sábado, 1 de setembro de 2012

Nossos aliados no Brics: sobre Siria e Assange-Equador

O ministro Lavrov sempre foi, é um dos melhores amigos dos amigos dos amigos, se é que vocês me entendem, todos companheiros unidos numa mesma causa, em prol da soberania, do respeito à lei, da não intervenção nos assuntos internos dos outros Estados e essas outras coisas antigas, mas ainda válidas. Sua fala, abaixo transcrita, é de um realismo impressionante, o que só testemunha em favor de sua coerência lúcida e de sua adequação aos princípios consagrados do direito internacional, sem falar da lógica e do interesse próprio.
Como é que o regime sírio vai deixar de massacrar seus opositores, se estes pretendem massacrar o regime sírio, a começar por Assad e seus asseclas? Seria pedir que eles cometessem suicídio certo?
Por isso que Brasil e Rússia estão certos, desse ponto de vista: enquanto todas as partes não cessarem suas hostilidades, é irrealista pedir que apenas uma das partes renuncie à violência. Lógico, pois não?
Portanto, Assad está plenamente certo em continuar a destruir tranquilamente seu país, bombardeando bairros e cidades inteiras, lançando ataques aéreos contra seus opositores, enfim, massacrando alegremente aqueles que não concordam em que ele seja o único presidente legítimo da Síria. Quem não concorda com isso, não pode dialogar com o governo, certo?
O problema desses ocidentais é que eles não respeitam os direitos legítimos dos Estados soberanos, e ficam perturbando o cenários com demandas ilegítimas e ilegais relativas a democracia, direitos humanos e essas coisas incômodas. O Brasil está certo em defender a soberania dos Estados, e impedir a derrubada de governos legítimos pela força. O governo está certo ao se alinhar com a Rússia e a China no veto a essas medidas propostas no CSNU pelos ocidentais de intervenção nos assuntos internos da Síria. Onde iríamos parar, se isso fosse autorizado?
Quanto ao Equador, acho que o ministro Lavrov está ligeiramente equivocado: o que os bolcheviques fizeram foi justamente invadir o Palácio de Inverno, contra a lei e o direito. O ministro Lavrov está condenando agora os bolcheviques? Que gracinha...
Paulo Roberto de Almeida 


UN Security Council has no authority to support revolution in Syria – Lavrov

Published: 01 September, 2012, 10:51
Edited: 01 September, 2012, 17:03
Russian Foreign Minister Sergey Lavrov (RIA Novosti/Eduard Pesov)
Russian Foreign Minister Sergey Lavrov (RIA Novosti/Eduard Pesov)
The UN Security Council has no right to support a revolution or foreign intervention in Syria, Russian Foreign Minister Sergey Lavrov warned. Any plan to withdraw government troops while fighting continues is untenable, and naïve at best, he added.
The demand for President Bashar al-Assad to resign as a precondition to resolving the Syrian crisis is a completely unrealistic approach, Lavrov said during a public appearance at the Moscow State University of Foreign Affairs.
“There are different attitudes towards the Syrian regime. But while fighting in the streets continues, it is absolutely unrealistic to say that the only way out is for one side to unilaterally capitulate. It is not a matter of ideology, we don’t support any political figures in Syria. We just reason from what is realistic,” Lavrov said to the students of the diplomatic university.
Harking back to the summit in Geneva in June, Lavrov noted that despite differing opinions on the conflict, all the participating countries agreed to work for a “free, stable, independent and democratic”Syria. However, “our western partners and some nations in the region are almost openly pushing for outside intervention,” said Lavrov.
“Outside intervention should be positive. Every international player should push for both sides of the Syrian conflict to cease violence,” stressed Lavrov. “Saying that the government should be the first to pull out its troops from towns and then the opposition is not a viable plan.”
The Russian foreign minister added that those foreign players who insist on inciting the opposition forces “are not working in the interests of the Syrian people. They are motivated by their own geopolitical interests.”
Lavrov cited the fact the Security Council dismissed a vote on the Geneva accord as evidence that a number of countries were not working for the Syrian people.

