparciais na execução do orçamento, e as emendas apresentadas devem ser tratadas de forma igualitária e impessoal. Portanto, o próprio Congresso aprovou (nesta Legislatura) norma que proíbe o uso das emendas como uma ferramenta de gestão de coalizão parlamentar.

Podemos discutir, no mérito, se é bom ou ruim que em um sistema presidencialista com tantos partidos o governo possa lançar mão das emendas como forma de construir sua base. Mas esse debate já ocorreu, e uma decisão clara foi tomada. Não podemos fechar os olhos: o modelo instaurado pelo “orçamento secreto” não se coaduna com a Constituição, com “critérios objetivos e imparciais”, com “tratamento igualitário” de parlamentares.

Não se trata aqui de uma crítica indiscriminada às emendas individuais ou à busca dos parlamentares por mais recursos para os estados e regiões que representam, uma luta legítima. O modelo urdido pelas lideranças governistas, contudo, pretende lançar esse jogo fora dos limites constitucionais. Se o Congresso entende que precisa ter mais peso no orçamento, deve defender abertamente isso, aumentando o volume de recursos que serão alocados diretamente por decisão legislativa. As emendas, porém, devem ser empregadas de forma objetiva, impessoal e equitativa, a menos que a Constituição seja modificada. Por que a regra que valeu para o governo do PT não pode valer para o governo Bolsonaro, que se elegeu com uma crítica contumaz ao “toma-lá-dá-cá”?

A questão da transparência é outro grande problema. Ocultar os “congressistas requerentes da despesa” produz um quadro que é pior do aquele que se tinha antes de 2014. Naqueles tempos, era possível identificar e tematizar o tratamento diferenciado conferido aos parlamentares. Sabia-se quem estava recebendo, quanto, quando e para que. Agora, nem isso. O STF não pode controlar o mérito das emendas parlamentares e das alocações orçamentárias, mas pode (e deve) fiscalizar o procedimento orçamentário. O Congresso deve satisfação para a sociedade, mas, sem transparência, não há controle político pelas urnas.

O “orçamento secreto” gera, ainda, dois efeitos colaterais. Primeiro, diante elevada rigidez orçamentária, com despesas discricionárias abaixo de 7% do total, o abuso das emendas de relator desorganiza os programas estruturais de políticas públicas ao disputar recursos com eles. Num momento em que essas políticas são centrais para a rede de proteção social e para a retomada da economia, temos que privilegiar iniciativas que pensam de forma sistêmica o País. Segundo, com a proximidade das eleições, o acesso aos recursos do “orçamento secreto” gera uma vantagem competitiva para os beneficiados. Em nosso modelo eleitoral, políticos da mesma sigla acabam competindo entre si. Por isso, a cooptação de apoio no varejo, com base nas emendas de relator e à margem da ação de lideranças partidárias, estimula o racha em partidos outrora disciplinados.

Se o STF referendar a cautelar, assegurará a observância de regra duas vezes aprovada pelo Congresso, destinada a fomentar uma política parlamentar transparente e impessoal. Ela pode ser alterada no futuro, mas enquanto estiver no texto da Constituição, ninguém pode acusar o Tribunal de invadir o espaço do Legislativo.

Com vácuo deixado por Bolsonaro, Colômbia busca protagonismo em pautas pró-Amazônia - Emílio Sant'Anna (Estadão)

 Com vácuo deixado por Bolsonaro, Colômbia busca protagonismo em pautas pró-Amazônia

Presidente colombiano Ivan Duque ocupa espaço deixado pelo vizinho e vende a imagem de um lutador em defesa da floresta

Estadão | Emílio Sant'Anna, enviado especial | 10 de novembro de 2021, 05h00

GLASGOW - O espaço deixado pelo governo Jair Bolsonaro no protagonismo ambiental entre as nações do chamado sul global não ficou vazio por muito tempo. A Colômbia tem preenchido o vácuo deixado pelo vizinho. Ainda que cerca de dois terços da Amazônia estejam no Brasil, é do país presidido por Iván Duque Marques a atenção e as ações que se destacam desde antes da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26).

Em Glasgow, onde a conferência ocorre há uma semana, Duque teve uma série de encontros com chefes de Estado. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, entre eles. Foi a primeira vez que os dois ficaram frente a frente, o democrata americano de máscara, o sul-americano sem. Além de ambos terem bases conservadoras, param por aí as semelhanças com Bolsonaro.

