domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pausa para... a justica livresca: tudo errado...

Primeiro a notícia, que vem da China:

Book thief gets 5 months

By Jasmine Zhao  |   Shanghai Daily, 2013-2-25
 A man who called himself a "book addict" was sentenced to five months of detention for stealing 385 books from five community libraries, the Xuhui District People's Court said yesterday.

The convict, surnamed Wang, said he wanted to keep books he checked out. He got a library card at Xuhui District Library in March 2011, which let him borrow from the library and five community libraries. Wang said he returned books to the librarians and stole them after they were scanned and set aside. Until September, Wang stole 385 books worth 3,200 yuan (US$513), prosecutors said.

Librarians found many books missing but all were labeled "returned" in the tracking system. Wang was detained after he was identified as the borrower.


Ele não deveria ter sido preso, e sim promovido a bibliotecario de todo o distrito...

A Journey Inside the Whale: Toulouse-Lautrec at the NB Museum of American Art

O passeio deste domingo (24/02/2013), chuvoso e frio: apesar de ser um museu dedicado à arte americana -- ou estadounidense, como gostam de dizer os companheiros -- a exposição era excepcional: Toulouse, o breve (e seu alter ego Lautrec, gigante), seus amigos (entre eles Degas), e muito mais, além de uma outra artista visitando e fotografando...
New Britain Museum of American Art
56 Lexington Street
New Britain, CT 06052-1412
Toulouse-Lautrec & His World
January 12–May 12, 2013
Henri de Toulouse Lautrec, Divan Japonais, color lithograph, 1893, 808 x 608 mm, Herakleidon Museum, Athens Greece.
Henri de Toulouse Lautrec
Henri de Toulouse Lautrec, Eldorado: Aristide Bruant, color lithograph, 1892, 1380 x 960 mm, Herakleidon Museum, Athens Greece.


For the first time out of Europe, Toulouse-Lautrec & His World begins its U.S. tour here before moving on to Allentown Art Museum in Allentown, PA.
On view from January 12–May 12, 2013 in the McKernan Gallery, this traveling exhibition is on loan from the Herakleidon Museum, in Athens, Greece and is from the collection of Paul and Belinda Firos, the Connecticut collectors who also brought us M.C. Escher: Impossible Reality in 2010.
Henri de Toulouse-Lautrec lived in Paris during the Belle Époque (Beautiful Era) frequenting cabarets and cafés where he captured its famous singers, actors, his friends and the working class in his highly celebrated posters, prints, caricatures, sketches, and paintings. Greatly influenced by the French Impressionist movement, Henri de Toulouse-Lautrec is a post-impressionist of the mid-late 1800's. Due to his excessive lifestyle Henri de Toulouse-Lautrec died from complications of alcoholism and syphilis in 1901 at age 36.

This exhibition highlights approximately 150 of Toulouse-Lautrec’s rare works on paper including sketches, and some of his iconic posters like Jane Avril, Divan Japonais, and La Troupe de Mademoiselle Eglantine. The included posters are incredibly rare and fragile because as temporary advertisements for a particular show they were not done on quality paper. Some of the works are accompanied by appropriate passages from French literature, photographs, and other objects, in order to help the viewer better understand the atmosphere of that time. Herakleidon
Toulouse-Lautrec & His World is from the collection of Herakleidon Museum, Athens, Greece, www.herakleidon.com

Uma turista não acidental, instruída e experta. Estivemos em Albi, mas infelizmene o Museu Toulouse-Lautrec, no castelo da família, estava fechado para reformas.

 Quem está mais imóvel: o guarda ou eu?
Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 24 Fevereiro 2013 

Governo do Nunca Antes, 10 anos: um balanco que os companheiros vao detestar (Reinaldo Goncalves)

Nem sempre concordo com este economista, aliás raras vezes concordo com suas análises, que partem de pressupostos que considero falhos, quando não politicamente enviesados. Mas, não deve lutar contra os números, e o balanço que ele faz dos dez anos gloriosos da gestão incomparável do nuncaantesnestepaiz deve deixar os companheiros ressabiados, quando não enraivecidos...
Paulo Roberto de Almeida

Avanços ilusórios
Merval Pereira
O Globo, 24/02/2013

Durante os governos petistas, a estrutura econômica brasileira iniciou ou aprofundou tendências que comprometem a capacidade de desenvolvimento do país no longo prazo, afirma o professor titular de Economia Internacional da UFRJ Reinaldo Gonçalves em análise da economia brasileira nos 10 anos de governos petistas em trabalho intitulado “Brasil Negativado, Brasil Invertebrado: Legado de 2 governos do PT”.