Ecuador, Assange’s rights must be respected

WikiLeaks founder Julian Assange’s rights as a political refugee must be respected, Lavrov said, adding that under international law, it would be illegal for UK police to storm the Ecuadorian embassy.
“As long as he is inside Ecuadorian territory, I think no one will try any rash actions, and the rights of the refugee [Assange] must be respected. No one can challenge the judicial process. But when the Ecuadorian embassy is threatened with being stormed, just like the Winter Palace was, I think it’s a little outside the rule of law,” Lavrov said in his talk to the students, alluding to the Bolshevik storming of the Winter Palace during Russia's 1917 revolution.
WikiLeaks founder Julian Assange has been holed up inside the Ecuadorian embassy in London since June. The whistleblower is currently in the center of an international stalemate insofar as Ecuador has granted him asylum but the UK has pledged to arrest him if he sets foot outside the building. 
Assange estimates that he could potentially get out of the Ecuadorian embassy in a year’s time if Sweden drops the extradition order against him. The 41-year-old Australian is wanted for questioning over charges of sexual assault and rape in Sweden.
Assange has said that if Sweden drops the extradition order against him he could potentially leave the embassy in a year’s time. The 41-year-old Australian is wanted for questioning over charges of sexual assault and rape in Sweden.
Commenting on the WikLeaks whistleblowing scandal that precipitated Assange’s asylum request, Lavrov said that the information in the WikiLeaks cables “brought to light how governments relate to their partners, and what they think of them.” The document dump hadn’t harmed or threatened the safety of any particular government, he said.
“It was curious,” Lavrov said. “But nothing more. Many of our impressions were simply confirmed.”

O Brasil e sua grande estrategia economica: Cuba

Cuba, como todos sabem, é uma grande potência econômica, que promete grandes ganhos e imensas transferências de tecnologia e apoio financeiro ao Brasil.
Fidel Castro, e seu irmão Raul, como todos também sabem, são dois grandes teóricos da ciência econômica, que trouxeram enormes progressos para sua ilha progressista.
Por todas essas razões, e algumas outras (cujo teor ainda não conhecemos exatamente, mas desconfio que vamos ficar sem saber, pois os cubanos, inteligentes como são, não vão permitir qualquer wikileaks de sua maravilhosa ilha, nem vão ser tão bestas quanto os burocratas da Stasi, e já devem estar se desfazendo de papeis incômodos), enfim, por todas essas razões, o Brasil participa, como dito no título da matéria, da modernização do regime, ou seja, tornar o regime mais eficiente, mais conforme às necessidades do regime, que ele merece e precisa ser preservados, como sempre fizeram companheiros reciprocamente.
Vamos destacar dois trechos: 
"O porto ''será um ''hub'' muito importante para receber embarcações grandes, ou do Atlântico, ou que venham pelo Canal do Panamá e que a partir de Cuba possam re-exportar para o Caribe e eventualmente para os Estados Unidos, se o bloqueio acabar em algum momento'', acrescentou.
Apesar de construí-lo, o Brasil não o administrará. A tarefa foi passada para a empresa Cingapura PSA, que ''por sua experiência tem a condição de trazer carga para a ilha para poder levá-la à América Central'', explicou o diplomata."
O que o Brasil está fazendo, na verdade, é perder dinheiro, pois esses empréstimos NUNCA serão pagos (o que é evidente a qualquer um não contaminado de cubanice aguda) e esse porto NUNCA será o que esperam os cubanos, um hub de comércio, pois o Império, e suas satrapias, já têm ¡a disposição instalações muito melhores, em Porto Rico, na República Dominicana, no Panamá e em várias outras localidades do Caribe e da América Central. Esse porto será um grande elefante branco, servindo no máximo para os navios de turismo, que virão para gozar dos prazeres da ilha, um pouco como se fazia antes da revolução, com gineteras e tudo...
O Brasil está literalmente enterrando, ou no caso, afogando, alguns milhões de dólares, que fazem falta no Brasil e nunca servirão para nada em Cuba, além, repito, que esse "empréstimo" entre companheiros nunca será pago.
Anotem e me cobrem, quando Cuba virar capitalista e terá suas dívidas todas perdoadas, para ajudar na transição. Países ingênuos, como o Brasil, ficarão com a fatura na conta do BNDES e do Tesouro.
Anotem e me cobrem...
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil referenda apoio à modernização de Cuba

