sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Maravilhas do financiamento estatal - BNDES para os amigos...

Você é como eu, caro leitor, que fica se perguntando onde vai parar todo esse dinheiro que você paga de impostos, mesmo sem perceber, sem sequer ter consciência de que está pagando, na média (talvez por baixo), cerca de 40% de tudo o que você compra e consome sob a forma de impostos?
Não se pergunta? Que pena, pois deveria.
Enfim, sabendo ou não sabendo, abaixo está uma amostra de onde vai parar o seu dinheiro, ou parte dele, pois a outra parte você vai precisar esperar a próxima operação da Polícia Federal para saber (e ainda assim, só será cerca de 0,00001% de todo o dinheiro público (isto é, seu e meu, o nosso dinheiro) que se esvai nos escaninhos da burocracia governamental. Os companheiros sabem fazer as coisas: na aparência da normalidade, a pátria vem sendo subtraída em tenebrosas transações (enfim, não queria pagar royalties ao jabuti que compôs esta frase, mas ela é apropriada).

Paulo Roberto de Almeida 

De estatal para estatal

Editorial O Estado de S.Paulo, 29 de novembro de 2012  
 
A concessão do maior financiamento da história do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o Consórcio Norte Energia - responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu -, embora prevista contratualmente, confirma a interpretação de que o leilão dessa usina, anunciado como a forma ideal para atrair capitais privados e baratear custos de construção e de geração de energia elétrica, não passou de um embuste político.
Já por ocasião do leilão, em abril de 2010, era evidente para as empresas privadas experientes que as condições exigidas dos interessados - preço máximo da energia, custo das obras, prazos, além de eventuais restrições ambientais - não recomendavam sua participação na disputa. Mesmo assim, o governo Lula, por razões políticas - era um ano eleitoral -, manteve o leilão. Para realizá-lo com a participação de empresas privadas, anunciou empréstimos generosos do BNDES, que agora se concretizam, e deduções do Imposto de Renda. Mesmo assim, teve de forçar empresas estatais a liderar a constituição de dois consórcios, para dar a impressão de disputa.
Em ambos, era notória a presença estatal. Num deles, o Belo Monte Energia, duas estatais da área energética (Furnas e Eletrosul) respondiam por 49% da composição; em outro, o Norte Energia, a Chesf detinha exatamente 49,98% do capital, o que teoricamente não lhe assegurava o controle. Venceu o liderado pela Chesf, que em sua composição tinha também sete empresas privadas, quase todas da área de construção. As vendas de participações ocorridas desde então ampliaram ainda mais a porcentagem de recursos públicos na Norte Energia.
As construtoras privadas saíram do consórcio. Empresas privadas ou não estatais brasileiras como Neoenergia, Vale e a siderúrgica Sinobrás participam dele. Mas a entrada da Eletronorte, responsável pelos estudos de viabilidade da Usina de Belo Monte, da Eletrobrás (controladora da Eletronorte e da Chesf) e de fundos de pensão de estatais, como o Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal) - que há dois meses ampliou para 10% sua participação no consórcio, com a compra da participação de uma construtora privada - e o Petros (dos funcionários da Petrobrás), o tornam um empreendimento nitidamente estatal.
O empréstimo recorde do BNDES, no valor de R$ 22,5 bilhões, representa 78% do atual custo previsto da obra, de R$ 28,9 bilhões (recorde-se que, inicialmente, o custo total era estimado em R$ 19,6 bilhões, considerado irreal por empresas especializadas em construção de usinas hidrelétricas). O valor corresponde a mais do dobro dos empréstimos concedidos às duas hidrelétricas em construção no Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), que, juntas, obtiveram financiamento de R$ 15,6 bilhões. Canalizado para um empreendimento estatal, o empréstimo à Norte Energia - embora esteja dentro das limitações legais de operação do banco, como a de a operação não ultrapassar o equivalente a 25% do patrimônio de referência, isto é, R$ 23,06 bilhões - reduz substancialmente a disponibilidade de recursos que a instituição pode oferecer para empresas privadas que necessitam modernizar suas instalações ou ampliar seu parque produtivo, para aumentar sua competitividade.
O financiamento gigantesco concedido pelo BNDES é mais um item polêmico que se soma aos muitos envolvendo Belo Monte. Até a realização do leilão, o projeto era questionado na Justiça sob o argumento de que comunidades indígenas não tinham sido consultadas.
Igualmente o modelo de geração adotado em Belo Monte - de fio d'água, que não exige grandes reservatórios - tem sido criticado, pois assegurará a geração média equivalente a 40% de sua capacidade total, inferior à média de 55% de outras usinas hidrelétricas construídas de acordo com o modelo tradicional.
Há pouco, reações violentas dos trabalhadores envolvidos em sua construção forçaram a paralisação das obras. Mesmo assim, o consórcio garante que a primeira unidade geradora entrará em operação em fevereiro de 2015.

