Aquela coisa do too big to pay the costs já não funciona mais ao que parece.
Da coluna diária do American Banker, o boletim dos banqueiros americanos:
Citi Settles: In a story that will sound familiar, Citigroup has agreed to pay $730
million to settle claims that it misled its bond and preferred stock
investors about possible exposure to losses on securities backed by
subprime mortgages. The settlement is now the second-largest class
action settlement related to the financial crisis. Bank of America's
$2.4 billion payout to shareholders over the health of Merrill Lynch
still takes the top spot. Citi, which maintains it did nothing wrong and
merely settled "to eliminate the uncertainties, burden and expense of
further protracted litigation," plans to cover the costs with "existing litigation reserves," the FT
reports. One analyst told the Journal he thinks "we're starting to see the light at the end of the
tunnel" in terms of the litigation, "which is one reason why these
stocks have been trading better." New York Times, American Banker
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 19 de março de 2013
Uma restia, apenas, de vergonha (certamente nao de sensatez...)
Bolivarianos fracassam
19 de março de 2013 | 2h 13
Editorial O Estado de S.Paulo
A ofensiva foi liderada pelo Equador, com apoio da Venezuela, Bolívia e Nicarágua. O presidente equatoriano, Rafael Correa, é notório inimigo da imprensa "burguesa", codinome para os veículos de comunicação críticos a seu governo. Ele acusou a CIDH de favorecer a "liberdade de extorsão do jornalismo", depois que a comissão criticou a condenação de jornalistas que, segundo ele, o haviam injuriado. As indenizações milionárias cobradas de jornais e jornalistas que se opõem ao regime, impostas por juízes controlados por Correa, completam o quadro de estrangulamento sistemático da imprensa livre.
Mas não são apenas os atentados à liberdade de expressão que mobilizam a CIDH contra o governo do Equador. Como a Justiça local é controlada pelo governo, muitas das suas vítimas recorrem à comissão da OEA, onde há 83 processos. Desde 2011, quando Correa começou a contestar o órgão, autoridades equatorianas foram interpeladas 64 vezes pela comissão.
Os outros países bolivarianos, em especial a Venezuela, sofreram cobranças semelhantes. O bloco entende que a CIDH está ultrapassando os limites de suas prerrogativas ao questionar governos "democráticos". Para as autoridades desses países, não se pode comparar seus governos com os governos ditatoriais do passado, contra os quais a CIDH atuou, denunciando casos de perseguições políticas e violações de direitos humanos. Para o ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, é "incompreensível" que a CIDH "não tenha valorizado a transformação" do Equador, Venezuela e Bolívia e continue a tratá-los como "centros de repressão dos direitos humanos e, particularmente, da liberdade de expressão".
Em junho de 2012, o Equador tentou aprovar sua proposta de reforma da CIDH na Assembleia-Geral da OEA, mas a ausência da maioria dos chefes de Estado - apenas Correa e seu colega boliviano, Evo Morales, estavam presentes - levou ao adiamento do debate. O assunto será retomado na próxima sexta-feira. Para tentar ser bem-sucedida desta vez, a diplomacia equatoriana intensificou suas gestões em busca de apoio político e tentou fechar questão sobre a reforma num encontro paralelo dos membros da OEA em Guayaquil (Equador), convocado pela Unasul.
Os bolivarianos queriam que a CIDH perdesse sua autonomia e esperavam atingir especialmente a Relatoria de Liberdade de Expressão, que goza de status especial e tem direito a financiamento externo e estrutura própria e permanente dentro da comissão. Mais uma vez, a ausência de representantes de primeiro escalão frustrou o lobby liderado pelo Equador, e os 24 países signatários da Convenção Americana de Direitos Humanos emitiram uma nota apoiando o processo de "autorreforma" da CIDH - que, embora aceite algumas das propostas bolivarianas, preservará a Relatoria de Liberdade de Expressão.
O Brasil, por sua vez, defende a reforma da CIDH desde que a comissão determinou a suspensão das obras da Usina de Belo Monte por entender que os direitos indígenas haviam sido violados. Como retaliação, o governo petista passou a apoiar a ideia de que há necessidade de "modernizar" a CIDH, um eufemismo para a redução de seu poder. A posição brasileira é lamentável, pois, mesmo distinta da ferocidade bolivariana, legitima um debate que só tem um objetivo: enfraquecer a proteção à liberdade de expressão.
Seja como for, num sinal de sensatez, o Brasil ajudou a esvaziar a ofensiva sobre a CIDH, ao participar, com México e Peru, de manobra que tirou o processo de reforma das mãos da bolivariana Nicarágua, atual presidente do Conselho Permanente da OEA. Com isso, os radicais ficaram isolados, para o bem da democracia.
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CQD....
Derechos Humanos
Bolivia: Evo Morales piensa en retirar al país de la CIDH
Infolatam/Efe
La Paz, 18 de marzo de 2013
La Paz, 18 de marzo de 2013
Las claves
- "Estoy pensando seriamente retirarnos de la CIDH. ¿Qué aporta? Imagínense, tiene oficina en Estados Unidos y Estados Unidos no ha ratificado ningún acuerdo de defensa de los derechos humanos", dijo el mandatario boliviano.
- "Después de conocer y seguir conociendo esas instituciones, personalmente estoy haciendo una profunda evaluación, (creo) que (es) mejor renunciar, retirarnos, no tomar en cuenta", sostuvo Morales.
“Estoy pensando seriamente retirarnos de la CIDH. ¿Qué aporta? Imagínense, tiene oficina en Estados Unidos y Estados Unidos no ha ratificado ningún acuerdo de defensa de los derechos humanos”, dijo el mandatario boliviano.
“Yo considero a la CIDH como otra base militar”, dijo Morales al señalar que la institución está financiada por Estados Unidos para “tratar de juzgar a los países”.
La sede de la CIDH, un órgano autónomo de la Organización de los Estados Americanos (OEA), se encuentra en Washington, pero Estados Unidos no ha ratificado la Convención Americana de Derechos Humanos, el principal instrumento sobre esta materia con el que cuenta el continente.
Morales agregó que “la derecha procapitalista y proimperialista usa a la CIDH” y que la OEA enviaba misiones a Bolivia para defender y no condenar a presidentes y gobiernos “que estaban masacrando al pueblo boliviano”.
“Después de conocer y seguir conociendo esas instituciones, personalmente estoy haciendo una profunda evaluación, (creo) que (es) mejor renunciar, retirarnos, no tomar en cuenta”, sostuvo Morales.
“Eso no significa violar los derechos humanos, sino también queremos dignidad y soberanía y a esta clase de instituciones poner en su lugar”, agregó el mandatario.
Morales habló del tema al referirse al conflicto que un grupo de indígenas ha planteado ante la CIDH en su contra, para oponerse a su intención de construir una carretera en la reserva ecológica Territorio Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS),
En la audiencia celebrada en Washington el viernes, otro grupo de indígenas afines al Gobierno y que viven también en el Tipnis confrontó a los nativos amazónicos que se oponen a ese proyecto.
El anuncio del mandatario se produjo después de que el pasado viernes se celebrara en la CIDH una sesión por el conflicto que un grupo de indígenas ha planteado contra el Gobierno boliviano para oponerse la construcción de una carretera en la reserva ecológica Territorio Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS).
La ministra de Comunicación de Bolivia, Amanda Dávila, señaló en declaraciones a Efe que “no hay una fecha concreta” prevista para la salida del país de la CIDH, aunque precisó que el asunto “está previsto” en la agenda política de este año.