Países expressaram intenção de fixar ''um programa de cooperação na área econômico-comercial para os próximos quatro ou cinco anos''


Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel se reuniu com Raúl Castro
Havana - O Brasil ratificou esta semana seu apoio à modernização econômica de Cubadurante a visita à ilha do ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que se reuniu com o presidente Raúl Castro e conheceu em pessoa o milionário projeto para ampliar o porto cubano de Mariel com investimento brasileiro.
''Aqui se está fazendo um esforço, que não é fácil, de atualizar o modelo e trazer mudanças que eles mesmos reconhecem que são necessários para estimular a economia, e o Brasil procura ajudar em todo esse esforço de modernização'', disse em entrevista à Agência Efe o embaixador brasileiro em Havana, José Felício.
Segundo o diplomata, durante a visita de Pimentel, as partes expressaram também sua intenção de fixar ''um programa de cooperação na área econômico-comercial para os próximos quatro ou cinco anos'' em setores como saúde e agricultura.
Entre os campos explorados estão o envio de médicos cubanos a áreas remotas do Brasil e a transferência de tecnologia por parte de Cuba para a produção de remédios que não são produzidos pelo Brasil.
Em troca, os brasileiros podem oferecer assessoria na rotatividade dos cultivos de milho e soja, e na gestão do açúcar com co-geração de energia elétrica, entre outros campos.
''Toda a América Latina tem uma posição unânime em relação ao bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, e a maneira de ajudar a reduzir os prejuízos desse bloco é com apoio econômico, financeiro'', argumentou Felício.
Os primeiros detalhes da passagem do ministro brasileiro por Cuba foram divulgados na quinta-feira à noite pela televisão estatal da ilha, quando foi revelado que Pimentel acabava de se reunir com Raúl Castro no final de uma visita ao país iniciada na terça-feira.
Pimentel, que a essa hora estava partindo de volta para o Brasil, também teve encontros de trabalho com os vice-presidentes cubanos Ramiro Valdés e Ricardo Cabrisas, e o titular de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da ilha, Rodrigo Malmierca.
Desta forma, o ministro deu seguimento à agenda marcada em janeiro passado pela presidente Dilma Rousseff, em sua primeira visita ao país caribenho, de caráter marcadamente econômico.
Em maio houve outra reunião em Cuba do grupo de trabalho criado para a ocasião, que deverá se reunir de novo no Brasil em outubro próximo, segundo Felício.
Da mesma forma que Dilma, Pimentel foi ao porto cubano de Mariel, a 45 quilômetros a oeste de Havana.
A ampliação desse terminal portuário, gerador de 3.600 empregados diretos e 1.960 indiretos, é considerada pelas autoridades de Cuba como uma ''obra emblemática'' da colaboração bilateral.
O Brasil comprometeu no projeto US$ 682 milhões dos US$ 957 milhões totais do investimento global.
A obra é realizada pela construtora Odebrecht através de uma subsidiária cubana e sua conclusão está prevista para 2013.
A iniciativa vai além da mera construção do porto, cujo regime de funcionamento está sendo definido atualmente por Havana.
O objetivo, além de dar a Cuba uma moderna porta de saída para o mar, é que indústrias brasileiras se instalem na ilha, produzam seus bens ali aproveitando as vantagens que oferece a mão de obra local, mais barata que a brasileira, e depois os exportem.
Também se analisa incorporar ao projeto o setor logístico, que poderia estabelecer em Mariel um centro de recepção de mercadorias no qual se melhore seu conteúdo e apresentação, visando a voltar vendê-las a outro lugar.
O porto ''será um ''hub'' muito importante para receber embarcações grandes, ou do Atlântico, ou que venham pelo Canal do Panamá e que a partir de Cuba possam re-exportar para o Caribe e eventualmente para os Estados Unidos, se o bloqueio acabar em algum momento'', acrescentou.
Apesar de construí-lo, o Brasil não o administrará. A tarefa foi passada para a empresa Cingapura PSA, que ''por sua experiência tem a condição de trazer carga para a ilha para poder levá-la à América Central'', explicou o diplomata.
Prevê-se que a ampliação de Mariel permita, além disso, que o porto comercial de Havana se dedique ''plenamente ao turismo'' de cruzeiros.
A troca comercial entre Brasil e Cuba chegou em 2011 ao número recorde de US$ 500 milhões, dos quais apenas US$ 90 milhões corresponderam a exportações cubanas.