Duque avança no vácuo deixado pelo País não só de olho no espólio da “soft power” ambiental deixada por Bolsonaro, mas em outras negociações e lucros futuros.“Isso abre espaço para o governo colombiano em outros foros”, diz o professor Relações Internacionais da USP Felipe Loureiro. “Quando um país avança em um tabuleiro (geopolítico) ganha prestígio em outros.”

Em 2019, no mesmo dia em que Bolsonaro afirmou, em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que há “falácias” sobre a Amazônia, Duque se disse contra a politização de queimadas na região. Agora, enquanto Bolsonaro sequer colocou os pés no Reino Unido para a COP e preferiu permanecer na Itália após a reunião do G-20 para receber homenagem de um político da ultradireita local, Duque não apenas se encontrou com autoridades estrangeiras, como vendeu a imagem de um país comprometido com a luta contra o desmate. Esteve ao lado do premiê britânico, Boris Johnson, no anúncio de um acordo de proteção de florestas com a adesão de mais de cem países. Dias depois, ele esteve junto do presidente francês, Emmanuel Macron.

“Não podemos sair da COP sem dar ao mundo respostas concretas e esta cúpula deve ser lembrada porque demos um basta a discursos vazios e materializamos a esperança para as gerações que pedem o melhor de nós”, escreveu Duque nas redes sociais.

Na Escócia, ele também promoveu a agricultura colombiana e saiu com US$ 33,5 milhões (R$ 184 milhões) para conter a devastação na Amazônia e reduzir os gases de efeito estufa. O dinheiro veio de uma aliança com a Alemanha, a Noruega e o Reino Unido.

Os dois primeiros, por sinal, são os mesmos países que injetaram mais de R$ 3 bilhões no Fundo Amazônia, congelado desde o início da gestão Bolsonaro. Sobre o assunto, em 2019, o presidente brasileiro assim se dirigiu ao país nórdico: "A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós”, disse. Foi além e também sugeriu que o dinheiro norueguês fosse usado para reflorestar a Alemanha.

“Em relações internacionais não existe vácuo. Se um país sai de cena, outro vai ocupar o espaço”, diz o professor da FGV André Pereira de Carvalho. Segundo ele, desde que o Brasil criou atritos em relação ao Fundo Amazônia, a Noruega cogitava levar o financiamento ao país vizinho.

“É inacreditável que o Brasil não esteja aproveitando esse momento”, diz Loureiro. “Não vai ser fácil reconstruir a imagem do País. Isso pode durar décadas.”

A realidade doméstica do líder do país andino, porém, não é tão pacífica e engajada. A Colômbia é considerado o lugar mais perigoso do mundo para ser um ambientalista: 65 dos 227 assassinatos de ativistas ambientais foram registrados no país em 2020, conforme a ONG Global Witness.

Segundo a ativista colombiana Laura Morales, da Citizen Climate Lobby, Duque faz marketing em cima de ações ambientais que partem da sociedade civil. “Muitas do que ele faz é propaganda. Alguns dos resultados que ele anuncia nunca passaram pelo governo e mesmo assim ele faz questão de dizer que são da gestão dele”, afirma. Procurado, o governo colombiano não atendeu aos pedidos de entrevista da reportagem.

Ainda assim, aos olhos da comunidade internacional, o direitista conseguiu conciliar suas convicções político-ideológicas com uma posição alinhada à postura exigida pela emergência climática que já se sente nos diferentes cantos do planeta.

De acordo com o último relatório do IPCC, o painel de cientistas da ONU, A Terra está esquentando mais rápido do que era previsto e se prepara para atingir 1,5ºC acima do nível pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do que era esperado. Com isso, haverá eventos climáticos extremos em maior frequência, como enchentes e ondas de calor.

Enquanto o Brasil se desentendia com os financiadores do Fundo Amazônia e acumulava resultados negativos nas taxas de desmatamento, a Colômbia fazia o contrário. Apesar de em 2019, o país ter perdido uma área de floresta equivalente à cidade de São Paulo, os 159 mil hectares perdidos de vegetação representaram uma queda de 19% em relação ao ano anterior.