Essas tendências, entre outras, segundo ele, são desindustrialização; reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; desnacionalização; perda de competitividade internacional; crescente vulnerabilidade externa estrutural; maior concentração de capital e política econômica marcada pela dominação financeira.

Até mesmo no campo social o professor da UFRJ vê ilusão onde o governo vende “conquistas notáveis”. Para ele, as políticas distributivas não atingem a estrutura de concentração de riqueza e não alteram a distribuição funcional da renda (salários versus juros, lucros e aluguéis). No que se refere ao desenvolvimento social, tomando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como referência, Gonçalves constata “a total ausência de ganhos do país relativamente ao resto do mundo”.

O Brasil Negativado também aparece em outro importante indicador de desempenho econômico, a inflação. Durante os governos petistas a taxa média de inflação é 6,1% (preços ao consumidor). Segundo o estudo, a taxa de inflação no Brasil é maior do que média mundial em 6 anos e maior do que a mediana mundial em 9 anos.

A melhora na distribuição de renda, na visão de Gonçalves, não é vigorosa ou sustentável em decorrência da própria natureza do modelo de desenvolvimento, que envolve trajetória de desempenho fraco e instável. Ele alega que os indicadores capturam fundamentalmente os rendimentos do trabalho e os benefícios da política social, e a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), que serve de base para o cálculo dos indicadores de desigualdade, subestima os rendimentos do capital (juros, lucros e aluguéis).

Segundo o estudo, a distribuição da riqueza, muito provavelmente, não se alterou tendo em vista a vigência de elevadas taxas de juros reais no governo Lula, o reduzido crescimento do salário médio real, a concentração de capital e a ausência de medidas que inibam práticas comerciais restritivas (abuso do poder econômico) das grandes empresas.

Também como exemplo de concentração de capital e de riqueza, Gonçalves ressalta que no início do século XXI o valor dos ativos totais dos 50 maiores bancos era igual aos ativos totais das 500 maiores empresas; em 2011 os ativos dos 50 maiores bancos eram 78% mais elevados do que os ativos das 500 maiores empresas.

A base de dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com coeficientes de Gini (que mede a desigualdade) num painel de 110 países mostra que, apesar de haver queda da desigualdade na América Latina na primeira década do século XXI, os países da região continuam com os mais elevados indicadores de desigualdade de renda no mundo.

Em meados desta década, lembra Reinaldo Gonçalves, 4 entre os 5 países com maior desigualdade estão na região (Colômbia, Bolívia, Honduras e Brasil).

No conjunto dos 10 países mais desiguais, há 8 países latino-americanos. Segundo o levantamento, o Brasil experimentou melhora marginal na sua posição no ranking mundial dos países com maior grau de desigualdade entre meados da última década do século XX e meados da primeira década do século XXI. Saiu da 4ª posição no ranking mundial dos mais desiguais para a 5ª posição.

Gonçalves ressalta que os avanços que ocorrem no Brasil não implicam ganhos em relação ao resto do mundo durante os governos petistas. Ele toma como exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do PNUD. Embora ao longo do período 2000-11 o IDH do Brasil tenha aumentado de 0,665 em 2000 para 0,718 em 2011, este mesmo fenômeno ocorreu com a maioria dos países.

Em consequência, destaca Gonçalves, não há mudanças nas diferenças entre o IDH do Brasil, que se manteve praticamente estável (70ª posição) durante os governos petistas, e a média dos IDHs dos outros países.

La revolte des clercs, contre le droit de cuissage...