“No hay fecha, pero el presidente está analizando el tema y está dispuesto a cumplir todos los trámites a nivel nacional e internacional para salir de la convención”, aseguró Dávila.
Para dar este paso, será necesario que el Gobierno boliviano consulte a la Asamblea Legislativa Nacional.
Fascismo economico em construcao (com o apoio dos empresarios)
Quando se fala em fascismo, as pessoas pensam logo em milícias armadas, de uniformes pretos, botas de couro, marchando pelas ruas com seus passos de ganso (e alguns grasnidos), caçando comunistas, judeus e pederastas, e algum tirano de bigodinho ou gestos espalhafatosos, inspirando temor e admiração.
Pode ser que tenha sido isso, durante um breve tempo, no ridículo século 20 tão devastador em sua primeira metade.
Agora já não é mais assim, pelo menos não na maioria dos países. Claro, sempre tem caudilhos de opereta, e fanfarrões de circo, prontos a se enquadrar no figurino, mas na maior parte das vezes o fascismo é insidioso, tão sutil que poucos o percebem.
Na área econômica, por exemplo, o Brasil é um país perfeitamente fascista, e mesmo os empresários não tomam consciência desse fato, e até o aplaudem, como se pode ver pela matéria abaixo.
Capitalismo de livre mercado é quando o governo se ocupa da infraestrutura e coloca as regras gerais, válidas para todo mundo, e apenas assegura que o ambiente de negócios é estável, transparente e propenso a gerar riqueza, emprego e renda pela mão dos agentes econômicos normais, que são os empresários e trabalhadores.
Fascismo é quando o governo, sem deter o comando direto da economia, pretende ditar aos empresários o que eles podem ou não podem fazer.
Quando se substitui o risco empresarial, a busca pela inovação no plano microeconômico, e quando se pretende que um bando de burocratas dite os rumos pelos quais deve caminhar a atividade empresarial privada, já se está no fascismo econômico.
Os empresários não estão percebendo que estão alienando a sua soberania decisória a um ente estatal, e visam apenas alguns favores que os livrem da concorriencia e os habilite a serem mais produtivos: ou seja, querem que alguém decida em seu lugar.
Isso é fascismo econômico. Isso é stalinismo industrial, ou seja, a mesma coisa que fazia Stalin na Rússia e os militares no Brasil dos anos 1970: achar que o Estado sabe melhor que os próprios empresários o que é melhor para a indústria.
Como os decisores vivem no mundinho de Stalin (e dos militares planejadores bismarckianos), eles acham que vão poder reproduzir a história bem sucedida da Embrapa. Estão pelo menos 40 anos atrasados. O Brasil dos anos 1970, quando a Embrapa foi criada, era um país quase socialista no seu planejamento industrial, mas era tremendamente atrasado na agricultura, o que a Embrapa (e outras forças sociais) se encarregou de reduzir. Hoje a agricultura do Brasil é pujante não mais graças à Embrapa, e sobretudo devido à sua própria modernização empresarial, às forças de mercado, à concorrência internacional, ao tino dos capitalistas agrários, que não precisam de um burocrata no MAPA para lhes dizer o que plantar, quando plantar, como vender.
O governo quer ser babá de empresário industrial, situação que eles parecem aceitar com naturalidade. Eles acham que vão estar melhor com burocratas lhes dizendo o que inovar, quando inovar, para quem vender, em lugar de simplesmente acharem por si sós a solução dos seus problemas. Claro, desde que o governo tire a mão pesada de cima deles.
O que eles estão fazendo é pedindo mais mão pesada...
Isso vai terminar de enterrar a indústria no Brasil.
Quando é que os empresários vão aprender?
Paulo Roberto de Almeida
Pode ser que tenha sido isso, durante um breve tempo, no ridículo século 20 tão devastador em sua primeira metade.
Agora já não é mais assim, pelo menos não na maioria dos países. Claro, sempre tem caudilhos de opereta, e fanfarrões de circo, prontos a se enquadrar no figurino, mas na maior parte das vezes o fascismo é insidioso, tão sutil que poucos o percebem.
Na área econômica, por exemplo, o Brasil é um país perfeitamente fascista, e mesmo os empresários não tomam consciência desse fato, e até o aplaudem, como se pode ver pela matéria abaixo.
Capitalismo de livre mercado é quando o governo se ocupa da infraestrutura e coloca as regras gerais, válidas para todo mundo, e apenas assegura que o ambiente de negócios é estável, transparente e propenso a gerar riqueza, emprego e renda pela mão dos agentes econômicos normais, que são os empresários e trabalhadores.
Fascismo é quando o governo, sem deter o comando direto da economia, pretende ditar aos empresários o que eles podem ou não podem fazer.
Quando se substitui o risco empresarial, a busca pela inovação no plano microeconômico, e quando se pretende que um bando de burocratas dite os rumos pelos quais deve caminhar a atividade empresarial privada, já se está no fascismo econômico.
Os empresários não estão percebendo que estão alienando a sua soberania decisória a um ente estatal, e visam apenas alguns favores que os livrem da concorriencia e os habilite a serem mais produtivos: ou seja, querem que alguém decida em seu lugar.
Isso é fascismo econômico. Isso é stalinismo industrial, ou seja, a mesma coisa que fazia Stalin na Rússia e os militares no Brasil dos anos 1970: achar que o Estado sabe melhor que os próprios empresários o que é melhor para a indústria.
Como os decisores vivem no mundinho de Stalin (e dos militares planejadores bismarckianos), eles acham que vão poder reproduzir a história bem sucedida da Embrapa. Estão pelo menos 40 anos atrasados. O Brasil dos anos 1970, quando a Embrapa foi criada, era um país quase socialista no seu planejamento industrial, mas era tremendamente atrasado na agricultura, o que a Embrapa (e outras forças sociais) se encarregou de reduzir. Hoje a agricultura do Brasil é pujante não mais graças à Embrapa, e sobretudo devido à sua própria modernização empresarial, às forças de mercado, à concorrência internacional, ao tino dos capitalistas agrários, que não precisam de um burocrata no MAPA para lhes dizer o que plantar, quando plantar, como vender.
O governo quer ser babá de empresário industrial, situação que eles parecem aceitar com naturalidade. Eles acham que vão estar melhor com burocratas lhes dizendo o que inovar, quando inovar, para quem vender, em lugar de simplesmente acharem por si sós a solução dos seus problemas. Claro, desde que o governo tire a mão pesada de cima deles.
O que eles estão fazendo é pedindo mais mão pesada...
Isso vai terminar de enterrar a indústria no Brasil.
Quando é que os empresários vão aprender?
Paulo Roberto de Almeida
Governo
cria nova estatal para gerar soluções à indústria nacional
Terra
Mobile Brasil, 15 de março de 2013
O governo federal anunciou nesta quinta-feira a
criação de uma nova estatal que deverá fomentar processos de cooperação entre
empresas nacionais e instituições tecnológicas. Chamada Empresa Brasileira para
Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o governo promete uma estrutura
enxuta e gestão compartilhada entre os setores público e privado, mas ainda não
revela o número de funcionários que serão contratados. Na prática, a empresa
deverá criar soluções para indústria nacional.
Para 2013 e 2014, a estatal tem investimentos
previstos de aproximadamente R$ 1 bilhão provenientes do Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico e de parceiros envolvidos. "Eu
tenho certeza de que a Embrapii terá um papel fundamental (na inovação). Vai
ser um local de articulação das nossas relações e isso fará muita diferença
para todos nós", disse a presidente Dilma Rousseff em reunião com o grupo
de empresários e representantes do meio acadêmico.