“Há alguns anos a Colômbia vem se destacando com uma série de reformas. Não por acaso entrou para a OCDE e para a Otan e o Brasil continua de fora’, diz a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Anhembi-Morumbi, Helena Margarido Moreira.

Para ela, durante a COP, o Brasil pareceu ensaiar um retorno a sua política ambiental anterior com anúncios como o fim da derrubada ilegal da floresta com prazo para acontecer e o acordo do metano, mas “não há nada diferente do que o governo Bolsonaro faz desde o início”, afirma se referindo às dúvidas da comunidade internacional sobre o comprimento dos acordos.

A forma como o Brasil vem conduzindo as políticas ambientais deve causar espanto mesmo na direita, afirma. “O governo Bolsonaro vê a pauta ambiental como uma pauta de esquerda, mas não há nada de incongruente entre a postura do governo colombiano que também é de direita”, afirma. 

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,com-vacuo-deixado-por-bolsonaro-colombia-busca-protagonismo-em-pautas-pro-amazonia,70003894207


Imagem do Brasil DESABA no mundo: não participação na COP-26 rebaixou ainda mais o país - Luciana Gurgel (UOL)

 Análise | Mídia internacional tem mirado mais no governo e menos na marca Brasil

 

UOL | Luciana Gurgel | 09.11.2021

 

Londres – Para quem tem apreço pelo Brasil e se informa pela mídia internacional, dói ver o país tão associado a notícias negativas como nas últimas duas semanas.

 

Esta não é a primeira vez que o país enfrenta cobertura negativa capaz de arranhar tão fortemente sua imagem externa.

 

Mas há agora uma diferença sutil. As críticas têm sido dirigidas mais às autoridades de plantão do que à marca Brasil em si, e isso pode ser percebido em alguns momentos da cobertura da mídia sobre os encontros do G20 e COP26.

 

Brasil, China e Rússia sem líderes principais na COP26

A ausência do presidente Jair Bolsonaro em Glasgow para participar dos primeiros dias da conferência global do clima foi tratada como incompreensível, sendo a COP26 um encontro que reuniu 120 líderes globais.

 

Até alguns que ameaçaram não aparecer mudaram de ideia, como o indiano Narendra Modi. Ele apanhou bastante pela proposta de neutralizar as emissões de carbono até 2070, mas pelo menos estava lá.

 

Entre as grandes economias globais, o Brasil equiparou-se à China de Xi Jinping e à Rússia de Vladimir Putin como nações que delegaram a diplomatas e ministros a missão de representar o país em um dos mais importantes eventos diplomáticos dos últimos anos, com implicações diretas sobre a vida das pessoas.

 

A percepção foi negativa em todo o mundo, até em locais que não costumam prestar muita atenção ao Brasil.

 

A correspondente brasileira Cláudia Wallin, que vive na Suécia, registrou que o principal telejornal da rede pública, a SVT, deu destaque à seguinte crítica:

 

“Em vez de ir a Glasgow, Bolsonaro viajou para Anguillara Veneta para se tornar cidadão honorário”.

 

Mas os abalos não vieram só de Glasgow. A agressão a jornalistas na visita do presidente à Itália exibiu ao mundo uma truculência que repercutiu na mídia global.

 

Algo mudou no tratamento da mídia sobre o Brasil?

Alguns sinais ajudam a fazer crer que tanto jornalistas quanto entrevistados parecem fazer questão de “separar” o Brasil como instituição da atuação de seus governantes.

 

Reportagens sobre a violência contra os jornalistas na Itália apresentaram o presidente como figura isolada. O trecho de uma matéria da agência Reuters é um exemplo:

 

“O ex-capitão do Exército viu seu apoio internacional diminuir desde que Donald Trump perdeu sua candidatura à reeleição, enquanto o ceticismo de Bolsonaro em relação à Covid-19, vacinas e questões ambientais lhe rendeu poucos amigos no cenário global”.

 

Outro exemplo dessa distinção pode ser percebido em um artigo do The Guardian da cobertura da COP26 explicando a atuação do Brasil com relação ao desmatamento na Amazônia. O texto foi compartilhado globalmente pelos integrantes da coalizão Covering Climate Now.

 

Cobertura da imprensa global sobre meio ambiente perdeu em 2020 para a da Covid, mas superou a de anos anteriores

 

“Momento infeliz do país”

No dia abertura da conferência, Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, autora do livro Justiça Climática (publicado em português) falou à Sky News sobre a decepção com a participação do Brasil na COP26.