Os medievalistas, sobretudo os que leram Georges Duby ou Marcel Bloch, saberão o que significa "droit de cuissage", e os que ouviram falar de Julien Benda, saberão o que é o significado da revolta dos clérigos...
Com mil desculpas pelo pedantismo acadêmico, aqui vai um assunto muito terrestre, talvez até pedestre, a quatro patas, a julgar pelo comportamento de alguns personagens...
Paulo Roberto de Almeida

ABAIXO ASSINADO CONTRA O ASSÉDIO MORAL NO ITAMARATY.
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/10639
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From: asof@asof.org.br [asof@asof.org.br]
Sent: 21 February 2013 16:09
To: Itamaraty - Ofchan
Subject: Abaixo-assinado contra o assédio moral no Itamaraty

A questão do assédio moral dentro do Itamaraty tem sido algo cada vez mais reincidente, sem que culpados sejam devidamente punidos. Nos últimos dois anos, a ASOF vem tratando, junto a seu corpo de advogados, de casos de denúncias de colegas que sofreram (e ainda sofrem) por conta de assédio moral de diplomatas - atitude que, nos corredores, os diplomatas lamentam, mas, por conta do tal cooorporativismo, do "Esprit De Corps", tentam amenizar, atribuindo isso a uma certa "cultura da casa".
Os casos de assédio moral, coincidentemente, acontecem de forma mais aviltante no exterior, quando, alguns, longe dos olhos da Administração, diplomatas sentem-se no direito de perseguir os demais como se superiores fossem. Há de se lembrar que as 3 carreiras do SEB não possuem, na Lei, uma hierarquia entre elas, ou seja, ninguém é mais ou menos do que o outro.
A ASOF repudia toda e qualquer atitude que, envolta em um rótulo hipócrita de "cultura da Casa", venha a desmerecer e desrespeitar todo e qualquer servidor - mesmo os contratados locais. Que "cultura da Casa" é essa, que permite que diplomatas gritem, xinguem e menosprezem, sem qualquer punição, quem justamente trabalha para que a Diplomacia brasileira seja séria e o nome do Brasil respeitado lá fora ?
Ministério é local público de trabalho; não é "Casa" de ninguém. Se, em casa, tais pessoas estão acostumadas a agir assim, a Administração do Itamaraty deve exigir que, no trabalho, ajam com civilidade, sendo polidas e educadas. Caso contrário, deverão sofrer as consequências de seus atos, pois, até agora, quem vem sofrendo com isso são somente os assediados moralmente, adoecendo, tendo que entrar em licença médica e, em alguns casos, tendo que pedir para ser removido do posto, antes do prazo, por não suportar mais tanta humilhação.  A ASOF espera que a Administração do Itamaraty adote, doravante, regras mais rígidas nos casos de assédio moral e que as investigações sejam, de fato, sérias e isentas, sendo os culpados punidos, no rigor da Lei.
Em apoio não somente ao caso do contratato local em Sydney, mas em nome de todos os demais colegas que sofreram e ainda sofrem por conta de atitudes recrimináveis de certos diplomatas que pensam em viver no tempo da "Casa Grande e Senzala", assediando moralmente quem não é diplomata, a ASOF reitera a divulgação de ato de repúdio contra o assédio moral, promovido pelo SindIItamaraty, hoje, às 15h, defronte ao "Bolo de Noiva" e aproveita para encaminhar link de abaixo-assinado que chegou à associação, em protesto contra tais atitudes, com carta anexa ao Ministro das Relações Exteriores.  O ato já conta com 285 assinaturas.
Soraya Castilho
Presidente da ASOF
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/10639

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Comentário de um iconoclasta não identificado:

Existe, da parte de muitos diplomatas, infelizmente, um comportamento que foi caricaturizado como "Casa Grande e Senzala", mas que é mais apropriadamente identificado como uma postura feudal, de senhorio e vassalagem, quando não é um triste comportamento de separação estamental, muito próximo ao histórico regime de castas, na Índia. As castas são mentais, entre alguns, que se sentem pertencer a uma categoria superior, achando que todos os demais lhes devem subserviência, respeito, temor reverencial e outras submissões mentais desse tipo. Esse tipo de postura não existe apenas entre os diplomatas de um lado e os demais servidores de outro, mas entre os próprios diplomatas, com uma atitude mental que costuma distinguir entre o "lumpesinato" do secretariado, de um lado, e a aristocracia dos fidalgos ministrados, de outro. Isso um dia acaba, e não tem nada a ver com governos de esquerda, de direita (ou neoliberais) ou de centro: tem a ver com a atitude mental feudal que ainda caracteriza o Itamaraty. Infelizmente.