A (des)educacao dos jovens diplomatas, IRBr - Matias Spektor

Em geral, diplomatas não gostam de críticas, sobretudo externas (mas internas também). Em particular, eles tendem a concordar com os críticos, mas apenas em particular...
Paulo Roberto de Almeida

Educação de diplomatas

Matias Spektor

Folha de S.Paulo,  28/11/2012

O Instituto Rio Branco, a academia onde são treinados os diplomatas brasileiros, é um dos principais celeiros de talento jovem no país.
Em dois anos de curso, os recém-ingressados assistem a aulas e palestras, estudam idiomas e criam redes de relacionamento. Aprendem a se vestir, falar e pensar de acordo com o cânone diplomático nacional.
No passado, a escola facilitou a coesão e a disciplina que caracterizam nossa política externa.
Mas agora o modelo educacional do Instituto Rio Branco está obsoleto e corre risco de ficar irrelevante. O problema, que não é deste governo, arrasta-se há anos, apesar do bom trabalho da atual direção.
Com exceção dos excelentes cursos de idiomas, a proposta didática é talhada para um mundo que não existe mais.
Os alunos assistem a um maçante ciclo de palestras avulsas que raramente leva a uma reflexão sobre a condução da política externa.
Nos cursos regulares, não há coordenação de conteúdos. Muitas vezes repetem-se temas vistos à exaustão para o concurso de ingresso.
Em encontros com diplomatas antigos, os jovens ouvem casos inspiradores do passado e são iniciados no mundo da diplomacia. Mas o tom é de celebração dos supostos sucessos de outrora, sem reflexão crítica a respeito dos erros e percalços mais comuns.
O modelo é problemático porque os diplomatas brasileiros de hoje requerem habilidades que seus colegas mais antigos podiam ignorar.
Enquanto as gerações mais antigas defenderam um país fraco com uma diplomacia de pequenos passos, os mais jovens trabalham para um país relativamente influente que paga custos altos quando se omite.
Enquanto os mais antigos foram porta-vozes de uma sociedade autoritária e injusta, a nova geração representa uma democracia de massas que se reorienta em direção à classe média.
As novas coordenadas do Brasil contemporâneo têm impacto sobre o perfil da educação de diplomatas.
Se o Instituto Rio Branco aspira a ser uma escola de formação profissional, precisará se adaptar.
Treinará seus quadros para lidar com a imprensa, as novas mídias e o público em geral. Deverá qualificá-los em métodos de análise de conjuntura e cenários prospectivos, técnicas de oratória e negociação, novos processos de gestão financeira do setor público e cerimonial.
Para além de novas técnicas, o instituto precisará combater o provincianismo.
Não há nada de errado em aprender a recitar as tradicionais teses de defesa do comportamento brasileiro no mundo.
Mas é cada vez mais urgente dar insumos para que os jovens diplomatas possam lidar com argumentos contrários, com fatos que subvertem as convicções mais arraigadas e com as ambiguidades inerentes à política internacional.
Como se trata de profissionais inteligentes e talentosos, é possível para eles ter ideias contraditórias na cabeça e, mesmo assim, tomar posição.
Em Brasília, quase todos sabem que é necessário mudar. Resta saber quem terá coragem de fazê-lo.
Matias Spektor Matias Spektor é professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas. Trabalhou nas Nações Unidas antes de completar seu doutorado na Universidade de Oxford.

Emigrantes, imigrantes, desintegrantes - Rui Martins

Haverá um remake do Conselho de Emigrantes, CRBE ?

