segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O farol brasileiro da liberdade? - Sergio Leo (VE)


O farol brasileiro
Sergio Leo
Valor Economico, 12 de Setembro de 2011 -
 
"A America foi alvo de ataque porque somos o mais brilhante farol para liberdade e oportunidade no mundo", discursava, há dez anos e um dia, em cadeia nacional de TV, um atônito George Bush, para a população dos Estados Unidos, traumatizada com o atentado terrorista que derrubou as torres do World Trade Center e matou quase três mil pessoas. O trauma e a bandeira da liberdade e democracia seriam sequestrados pelo governo Bush, em seguida, para servir a outros propósitos, como a derrubada de Saddam Hussein, no Iraque, que nada tinha a ver com o atentado às torres gêmeas. Mas há pelo menos uma importante lição de política externa para o Brasil nesse episódio.
Bush não estava apenas ensaiando uma resposta retórica. Em meio à perplexidade mundial, apelou a um importante mito de formação da sociedade americana, de contornos religiosos: a condição excepcional de farol moral para o mundo. A crença no excepcionalismo dos EUA é real, não hipocrisia em defesa de interesses inconfessáveis e bem materiais - ainda que, a pretexto da luta pela democracia, suspeitos de terrorismo tenham até sido enviados por órgãos de inteligência americanos à Líbia, para interrogatório nas masmorras de Muamar Gaddafi, como se soube após a queda do ditador africano.
Mesmo o mais duro realismo geopolítico em Washington busca nesse mito positivo as justificativas para ação. Os valores morais são uma referência para a sociedade americana julgar o sucesso de sua política externa. O povo americano apoiou a guerra no Iraque não pelos lucros que traria à Halliburton ou por considerações sobre o xadrez político da região, mas pela convicção de que estaria combatendo uma ameaça à paz e democracia no mundo.
No Brasil, as opções da diplomacia não consolidam apoio
Implicitamente, a presidente Dilma Rousseff reconheceu a força desse argumento idealista, quando cobrou dos diplomatas, em seu governo, uma ação menos ambígua do Brasil na defesa dos direitos humanos. A tentativa de dissipar ambiguidades foi atropelada, porém, pela complexidade das questões em que o Brasil se envolveu, na busca de um papel mais importante no jogo mundial de poder.
Por muito tempo, o governo brasileiro recorreu principalmente a argumentos pragmáticos quando questionado sobre sua ação internacional. O Mercosul e a aparente leniência com a hostilidade de governos vizinhos, como a Argentina protecionista, por exemplo, são defendidos com a lembrança dos crescentes saldos comerciais mantidos pelo Brasil em sua relação com os países da América do Sul. Não faz muito tempo, os mercados africanos em expansão eram apontados como uma das principais justificativas para viagens presidenciais e abertura de embaixadas na África.
Esses argumentos perderam o apelo, porém, com o incômodo revelado pelos países vizinhos em relação ao expansionismo brasileiro no continente, e com a emergências de casos exemplares de desrespeitos aos direitos humanos em países como Líbia e Síria. O Brasil não consegue se eximir de cobranças pela atuação nas Nações Unidas agitando a lembrança de que há um padrão duplo na ação dos países desenvolvidos, que fecham olhos para violações de aliados como a Arábia Saudita - onde, como lembra o ditador sírio, Bashar al-Assad, as mulheres sofrem opressão não vista na Síria mais ocidentalizada.
É evidente a ação do Planalto na vacilação do Itamaraty em condenar mais severamente o ditador Gaddafi, em queda. A falta de pronunciamentos mais veementes no caso líbio não se explica sem uma disposição explícita da presidente Dilma Rousseff em fixar limites, nesse caso, ao compromisso oficial com os direitos humanos. É de se imaginar, ainda, a influência de empresas brasileiras com interesses no país de Gadaffi.
Na busca por um papel mais ativo nas Nações Unidas, o Brasil não é o único a contrariar potências ocidentais. A Índia, por exemplo, aparentemente interessada em reatar laços com o Irã, com quem tem fortes laços comerciais, e preocupada em não perturbar sua grande população de credo muçulmano, tem se aliado a China, Rússia, Brasil e África do Sul na resistência contra a pressão para a saída de Assad, vinda de França e Estados Unidos. Já Rússia e China não precisam conquistar apoio interno para defender Assad.
O Brasil tem recorrido à tradição diplomática de respeito à soberania e à autonomia dos países. Também argumenta que a intervenção armada não garante a paz para a população; pode ser o contrário, como mostra o exemplo do Afeganistão.
A solução de conflitos pela via diplomática é outro dos discursos orientadores da ação diplomática brasileira. Diferentemente da simplicidade do mito do excepcionalismo americano, porém, nenhuma dessas narrativas tem se mostrado capaz de consolidar apoio interno para a diplomacia brasileira, criticada pela falta de atitudes mais firmes em casos tão distintos quando a crise política na Síria ou as ações de países sul-americanos contrárias a interesses privados.
Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras
Fonte: Valor Econômico