Caixa Preta? O Brasil se enreda na sua propria selva legal...

Nossa tradição cartorialista nos impõe uma pletora de leis, decretos, portarias, regulamentos, atos administrativos os mais diversos, que se acumulam, se duplicam, se contradizem, e tornam a todos confusos, a começar pela burocracia encarregada de zelar pela pureza da legalidade formal.
Só que a legalidade formal nem sempre, ou quase nunca se coaduna com a realidade material, ou seja, a economia real, e aí começam a existir milhares de penduricalhos, aditivos, correções e exceções, uma série de "espertezas" que os mais espertos criam para beneficiar a si póprios, como por exemplo os 14o. e 15o. salários dos congressistas, os adicionais de qualquer coisa para os magistrados, sem falar nas famosas correções, que sempre são corrigidas para cima, muito acima, nunca para baixo.
E também tem aqueles que acham que o Brasil é o paradigma universal dos rendimentos globais, e que o teto (que por si já é uma grande embromação, pois todo mundo se acha no direito de bater no teto ou quase perto) fixado internamente deve valer para todas as latitudes e longitudes, independentemente de onde se viva, e de qual seja o custo de vida.
Parece que os funcionários do serviço exterior -- que no Brasil ganham muito menos que seus contrapartes funcionais de outros poderes, e que compensam, precariamente com salários razoáveis no exterior -- terão de se pautar pelo teto, em reais, para uma vida em dólares ou outras moedas, com padrões de consumo e índices de custo de vida totalmente diferentes dos nossos.
Bravo! Vão fazer com que ninguém mais queira ir para o exterior, pois os salários no Brasil até que melhoraram em relação ao passado de miséria.
Quando oferecerem um posto -- pode ser A, B, C, ou E -- a um secretário com dois filhos, ele vai perguntar: quanto vou ganhar? Quanto é que vai custar a escola -- internacional, ou americana, não coberta pelo MRE -- para os meus filhos? Sinto muito mas obrigado, prefiro ficar aqui mesmo...
É isso o que vão criar...
Paulo Roberto de Almeida

Caixa-preta: só Itamaraty não revela salários de funcionários

Ministério não revela vencimentos de servidores lotados no exterior; atraso já completou 6 meses
Carolina Brígido (Email · Facebook · Twitter)
O Globo,

Ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota
Foto: Reuters
Ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota Reuters
BRASÍLIA Seis meses após o governo divulgar a lista de salários dos servidores públicos federais, o Itamaraty continua sem revelar quanto ganham diplomatas e outros funcionários lotados no exterior. Atualmente, o Ministério das Relações Exteriores publica apenas os vencimentos dos que trabalham no Brasil. Em novembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu prazo de um mês para que fossem divulgados também os vencimentos de pessoas a serviço em outros países. Também foi determinado que os salários superiores ao teto federal (R$ 28.059,29) fossem cortados. No mês seguinte, o próprio TCU revogou a decisão, diante de recurso proposto pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Ele alegou falha técnica do TCU no processo e teve o pedido atendido.
O processo retornou ao gabinete do relator, ministro Benjamin Zymler, para ser reavaliado. A expectativa é que ele devolva o caso à apreciação dos colegas em breve. A próxima sessão plenária do TCU está marcada para o dia 23, mas não se sabe se o assunto será incluído na pauta de votações. Enquanto isso, os proventos de 1.934 servidores do Itamaraty que cumprem missão no exterior continuam sob sigilo.
A divulgação dos salários de todos os servidores públicos foi determinada pela Lei de Acesso à Informação, em vigor desde maio de 2012. No dia 27 de junho, todos os vencimentos foram ao ar no Portal da Transparência. Os funcionários do Itamaraty no exterior e dos servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não entraram no sistema — esses últimos, por questões de segurança.
A decisão do TCU de enquadrar o Itamaraty na lei e nos limites impostos pelo teto constitucional foi proferida em 6 de outubro de 2012. Em 28 de novembro de 2012, o plenário do TCU julgou o recurso proposto pelo ministro Patriota. O chanceler argumentou que houve falha processual, pois a forma como o caso foi julgado desobedeceu ao Regimento Interno do tribunal.
Julgamento deveria ter sido individual
O TCU realiza julgamentos individuais e por relação. Na primeira situação, cada processo é amplamente discutido e votado separadamente. Na segunda, há uma lista de processos votada de uma só vez, sem haver discussão mais aprofundada de cada caso. O processo do Itamaraty, por se tratar de salários de servidores, deveria ter sido votado da primeira forma, mas foi decidido por relação.
“A determinação em questão amolda-se à hipótese vedada pelo dispositivo regimental ora citado, pois resulta na supressão de parcela remuneratória de interesse de servidores vinculados ao MRE”, afirma o acórdão do TCU de novembro. Para o TCU, houve “nulidade absoluta” da decisão anterior, que foi declarada insubsistente.
O processo para investigar eventuais ilegalidades na folha de pagamentos do Itamaraty foi instaurado em maio de 2012. O relator era o ministro Augusto Nardes. Como ele assumiu a presidência do TCU em dezembro, o processo mudou de relatoria e hoje está nas mãos do ministro Benjamin Zymler. Procurado pelo GLOBO, Zymler não quis falar sobre o assunto.
A decisão de outubro também dava ao Ministério das Relações Exteriores prazo de 180 dias para “interromper os pagamentos de valores referentes ao fator de correção cambial aos servidores lotados no exterior, tendo em vista a ausência de amparo legal para tais pagamentos”. Segundo o tribunal, esse tipo de parâmetro para a remuneração desrespeitava “os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” previstos na Constituição.
O TCU também enviou recomendação à Casa Civil da Presidência da República, ao Ministério do Planejamento e ao Itamaraty para elaborar um projeto de lei disciplinando os procedimentos de fixação dos vencimentos no exterior, “de forma a eliminar o uso de parcelas não previstas legalmente, como é o caso do fator de correção cambial, o qual não se coaduna com a exigência constitucional de edição de lei específica para fixação de remuneração de servidores públicos”.
O projeto de lei também deveria conter a informação de que nenhum servidor do Itamaraty estaria autorizado a receber remuneração superior ao valor do teto constitucional. O fator de correção é aplicado para elevar os salários de diplomatas lotados em cidades no exterior com custo de vida elevado.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/caixa-preta-so-itamaraty-nao-revela-salarios-de-funcionarios-7317194#ixzz2LrZ5RrmA
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Politica industrial brasileira (política?) - enfim, livro no mercado

Desconfio que o termo política seja um pouco forte, ou coerente demais, para se aplicar à atual salada confusa, desorganizada, improvisada, que os companheiros keynesianos de botequim vem aplicando no Brasil, para algum alívio de setores promíscuos, para desespero de economistas racionais (nem todos o são), para o maior desconforto de todos os brasileiros (que são chamados, mesmo sem saber e sem querer, a pagar a conta), e para resultado nenhum, finalmente, já que continuamos a perder competitividade dentro e fora do país, graças, justamente, às trapalhadas econômicas companheiras.
Enfim, esta digressão meio para a bronca e a condenação, não deve impedir nenhum dos leitores de se interessar pela publicação deste novo livro, de gente racional, responsável, com os pés no chão (nada a ver, portanto, com o pessoal do botequim acima referido), e que apresenta o livro em lançamentos próximos em SP e Rio.
Aliás, a indústria certamente tem um passado no Brasil (e ele foi bastante stalinista em certas épocas), mas não tenho certeza de que tenha futuro: em todo caso, os companheiros estão pretendendo voltar, ao que parece, ao stalinismo industrial do passado. Não vai dar certo...
Transcrevo abaixo o post do Mansueto Almeida, que participa do livro com um capítulo, como ele explica em seu blog.
Paulo Roberto de Almeida 