 

Entretanto, fez a ressalva de que se tratava de um momento infeliz do país e de suas políticas ambientais, citando o nome da ex-ministra Izabella Teixeira como exemplo de autoridade que contribuiu para mitigar os problemas em sua gestão.

 

Só que esses lampejos podem não ser suficientes para compensar a avalanche de cobertura negativa.

 

Por mais que diplomatas e empresários se empenhem para desconstruir a má reputação do país, a questão da Amazônia tem um peso difícil de equilibrar, quando um nome como Al Gore diz à mídia global que não confia no presidente brasileiro e em seus compromissos.

 

Cobertura da Sky News direto da Amazônia

No Reino Unido, o massacre diário tem hora certa para acontecer.

 

Patrocinadora da cúpula do clima, a Sky News criou um “estúdio ao ar livre” em Manaus, de onde o jornalista Mike Stone co-ancora diariamente o principal noticiário da rede.

 

Da beira do rio ou de cenários amazônicos, ele entrevista pessoas comuns, cientistas, líderes indígenas e de ONGs, unânimes em condenar a condução governamental. Tem buscado ouvir vozes sensatas e ressaltado argumentos baseados em evidências científicas.

 

Mas isso não é suficiente para atenuar o impacto negativo, que não é apenas uma questão de imagem.

 

Uma má reputação em questões climáticas hoje em dia vale muito dinheiro e influência global.

 

Consciência ambiental do consumidor

A cobertura da mídia sobre a COP26 é massiva em todo o mundo. Atinge desde os altos escalões da política até as pessoas comuns que vão ao supermercado fazer compras.

 

Em países desenvolvidos, os consumidores estão cada vez mais conscientes sobre os problemas ambientais e sabem quem são as nações que não colaboram. Ou que continuam permitindo práticas inaceitáveis em relação aos ecossistemas e aos animais.

 

Uma das reportagens mais fortes exibidas pela Sky News há poucos dias mostrava uma criação de gado clandestina na Amazônia. Os animais eram empurrados em balsas, em condições absurdas de sofrimento.

 

Ao tentar caminhar pela frágil ponte que levava à embarcação, uma vaca desaba, sem força nas pernas. Mesmo sabendo que estava sendo filmado, um homem coloca os pés sobre a sua cabeça para afogá-la.

 

Cenas de crueldade dessa natureza, embora não sejam a prática da indústria agropecuária brasileira, comprometem o país porque mostram aos consumidores que o problema existe.

 

As grandes redes globais de supermercados evitam ter em suas prateleiras algo que seus clientes não gostam ou não compram. E os países com má reputação saem em desvantagem na hora de vender para essas redes.

 

Valor da marca Brasil

Apesar de várias matérias fazerem essa distinção entre governo e instituição, isso não acontece na totalidade da cobertura negativa, acaba assim acaba respingando na marca Brasil.

 

Em outubro passado, a consultoria britânica Brand Finance revelou em seu estudo Nation Brands que o Brasil perdeu 12% do valor de sua marca nacional em 2021. E a queda se deveu sobretudo à cobertura negativa relativa à resposta falha à Covid-19.

 

A marca do país, que era a 16ª mais valiosa do mundo no ano passado, perdeu cinco posições no ranking global e assim deixou de integrar o clube das 20 mais valiosas do mundo, que continua liderado por Estados Unidos e China.

 

No caminho inverso ao do Brasil, o valor da marca do México aumentou US$ 23 bilhões (3,6%), o que fez o país subir uma posição e passar a integrar o Top 20.

 

Dessa maneira, com a ultrapassagem mexicana, a marca do Brasil passou a ser apenas a quarta mais valiosa das Américas, atrás também de Estados Unidos e Canadá.

 

Diante da onda de cobertura ambiental negativa da imprensa global que se abateu sobre o Brasil nas últimas semanas e que ainda deve durar alguns dias, só resta torcer para que o valor da marca brasileira não despenque ainda mais.

 

E que a distinção entre governo e a reputação institucional do país ajude a suavizar o impacto à marca Brasil depois da COP26.

 

https://mediatalks.uol.com.br/2021/11/09/midia-internacional-tem-mirado-mais-no-governo-e-menos-na-marca-brasil/