29/11/2012 15:35,  Por Rui Martins, de Genebra 
Reprodução
O Conselho de Emigrantes foi o grande fiasco da politica brasileira de emigração.
Acabou o Conselho de Emigrantes, CRBE, mas o Itamaraty poderá cair no mesmo erro, fazendo outro com outras pessoas, mas no mesmo formato. É hora de reagir. Agredido verbalmente por alguns colegas do Conselho de Emigrantes por ter noticiado a Moratória do CRBE, ela não só se confirmou como foi mais drástica, pois culminou com a desativação ou fechamento do Conselho. Nem novas eleições, nem IV Conferência Brasileiros no Mundo, mesmo se isso estava previsto no Decreto-lei de criação do CRBE.
Na verdade, o CRBE durou pouco, apenas alguns meses, porém o suficiente para mostrar a ineficácia do seu formato. É verdade que houve inoperância do presidente Carlos Shinoda, brigas internas, trocas de desaforos, tentativa autoritária de expulsão de um suplente e uma ausência da maioria dos membros na troca de emails, não se conseguindo reunir mais de 9 dos 32 membros nas reuniões virtuais por Skype.
Seria, porém, injusto se culpar só os membros do CRBE pelo fiasco desse conselho de emigrantes. A responsabilidade maior é do Itamaraty por ter criado um órgão para emigrantes, destinado apenas a dar a impressão de ter sido criada uma política de emigração, quando na verdade não tem autonomia, nem verba e nem estrutura para funcionar. Uma quimera, uma ilusão, uma farsa, enganação, fachada para inglês ver, tudo isso, menos um verdadeiro órgão dos emigrantes.
O Itamaraty partiu do princípio de que fazer um encontro anual de líderes ou pretensos líderes emigrantes e deixá-los viver a impressão de serem importantes seria suficiente para satisfazer os emigrantes. Enganou-se, os emigrantes não são crianças que se satisfazem com pirulitos. Alguns membros do CRBE podem ter se lambuzado com o açúcar dos doces oferecidos, mas a grande maioria dos emigrantes não se sentiu representada e nem aceitou essa pantomima.
Uma coisa é se satisfazer os mercadores da emigração, outra bem diferente é responder aos anseios dos emigrantes. Não se cria um órgão para se saber o que os emigrantes querem ou precisam, é muito mais fácil e mais rápido se incumbir disso uma empresa de pesquisas e sondagens. E nem tem cabimento, encarregar os diplomatas de, reunidos todos os reclamos dos emigrantes, procurar as soluções.
Enfim, os emigrantes não passaram procuração para os diplomatas resolverem seus problemas, mesmo porque boa parte dos problemas surgem nos guichês dos Consulados. Hoje no Exterior, funciona ao lado dos Consulados toda uma panóplia de despachantes e advogados. A maior parte das questões surgidas seriam resolvidas com a transformação dos Consulados em Tabelionatos do Exterior, porém ninguem está interessado em matar essa galinha dos ovos de ouro.
Se os Brasileirinhos Apátridas, o movimento que levantou a lebre das crianças brasileiras apátridas, não tivesse conseguido o apoio de deputados com Carlito Merss e Rita Camata e de senadores como Lúcio Alcântara, hoje haveria mais de 250 mil crianças brasileiras recorrendo aos serviços de advogados para serem brasileiras. Mas nós matamos essa galinha dos ovos de ouro que sangraria os pais emigrantes, pois cada ação, sujeita a homologação pelo STF, seria da ordem de dois mil dólares por criança.
A política brasileira da emigração não deve ser aplicada nem por diplomatas (que podem viajar mas não são emigrantes e nem sabem o que é ser emigrante) e muito menos por despachantes e comerciantes no mercado emigrante.
Numa carta distribuída aos ex-membros do extinto CRBE, o Itamaraty informa que fará encontros públicos com os emigrantes, em todas as regiões e cidades com grande número de emigrantes brasileiros, para se discutir as falhas ou sugestões relacionadas com o CRBE. E que depois disso haverá novas eleições para novos membros no CRBE e, enfim, a IV Conferência Brasileiros no Mundo.
Aparentemente uma boa iniciativa, porém fadada ao fracasso se tiver por objetivo refazer o CRBE ou seu remake .
Na I Conferência Brasileiros no Mundo, o movimento de cidadania Estado do Emigrante recolheu, entre os presentes, um abaixo-assinado maioritário pedindo a criação de uma Comissão de Transição para se debater e encontrar o melhor modelo de política brasileira de emigração.
O Itamaraty rejeitou e ignorou o abaixo-assinado porque queria se assenhorar da tutela dos emigrantes com a verba para isso recebida. O fracasso do CRBE é uma evidência para o governo rediscutir a questão e criar essa Comissão de Transição, com representantes dos ministérios ligados aos emigrantes, do CNI, Ongs especializadas e líderes emigrantes, para se elaborar uma verdadeira política de emigração.
Os emigrantes não querem a tutela do Itamaraty, querem autonomia para decidir, querem um órgão institucional com verba para funcionar e com competência para agir.
O movimento Estado do Emigrante está no Facebook, inscreva-se também nele como amigo-membro. Precisamos nos unir para evitar a panacéia de se fazer um outro CRBE.  
Publicado originalmente no site Direto da Redação
Rui Martins, jornalista, escritor, líder emigrante, de Genebra.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O ogro famelico avanca sobre o seu bolso, caro leitor...