Brasil cai 20 pontos no ranking de infraestrutura - WEF

E depois alguns AAs (anônimos adesistas) ainda me acusam de pessimista, de torcer para que tudo dê errado. Ao contrário, eu gostaria que tudo desse certo. Tenho culpa se o governo faz tudo errado e piora tudo o que já andava ruim no Brasil?
Paulo Roberto de Almeida

Renée Pereira
Estado de S.Paulo, 11.09.2011


A qualidade da infraestrutura brasileira piorou em relação ao resto do mundo pelo segundo ano consecutivo. Desta vez, no entanto, o País despencou 20 posições no ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial, de 84º para 104º lugar. Em 2010, já havia perdido três colocações por causa da lentidão do governo para tirar projetos importantes do papel.A tendência não é nada animadora. 
Na avaliação de especialistas, com a paralisia verificada em algumas áreas este ano a situação tende a piorar. É o caso da malha rodoviária. No ranking mundial, elaborado com base na opinião de cerca de 200 empresários nacionais e estrangeiros, a qualidade das estradas brasileiras caiu 13 posições e está entre as 25 piores estruturas dos 142 países analisados.
 A preocupação é que, depois dos escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes, muitas obras estão paralisadas. Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foram suspensos 41 editais, que estão sendo liberados de acordo com a prioridade do ministério.  O órgão destaca, entretanto, que esses processos estavam em diferentes estágios, alguns na fase anterior à abertura das propostas. Apesar disso, afirma que conseguiu executar R$ 1,2 bilhão em agosto. Mas será preciso bem mais energia para melhorar a posição no ranking mundial, avalia o consultor para logística e infraestrutura da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet.








Quando o bom senso vai prevalecer? Na area educacional vai demorar mais uns 20 ou 30 anos..

Continuando minhas postagens debilóides -- ou seja, de coisas abjetas, com as quais não concordo, e que até repudio absolutamente -- e que ainda assim colo aqui, como contra-exemplo de tudo o que não se deve fazer, e que continua a ser feito no Brasil.
Não tenho nenhuma ilusão quanto à educação no Brasil: NÃO EXISTE NENHUM RISCO DE MELHORAR NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS, se não mais.
Para melhorar, seria preciso que as pessoas -- MEC, pais, professores, pedagogas, alunos -- tomassem consciência do que está errado -- e TUDO está errado -- e começassem a corrigir agora para que dentro de 15 ou 20 anos a coisa pudesse melhorar um pouquinho, a partir da formação de uma nova carreira de professores, não influenciados pela pedagogia freireana - o que me parece impossível atualmente -- e baseados no mérito individual (e remuneração diferenciada, sem estabilidade), com o que teríamos, talvez, eventualmente, hipoteticamente, uma educação um pouquinho melhor do que o lixo que temos atualmente.
Isso não existe e não vai existir, não existe nenhum risco de que isso ocorra.
Basta ver a mentalidade debilóide desse líder de "oposição de esquerda" à UNE para saber que estamos afundando rapidamente em direção à mais completa mediocridade, e que vamos continuar afundando pelos anos à frente, até perder de vista.
Sinto muito pelos que me lêem, e que tem de confiar os seus filhos às escolas brasileiras (quaisquer, privadas ou públicas); vocês vão ter a debilidade mental constituída em sistema. Com isso não quero ofender todos os professores. Sei que existem os bons, e os que se desesperam com a situação falimentar da educação brasileira, e que até gostariam que fosse diferente, liberta das máfias sindicais e dos debilóides freirenos do MEC, mas isso não vai ocorrer.
Sinto muito mesmo. Espero que dentro de 20 anos, com muita decadência brasileira, e com base nos "profetas do apocalipse" (como este que aqui escreve), as pessoas consigam tomar consciência de que a educação brasileira é muito pior, mas muito pior do que eles conseguem imaginar, e comecem, portanto, o trabalho de reconstrução. Mas acho que vai demorar.
Sinto muito pelos contemporâneos, vocês não verão uma educação decente no Brasil nos próximos 20 anos. Lamento.
Paulo Roberto de Almeida

