Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
China em duas visoes: a repressao aceita e as reformas dificeis - Raquel Martins e Marcos Caramuru de Paiva
Copa: companheiros conseguiram esfriar o entusiasmo dos brasileiros
Os companheiros conseguiram essa proeza...
Paulo Roberto de Almeida
Com frieza, mas na torcida
José Roberto de Toledo
O Estado de S. Paulo, 2/06/2014
Produtividade: enxugando gelo - Glauco Arbix e Joao De Negri
Produtividade: como aumentar a do Brasil (BBC)
A viagem do rei: supostos barbeiro e massagista, suposta manicure, suposto etc
No documento “orientação sobre hospedagem”, o Itamaraty lista os equipamentos para uma viagem internacional do ex-presidente Lula. Além de copos de uísque e taças de vinho, previa a presença de um barbeiro, de uma manicure e um massagista. Os cinzeiros também não poderiam faltar no quarto do hotel. A equipe tinha cuidado em manter a forma do presidente e solicitava sorvete e gelatina dietéticos.
Itamaraty wikileaks: supostos telegramas resultando de uma suposta invasao por supostos hackers
Esta postagem também é suposta, e não pode ser responsabilizada por alterações malévolas que façam supostos invasores neste suposto blog...
Paulo Roberto de Almeida
David contra Golias na era da internet: o caso Snowden - Entrevista a Sonia Bridi
Snowden: Olha, não é tão ruim quanto parece. A Rússia não é um país perfeito, e discordo fortemente de muitas coisas, principalmente como eles monitoram a internet e censuram a imprensa. Mas, no dia a dia, sabe, é melhor do que a prisão.
Snowden: O ponto sem volta para mim foi quando vi, no Congresso, James Clapper, o chefe da espionagem americana. Ele levantou a mão, jurou dizer a verdade. Perguntaram para ele: ‘Os Estados Unidos monitoram informações de milhões de americanos?’ E ele disse: ‘Não’. E eu sabia que era mentira. Os deputados da comissão também sabiam que era mentira. E ninguém disse nada.
Fantástico: Você leu todos os documentos? Sabe exatamente o que há em cada um?
Snowden: Sim, o Glenn já disse que estavam todos organizados, em pastas, etiquetados.
Glenn Greenwald: Com certeza, tem mais documentos que vão mostrar a brasileiros e ao mundo o que os Estados Unidos estão fazendo dentro do Brasil e também da Inglaterra e outros países também.
Fantástico: Onde na América do Sul?
Snowden: Equador. Mas os Estados Unidos cancelaram meu passaporte, e eu não pude mais viajar. Fizeram de propósito para poder dizer: ‘Ele é espião russo’.
Snowden: Foi muito tenso. Você não sabe o que vai acontecer naquele dia. O que vai acontecer enquanto você dorme. Se alguém vai bater na porta. Se alguém vai derrubar a porta.
Fantástico: Você se arrepende?
Snowden: Sabe... Acho que não... Eu sentia que devia tornar isso público, com responsabilidade. E a maneira de impedir que a minha opinião prevalecesse, foi fazendo parceria com jornalistas competentes, e instituições sérias, que confio, que iriam checar as informações, equilibrar a cobertura. Como "The Guardian", "Washington Post", "New York Times", a “Globo” e "Der Spiegel". Deixei a imprensa livre fazer o que faz melhor: ajudar os cidadãos a se tornarem eleitores informados, que pensam em que tipo de sociedade querem viver.
Snowden: Claro. Por que não?
Fantástico: Você não é recluso?
Snowden: Não. Quer dizer, sou naturalmente recluso, cria da internet, né?
Fantástico: Os russos te vigiam?
Snowden: Bom, tenho certeza de que fazem algum tipo de vigilância, mas eu não vejo nada. Eu não posso, por segurança, dizer onde moro, como vivo. Mas eu diria que levo uma vida surpreendentemente aberta.
Fantástico: Você não é reconhecido nas ruas?
Snowden: Eles me reconhecem quando vou a lojas de computadores. Mas comprando comida, na banca de revistas, ninguém me reconhece.
Fantástico: Você se disfarça, ou sai com essa cara de Edward Snowden?
Snowden: Melhor eu não responder essa.
Fantástico: Do que você mais sente falta?
Snowden: Da minha família, claro.
Snowden: Você não pode ser traidor a menos que a sua lealdade tenha sido transferida para um inimigo do Estado. E a minha lealdade nunca mudou. Mesmo hoje, eu continuo trabalhando para o governo americano. Não quero derrubar o governo e nem destruir a NSA. Quero que sejam melhores.