Bem, não foi por falta de aviso: há muito tempo, aliás há decadas, que a carga fiscal no Brasil aumenta cerca de meio ponto percentual do PIB a cada ano.
Tem gente que acha bom que o Estado arrecade bastante, pois assim ele pode, pensam eles, corrigir os níveis incrivelmente altos de concentração de renda no Brasil, já que o mercado, dizem eles, jamais fariam isso de modo natural.
Então eles devem estar contentes com o crescimento medíocre a cada ano, e estão ainda mais contentes de trabalhar quase cinco meses por ano para esse mesmo Estado.
Eu recomendaria, então, que eles se acostumassem a trabalhar cada vez mais para o Estado, e esperar um modesto crescimento da renda: em média, a renda dos brasileiros só dobra a cada 60 anos, ou seja, mais de duas gerações; não esperem, portanto, ficar ricos nos próximos 30 ou 40 anos, talvez seus filhos, ou netos.
Tem gente que adora o Estado: deve ser masoquismo.
Nada a ver com Masoch, talvez com o marquês de Sade, pois o que eles querem é... (vocês completam).
Paulo Roberto de Almeida

Carga tributária bate recorde: 35,31% do PIB
A carga tributária bruta do Brasil subiu para 35,31% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, atingindo 1,46 trilhão de reais, informou a Receita Federal nesta quinta-feira. É o maior patamar da série histórica desde 2002. Em 2010, a carga havia fechado em 33,53%.

Ainda no ano passado, o peso dos tributos estaduais foi de 8,63% do PIB, ao passo que o dos municípios foi equivalente a 1,95% do PIB. O restante da carga, ou 24,73% do PIB, foi devido a impostos e contribuições arrecadados pela União.

De acordo com a receita, a alta da carga é resultado da combinação dos crescimentos, em termos reais, de 2,7% do Produto Interno Bruto e de 8,15% da arrecadação tributária nos três níveis de governo. Em outras palavras, a arrecadação subiu proporcionalmente muito mais do que a economia avançou. Já na comparação de 2010 em relação a 2009, o PIB teve um crescimento de 7,5% enquanto a arrecadação tributária subiu 8,9%. Segundo a Receita, a expansão foi devida, sobretudo, ao crescimento da arrecadação do Imposto de Renda (IR), da contribuição previdenciária e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Parcelamentos
Ainda de acordo com o órgão, a carga tributária brasileira foi inflada em 2011 pelo recolhimento de tributos atrasados por contribuintes inscritos em programas de parcelamentos especiais. Entre 2010 e 2011, os recursos arrecadados pela Receita por meio dos parcelamentos saltaram 14,3 bilhões de reais, totalizando 27 bilhões de reais no ano passado.

Descontados os parcelamentos, a carga tributária atingiu 34,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. No ano imediatamente anterior, a carga descontada dos parcelamentos foi de 33,2% do PIB.

Segundo o coordenador-geral de estudos econômico-tributários e de previsão e análise de arrecadação do Fisco, Othoniel de Sousa, os recursos oriundos dos parcelamentos especiais de débitos em atraso acabam empurrando a arrecadação tributária de um ano com dinheiro que deveria ter entrado em anos anteriores.

Carga líquida
O Ministério da Fazenda aproveitou também para divulgar a carga tributária líquida, que desconta as transferências para a Previdência, assistência social e subsídios. Nestes casos, são 627,4 bilhões de reais, o que faz a carga ficar em 20,17% do PIB.

“A importância de olhar para a carga líquida é porque permite ter uma melhor comparação com outros países. Os países que tendem a ter uma rede de proteção maior tendem a ter uma carga tributária bruta maior”, disse o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Sérgio Gobetti, em apresentação dos números da carga tributária líquida.

Leia mais:
- Tributação no Brasil é maior que em 17 países da OCDE   
- Redução do IPI impacta na arrecadação do governo em setembro   
- Receita reduz para 2,5% alta na arrecadação em 2012

A nova classe media dos Brics - American Quarterly

Não deveria haver nenhuma surpresa nesse tipo de "descoberta". Todo e qualquer país, em qualquer época histórica, que conhece processos sustentados de crescimento econômico, com transformação produtiva (ou, seja inovação tecnológica), conhece, inevitavelmente, processos de incorporação social que significam, sempre, criação de novos estratos médios. Sempre haverá uma minoria de ricaços, uma elite de endinheirados, e uma proporção variável de pobres e superpobres. Mas quem cresce mais, acompanhando a diversificação da economia, são os setores médios.
Portanto, não há que saudar como criação genial de governos esse "surgimento" de uma "nova" classe média. Os governos não criam nada, são os mercados que o fazem. Governos podem ajudar nessa transição, ou também atrapalhar, com políticas adequadas atuando nas externalidades (educação, saneamento, infraestrutura), mas também podem atrapalhar, criando inflação, investimentos errados, fechando o país, enfim, fazendo muito do que os governantes brasileiros fizeram, e ainda fazem, bloqueando o crescimento (com uma enorme carga fiscal, por exemplo).
Paulo Roberto de Almeida

Latin America's Middle Class in Global Perspective

Different patterns of economic growth in BRIC countries have brought different social changes.