Unir os sotaques em luta: a juventude em movimento

Por Rodolfo Mohr *

“Presidenta, não se preocupe. Este é o Rodolfo, líder da oposição de esquerda da UNE. E eu sou o líder da situação de esquerda da UNE”. Dessa forma, André Tokarski, Presidente da União da Juventude Socialista e ex-Diretor da UNE, ajudou a “quebrar” o clima, na reunião dos diretores da UNE, da UBES e da ANPG com a Presidente Dilma, dia 31 de agosto.
Exatamente antes de Tokarski, apresentei o que seria o nosso único compromisso com o governo: seguir ocupando reitorias, trancando escolas e realizando passeatas por todo o Brasil. Nossa pauta: 10% do PIB para Educação para garantir as urgentes demandas das educação brasileira em todos os níveis.
Ainda disse que vamos enfrentar o governo, que novamente apresenta o orçamento da união com quase 50% dos recursos destinados para o pagamento da dívida pública, eufemismo para a bolsa-banqueiro. A educação segue com cerca de 5%. Evidentemente Dilma e os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Fernando Haddad (Educação) não gostaram nada do que ouviram, o descontentamento estava explícito.
Antes e depois dessa reunião, mobilizações estouraram por todo o país contra o projeto educacional do governo petista. Além de insuficiente, o REUNI não foi cumprido na integralidade. De fato se consumaram as críticas de 2007, ano do decreto que instituiu a expansão, de que não se podia duplicar as vagas nas universidades públicas com apenas R$ 2 bilhões de reais.
Das capitais ao Brasil profundo: de Santa Maria-RS a Teresina
No dia seguinte a reunião, 1º de setembro, a Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi ocupada pelo movimento estudantil. Melhorias para o Hospital Universitário de Santa Maria, concurso público para professores e servidores para diversos cursos, mais recursos para Assistência Estudantil – reformas das Casas de Estudante em Santa Maria e ampliação das moradias em Frederico Westphalen, o direito de 3 refeições diárias no Restaurante Universitário, além de diversas pautas específicas e gerais que retratam o descaso com a Educação Pública. Já são 8 dias de ocupação.
A ampliação promovida nas Universidades federais estava mais vinculada à produção de estatísticas para a campanha de Dilma Presidente do que com o atendimento da demanda da juventude brasileira de acesso à educação pública, gratuita e de qualidade.
Na semana seguinte a reunião com a Presidente, ocorreu uma importante rebelião estudantil e popular em Teresina no Piauí. O prefeito Elmano Férrer (PTB) propôs aumento da tarifa de ônibus de R$ 1,90 para R$ 2,10. A primeira manifestação contrária juntou 200 estudantes e foi duramente reprimida pela tropa de choque da Polícia Militar com spray de pimenta e tiros de bala de borracha. A indignação cresceu e durante cinco dias a população mobilizada, nos últimos juntos cerca de 15 mil pessoas, incendiaram ônibus e barraram o aumento. O prefeito voltou atrás e congelou o preço por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Essa primeira vitória, mesmo parcial, é um marco crucial. Lutas contra os aumentos das tarifas de ônibus ocorreram em todo o país. Em São Paulo, durante dez semanas consecutivas, ocorreram manifestações na Avenida Paulista, de janeiro a março. Porém, somente em Belém havia se obtido vitória como em Teresina.
Durante o mês de agosto, a UFPR protagonizou a única greve geral na federais. Técnico, professores e estudantes passaram quatro semanas mobilizados por uma série pautas semelhantes as da UFSM e do conjunto das mobilizações. Diversas assembleias e trancaços, culminaram com ocupação da Reitoria e a vitória da queda de braço com a Reitoria. Conquistaram construção de moradia estudantil nos três campi da UFPR, aumento de 20% do valor das bolsas-auxílio e 50% de aumento da quantidade de bolsas, bem como o atendimento do Restaurante Universitário todos os dias da semana, incluindo os finais de semana.
Em Niterói, a Reitoria da UFF foi ocupada duas vezes, em 15 dias, pelo movimento estudantil, encabeçados pelo DCE e pela Oposição de Esquerda da UNE. Na primeira vez foram retirados pela polícia através de uma reintegração de posse. Reocuparam dias depois, obrigando a Reitoria a negociar as pautas. Após seis dias conquistaram quase a totalidade das pautas, semelhantes as da UFSM com o acréscimo de questões específicas. A força da mobilização promoveu uma das ocupações de reitoria mais vitoriosas desde a queda de Thimothy da UnB.
15 de outubro: retomar as barracas e ocupar as praças
No Brasil real cresce a indignação com a precarização da vida, a inflação, o endividamento das famílias e as lutas por educação, transporte e moradia. Menos de 9 meses de governo foram suficientes para mostrar que a suposta “apatia” dos brasileiros está dando lugar a uma crescente mobilização. Começou em Jirau nas obras do PAC, passou pelos bombeiros do Rio e pelas lutas da passagem dos ônibus, chegando as Reitorias ocupadas. UFPR, com greve geral das 3 categorias, UFSC, UFF, UFSM, Instituto Federal de Ensino Tecnológico da Bahia. A greve dos técnico-administrativos das Universidades Federais, já com cem dias, escancarou o descaso com esta categoria. Além da escandalosa absolvição de Jaqueline Roriz, que beneficiada pelo voto secreto não foi cassada na Câmara dos Deputados, numa articulação feita pela base aliada de Dilma.
Devemos unir todas as lutas brasileiras e internacionais. Este é o chamado que fez a plataforma Democracia Real Ya da Espanha. Propuseram o dia 15 de outubro como o Dia Mundial de Acampamentos de Praças por Democracia Real. Atendemos no Brasil esta convocatória entusiasmados com a possibilidade de ocupar praças em cinco continentes. Infelizmente, não há praças a serem ocupadas na Antártida.
Democracia Real se converteu em uma pauta que congrega todas as nossas bandeiras econômicas e políticas. Chega de privilégios para os banqueiros e políticos, chega de corrupção, basta de miséria e descaso. É necessário que se ampliem os meios de participação da população em todas as decisões fundamentais do seus países. Para os espanhóis contra o bipartidarismo, para os chilenos que querem educação pública, gratuita e de qualidade e para nós brasileiros tão longe dos nossos direitos.