Lançamento: O Futuro da Indústria no Brasil

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Na próxima quinta-feira será lançado, na Livraria Travessa do shopping Leblon no Rio de janeiro, o livro O Futuro da Indústria no Brasil: desindustrialização em debate, organizado pelos economistas Edmar Bacha e Monica De Bolle. O livro decorreu de duas reuniões no instituto Casa das Garças, no primeiro semestre de 2012.
O livro tem vários textos interessantes de vários autores famosos, como por exemplo, o próprio Edmar Bacha, Affonso Celso Pastore, Ilan Goldfajn, Régis Bonelli, Samuel Pessoa, etc. Eu escrevi um capítulo muito simples com o título: “Padrões de política industrial: a velha, a nova e a brasileira.” Quem quiser ler a introdução do meu capítulo reproduzo abaixo.
Mas não deixem de comprar o livro, porque é talvez o primeiro livro sobre o problema da indústria no qual pouco se fala de taxa de câmbio. Eu talvez não consiga ir para o lançamento no Rio de Janeiro mas devo ir no lançamento de São Paulo.

Padrões de política industrial: a velha, a nova e a brasileira.

Mansueto Almeida
Introdução
No início deste século, vários países da América Latina voltaram a adotar políticas de incentivos setoriais identificadas como políticas industriais (Peres, 2006; Peres e Primi, 2009). O Brasil não foi exceção e, desde 2004, já adotou três versões diferentes dessas políticas.
A primeira política industrial do governo brasileiro no período recente foi a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE). Essa política consistia em um plano de ação do governo federal que tinha como objetivo o aumento da eficiência da estrutura produtiva, da capacidade de inovação das empresas brasileiras e a expansão das exportações. Em 2008, o governo ampliou sua política industrial para vários setores por meio da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) e, em 2011, a política foi novamente ampliada com o estabelecimento de novas metas, mecanismos de proteção comercial e uma política de compras governamentais com margem de preferência de até 25% para produtos manufaturados e serviços nacionais no complexo de saúde, defesa, têxtil e confecção, calçados e tecnologia da informação e comunicação.
As várias políticas industriais adotadas desde 2003 sofrem de pelos menos três grandes problemas que serão detalhados ao longo deste capítulo. Primeiro, o desenho dessas políticas  baseia-se, excessivamente, no modelo sul-coreano dos anos 1960 e 1970 com um agravante.  Ao invés de a política promover a diversificação produtiva, ela toma a forma da concessão de crédito subsidiado para empresas grandes que atuam em setores nos quais o Brasil já possui claras vantagens comparativas como, por exemplo,  alimentos, petróleo e mineração.
Segundo, esse tipo de política industrial onera de forma excessiva e desnecessária o Tesouro Nacional, já que  seu principal instrumento é a concessão de crédito subsidiado via BNDES.  No entanto, para que o governo ajude o setor privado em seu esforço de inovação ou de diversificação não é preciso o uso excessivo de recursos financeiros. Ao contrário, há um vasta literatura moderna baseada em  estudos de casos que mostram que o apoio do setor público deva se pautar pela solução de problemas de ação coletiva e pela oferta de bens públicos locais como, por exemplo, a disseminação do requisitos fitossanitários exigidos pelos países importadores de produtos vegetais e animais.
Terceiro, o Brasil já possui um conjunto de instituições que permitiriam adotar essa política industrial moderna sem onerar o contribuinte. Esse tipo de política é  local, de menor custo e seu foco não é a criação de grandes empresas. Assim, mais do que incentivar a formação de grandes grupos, a política industrial deveria se pautar pela  oferta de bens públicos.
Além desta introdução, este capítulo se divide em três seções.  A Seção 2 explica o que aqui se denomina de “velha política industrial” que é o modelo sul-coreano no qual o Brasil ainda se baseia para apoiar a indústria. Argui-se a diferença entre essa política e as “novas políticas industriais”. A Seção 3 mostra as principais características da política industrial brasileira, enfatizando  seu elevado custo devido ao crescente endividamento do Tesouro Nacional para emprestar para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Seção 4 conclui  com uma discussão sobre os aspectos institucionais das novas políticas industriais e sugestões sobre como deveria ser a política industrial brasileira.
   