Watch an AQ Q&A on India's middle class and read the related sidebar.
Read a sidebar on China's middle class.
Read this article on AQ's new app, which can be downloaded on iTunes, Amazon, and Google Play.
Latin America and the Caribbean is experiencing a dramatic surge of its middle class. In just a decade, the proportion of people in Latin America and the Caribbean with a daily per capita income (in purchasing power parity) between $10 and $50 a day went from around one-fifth to one-third. For the first time in history, there are as many people in the middle class as there are in moderate poverty (i.e., per capita earnings below $4 per day).
This socioeconomic shift stems largely from the sustained rates of economic growth in the 2000s that in most—though not all— countries trickled down and generated higher incomes.
But growth in the 2000s was not exclusive to Latin America and the Caribbean. While the industrialized world was facing a challenging decade, many emerging economies surfed past the global turbulences and continued to grow, lifting people out of poverty and feeding the ranks of their middle classes.
These changes are here to stay. Thanks to more sophisticated consumption habits, the middle classes in emerging countries will influence global trade patterns. Domestically, the middle classes will have a growing voice by means of higher purchasing power—moving up the consumption chain to high-end, more technical goods—and by demanding better education. And with a growing critical mass, they will push for institutional reforms and improved service delivery in areas that are beneficial to them.
The magnitude of these changes will depend, however, on the continued growth of the middle class and on the nature of its demands on the public sector. They will likely be more dramatic in regions where the middle class will grow the fastest, such as East Asia. While it is difficult—if not impossible—to forecast these changes with precision, it is possible with some margin of error to assess in which countries the middle classes have been growing and will grow the most.

Measuring the emerging world's middle class

It is essential to choose a measure of the middle class that captures the ongoing structural changes and that allows a comparison of trends across both countries and time. The need for comparable indicators of the size and nature of the middle class narrows significantly the set of measures that can be adopted.
Further, an attempt to develop a metric for broad cross-country comparison runs the risk of also missing important differences in the nature of the middle class. To give an example, while the sociological literature adopts a rich definition of the middle class based on occupational categories, it is close to impossible to use such a definition in international comparisons, since occupational categories are not harmonized across household surveys.
Building the middle class: A laborer carries building materials at a construction site in Lucknow, India. Photo: Pawan Kumar/Reuters
For these reasons, most international comparisons tend to measure the middle class in terms of income or consumption, which is quantitatively easier to compare across countries.
Even within the narrow set of income measures, however, another important choice awaits any comparison: should relative or absolute income (or consumption) indicators be used? Both capture important, but very different, aspects of the middle class.
A relative indicator summarizes how many people sit “in the middle” of the income distribution, with a typical indicator for international comparison being the proportion of the population with per capita income between 0.75 and 1.25 of the median per capita income. While such a measure can be very useful in assessing the extent to which a society is unequal or polarized, it fails in capturing anything related to the “absolute” welfare of the middle class.
Consider the cases of Ethiopia and Brazil. Using the relative measurement described above, 43 percent of Ethiopians earned per capita incomes between 0.75 and 1.25 of the median in 2009. That was twice as high as the proportion of Brazilians who could be defined as middle class under this definition (21 percent), despite the fact that Ethiopia’s GDP per capita (in purchasing power parity terms) is 11 times smaller!
To avoid such inconsistencies, any comparison that aims at capturing the absolute well-being of the middle class must put strong weight on absolute income and consumption levels. But even in this class of measures, there exist many possibilities. For the purposes of this article, I define the middle class as those with daily per-capita income (in purchasing power parity terms) between $10 and $50. For a family of four, this corresponds to an annual income between $14,600 and $73,000. These income thresholds—in particular the lower one—have been chosen based on the vulnerability of households to fall back into poverty, and are discussed to great extent in the new World Bank report “Economic Mobility and the Rise of the Latin American Middle Class.”