* Rodolfo Mohr é Diretor de Movimentos Sociais da Executiva da UNE pela oposição de esquerda. Estuda jornalismo na UFRGS e é do Juntos.

domingo, 11 de setembro de 2011

Quando a verdade vai prevalecer? dificil na atual conjuntura

Leio na imprensa que os acusados do Mensalão dizem que nunca souberam de nada, que tudo não passou de caixa dois eleitoral, e que tudo foi feito apenas com base em "erros contábeis".
O principal personagem diz que "nunca soube de nada".
Quando é que os brasileiros vão parar de serem chamados de idiotas?
Quando é que os cidadãos vão se revoltar contra a mentira deslavada?

Leio isto na imprensa:

"[Marcos] Valério já confidenciou a pessoas próximas que guarda documentos que mostrariam [o condicional é habitual na imprensa, como o tal de "suposto"; deve-se ler no sentido positivo, afirmativo] o envolvimento direto dele com o ex-presidente" [Lula].

Termina assim a matéria: "Resta saber se Lula e o PT pagarão para ver."

Pois é: quando é que vai terminar a ingenuidade da Justiça (que vai liberar quase todo mundo graúdo, podem registrar) e quando é que vai terminar a tolerância da sociedade.
O Brasil, por vezes, chega a me dar nojo...
Paulo Roberto de Almeida

Quando vai cair o proximo ministro? Parou a limpeza?

Estou achando estranho: a imprensa não cessa de denunciar falcatruas de ministros -- eu mesmo já antecipei várias quedas "prometidas" pela imprensa -- e eles continuam lá.
Terminou a fase da "faxina"? (um nome impróprio para o que é apenas uma dedetização)
Acho que ainda tem uns cinco ministros (por baixo) para empacotarem seus pertences e bye-be...
Paulo Roberto de Almeida

Breno Costa
Folha de S. Paulo, 11/09/2011
Dinheiro reservado pelo Ministério das Cidades para projetos que reduzam acidentes de trânsito foi usado para financiar obras em cidades sem histórico de problemas sérios nessa área, mas que são redutos eleitorais do ministro Mário Negromonte.  O ministério já liberou neste ano R$ 16 milhões para essa finalidade, beneficiando 102 prefeituras. O partido de Negromonte, o PP, administra 43 desses municípios. O PMDB, que aparece em segundo lugar na lista de beneficiários, conseguiu recursos para apenas 23 prefeituras.
O orçamento do ministério prevê que os recursos reservados para “fomento a projetos destinados à redução de acidentes no trânsito” sejam repassados para que as prefeituras promovam campanhas educativas e melhorias das “condições viárias”.  Mas o ministério vem usando o dinheiro para firmar convênios com prefeituras e financiar obras exclusivamente, incluindo pavimentação de ruas, construção e reforma de ciclovias e calçadões.