Companheiros redescobrindo a polvora... (demorou um bocado)

Fernão de Magalhães demorou três anos para dar a volta ao mundo, provando na prática que o mundo é redondo (diferente do gosto de certo ex-presidente, que talvez preferisse, para fins de não disseminação da poluição, que o mundo fosse quadrado), e na verdade não conseguiu. Morreu nas Molucas, coitado, enfrentando nativos, e quem completou a volta, com alguns miseráveis companheiros, foi seu escrivão, Sebastian El Cano, aliás o nome de um excelente instituto (real) espanhol de relações internacionais.
Pois os companheiros estão piores do que Fernão de Magalhães: demoraram mais de dez anos para dar a volta ao mundo, e na verdade ainda não terminaram. Na verdade, eles nunca se convenceram que a sua versão do mundo quadrado não funciona, e só estão aderindo às privatizações por absoluta falta de saberem o que fazer, ou absoluta incapacidade (que é acima de tudo mental) de saber o que fazer de outro modo, por falta total de alternativas credíveis.
Eles já tentaram de tudo: pararam as privatizações, acusando-as de serem privataria (mas nunca reverteram nenhuma, de safados), criaram dezenas de novas estatais (com milhões perdidos na gestão incompetente dos companheiros, sendo o Banco Popular do Brasil apenas um exemplo entre muitos outros, como uma tal empresa de coleta de sangue), fizeram (depois de anos e anos de debate inútil) uma lei de PPP (parcerias público-privadas), para depois NUNCA usar, tentaram manietar (e conseguiram) as agências públicas e remeteram um projeto para amordaçá-las (que dorme placidamente no Congresso), mas de toda forma aparelharam todas as agências de companheiros ineptos e incompetentes (quando não larápios, em vários casos), enfim, fizeram de tudo antes de se renderem às tais "concessões" (que dizem não ser privatizações, como gostam de abusar da semântica).
Em alguma coisa não inventaram nada: apenas roubaram o software de gestão econômica dos neoliberais, sem reconhecer, sem pagar direitos autorais, e dizendo que estavam fazendo diferente, quando nada fizeram de diferente.
No que mexeram, o fizeram para pior, como o desmantelamento atual das metas de inflação, da flutuação cambial, da responsabilidade fiscal e do superávit primário (que em si já é uma bizarrice).
Enfim, verdade seja dita: os companheiros vão precisar de mais dez anos para dar a volta ao mundo...
Paulo Roberto de Almeida

Foi FHC que abriu os portos
ALBERTO TAMER
O Estado de S.Paulo - 17/02/2013

A presidente Dilma Rousseff assinou medida provisória autorizando a privatização dos portos, mais uma louvável decisão que vem somar-se à privatização dos aeroportos. O objetivo é modernizar esses dois setores que, fechados aos investimentos privados, pararam no tempo e são em grande parte responsáveis pelo alto custo das exportações brasileiras que perdem espaço em um mercado retraído e altamente competitivo.
Tudo começou com Fernando Henrique Cardoso. De fato, a ideia e a iniciativa de abrir, de privatizar os portos foi de Fernando Henrique não como presidente, mas, anteriormente, atuando como senador e depois como ministro da Fazenda de Itamar Franco. Todos reconhecem que a Lei 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, inaugurou uma nova fase no sistema portuário brasileiro, e seu artífice maior se chama Fernando Henrique Cardoso. Ministro, foi o ex-presidente que na época teve a coragem de promover a privatização dos portos nacionais, enfrentando uma das maiores corporações públicas do País, para não dizer um dos seus grandes antros de corrupção. Foi dele também a iniciativa histórica de tirar da Petrobrás o monopólio de exploração, que estava inscrito na Constituição.
Vitória da persistência. Agora que temos a abertura dos portos decretada por uma medida provisória, a coluna conversou com o ex-presidente.