BRICS compared

A comparison of the growth of the Latin American and Caribbean middle class with its counterparts in BRIC (Brazil, Russia, India, China) countries shows that, even in comparative terms, the early 2000s have been very good for the region. Between 2000 and 2009, 50 million individuals were added to the middle class in Latin America and the Caribbean—bringing the total from around 115 million people to over 165 million. The growth of the middle class goes beyond the stellar performance of Brazil: more than 30 million non-Brazilian citizens of Latin America and the Caribbean entered the middle class during that decade.
The growth of the middle class in Latin America and the Caribbean reflects dramatic trends that can be observed in all the BRICs, with the exception of India. In Brazil, Russia and China, the middle class has achieved impressive salience in a relatively short time. Around 2009, the middle class consisted of 61 million people in Brazil (up from 39 million a decade earlier), 75 million in Russia (up from 31 million), and 83 million individuals in China (a jump from just 10 million).
Still, these numbers mask strong differences across the BRICs when the middle class is measured as a proportion of the population.
In Brazil, the emergence of a middle class is not an entirely new phenomenon. In the early 1980s, the middle class made up more than 15 percent of the population; nowadays it makes up almost one-third. The most spectacular transformation toward “middle-class society” occurred in Russia, where the middle class grew from being one-fifth to more than one-half of the population. In contrast, in China, the 83 million people defined as middle class only represent less than 10 percent of the population.
Today, Russia seems to be a true middle-class society with a (small) majority of the population being middle class, while in Brazil and in many Latin American countries, almost two-thirds of the population has yet to reach middle-class status.
The performance of Russia is, however, eclipsed by the stunning growth of the middle class in China, where sustained economic growth led to an eightfold increase of the middle class in a decade. And although China, as noted above, with less than 10 percent of its population being middle class in 2009, may not yet be as much of a “middle-class society” as Brazil or Russia, it has an enormous potential for growth if current trends continue.
Among the BRICs, India’s comparatively poorer performance may come as a surprise. Both in relative and absolute terms, the Indian middle class grew significantly less than in the other BRIC countries. In 2010, only 9 million Indians had reached middle-class status, which is less than 1 percent of the population. These low estimates reflect that, despite a good growth performance in the 2000s, India’s GDP per capita remains below the levels of the other BRIC countries.
Of all the BRICs, China is forecast to experience the greatest growth of the middle class, overshadowing the good—but not as impressive—performance of Latin America (or of any other country and region). China’s middle class is expected to grow from 54 million in 2005 to more than 1 billion in 2030, or 72 percent of the population, adjusted for population growth. In contrast, while growing in absolute terms, the Latin American and Caribbean middle classes will gradually lose ground internationally. While in 2005 the region’s middle classes represented more than 40 percent of all the middle classes in low- and middle-income countries, the forecasted dramatic rise of the middle class in China will reduce Latin America and the Caribbean’s share to less than 20 percent in 2030.
Even without China’s contribution, the next two decades will be characterized by a massive increase of the middle class all over the emerging world, from around 300 million households in 2005 to almost 1.9 billion—approximately six times the current population of the United States.
According to the forecasts, however, the increase is likely to remain modest in South Asia, where the middle class is predicted to reach 100 million people in 2030—still a relatively small number given that region’s large population.
Of course, as with any projections about an uncertain future, these numbers should be taken with a grain of salt. Forecasting is as much an art as a science, and in two decades many factors could affect, in one way or another, the parameters underlying the forecasts. In particular, an average annual growth rate of the Chinese economy of 7 percent between 2005 and 2030 is a key driving assumption behind these results.