Esperteza chinesa - Suely Caldas (nao estou de acordo)

Sempre leio os artigos dessa jornalista e professora e geralmente concordo com ela. Desta vez não. Acho que ela aderiu ao discurso protecionista do governo e considero isso totalmente errado.
Os chineses são oportunistas comerciais, manipuladores cambiais?
Certamente.
Mas os problemas brasileiros não se devem à "concorrência predatória" dos chineses, como querem nos fazer acreditar as autoridades comerciais (e todas as outras) e daí atribuir os problemas brasileiras a essa concorrência desleal e, a partir daí, adotar medidas protecionistas, quando os INIMIGOS DOS EMPRESÁRIOS brasileiros não estão lá fora, e sim aqui dentro.
Basta ver a carga fiscal, as dificuldades burocráticas, as ineficiências logísticas, as miséria da infraestrutura, enfim tudo aquilo que já foi chamado de "custo Brasil", para constatar que os INIMIGOS ESTÃO AQUI DENTRO, E ELE SE CHAMA ESTADO BRASILEIRO.
Quando é que empresários  e jornalistas vão tomar consciência disso.
Basta isso. O resto é conversa fiada.
Paulo Roberto de Almeida 



A esperteza chinesa

Suely Caldas 

O Estado de S.Paulo, 11 de setembro de 2011

Em discurso transmitido pela TV na véspera do Dia da Independência, a presidente Dilma Rousseff avisou em tom duro e afirmativo, de quem não quer deixar nenhuma dúvida: "Não vamos permitir ataques às nossas indústrias e aos nossos empregos e não vamos permitir jamais que artigos estrangeiros venham concorrer, de forma desleal, com nossos produtos". Empresários industriais aplaudiram. Em seguida ela prometeu: "Vamos ampliar e defender o mercado interno". Mais aplausos.

Divulgado dois dias antes, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre comprovou uma desaceleração não esperada da produção industrial no País. Em compensação, as importações de bens de consumo cresceram 30,9% até agosto e os automóveis, com expansão de 44,4%, foram o item que mais pesou. Será que o aumento do consumo das famílias, detectado na pesquisa do PIB, vem sendo alimentado pelas importações? O economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), é um dos que acreditam nisso. "O repique do segundo trimestre pode refletir um comportamento indesejado da demanda", analisou, ao observar que produtos importados estão suprindo o aumento do consumo.

O governo quer agir, impedir que se espalhe por outros setores industriais a "invasão" de importados até agora restrita. Mas sustenta que vai fazer tudo "dentro da lei", das regras permitidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), e não vai apelar para artifícios de barreiras comerciais, tributárias e outras práticas protecionistas. Se assim for, parece não haver risco de um retrocesso inimaginável de voltar a fechar a economia ao exterior num mundo tão globalizado. Foi o que garantiu o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, na última quinta-feira, ao correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade.

Se quer perseguir tal objetivo, a presidente precisa apontar para dois alvos: dar maior agilidade e eficiência ao funcionamento do nosso sistema de defesa comercial e, dentro dele, conceber tratamento mais duro para produtos originários da China, que aqui chegam a preços imbatíveis na concorrência com similares nacionais. O yuan desvalorizado, os baixos salários dos trabalhadores chineses e a triangulação com a Argentina para se livrar do imposto de importação são algumas das razões que tornam o produto chinês mais barato do que o nacional.

A China é, hoje, o maior parceiro comercial do Brasil. Entre janeiro e julho deste ano, nossas exportações cresceram 46% em relação ao mesmo período de 2010, somando US$ 24,436 bilhões. Embora o saldo - de US$ 6,748 bilhões - seja favorável ao Brasil, não há diversificação da pauta e 80% das nossas exportações estão concentradas em apenas três produtos: minério de ferro, petróleo e soja. São commodities que a China necessita para viver, alimentar-se, desenvolver sua indústria e gerar seus empregos. Aqui, ela não compra produtos industrializados com maior valor agregado. Mas, na direção contrária, os produtos chineses que chegam ao Brasil são manufaturas de alto padrão, como televisores, telefones e telas de LCD, de elevado valor agregado.