"Temos que pegar nossa estrutura de conhecimento
científico e técnico para atender o chão da fábrica", disse o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante. No projeto da Embrapii, o Mercadante era ministro
da Ciência e Tecnologia e estava envolvido na gestação do projeto. Já o
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel
fez uma analogia sobre a funcionalidade da empresa: "estamos mudando de
modalidade, de corrida com obstáculos para salto com vara", disse nesta
quinta-feira no evento.
A criação da Embrapii faz parte do Plano Inova
Empresa, que tem investimentos iniciais de R$ 32,9 bilhões com o objetivo de
tornar empresas brasileiras mais competitivas no mercado global.
Na semana que vem o governo vai fazer uma reunião para
instituir a Embrapii, que vai contar com representantes da comunidade
empresarial, científica e do próprio governo. Pelo governo, os ministérios
envolvidos são os ministérios: Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Educação,
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fazenda e a Secretaria Especial
da Micro e Pequena Empresa - o projeto da secretaria foi aprovado pelo
Congresso e aguarda sanção presidencial.
O Senado finalizou na semana passada a votação do
projeto de lei que cria a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, que
terá status de ministério. O projeto é de autoria do Poder Executivo e não
sofreu alterações no parlamento.
O dragao da inflacao e o cego voluntario (adivinhe quem?) - Marcelo de Paiva Abreu
Dissimulação não vai conter a inflação
Marcelo de Paiva Abreu
O Estado de S.Paulo, 18/03/2013
Nunca
é demais lembrar sir Alec Cairncross e sua insistência no parentesco
entre a medicina e a economia, ambas misturas de conhecimento
imperfeito, sabedoria popular, jargões obscuros e análise científica.
Ambas vulneráveis ao charlatanismo. Para levar o paralelismo ao extremo:
o paciente tem febre alta e o médico é chamado às pressas. O caminho
ortodoxo é receitar um antitérmico. Existirão, talvez, tratamentos
alternativos amparados na medicina popular. O menos desejável é que o
médico quebre o termômetro e suponha que o paciente não está febril.
Parece absurdo, mas a metáfora retrata de forma precisa as escolhas que
faz o atual governo quanto à política econômica. Entre opções mais ou
menos espinhosas, prefere negar a realidade.
O governo tem demonstrado persistência na adoção de técnicas de dissimulação com o objetivo, pelo menos secundário, de dificultar análises objetivas da situação econômica do País. Alguns falariam até mesmo em tentativas canhestras de ludibriar a opinião pública.
As estripulias com dados fiscais envolvendo operações entre Tesouro, BNDES, Caixa Econômica Federal e Petrobrás têm sido ventiladas exaustivamente na mídia. Têm como objetivo ocultar que o governo vem gradativamente abandonando seus compromissos quanto à geração de um superávit primário adequado nas suas contas.
Agora, mágicas semelhantes têm sido adotadas em relação à inflação crescente. Afinal, se a inflação puder ser mantida abaixo dos 6,5% - limite superior da meta -, o governo poderá defender-se com menos dificuldade da acusação de que está abandonando o compromisso com políticas minimamente prudentes e de que está disposto a aceitar uma clara violação do modesto compromisso inflacionário implícito no atual regime de metas. O aumento das tarifas de transportes coletivos no Rio de Janeiro e em São Paulo foi postergado. Embora a redução das tarifas de energia elétrica faça sentido do ponto de vista da melhoria da competitividade dos produtos brasileiros, é sempre verdade que haverá impacto não desprezível sobre a inflação. O mesmo se aplica à desoneração fiscal da cesta básica: embora bem-vinda do ponto de vista social, alivia pressões inflacionárias. É com melancolia que se lê sobre reuniões do ministro da Fazenda com donos de supermercados com o objetivo de conter preços. Desde as grotescas iniciativas de laçar bois no pasto, que marcaram a agonia do Plano Cruzado, presumia-se que o País tivesse aprendido que, para controlar a inflação, é fundamental conter a demanda e que os instrumentos adequados para isso são a taxa de juros ou o aperto fiscal.
Nos velhos tempos, práticas que pretendiam escamotear evidências factuais - desde a tortura até a inflação crescente - eram típicas de regimes totalitários. Regimes de exceção permitem que sejam reprimidas com impunidade revelações consideradas inconvenientes. Em episódio conhecido, em 1973, o governo teria patrocinado o uso de preços tabelados para o cômputo da inflação, algo reconhecido alguns anos depois pelo Banco Mundial e pelo próprio governo. No final dos anos 70, o governo andou expurgando índices no célebre episódio da inflação do chuchu. A argumentação fazia sentido, pois não parecia razoável manter o peso do chuchu no cálculo do índice inflacionário, pois o aumento expressivo do preço do chuchu certamente resultaria em contração da quantidade demandada. O problema era convencer a opinião pública, mesmo com a censura da mídia, de que não se tratava de mais uma mentira oficial destinada a reduzir a inflação com a adoção de métodos pouco convencionais.
Modernamente, a manipulação de preços tornou-se habitual em regimes populistas, entre os quais a Argentina talvez seja o exemplo mais notável. Lá, a indecente divergência entre a inflação oficial e diversos cômputos extraoficiais levou o FMI a censurar explicitamente o governo - aplicar-lhe cartão amarelo, na metáfora da senhora Lagarde, com ameaça de cartão vermelho, se não houver progresso em três meses. A "resposta argentina" foi "congelar" preços nos supermercados por 60 dias...
Avaliando as raízes do populismo no Brasil, há claro contraste entre as políticas econômicas do peronismo e do varguismo. E, no entanto, o governo atual, useiro e vezeiro na invocação de suas raízes varguistas, está de fato tomando o péssimo exemplo da Argentina como algo que merecesse ser copiado. Sob Vargas, houve pouco que se aproximasse da sistemática penalização dos interesses agrícolas que seria tradicional em governos peronistas e neoperonistas. No seu primeiro período de governo, o momento mais controvertido foi quando suspendeu o pagamento da dívida externa em 1937, atitude extrema que começou a ser revertida depois de um ano. Eleito presidente em 1950, deu espaço às trapalhadas de Ricardo Jafet e João Goulart, no Banco do Brasil e no Ministério do Trabalho, mas, ambíguo, não deixou de contemplar os círculos mais conservadores. No cerne, era um populista bastante prudente do ponto de vista econômico e financeiro.
É preciso aceitar que a febre não vai ser reduzida com a quebra do termômetro.
*
Marcelo de Paiva Abreu é doutor em Economia pela Universidade de
Cambridge e professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio.
O governo tem demonstrado persistência na adoção de técnicas de dissimulação com o objetivo, pelo menos secundário, de dificultar análises objetivas da situação econômica do País. Alguns falariam até mesmo em tentativas canhestras de ludibriar a opinião pública.
As estripulias com dados fiscais envolvendo operações entre Tesouro, BNDES, Caixa Econômica Federal e Petrobrás têm sido ventiladas exaustivamente na mídia. Têm como objetivo ocultar que o governo vem gradativamente abandonando seus compromissos quanto à geração de um superávit primário adequado nas suas contas.