Fantástico: Você enfrentaria um julgamento nos Estados Unidos?
Snowden: Eu adoraria. Mas não há um julgamento justo esperando por mim.
Snowden: Sim. E não há justificativa para espionar a Petrobras. Por que o presidente americano quer ler os e-mails da Dilma Rousseff? Obama disse que não sabia. Pode ser verdade. Ele concordou comigo que não há benefício nenhum, nenhuma vida foi salva. E por isso determinou que parassem.
Snowden: Absolutamente não. Primeiro, eu não tenho documentos a oferecer. Eu nunca cooperaria com um governo em troca de asilo. Asilo deve ser dado por razões humanitárias.
Fantástico: O que vai acontecer quando seu asilo temporário aqui vencer?
Snowden: Essa pergunta é difícil. Eu não tenho resposta. Meu asilo vence aqui no começo de agosto. E se o Brasil me oferecer asilo, eu ficarei feliz em aceitar.
Fantástico: Você gostaria de viver no Brasil?
Snowden: Eu adoraria morar no Brasil. De fato, eu já pedi asilo ao governo brasileiro.
Fantástico: Então você mandou um pedido?
Snowden: Sim. Quando eu estava no aeroporto, mandei um pedido a vários países. O Brasil foi um deles. Foi um pedido formal.
Snowden: Eu sou. É difícil ficar separado da família, não poder ir para casa, participar do governo e da sociedade. Mas toda noite vou dormir confiante de que fiz as escolhas certas. Por isso, a cada manhã, eu acordo satisfeito.
Alo, Alo, Mr Keynes please, I'm calling from Bretton Woods...
Eu estava tentando falar com Mister Keynes ao telefone...
Nostalgia monetaria: quando o dinheiro valia alguma coisa
Explico, mas primeiro vejam esta foto que fiz no Museu de Portland, Maine:
Para fazer a sua gozação, o artista aumentou o valor para dez dólares, o que faz dela uma nota falsa verdadeira, não sei se me fiz entender.
Em todo caso, não era disso que eu queria falar.
Leiam bem o que está escrito de cima abaixo; eu traduzo para facilitar:
Certificado de depósito [ou seja, não é uma nota de dinheiro, mas apenas um certificado de depósito]
Isto certifica que
foi depositado junto ao [parece que é sério, ou seja, garantem que está depositado]
Tesoureiro dos Estados Unidos
sediado em Washington, D.C.
pagável em seu escritório ao portador sob demanda [ou seja, quem se apresentar leva o que vale]
DEZ
dólares de prata [isso foi antes que os EUA aderissem ao padrão ouro, em 1895, se não estou enganado]
Série de 1880
Retomo: antes que fosse criado o Federal Reserve, em 1913, cada nota emitida por um banco autorizado deveria ter como correspondência junto ao Tesouro o equivalente em prata (muito comum nos EUA, antes da corrida ao ouro) ou em ouro. Mesmo depois da criação do Federal Reserve (que correspondeu mais ou menos à união monetária que a Europa fez entre 1999 e 2001, com a unificações dos diversos dólares em circulação naquele imenso país, alguns valendo mais do que outros...), o dinheiro emitido era, em princípio, lastreado em ouro. Digo em princípio, pois em matéria de governo, vocês sabem como são as coisas: eles dizem que fazem, mas não fazem, e acabam enganando todo mundo.
O fato é que Franklin Delano Roosevelt, em 1933, acabou com a festa, não apenas deixando de garantir a moeda lastreada em ouro, mas obrigando todos os americanos a ceder o ouro que detivessem ao governo, que passou a deter o monopólio das reservas metálicas.
Ainda assim, teoricamente, os EUA deveriam ter tanto ouro quantos dólares em circulação, o que que prometeram fazer em 1944, em Bretton Woods, onde estive neste domingo 1 de Junho de 2014 (setenta anos depois, quase, depois da famosa conferência que criou o padrão ouro-dólar, depois da derrocada completa do padrão ouro).
Bem, a festa acabou novamente em 1971.
Desde então, é cada um por si, e a anarquia monetária para todos.
Os governos emitem o que querem. Eles fingem que garantem o dinheiro emitido (não é verdade sequer que o façam) e nós fingimos que acreditamos.
Na verdade, não existe mais garantia nenhuma, e os governos produzem inflação o tempo todo e mantém esse controle monopolista sobre a emissão de dinheiro, um abuso inacreditável.
Bem, pelo menos vocês ficaram com a imagem de um dólar de antigamente, mesmo sendo um falso verdadeiro.
Paulo Roberto de Almeida