São anêmicos os resultados de entendimentos diplomáticos para a China passar a produzir aqui os produtos que exporta. Na visita que a presidente Dilma Rousseff fez a Pequim, em abril, ela assinou 20 acordos bilaterais e promessas de abertura de uma fábrica de soja na Bahia, outra de equipamentos de informação em Goiás e o polêmico investimento de US$ 20 bilhões da Foxconn, empresa que atua na montagem de produtos eletrônicos para as marcas Apple e Sony e que é conhecida mundialmente pelos inúmeros suicídios cometidos por seus empregados chineses. Até agora são projetos em estudo, promessas, nada de concreto.

Fragilidades. Enquanto os investimentos não chegam, as manufaturas chinesas chegam, questionadas por concorrentes nacionais que denunciam "práticas desleais" de comércio. Do total de 140 processos antidumping abertos pelo Brasil, desde 1980, 35% são contra a China. Na terça-feira passada, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) anunciou aumento, para 35%, da tarifa de importação para sete produtos, dos quais cinco originários da China, entre eles porcelanatos, pneus e bicicletas.

Apesar disso, a fragilidade do sistema de defesa comercial do Brasil impede uma reação mais eficaz contra o comércio desleal. Estudo da professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Vera Thorstensen, ex-assessora da missão do Brasil na OMC, concluiu que, enquanto a Índia "não se esquiva" de se defender, o Brasil parece ter "politizado" sua defesa contra a China, temendo ferir suscetibilidades de seu maior parceiro comercial. Queixas da indústria nacional não faltam, mas os instrumentos de defesa (direitos compensatórios, antidumping, sobretaxas), além de tímidos, tornam-se ineficazes diante do yuan desvalorizado e do real apreciado, destaca a professora Vera.

Ela cita dados do Banco Mundial para comparar: de 820 investigações abertas contra a China no mundo, entre 1980 e 2010, os EUA lideram com 157; a Índia tem 133; a União Europeia, 130; e o Brasil tem apenas 47, atrás da Argentina e do México.

Diante de uma crise com expectativa de longa estagnação econômica nos países ricos e retração do comércio mundial, a presidente Dilma Rousseff quer, agora, impor maior agressividade na defesa comercial. Terá de derrotar as resistências políticas no governo e passar a tratar a China como parceiro comercial normal, e não especial. E dar musculatura ao frágil, jovem e inexperiente sistema de defesa comercial.

Enquanto em outros países esse sistema existe desde os anos 70, no Brasil sua estrutura só começou a ser montada em 1997, e até hoje é deficiente, precária, até amadora. Exemplo: o governo brasileiro levou 15 anos para descobrir uma desgastada e comum esperteza dos importadores. Enquanto a investigação de dumping rola - e demora -, eles antecipam importações do produto investigado, estocam e, assim, se livram da sobretaxa que vier a ser decidida. Só na última terça-feira a Camex decidiu cobrar retroativamente a sobretaxa.

Para fortalecer essa estrutura, o Ministério do Desenvolvimento diz que vai contratar 120 novos investigadores e tentar encurtar de 18 meses para 10 meses o prazo de conclusão de uma investigação de dumping.

JORNALISTA, É PROFESSORA DE COMUNICAÇÃO DA PUC-RIO E-MAIL: SUCALDAS@TERRA.COM.BR 

Comparing Brazilian states with countries - Economist


Comparing Brazilian states with countries

Brazilian equivalents

Which countries match the GDP and population of Brazil's states?

THE notion that Brazil is in the vanguard of a group of emerging countries on their way to economic superpower-dom is so widely accepted as to have become trite. But how far along this road is Brazil? One way to get a quick answer is to compare Brazilian states with countries. The map below presents country equivalents for every state in terms of GDP, GDP per person and population. It throws up some curiosities: who knew that Alagoas, a state in the north-east that is currently more famous for its murder rate than for its magnificent beaches, has the same GDP per person as China? It also suggests that even the comparatively rich states in the south and south-east have some way to go before they can be compared with wealthy places in the northern hemisphere. The gauchos of Rio Grande do Sul will not necessarily be delighted to learn that GDP per person in their state is close to that of Gabon.
See our other "country equivalents" interactive maps:

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...