Agora, mágicas semelhantes têm sido adotadas em relação à inflação crescente. Afinal, se a inflação puder ser mantida abaixo dos 6,5% - limite superior da meta -, o governo poderá defender-se com menos dificuldade da acusação de que está abandonando o compromisso com políticas minimamente prudentes e de que está disposto a aceitar uma clara violação do modesto compromisso inflacionário implícito no atual regime de metas. O aumento das tarifas de transportes coletivos no Rio de Janeiro e em São Paulo foi postergado. Embora a redução das tarifas de energia elétrica faça sentido do ponto de vista da melhoria da competitividade dos produtos brasileiros, é sempre verdade que haverá impacto não desprezível sobre a inflação. O mesmo se aplica à desoneração fiscal da cesta básica: embora bem-vinda do ponto de vista social, alivia pressões inflacionárias. É com melancolia que se lê sobre reuniões do ministro da Fazenda com donos de supermercados com o objetivo de conter preços. Desde as grotescas iniciativas de laçar bois no pasto, que marcaram a agonia do Plano Cruzado, presumia-se que o País tivesse aprendido que, para controlar a inflação, é fundamental conter a demanda e que os instrumentos adequados para isso são a taxa de juros ou o aperto fiscal.
Nos velhos tempos, práticas que pretendiam escamotear evidências factuais - desde a tortura até a inflação crescente - eram típicas de regimes totalitários. Regimes de exceção permitem que sejam reprimidas com impunidade revelações consideradas inconvenientes. Em episódio conhecido, em 1973, o governo teria patrocinado o uso de preços tabelados para o cômputo da inflação, algo reconhecido alguns anos depois pelo Banco Mundial e pelo próprio governo. No final dos anos 70, o governo andou expurgando índices no célebre episódio da inflação do chuchu. A argumentação fazia sentido, pois não parecia razoável manter o peso do chuchu no cálculo do índice inflacionário, pois o aumento expressivo do preço do chuchu certamente resultaria em contração da quantidade demandada. O problema era convencer a opinião pública, mesmo com a censura da mídia, de que não se tratava de mais uma mentira oficial destinada a reduzir a inflação com a adoção de métodos pouco convencionais.
Modernamente, a manipulação de preços tornou-se habitual em regimes populistas, entre os quais a Argentina talvez seja o exemplo mais notável. Lá, a indecente divergência entre a inflação oficial e diversos cômputos extraoficiais levou o FMI a censurar explicitamente o governo - aplicar-lhe cartão amarelo, na metáfora da senhora Lagarde, com ameaça de cartão vermelho, se não houver progresso em três meses. A "resposta argentina" foi "congelar" preços nos supermercados por 60 dias...
Avaliando as raízes do populismo no Brasil, há claro contraste entre as políticas econômicas do peronismo e do varguismo. E, no entanto, o governo atual, useiro e vezeiro na invocação de suas raízes varguistas, está de fato tomando o péssimo exemplo da Argentina como algo que merecesse ser copiado. Sob Vargas, houve pouco que se aproximasse da sistemática penalização dos interesses agrícolas que seria tradicional em governos peronistas e neoperonistas. No seu primeiro período de governo, o momento mais controvertido foi quando suspendeu o pagamento da dívida externa em 1937, atitude extrema que começou a ser revertida depois de um ano. Eleito presidente em 1950, deu espaço às trapalhadas de Ricardo Jafet e João Goulart, no Banco do Brasil e no Ministério do Trabalho, mas, ambíguo, não deixou de contemplar os círculos mais conservadores. No cerne, era um populista bastante prudente do ponto de vista econômico e financeiro.
É preciso aceitar que a febre não vai ser reduzida com a quebra do termômetro.
E por falar em assistencialismo... (corrigindo a ministra da area...)
Eu reconheço que sou um iconoclasta, um anarquista teórico, um contestador barato (segundo alguns muito caro, qualquer que seja o meu salário), um cidadão sem qualquer respeito pelas autoridades, mas considero ser do meu dever lutar pela precisão conceitual, pela correção da realidade, pelo argumento preciso, ou pela simples exposição da verdade.
Segundo leio na matéria abaixo transcrita:
"De acordo com a ministra, como o Bolsa Família atende um universo de 50 milhões de pessoas e conseguiu reduzir em 89% a extrema pobreza no País, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa é muito eficiente."
Não, não é, nem eficiente, nem conseguiu eliminar sequer 1% da pobreza, e isto por uma razão muito simples: o Bolsa Família não elimina a pobreza, ele apenas subsidia o consumo dos pobres. Ele seria eficiente se ele retirasse as pessoas da pobreza, o que ele não faz, nem parece pretender fazer. Ele apenas distribuiu alguns caraminguás, que permitem aos mais pobres (não todos, apenas os inscritos no programa) comprar bens alimentares e outros, é isto e apenas isto.
E porque ele não retira ninguém da pobreza e não é eficiente?
Preciso desenhar, ou vou ser compreendido apenas com este argumento? Se o Bolsa Família acabar, voluntariamente ou por alguma catástrofe orçamentária, as mesmas pessoas voltarão para a situação de pobreza anterior, e não terão "renda" para comprar alimentos ou outros coisas. Pior: elas não voltarão para a situação anterior, pois há muito deixaram de correr atrás do alimento como faziam antes, contentando-se a partir dele em retirar o dinheiro do caixa eletrônico e ir ao empório comprar seus bens de consumo.
Se supõe, pela lei universal da sobrevivência humana -- alguém me corrija se estou errado -- que essas mesmas pessoas pobres, antes que aparecesse o guia genial dos povos, o pai dos pobres como nunca antes aconteceu neste Brasil desde Cabral, se supõe que esses pobres não estavam sendo dizimados aos lotes por alguma epidemia de fome auto-induzida. Se supõe também, se os tivessem efetivamente o mesmo instinto de sobrevivência que pertence a todos os animais, primatas ou não, e parece que até a algumas plantas, que eles estavam, antes do BF, em uma luta diária em busca do alimento, na rocinha de subsistência do interior, na xepa da feira, ou até no roubo e na busca de alimentos rejeitados. O Bolsa Família veio tirá-los dessa linha de "desconforto", ou de "insegurança alimentar", como gostam de dizer os companheiros, e colocá-los no grupo dos assistidos, um verdadeiro exército de dependentes, de 50 milhões de pessoas, segundo a ministra que, aparentemente, já não seriam mais pobres.
Erro monumental! Eles continuam pobres, apenas que dispondo de um subsídio ao consumo. Acabado hipoteticamente o programa, eles voltam a ser pobres, talvez até numa situação mais precária, e mais "desconfortável", com sua rocinha de subsistência abandonada, sua busca quotidiana de alimentos trocada pela ida regular ao empório na compra do necessário, e talvez até mais indignados do que antes, pois que seguros de sua nova condição "cidadã", adquirida por eles (mas não exatamente para eles), esses pobres estruturais se sentiriam preteridos e injustiçados se lhes faltassem os caraminguás.
Onde está o governo injusto que pretende relançá-los à miséria? De onde, aliás, eles nunca tinham saído, apenas que ostentado o status de pobres assistidos.
Como ainda não nasceu o político -- de qualquer partido, de qualquer linha ideológica, de qualquer escola econômica -- que vai acabar com o Bolsa Família, podemos prenunciar brilhantes anos pela frente do "maior programa social do mundo", exibindo com orgulho essa marca que deveria ser, na verdade, um sinal de desgosto e de desgraça para o país.
Como também já era, ainda que com atenuantes, o Bolsa Escola. Seus criadores se orgulhavam pelo fato de poder retirar as crianças das ruas e do trabalho e mantê-las na escola, ainda que à custa da "cenoura" do Bolsa Escola, do contrário seus país não estaria ligando se elas largassem a escola ou eles mesmos as obrigariam ao trabalho na roça ou nos pequenos afazeres urbanos. As pessoas não se dão conta que isso é uma confissão de fracasso, uma incapacidade monumental de se ter uma situação normal, na qual os país trabalham e os filhos estudam. Não que eu tenha algo contra o trabalho infantil, muito pelo contrário. Acho que crianças, mesmo antes dos 14 anos, podem muito bem ajudar os pais, ou a si mesmas, fazendo atividades remuneradas ou produtivas. As proibições absolutas me parecem simplesmente idiotas, e não vou argumentar agora por que...