Implications for politics, economics and globalization

What will be the geopolitical and socioeconomic implications of the remarkable growth of the middle class across emerging economies? And what are the implications for Latin Americans of a Chinese middle class that will surpass by far the whole population of the region?
Any attempt to answer such difficult questions would entail a great deal of speculation, and falls beyond the scope of this article. But the growth of a strong and vocal middle class throughout the emerging world will bring change. It is difficult to predict, however, the direction of these changes.
To be sure, the middle classes differ in important characteristics from lower and upper classes and, at least in Latin America, they are surprisingly similar in characteristics across countries.
In all of Latin America and the Caribbean, the heads of middle-class households have substantially more years of schooling than those in the poor or vulnerable classes, but fewer than the rich. Middle-class households are also more urbanized than poorer households.
And significantly, formal employment seems to be a distinctive sign of the middle class in Latin America: the middle-class worker is typically a formal employee, rather than being self-employed, unemployed or an employer. In contrast, the poorer classes rely on self- or informal employment (or suffer from unemployment), while the rich are more frequently employers and, in some countries, self-employed.
Middle-class workers are often found in the services sector, including health, education and public services. There is no evidence that the middle class is disproportionally employed by the public sector. In most Latin American countries for which data exist, public-sector employment is actually more frequent among the rich than among the middle class.
Family dynamics and demographics further sharpen the portrait of the region’s middle classes. Between 1992 and 2009, the average size of a middle-class household in Latin America and the Caribbean fell from 3.3 to 2.9 individuals. This compares to regional averages that show household size decreased on average from 4.1 people in 1992 to 3.4 people in 2009.
Middle-class women are also typically joining the labor force in greater numbers. Seventy-three percent of middle-class women ages 25 to 65 across the region are either employed or looking for work, as compared to a regionwide population average of 62 percent. And their children are typically in school: virtually all middle-class children ages 6 to 12 attend school, as do roughly three-quarters of those ages 13 to 18.
But are these class characteristics sufficient to induce change? A recent analysis by Loayza, Rigolini and Llorente1 supports the notion that the size of the middle class can determine the pace of reform: using a cross-country approach, their analysis compares how the middle class relates to socioeconomic outcomes in low-, middle- and high-income countries around the world. They find that, everything else being equal, when the proportion of the middle class in a society increases, social policy on health and education becomes more active and the quality of governance regarding democratic participation and official corruption improves.
Whether the change brought by the middle classes is always good for the poor remains, however, an open question.
It has often been claimed that the middle classes carry specific beliefs and values that lead to political, economic and social reforms, but empirical evidence remains scant at best. Recent analysis, discussed in the World Bank report, suggests that the middle classes do not possess particular values and beliefs that make them more prone to push for reforms based on ideology. Middle classes, however, do not need to carry values based on a broad notion of the public good to push for reforms; they can also act upon self-interest.
Under this more pragmatic scenario, while some reforms pushed by the middle classes may benefit the poor, others may not. It could be imagined, for instance, that growing middle classes may want to slow social spending targeted to the poor to limit the fiscal burden associated with it, and to push for more public expenditures in services from which they benefit. Only time, and careful analytical efforts, will tell.

Intervencionismo economico: um mal frances (e brasileiro)

Laurence Parisot juge "scandaleuse" la menace de nationaliser Florange
Le Monde.fr avec AFP et Reuters |
Vue des hauts-fourneaux d'ArcelorMittal à Florange, le 20 novembre 2012.

La présidente du Medef, Laurence Parisot, s'est insurgée contre la menace du gouvernement français de nationaliser le site sidérurgique d'ArcelorMittal à Florange, concentrant ses attaques sur le ministre du redressement productif, Arnaud Montebourg.

Cette menace, agitée d'abord par M. Montebourg puis soutenue au sein du gouvernement comme par des personnalités de l'opposition, "est tout simplement et purement scandaleuse", a estimé la chef de file du patronat sur RTL.
Arnaud Montebourg a annoncé avoir trouvé un repreneur pour la totalité du site mosellan et a dit que le gouvernement était "prêt" à aller jusqu'à sa nationalisation provisoire si les négociations n'aboutissaient pas d'ici à vendredi, veille de la date-butoir fixée par ArcelorMittal pour la fin des négociations.
"S'il s'agit par de tels propos, tout simplement d'exercer une pression, de faire du chantage, dans le cadre d'une négociation, c'est inadmissible", a ajouté Mme Parisot, alors que le gouvernement a jusqu'à samedi pour trouver une solution de reprise du site et se mettre d'accord avec ArcelorMittal, sans quoi ce dernier compte fermer définitivement les hauts-fourneaux.
Sur le fond, "toute notre société est construite sur un principe essentiel, celui du droit de propriété (...) Ebranler ce principe, comme ça, à la va vite, c'est très grave, et en plus, ne l'oublions pas, c'est très coûteux", a jugé Mme Parisot. Ce n'est pas à l'Etat "de commencer à dire à chaque entreprise de France : 'Voilà votre stratégie'", a-t-elle martelé.
"FAIRE LES AJUSTEMENTS NÉCESSAIRES"
"Seul l'entrepreneur peut savoir ce qui est rentable ou pas", d'autant que dans le cas de Florange, la menace de nationaliser le site est brandie "avant même qu'on ne connaisse les propositions de reclassement de Mittal [et qu'il] n'ait engagé un processus de plan social", a-t-elle regretté. Pour Mme Parisot, "Il faut laisser les entreprises dans le cadre du dialogue social interne à l'entreprise faire les ajustements nécessaires".
Mme Parisot a concentré ses critiques contre le ministre du redressement productif, Arnaud Montebourg, avec lequel elle dit avoir eu "une conversation assez claire" sur le sujet. "Il faut raison garder" et "je ne doute pas que le président de la République soit beaucoup plus raisonnable que le ministre [Arnaud] Montebourg", a-t-elle dit.
Mardi, M. Hollande avait pourtant lui aussi déclaré que la nationalisation faisait "partie du sujet de la discussion", avant une rencontre avec Lakshmi Mittal, le PDG du groupe.
Déjà au début d'octobre, Mme Parisot, avait jugé "consternante" la volonté du gouvernement d'imposer par la loi aux industriels de céder une usine viable vouée à la fermeture, une mesure promise par François Hollande lors de sa campagne électorale.