Bye bye Brics? Hello MIST? - revista Exame


Com BRICs em baixa, MIST surge como novo oásis econômico
Naiara Infante Bertão e Ana Clara Costa, de São Paulo
Revista Exame, 29 de agosto de 2012

México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia despertam a atenção de um mercado frustrado por crise no mundo desenvolvido e desaquecimento nos emergentes

 ­ O termo BRICs – sigla que se refere ao grupo de países em desenvolvimento composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, que por uma década foi pronunciado à exaustão como promessa de crescimento e retorno aos investidores, está a um passo de ter um concorrente. O motivo é a ascensão de outro time de emergentes que atende pelo apelido de Mist: México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia (leia um pouco mais sobre cada um).
Esses países crescem mais, passaram nos últimos anos por turbulências econômicas menos profundas e possuem menos burocracia. Em suma, são hoje vistos como um novo oásis num mercado frustrado por perdas na Europa, nos Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil e na China. Jim O'Neill, presidente do Goldman Sachs Asset Management (GSAM) e criador da alcunha Brics, é considerado o autor, mesmo que involuntariamente, da nova sigla.
"Muitos pensam que criei esse acrônimo, mas ele nasceu do fato de eu ter definido, cerca de quinze meses atrás, onze novos países como economias promissoras. Como, do grupo de onze, os quatro são os que mais se destacaram, jornais disseram que havia criado o conceito de Mist. Achei engraçado", disse em entrevista ao site de VEJA.
O'Neill – que não utiliza mais o termo “economias emergentes” para se referir aos BRICS por achar que elas "já emergiram" – criou o grupo dos onze incluindo nações que, anos atrás, não seriam nem lembradas como promessas de ganho aos investidores. Além do Mist, o economista escolheu Bangladesh, Egito, Irã, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Vietnã como mercados que, juntamente com os BRICS, se tornariam as maiores economias do século XXI. De acordo com as estimativas do executivo, Brics e Mist terão juntos um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 12 trilhões de dólares ao fim desta década em termos reais – dois terços provenientes dos Brics e um terço do total vindo da China. “Os Brics são muito importantes e ainda não se pode compará­los com os MIST”, afirma O’Neill.
Comparações à parte, a expansão econômica de México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia é inegável, enquanto o mundo desenvolvido agoniza em recessão ou estagnação econômica, e muitos emergentes veem seu dinamismo se esvair claramente. “Os países do MIST estão ganhando visibilidade por causa da desaceleração dos Brics.
Brasil, Índia e China estão experimentando taxas de crescimento abaixo do previsto neste ano, não apenas devido ao ciclo econômico, mas também porque tomaram medidas que não foram tão bem recebidas pelos mercados”, afirma Christopher Garman, diretor de estratégia de mercados emergentes da Eurasia Group. No caso do Brasil, em particular, ele diz que o investidor está pessimista, sobretudo com o baixo crescimento – que deve encerrar o ano em 1,75% segundo previsões do mercado financeiro. Contudo, ele lembra que os mesmos investidores avaliam que os esforços da presidente Dilma Rousseff para estimular o PIB – tais como os pacotes que têm sido anunciados e as medidas para ajudar a indústria – mostram uma “luz no fim do túnel”.