Estou apenas corrigindo a ministra, e dizendo que eles finamente conseguiram criar o maior programa assistencialista do mundo. Parabéns ministra, vocês estão eternizando a pobreza e a miséria.
Acho que era isso mesmo que vocês queriam, não era? Um imenso curral eleitoral sob pretexto de justiça social. Um terço, ou pelo menos um quarto, do país na assistência social. Não é uma maravilha? Quase estamos virando um país normal, sem pobreza...
Paulo Roberto de Almeida
BRASÍLIA - A ministra do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou nesta segunda-feira, 18, que,
em 2012, os recursos aplicados pelo governo no programa Bolsa Família
atingiram 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com dados da
sua pasta, o orçamento para o programa alcançou R$ 20 bilhões no ano
passado. Para 2013, esse montante deverá subir para R$ 23,9 bilhões. "É
uma ninharia o que se gasta com o Bolsa Família no Brasil", comentou o
diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), Yoshiaki Nakano, ao lado da ministra, logo após ela ter proferido
aula magna na instituição de ensino.
Ele afirmou que, em 1979, foi trabalhar no grupo Pão de Açúcar, onde foi incumbido de montar o departamento econômico. "Certo dia, o Abílio Diniz me perguntou quanto seria preciso gastar para acabar com a miséria no Brasil", relatou. "Fiz os meus cálculos, e na época seria necessário algo entre 1% e 1,5% do PIB", relatou.
De acordo com a ministra, como o Bolsa Família atende um universo de 50 milhões de pessoas e conseguiu reduzir em 89% a extrema pobreza no País, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa é muito eficiente. "Estamos exportando essa tecnologia social para outros países, sem contrapartidas, como compra do nosso etanol", afirmou. "Não temos problemas de verbas contingenciadas. Ao contrário, o ministério da Fazenda nos deixa à disposição caso precisemos de recursos para atender essa prioridade do governo da presidenta Dilma Rousseff", afirmou, sorrindo para o secretário de Política Econômica, Márcio Holland.
Extrema pobreza. A ministra lembrou que ainda existem cerca de 700 mil famílias no Brasil que vivem em condições de extrema pobreza, ou seja, que registram uma renda per capita inferior a R$ 70,00 por mês. "Mas temos o objetivo de, até o final do mandato da presidenta Dilma Rousseff, que esses quase 2,5 milhões de pessoas poderão ser beneficiadas pelo programa Bolsa Família", disse Tereza Campello à Agência Estado.
De acordo com a ministra, há uma grande dificuldade de encontrar as famílias que vivem na condição de extrema pobreza. "Elas não estão no interior, mas sim nas grandes cidades, em pontos tão distantes que não conseguem ter acesso às informações relativas ao programa", destacou.
Segundo o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 22 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família viviam na situação de extrema pobreza. Esse número foi reduzido ao longo dos dois anos do governo Dilma e agora não há família vinculada ao programa que está nesta condição.
"Agora vamos buscar o fim desse problema. Se serão 700 mil, 650 mil ou 600 mil famílias somente o cadastro, o trabalho de campo vai mostrar isso", afirmou a ministra.
Veja também:
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Bolsa Família é, de novo, foco de embate entre Dilma e Aécio
Segundo leio na matéria abaixo transcrita:
"De acordo com a ministra, como o Bolsa Família atende um universo de 50 milhões de pessoas e conseguiu reduzir em 89% a extrema pobreza no País, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa é muito eficiente."
Não, não é, nem eficiente, nem conseguiu eliminar sequer 1% da pobreza, e isto por uma razão muito simples: o Bolsa Família não elimina a pobreza, ele apenas subsidia o consumo dos pobres. Ele seria eficiente se ele retirasse as pessoas da pobreza, o que ele não faz, nem parece pretender fazer. Ele apenas distribuiu alguns caraminguás, que permitem aos mais pobres (não todos, apenas os inscritos no programa) comprar bens alimentares e outros, é isto e apenas isto.
E porque ele não retira ninguém da pobreza e não é eficiente?
Preciso desenhar, ou vou ser compreendido apenas com este argumento? Se o Bolsa Família acabar, voluntariamente ou por alguma catástrofe orçamentária, as mesmas pessoas voltarão para a situação de pobreza anterior, e não terão "renda" para comprar alimentos ou outros coisas. Pior: elas não voltarão para a situação anterior, pois há muito deixaram de correr atrás do alimento como faziam antes, contentando-se a partir dele em retirar o dinheiro do caixa eletrônico e ir ao empório comprar seus bens de consumo.
Se supõe, pela lei universal da sobrevivência humana -- alguém me corrija se estou errado -- que essas mesmas pessoas pobres, antes que aparecesse o guia genial dos povos, o pai dos pobres como nunca antes aconteceu neste Brasil desde Cabral, se supõe que esses pobres não estavam sendo dizimados aos lotes por alguma epidemia de fome auto-induzida. Se supõe também, se os tivessem efetivamente o mesmo instinto de sobrevivência que pertence a todos os animais, primatas ou não, e parece que até a algumas plantas, que eles estavam, antes do BF, em uma luta diária em busca do alimento, na rocinha de subsistência do interior, na xepa da feira, ou até no roubo e na busca de alimentos rejeitados. O Bolsa Família veio tirá-los dessa linha de "desconforto", ou de "insegurança alimentar", como gostam de dizer os companheiros, e colocá-los no grupo dos assistidos, um verdadeiro exército de dependentes, de 50 milhões de pessoas, segundo a ministra que, aparentemente, já não seriam mais pobres.
Erro monumental! Eles continuam pobres, apenas que dispondo de um subsídio ao consumo. Acabado hipoteticamente o programa, eles voltam a ser pobres, talvez até numa situação mais precária, e mais "desconfortável", com sua rocinha de subsistência abandonada, sua busca quotidiana de alimentos trocada pela ida regular ao empório na compra do necessário, e talvez até mais indignados do que antes, pois que seguros de sua nova condição "cidadã", adquirida por eles (mas não exatamente para eles), esses pobres estruturais se sentiriam preteridos e injustiçados se lhes faltassem os caraminguás.
Onde está o governo injusto que pretende relançá-los à miséria? De onde, aliás, eles nunca tinham saído, apenas que ostentado o status de pobres assistidos.
Como ainda não nasceu o político -- de qualquer partido, de qualquer linha ideológica, de qualquer escola econômica -- que vai acabar com o Bolsa Família, podemos prenunciar brilhantes anos pela frente do "maior programa social do mundo", exibindo com orgulho essa marca que deveria ser, na verdade, um sinal de desgosto e de desgraça para o país.
Como também já era, ainda que com atenuantes, o Bolsa Escola. Seus criadores se orgulhavam pelo fato de poder retirar as crianças das ruas e do trabalho e mantê-las na escola, ainda que à custa da "cenoura" do Bolsa Escola, do contrário seus país não estaria ligando se elas largassem a escola ou eles mesmos as obrigariam ao trabalho na roça ou nos pequenos afazeres urbanos. As pessoas não se dão conta que isso é uma confissão de fracasso, uma incapacidade monumental de se ter uma situação normal, na qual os país trabalham e os filhos estudam. Não que eu tenha algo contra o trabalho infantil, muito pelo contrário. Acho que crianças, mesmo antes dos 14 anos, podem muito bem ajudar os pais, ou a si mesmas, fazendo atividades remuneradas ou produtivas. As proibições absolutas me parecem simplesmente idiotas, e não vou argumentar agora por que...