Como foi a sua luta pela privatização dos portos, que podemos chamar de vitória quase isolada sua?
"Quando fui eleito presidente, nos meus dois mandatos implementei o Programa Integrado de Modernização Portuária (Pimop), estruturado em torno de 13 objetivos, derivados da Lei 8.630/1993. Dessa maneira, embora enfrentando enormes resistências políticas lançadas ou encampadas pelo PT, completamos a primeira etapa da reestruturação da administração portuária brasileira", diz Fernando Henrique.
Ela compreendia, entre outros aspectos a) a implantação do modelo de Autoridade Portuária; b) a desestatização da exploração das operações portuárias transferindo-a para o setor privado, através de operadores portuários de cais público, e de terminais de uso público e terminais de uso privativo (exclusivos e mistos); c) a implantação dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAP) em todos os portos organizados; d) a implantação de um Programa de Harmonização das Atividades dos Agentes de Autoridade nos portos e terminais portuários (Prohage).

Estavam assim, sob a liderança do ex-presidente Fernando Henrique, lançadas bases sólidas para desenvolver um processo de modernização dos portos brasileiros, solucionando um dos maiores gargalos da logística nacional. "Faltava continuar avançando e as sugestões nesse sentido foram repassadas por minha equipe aos representantes do governo entrante de Lula."

Dez anos de atraso. "Mas, infelizmente, nada se fez no governo Lula, abandonando-se o Programa Integrado de Modernização Portuária. Como resultado, a administração portuária brasileira continua burocratizada e carente de agilidade, não se tendo notícia de nenhum esforço sistemático do governo a respeito desse assunto." 
Agora, passados dez anos, o governo de Dilma Rousseff anuncia que vai retomar a agenda perdida da modernização dos portos iniciada por FHC. Tomara que seja pra valer.

Fernando Henrique lembra à coluna que as carências na área portuária levaram, segundo a Fundação Dom Cabral, o Brasil a ocupar a 123.ª posição entre 134 países no ranking de qualidade dos portos (2009). "A excessiva burocracia coloca o Brasil na 61.ª pior posição no ranking do Banco Mundial de tempo para liberação da entrada e saída de navios nos portos, com 5,8 dias, enquanto na China o tempo é de 0,4 dia, na Alemanha 0,7 dia e nos Estados Unidos 1,1 dia." 
O que mais preocupa Fernando Henrique é a gestão delegada dos portos. "Identifica-se uma predisposição do governo em revogar os convênios de estadualização ou municipalização, embora ninguém tenha reunido dados suficientes para demonstrar que a gestão delegada a Estados e municípios tenha sido pior do que a federal. Ambas se equivaleram, no bem e no mal. Pode-se inclusive afirmar que os portos melhor administrados estão entre os delegados a Estados e municípios: São Francisco do Sul, São Sebastião, Suape e Itaqui." 
E, na conversa com a coluna, Fernando Henrique eleva o tom: "A trágica politização da Autoridade Portuária, uma doença quase secular da administração pública dos portos continua aberta. E, como se não bastassem os preconceitos alimentados pelos segmentos corporativos ainda enquistados na máquina pública, existem grupos proeminentes do setor privado que, há muitos anos, pelejam pela transformação desse Conselho no próprio Conselho de Administração das Companhias Docas. Nada mais absurdo."
Por fim, o decreto 6.620, de rara infelicidade, além de ter introduzido, de forma confusa, definições e exigências relativas à "carga própria", não previstas na Lei 8.630, agravou o quadro de insegurança regulatória dos últimos dez anos. Para o ex-presidente, se Dilma quiser, realmente, impulsionar o crescimento econômico, terá de avançar na gestão portuária seguindo os princípios básicos propostos pelo governo anterior. Na verdade, nos padrões da época (1993), sua atuação significou uma pequena revolução, enfrentando os monopólios corporativos, descentralizando a gestão, para abrir os portos às empresas privadas.

Fernando Henrique deu o primeiro passo, Lula parou e até voltou atrás, e Dilma diz que a abertura dos portos e a privatização são irreversíveis. Só que já estamos atrasados em mais de uma década. E os que não querem mudar nada ainda estão aí.

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