Ciclos – O surgimento de levas de países que dão um salto rumo ao desenvolvimento não é fato isolado na história da economia global. Os Estados Unidos e o Japão, por exemplo, já foram nações emergentes que surpreenderam o mundo com seu vigor. Olhar para além dos Brics pode ser considerado, portanto, algo natural. “Muitos investidores começam a olhar para histórias de crescimento fora dos BRICS, e alguns fundos estão apostando em países do segundo escalão dos emergentes”, conta Garman. “O Mist reúne essencialmente os maiores países depois dos Brics”, completa. Apesar de economistas e investidores falarem dessa seleção de países há dois anos, tal predileção ganhou adeptos nos últimos meses por conta do agravamento da crise financeira europeia e seu impacto nos emergentes dos Brics – com destaque para o vexame brasileiro.
Ambiente de negócio – Além do fato de serem países em desenvolvimento com economias fortes – todos fazem parte do G20, o grupo das vinte maiores economias do planeta –, as principais características que unem os Mist são mercado consumidor atrativo e o fato de estarem melhorando constantemente seu ambiente de negócios. “Isso faz com que investidores os vejam como lugares para se investir no longo prazo, inserindo­os em um portfólio global diversificado”, diz a analista da Economist Intelligence Unit (EIU), Justine Thody. (veja quadro comparativo de Brics e Mist).
É inegável, porém, a atração que exercem dados que comprovam pujança econômica sobre estrategistas e investidores globais. México e Indonésia, por exemplo, cresceram, respectivamente, 4,1% e 6,4% no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período de 2011 – contra míseros 0,8% do Brasil. O mais impressionante, na visão do mercado, é que tais números se apresentem num momento em que o mundo patina e grande parte dos países revisa para baixo suas previsões para o PIB.
Disciplina macroeconômica – Alfredo Coutiño, diretor da Moody’s Analytics para a América Latina, explica que essa expansão “fora da curva” é resultado basicamente da disciplina macroeconômica (fiscal e monetária) dos governos do MIST, além da constante promoção dos negócios com melhoria da regulação, oferta de segurança jurídica e abertura ao mercado internacional. “O ponto em comum entre os quatro é que eles são gerenciados por equipes econômicas com filosofia pró­mercado, o que dá segurança e deixa os investidores felizes”, afirma.
Ressalvas – Mesmo com a popularização recente, o novo elenco enfrenta certa resistência por parte de alguns economistas. Alguns acreditam que Brasil, China e Índia logo recuperarão o fôlego e retomarão o centro das atenções. Outros apontam que os fundamentos que sustentam esse crescimento vultoso do Mist são temporários. Coutiño destaca que, ainda que México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia suportem elevadas taxas de ampliação do PIB por vários anos, seu conjunto é ainda pequeno para substituir o papel dos BRICS como locomotivas da economia internacional.
Somente o Produto Interno Bruto somado de Brasil, Rússia, Índia e China é quase quatro vezes maior que o do MIST: 13,5 trilhões de dólares contra 3,9 trilhões de dólares.

Os Brics e a idiotice jornalistica (ou dos jornalistas) - reflexao PRA

Cada vez mais eu me surpreendo, com perdão dos leitores que se enquadram na categoria, com a debilidade mental de certos jornalistas. Minha surpresa é com amálgamas indevidos, como o que vem ocorrendo ultimamente com os Brics.
Por exemplo, com matérias deste tipo: 

EXAME.com
Berlim - A crescente demanda das economias emergentes que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) fez com que as exportações alemãs a este grupo se multiplicassem por sete entre 1996 e 2011,...