Estou apenas corrigindo a ministra, e dizendo que eles finamente conseguiram criar o maior programa assistencialista do mundo. Parabéns ministra, vocês estão eternizando a pobreza e a miséria.
Acho que era isso mesmo que vocês queriam, não era? Um imenso curral eleitoral sob pretexto de justiça social. Um terço, ou pelo menos um quarto, do país na assistência social. Não é uma maravilha? Quase estamos virando um país normal, sem pobreza...
Paulo Roberto de Almeida
Em 2013, Bolsa Família terá quase R$ 4 bilhões a mais que no ano passado
Ministra disse que montante do orçamento para o programa subiu para R$ 23,9 bi
18 de março de 2013 | 14h 08
Ricardo Leopoldo - Agência Estado
Ele afirmou que, em 1979, foi trabalhar no grupo Pão de Açúcar, onde foi incumbido de montar o departamento econômico. "Certo dia, o Abílio Diniz me perguntou quanto seria preciso gastar para acabar com a miséria no Brasil", relatou. "Fiz os meus cálculos, e na época seria necessário algo entre 1% e 1,5% do PIB", relatou.
De acordo com a ministra, como o Bolsa Família atende um universo de 50 milhões de pessoas e conseguiu reduzir em 89% a extrema pobreza no País, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa é muito eficiente. "Estamos exportando essa tecnologia social para outros países, sem contrapartidas, como compra do nosso etanol", afirmou. "Não temos problemas de verbas contingenciadas. Ao contrário, o ministério da Fazenda nos deixa à disposição caso precisemos de recursos para atender essa prioridade do governo da presidenta Dilma Rousseff", afirmou, sorrindo para o secretário de Política Econômica, Márcio Holland.
Extrema pobreza. A ministra lembrou que ainda existem cerca de 700 mil famílias no Brasil que vivem em condições de extrema pobreza, ou seja, que registram uma renda per capita inferior a R$ 70,00 por mês. "Mas temos o objetivo de, até o final do mandato da presidenta Dilma Rousseff, que esses quase 2,5 milhões de pessoas poderão ser beneficiadas pelo programa Bolsa Família", disse Tereza Campello à Agência Estado.
De acordo com a ministra, há uma grande dificuldade de encontrar as famílias que vivem na condição de extrema pobreza. "Elas não estão no interior, mas sim nas grandes cidades, em pontos tão distantes que não conseguem ter acesso às informações relativas ao programa", destacou.
Segundo o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 22 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família viviam na situação de extrema pobreza. Esse número foi reduzido ao longo dos dois anos do governo Dilma e agora não há família vinculada ao programa que está nesta condição.
"Agora vamos buscar o fim desse problema. Se serão 700 mil, 650 mil ou 600 mil famílias somente o cadastro, o trabalho de campo vai mostrar isso", afirmou a ministra.
Veja também:
segunda-feira, 18 de março de 2013
Retratos do Brasil de hoje (infelizmente) - Percival Puggina
Triste quando o que aparece para postar é sempre negativo, pessimista, desalentador. Mas o que fazer quando essa é a realidade dos nossos tempos, de milhares de pessoas em todo o Brasil, desamparados, não assistidos por nenhuma política social, por nenhuma ação afirmativa, nenhuma cota, nenhum olhar do Estado, já que não somos maioria oprimida, apenas brasileiros normais?
Dois exemplos da vida como ela é, em dois textos recentes do gaúcho Percival Puggina.
Paulo Roberto de Almeida
O SOCIAL E O SOCIETÁRIO NO PETISMO
Percival Puggina
Não sei se já contei isto. Acho que já contei, sim, mas conto de novo porque a situação perdura. Eu havia estacionado em um posto de gasolina e quando me dirigia para o inevitável cafezinho, um rapaz, maltrapilho e maltratado como diria o Chico, aproximou-se de mim, declarando-se com fome, e me pediu um cachorro-quente. A frase - "Estou com fome" - não admite qualquer contestação. "Claro que sim, vem comigo".
Suponhamos que eu parasse naquele posto diariamente e que, também diariamente, o rapaz estivesse ali, reiterando-me seu apelo. Ao cabo de um mês eu teria despendido uma boa quantia com ele sem elevá-lo um centímetro na escala social. Ao contrário, eu o teria degradado à condição de dependente. Agora, ampliemos a cena. No meu lugar, coloque o governo federal, substitua o rapaz com fome por 22 milhões de famílias e o lanche por uma ajuda de custo para completar, em cada núcleo familiar, por pessoa, uma receita mínima de R$ 70 (o governo chama isso de renda...).
O leitor pode estar pensando - "Será que o Percival Puggina prefere que as pessoas passem fome?". Não, claro que não. Eu não sou contra o Bolsa- Família. O Lula é que era contra o Bolsa-Escola, no tempo do FHC. Escrevo motivado pela recentíssima divulgação pela ONU dos novos Índices de Desenvolvimento Humano. Eles situam o Brasil na 85ª posição do ranking mundial, com uma visível estagnação nos últimos anos. Como é possível? Com 22 milhões de famílias recebendo do governo um complemento de "renda" mensal?
Pois essa é a consequência do problema que muitos, entre os quais eu mesmo, já cansaram de advertir. O Bolsa-Família é um programa necessário, sim. FHC, aliás, já o havia instituído com o nome de Bolsa-Escola, sob severas críticas de Lula e do PT. É um programa que cria dependência em proporções que tornam desnecessário prová-la. Mas, isoladamente, nada faz que se possa denominar promoção social ou desenvolvimento humano. Em nada contribui para que as famílias em situação de miséria disponham, um dia, das condições necessárias para cuidar bem de si mesmas. Esse "cuidar bem de si mesmos" é o que fazem as pessoas nos países situados no topo da tabela da ONU. Na maior parte desses casos, não é o Estado que cuida bem das pessoas, mas as pessoas que têm habilitações que lhes permitem uma renda suficiente para fazê-lo.
A pergunta que dirijo ao PT, ao seu parceiro PMDB, e aos demais membros dessa organização societária estabelecida no Brasil, é esta: - Quando é que vocês vão levar a sério o problema da Educação? Os indicadores sociais já mostram que estamos praticamente estagnados! Menos gente passa fome no Brasil e isso é muito bom. Mas cai nos ombros dos senhores, após uma década no poder, o peso dos anos perdidos e o desastre social que os números estão a apontar.
Reconheço que o PT descobriu o Brasil em 2003. Reconheço que, assim como Cabral cravou uma cruz nas areias de Porto Seguro, Lula plantou uma estrela vermelha nos jardins do Palácio da Alvorada. Reconheço, também, que o PT realizou isso após haver inventado a roda, a roldana, o avião e a suíte presidencial a bordo do avião. Mas o fato é que nos setores fundamentais do bem estar social - Educação, Saúde e Segurança as coisas vão de mal a pior. A síndrome da dependência em que se afundou parcela significativa da população brasileira tornou-se elemento fundamental da organização societária que (vou usar um neologismo que a esquerda adora) se empoderou no Brasil.
_____________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
===============
AS INSTITUIÇÕES TITUBEIAM!