A racializacao da politica americana (um mal no qual o Brasil esta' entrando)

Infelizmente, a sociedade americana continua dividida em termos raciais, uma característica lamentável que jamais tinha tido status de política de Estado, no Brasil, até a chegada dos companheiros ao poder.
A consequência, sabemos, é o Apartheid e no limite a constituição de duas culturas, se não a fragmentação da sociedade em blocos étnicos, na verdade apenas dois: os afrodescendentes e todos os demais. Lamentável, certamente.
Mas vejamos como isso ocorre nos EUA:

This is the most violated saying in American public life:
"I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin, but by the content of their character."
Martin Luther King Jr.'s acclaimed call in 1963 for a colorblind society has been displaced, at least in our politics, by an obsession with racial categories. That is the meaning of racialization.
It may be over four decades since the passage of the Voting Rights Act, but whenever America votes today, the exit polls can't move fast enough to divide voters by the color of their skin. Mere moments after the 2012 exit polls were released, a conventional wisdom congealed across the media that the Republican Party was "too white."
Let us posit that this subject wouldn't have been raised if the bottom hadn't fallen out of the GOP's share of the Hispanic vote. When George W. Bush attracted 40% of the Hispanic vote in 2004, there was no cry that the Republican Party was "too white." The GOP's problem with Hispanics today is a tangle of issues involving the law, labor and assimilation that is hardly reducible to the accusation that the party is too white.
In virtually every instance, the idea that the Republican Party is "too white" is dropped with almost no discussion of what exactly that means. The phrase is being pinned like a scarlet "W" on anyone who didn't vote for the Democrats' nominee. It's a you-know-what-we-mean denunciation. Its only meaning is racial.
The exit polls—asking voters to self-identify as white, black, Hispanic, Asian—inevitably drive any postelection analysis into this racial swamp. High-school seniors applying to colleges have been told for at least 20 years to define themselves inside a racial or ethnic box. Elizabeth Warren spent a lot of energy in Massachusetts attempting a Houdini-like escape from one such ancient box.
Getty Images
During the 2008 Democratic presidential primaries, Barack Obama and Hillary Clinton wrestled over race, first in January when Bill Clinton was accused of racial signaling during the South Carolina primary, and in March when Mrs. Clinton repudiated the late Geraldine Ferraro for referencing Mr. Obama's color. A New York Times report then said Mr. Obama was "puzzled" at this preoccupation with race and sex. It quoted Mr. Obama as saying: "I don't want to deny the role of race and gender in our society. They're there, and they're powerful. But I don't think it's productive."
A welcome thought. The truth is that no prominent Democrat since Sen. Daniel Patrick Moynihan has been willing to sustain opposition to this constant racializing of American politics and culture.
In the famous 2003 Supreme Court decision upholding the University of Michigan's race-based admission policies, Justice Sandra Day O'Connor wrote in support: "The Court takes the Law School at its word that it would like nothing better than to find a race-neutral admissions formula and will terminate its use of racial preferences as soon as practicable. The Court expects that 25 years from now, the use of racial preferences will no longer be necessary."
In 2008's election, many Republicans and independents voted for Mr. Obama to put a final nail in the coffin of Justice O'Connor's racial anxieties. The millions of them who then cast votes against Mr. Obama in 2012 did so almost wholly because of the status of the economy after four years of his presidency. No matter. They lost in 2012 because they're "too white."
This country's historic antidote to racial and ethnic obsessing is assimilation into the middle class, no matter what foreign country or continent sits in front of your hyphen. To this end the Republican candidate offered a solution led by private enterprise, and the Democrat said government should create the path forward. Mr. Obama won and has the four years he asked for to finally make good on his economics. But even this common goal degrades into a cudgel in the president's politics by category: tax cuts for the middle class but not for "the well-off."
The Democrats' insistence on pandering to political categories is a dead end for the country. Rather than spinning their own Rubik's Cube of race, gender and ethnicity, Republicans should start growing their share of the electorate by doing a better job of telling people how to succeed in the American melting pot, a wonderful organizing idea now mocked as a "myth" by progressive Democrats.
No one can beat the Democrats at the politics of social division. Instead, the GOP should tell prospective voters that no matter what their country of origin or happenstance of birth, their success in the U.S. will depend less on celebrating their assigned category than on supporting political policies that expand economic opportunity. A Republican Party that fails to tell that story in a way anyone can grasp is a party that will never escape the box the other side dropped it into on Nov. 7.
Write to henninger@wsj.com
A version of this article appeared November 29, 2012, on page A15 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: The Racializing of American Politics.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...