É evidente que a Alemanha não exportou -- ou melhor, exportadores da Alemanha não exportaram -- para uma entidade fantasmagórica chamada Brics, e sim para importadores individuais de quatro, agora cinco, países objetos dessa assemblagem artificial, arbitrária e inexistente (para todos os efeitos de políticas comerciais), construída por um economista de banco de investimento.

Ou então, matérias deste outro tipo: 

Diário do Grande ABC
O Brasil registrou o pior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre entre os países dos Brics, grupo formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. O crescimento de 0,5% ante o segundo trimestre de 2011 ficou abaixo do ...

O que tem a ver o crescimento, ou o não crescimento, de um com processos similares em qualquer outro desse amálgama arbitrário?
Absolutamente nada. Cada país cresce, ou deixa de crescer por fatores absolutamente únicos e originais, sem qualquer relação, correlação, vínculos estruturais com quaisquer outros, do grupo, ou fora dele.

A insustentavel competitividade externa do Brasil - Alexandre Schwartsman

Quem nos navega é o mar
Alexandre Schwartsman
Blog A Mão Visível, 29 de Agosto de 2012


O Brasil permanece uma economia bastante fechada ao comércio internacional. Apesar do crescimento expressivo nos últimos anos, o comércio representa apenas cerca de um quarto do PIB, deixando o país nas últimas colocações do ranking mundial neste quesito. Assim, ao contrário de países como a China, a economia não tem muito do seu impulso atrelado diretamente ao comércio global. Apesar disso, as exportações desempenham um papel relevante, a saber, pagar pelas importações necessárias para sustentar o ritmo forte de aumento do consumo interno. É assim fundamental entender o excelente desempenho das exportações brasileiras nos últimos anos.

Há meros dez anos essas equivaliam a pouco mais de US$ 83 bilhões (a preços de 2011), correspondentes a 0,92% do comércio global. No ano passado atingiram US$ 256 bilhões, expansão média pouco superior a 13% ao ano, já deduzida a inflação, cerca de 3 vezes mais rápido que observado nos 10 anos anteriores e também superior ao ritmo mundial. A participação no comércio global chegou assim a 1,42%, a maior desde 1955.

Este último resultado parece contradizer a noção que o Brasil teria apenas surfado na onda de prosperidade mundial. Uma decomposição simples do crescimento das exportações brasileiras no período revelaria que quase 30% das novas exportações se originaram do aumento da participação no comércio mundial, enquanto 65% provêm do aumento do comércio mundial em si e o restante da interação entre estes dois fatores. De 2009 para cá o resultado é ainda mais significativo: quase metade das exportações adicionais resultou da crescente participação de mercado.

As razões para o ufanismo, no entanto, começam a se dissipar quando aprofundamos ligeiramente a análise. Ocorre que há dois canais pelos quais um país pode aumentar sua participação no comércio internacional: as quantidades exportadas podem crescer a um ritmo maior do que as quantidades transacionadas globalmente, ou os preços dos produtos exportados podem crescer mais rapidamente do que os preços globais. No caso do Brasil, o que prevaleceu foi o segundo mecanismo.

Com efeito, entre 2002 e 2011 os preços das exportações brasileiras aumentaram 163%, enquanto o aumento médio global alcançou 65%. Neste mesmo período as quantidades exportadas pelo Brasil se expandiram 61%, em linha com o crescimento mundial de quantidades (67%). Não é difícil concluir, portanto, que foi o aumento extraordinário dos preços dos produtos brasileiros no mercado internacional – fruto do crescimento não menos extraordinário dos preços internacionais de commodities– a razão pela qual a participação brasileira no comércio global cresceu de forma tão acentuada.

Assim, ao decompor o crescimento das exportações brasileiras de 2002 a 2011 chegamos ao seguinte: como adiantado, 65% se originaram do crescimento do comércio mundial; 40%, por sua vez, resultaram do aumento dos preços (relativamente aos globais), cabendo aos demais componentes, inclusive o crescimento das quantidades, contribuições negativas para a expansão das vendas ao exterior.