Percival Puggina
Foi assim. Saíramos para jantar, minha mulher e eu. Íamos, no carro dela, para um restaurante localizado em rua calma de Porto Alegre. Procurando onde estacionar, subimos a via até encontrar vaga. Dali, caminhamos no sentido inverso, rumo ao restaurante. Minha mulher seguia alguns passos adiante. Subitamente, um rapaz com o rosto semi-encoberto materializou-se ao meu lado. Surpreso com a aparição, esbocei um sorriso que pretendia significar - "Brincadeira sem graça, moço!". Creio que ele interpretou minha atitude como desrespeitosa e, por isso, retrucou ao meu sorriso com cara de poucos amigos. Cenho cerrado, baixou os olhos na direção da arma que apontava. Só nesse momento, acompanhando o olhar dele, vi a pistola e entendi o que estava acontecendo. Pediu-me a chave do carro, no que foi prontamente atendido, e a carteira, que acabei negociando pelo dinheiro que levava no bolso. Alguns metros adiante, um parceiro pedira para minha mulher que retornasse ao ponto onde eu estava sendo depenado. Em poucos segundos concretizou-se a operação.
***
Muito já escrevi a respeito da ideologia que, escarrapachada nas fofas e seguras instâncias do Estado e do governo, dá causa à proliferação da criminalidade em nosso país. Tenho mostrado a tolerância das leis penais, clamado pela construção de mais e mais presídios, e reprovado as misericordiosas progressões de regime que desembocam num prematuro e fervilhante semiaberto. Tudo absolutamente em vão, claro. Emitia esses clamores motivado pelo relato de experiências alheias, muitas das quais bem mais aterrorizantes do que a minha. Aliás, a bem da verdade, o assalto que sofremos foi sem resistência nem insistência. Vapt-vupt. Eles queriam o carro e nós que sumissem dali tão depressa quanto possível. Com o ocorrido, entrei para as estatísticas. Tive meu choque de realidade. Sou recente vítima de uma ideologia que estimula a criminalidade, de uma legislação que protege o bandido e deixa a vítima ao desabrigo, e de uma política de direitos humanos "politicamente correta", perante a qual eu sou o malfeitor e o bandido é o justiceiro revolucionário. Aliás, essa é a tese do líder do PCC, o bandido Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, que se for objeto de dissertação em muitos cursos de Direito do país garante título de mestrado com louvor. Escrita com palavras santimoniosas, a mesma tese já inspirou pelo menos uma Campanha da Fraternidade.
Aqui no Rio Grande do Sul, durante o governo do petista Olívio Dutra, o Secretário de Justiça, desembargador aposentado João Paulo Bisol, diante de clamores sociais ante o vertiginoso crescimento da bandidagem, observou que também ele, secretário, se estivesse sem dinheiro, com filho doente precisando de remédios, não hesitaria em assaltar uma farmácia. Passaram-se mais de dez anos e até hoje só vi farmácias assaltadas pelo dinheiro do caixa. Nenhuma por comprimidos de antibiótico. Assim, passando a mão por cima, com plena vigência do desconcertante binômio "a polícia prende com razões para prender e a justiça solta com razões para soltar", tornamo-nos um país onde o crime é rentável, compensa e os bandidos passeiam em liberdade.
Horas após o fato descrito acima, relatei-o sucintamente no facebook. Em pouco tempo, mais de uma centena de mensagens se seguiram, descrevendo experiências semelhantes ou piores. Um bom número dessas vítimas, dispersas pelo Brasil, contavam terem sido assaltadas várias vezes (o recordista menciona 18 ocorrências). Pois bem, o silencioso ataque a um casal, a caminho do restaurante, numa rua tranquila de Porto Alegre, tem a ver com todos esses relatos e estes tem a ver com o surto de violência em Santa Catarina. Quando o Congresso decide fazer alguma coisa a esse respeito, como, por exemplo, retirando o direito a progressão de regime para quem comete crime hediondo, o STF declara a lei inconstitucional. Esgota-se a paciência dos brasileiros. Infames linchamentos, que vez por outra ocorrem em regiões diferentes do país, decorrem, em boa parte, da descrença social nas instituições do aparelho estatal voltadas para a proteção dos cidadãos. O crime, organizado ou desorganizado, declarou guerra à sociedade e é inequívoco: as instituições titubeiam!
______________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e Pombas e Gaviões.
Dois exemplos da vida como ela é, em dois textos recentes do gaúcho Percival Puggina.
Paulo Roberto de Almeida
O SOCIAL E O SOCIETÁRIO NO PETISMO
Percival Puggina
Não sei se já contei isto. Acho que já contei, sim, mas conto de novo porque a situação perdura. Eu havia estacionado em um posto de gasolina e quando me dirigia para o inevitável cafezinho, um rapaz, maltrapilho e maltratado como diria o Chico, aproximou-se de mim, declarando-se com fome, e me pediu um cachorro-quente. A frase - "Estou com fome" - não admite qualquer contestação. "Claro que sim, vem comigo".
Suponhamos que eu parasse naquele posto diariamente e que, também diariamente, o rapaz estivesse ali, reiterando-me seu apelo. Ao cabo de um mês eu teria despendido uma boa quantia com ele sem elevá-lo um centímetro na escala social. Ao contrário, eu o teria degradado à condição de dependente. Agora, ampliemos a cena. No meu lugar, coloque o governo federal, substitua o rapaz com fome por 22 milhões de famílias e o lanche por uma ajuda de custo para completar, em cada núcleo familiar, por pessoa, uma receita mínima de R$ 70 (o governo chama isso de renda...).
O leitor pode estar pensando - "Será que o Percival Puggina prefere que as pessoas passem fome?". Não, claro que não. Eu não sou contra o Bolsa- Família. O Lula é que era contra o Bolsa-Escola, no tempo do FHC. Escrevo motivado pela recentíssima divulgação pela ONU dos novos Índices de Desenvolvimento Humano. Eles situam o Brasil na 85ª posição do ranking mundial, com uma visível estagnação nos últimos anos. Como é possível? Com 22 milhões de famílias recebendo do governo um complemento de "renda" mensal?
Pois essa é a consequência do problema que muitos, entre os quais eu mesmo, já cansaram de advertir. O Bolsa-Família é um programa necessário, sim. FHC, aliás, já o havia instituído com o nome de Bolsa-Escola, sob severas críticas de Lula e do PT. É um programa que cria dependência em proporções que tornam desnecessário prová-la. Mas, isoladamente, nada faz que se possa denominar promoção social ou desenvolvimento humano. Em nada contribui para que as famílias em situação de miséria disponham, um dia, das condições necessárias para cuidar bem de si mesmas. Esse "cuidar bem de si mesmos" é o que fazem as pessoas nos países situados no topo da tabela da ONU. Na maior parte desses casos, não é o Estado que cuida bem das pessoas, mas as pessoas que têm habilitações que lhes permitem uma renda suficiente para fazê-lo.
A pergunta que dirijo ao PT, ao seu parceiro PMDB, e aos demais membros dessa organização societária estabelecida no Brasil, é esta: - Quando é que vocês vão levar a sério o problema da Educação? Os indicadores sociais já mostram que estamos praticamente estagnados! Menos gente passa fome no Brasil e isso é muito bom. Mas cai nos ombros dos senhores, após uma década no poder, o peso dos anos perdidos e o desastre social que os números estão a apontar.
Reconheço que o PT descobriu o Brasil em 2003. Reconheço que, assim como Cabral cravou uma cruz nas areias de Porto Seguro, Lula plantou uma estrela vermelha nos jardins do Palácio da Alvorada. Reconheço, também, que o PT realizou isso após haver inventado a roda, a roldana, o avião e a suíte presidencial a bordo do avião. Mas o fato é que nos setores fundamentais do bem estar social - Educação, Saúde e Segurança as coisas vão de mal a pior. A síndrome da dependência em que se afundou parcela significativa da população brasileira tornou-se elemento fundamental da organização societária que (vou usar um neologismo que a esquerda adora) se empoderou no Brasil.