Tais números sugerem que, de fato, o desempenho exportador brasileiro decorreu de forças globais, sobre as quais o país dispõe de nenhum controle.  Em particular o aumento dos preços das exportações relativamente às importações permitiu que cada unidade exportada pelo Brasil comprasse em 2011 36% a mais do que comprava em 2002, possibilitando que o consumo crescesse cerca de 1-1,5% ao ano mais rápido que o PIB nos últimos anos.

A base do crescimento nacional está, pois, alicerçada em fundamentos externos. Não por acaso as exportações têm perdido o fôlego em 2012, em linha com o fraco crescimento mundial e a queda no preço das commodities. Sem esta ajuda, o modelo de crescimento baseado no consumo encontra limitações crescentes, aparentes no fraco desempenho de 2012.

Só não olhe para baixo...

O jogo do bicho, explicado pela Economist


Illegal gambling in Brazil

Betting zoo

The surprising longevity of the “animal game”

IN 1888 João Batista, Baron of Drummond, opened a zoo in Rio de Janeiro. To pull in business he printed animals on the tickets and ran up a flag displaying one at the end of each day. A ticket printed with the right beast paid out 20 times its price. Soon, locals started to place side bets without bothering to visit. By the mid-1890s, says Amy Chazkel, a historian, the jogo do bicho (animal game) “had escaped from the zoo”.
Since then the jogo do bicho has survived the closure of Drummond's zoo, hostility from churchmen, prohibition and competition from rival state lotteries. Today'sbicheiros, or bookmakers, use the last two digits of winning state lottery numbers to pick their prize animals, with each of the 25 creatures linked to four numbers from 00 to 99. The animals stalk punters' sleep: dreaming of a naked woman means a horse; death means the elephant. “It's hard to dream only of numbers,” says Roberto DaMatta, an anthropologist. He credits the game's success to the way it “unleashed the animals that Freud tried to lock up.”
Apart from the animals, the jogo do bicho and the numbers rackets of the United States in the early-20th century share many features, says Matthew Vaz of the City University of New York. Both survived being made illegal by buying off corrupt police. Both became entwined with other illegal activities like prostitution, money laundering and murder. Both made some economic sense for poor people attracted by daily play, small stakes, and frequent modest but helpful payouts. “If you're poor, it's hard to put money aside,” says Mr Vaz. “But if you can find a quarter a day, you'll win a useful sum every now and then, though you'll probably lose overall.”
The jogo do bicho has lasted much longer than its American counterparts. Government clumsiness is partly to blame: in 1967 a military president banned new state lotteries to favour the federal game, and some governors decided that tolerating local bicheiros and taking a cut of their illicit profits was better than earning nothing at all from the business. And the United States had better law enforcement: a 1984 New York City ordinance allowed police to padlock gambling dens and stopped landlords from turning a blind eye.
But perhaps the biggest reason for the animal game's longevity is its link with another Brazilian institution: Carnival. During the 1950s the bicheiros started to give to samba schools to buy social acceptance. “By the 1980s, samba and Carnival were their day job,” says Mr Vaz. Since then crackdowns have led to the threat that Carnival will be called off—and to law enforcers backing down.

Armas para paises em desenvolvimento - The Economist


Weapons of mass distribution

Aug 31st 2012, 15:02 by The Economist online
Who's arming the developing world?
ARMS deliveries to developing countries last year were the highest since 2004, totalling $28 billion, or around 60% of global sales. America and Russia, the world’s leading arms suppliers, accounted for around two-thirds of deliveries to the developing world. America’s exports in particular are helped by a long-standing client base, which orders upgrades, spare parts and support services every year. Arms deals were buoyed last year by unusually high demand from Saudi Arabia. The Middle Eastern country is the developing world’s biggest arms buyer; deliveries were $2.8 billion in 2011. India, which is Russia’s biggest high-value arms client, was close behind, with $2.7 billion-worth of deliveries last year.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...