_____________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
===============
AS INSTITUIÇÕES TITUBEIAM!
Percival Puggina
Foi assim. Saíramos para jantar, minha mulher e eu. Íamos, no carro dela, para um restaurante localizado em rua calma de Porto Alegre. Procurando onde estacionar, subimos a via até encontrar vaga. Dali, caminhamos no sentido inverso, rumo ao restaurante. Minha mulher seguia alguns passos adiante. Subitamente, um rapaz com o rosto semi-encoberto materializou-se ao meu lado. Surpreso com a aparição, esbocei um sorriso que pretendia significar - "Brincadeira sem graça, moço!". Creio que ele interpretou minha atitude como desrespeitosa e, por isso, retrucou ao meu sorriso com cara de poucos amigos. Cenho cerrado, baixou os olhos na direção da arma que apontava. Só nesse momento, acompanhando o olhar dele, vi a pistola e entendi o que estava acontecendo. Pediu-me a chave do carro, no que foi prontamente atendido, e a carteira, que acabei negociando pelo dinheiro que levava no bolso. Alguns metros adiante, um parceiro pedira para minha mulher que retornasse ao ponto onde eu estava sendo depenado. Em poucos segundos concretizou-se a operação.
***
Muito já escrevi a respeito da ideologia que, escarrapachada nas fofas e seguras instâncias do Estado e do governo, dá causa à proliferação da criminalidade em nosso país. Tenho mostrado a tolerância das leis penais, clamado pela construção de mais e mais presídios, e reprovado as misericordiosas progressões de regime que desembocam num prematuro e fervilhante semiaberto. Tudo absolutamente em vão, claro. Emitia esses clamores motivado pelo relato de experiências alheias, muitas das quais bem mais aterrorizantes do que a minha. Aliás, a bem da verdade, o assalto que sofremos foi sem resistência nem insistência. Vapt-vupt. Eles queriam o carro e nós que sumissem dali tão depressa quanto possível. Com o ocorrido, entrei para as estatísticas. Tive meu choque de realidade. Sou recente vítima de uma ideologia que estimula a criminalidade, de uma legislação que protege o bandido e deixa a vítima ao desabrigo, e de uma política de direitos humanos "politicamente correta", perante a qual eu sou o malfeitor e o bandido é o justiceiro revolucionário. Aliás, essa é a tese do líder do PCC, o bandido Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, que se for objeto de dissertação em muitos cursos de Direito do país garante título de mestrado com louvor. Escrita com palavras santimoniosas, a mesma tese já inspirou pelo menos uma Campanha da Fraternidade.
Aqui no Rio Grande do Sul, durante o governo do petista Olívio Dutra, o Secretário de Justiça, desembargador aposentado João Paulo Bisol, diante de clamores sociais ante o vertiginoso crescimento da bandidagem, observou que também ele, secretário, se estivesse sem dinheiro, com filho doente precisando de remédios, não hesitaria em assaltar uma farmácia. Passaram-se mais de dez anos e até hoje só vi farmácias assaltadas pelo dinheiro do caixa. Nenhuma por comprimidos de antibiótico. Assim, passando a mão por cima, com plena vigência do desconcertante binômio "a polícia prende com razões para prender e a justiça solta com razões para soltar", tornamo-nos um país onde o crime é rentável, compensa e os bandidos passeiam em liberdade.
Horas após o fato descrito acima, relatei-o sucintamente no facebook. Em pouco tempo, mais de uma centena de mensagens se seguiram, descrevendo experiências semelhantes ou piores. Um bom número dessas vítimas, dispersas pelo Brasil, contavam terem sido assaltadas várias vezes (o recordista menciona 18 ocorrências). Pois bem, o silencioso ataque a um casal, a caminho do restaurante, numa rua tranquila de Porto Alegre, tem a ver com todos esses relatos e estes tem a ver com o surto de violência em Santa Catarina. Quando o Congresso decide fazer alguma coisa a esse respeito, como, por exemplo, retirando o direito a progressão de regime para quem comete crime hediondo, o STF declara a lei inconstitucional. Esgota-se a paciência dos brasileiros. Infames linchamentos, que vez por outra ocorrem em regiões diferentes do país, decorrem, em boa parte, da descrença social nas instituições do aparelho estatal voltadas para a proteção dos cidadãos. O crime, organizado ou desorganizado, declarou guerra à sociedade e é inequívoco: as instituições titubeiam!
______________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e Pombas e Gaviões.
Devagar com o andor (da perfuracao) que o pre-sal e' de barro...
Esta poderia ser a lição deste técnico do Banco Mundial, sobre a exploração e aproveitamento razoável, ponderado, das riquezas do pré-sal, ou seja, totalmente o contrário do espetáculo de cobiça desmedida, de rentismo desenfreado, de oportunismo explícito, de populismo mais deslavado com as supostas riquezas fabulosas desses recursos enterrados sete mil metros abaixo do nível do mar, e que exigirão centenas de bilhões de dólares para sua extração.
Comecemos pelo fato de que se o barril do petróleo baixar para menos de 80 dólares, melhor esquecer as jazidas do pré-sal, que certamente custarão mais do que isso para sua comercialização.
O governo Lula cometeu um ato criminoso, ao mudar a legislação aplicável, criar mais uma estatal e despertar o furor rentista de políticos e governadores, criando essa confusão a que assistimos hoje.
Visto em perspectiva, se tratou da pior decisão, ever, de seu governo, pior que todas as outras c......s que ele cometeu, sobretudo na educação, na indústria, no assistencialismo barato e demagógico.
Vamos pagar um preço por essa maldição do petróleo que ele criou.
Paulo Roberto de Almeida
Comecemos pelo fato de que se o barril do petróleo baixar para menos de 80 dólares, melhor esquecer as jazidas do pré-sal, que certamente custarão mais do que isso para sua comercialização.
O governo Lula cometeu um ato criminoso, ao mudar a legislação aplicável, criar mais uma estatal e despertar o furor rentista de políticos e governadores, criando essa confusão a que assistimos hoje.
Visto em perspectiva, se tratou da pior decisão, ever, de seu governo, pior que todas as outras c......s que ele cometeu, sobretudo na educação, na indústria, no assistencialismo barato e demagógico.
Vamos pagar um preço por essa maldição do petróleo que ele criou.
Paulo Roberto de Almeida
Notes From the Field: Managing Oil Wealth in Brazil
World Bank blogs, Submitted by Amir Fouad on Tue, 2013-03-12 10:21
About "Notes From the Field": With this
occasional feature, we let World Bank professionals who are conducting
interesting trade-related projects around the globe explain some of
the challenges and triumphs of their day-to-day work.
The
interview below is with Pablo Fajnzylber, who recently became sector
Manager for the Poverty Reduction and Economic Management (PREM) network
in East Africa. The interview took place while Mr. Fajnzylber was Lead
Economist and Sector Leader for PREM in Brazil. Prior to that, he worked
at the Chief Economist’s Office for the Latin America and Caribbean
region, the Finance and Private Sector Development Department for the
same region and the Bank’s Development Economics Research Group. Mr.
Fajnzylber has published extensively on a variety of development topics,
including various books and articles in professional journals on issues
related to growth, international trade, informality, crime, workers’
remittances, private sector development and climate change.
The Trade Post: What is your background?
Mr. Fajnzylber: I am an applied economist. I have done research on a variety of development topics including economic growth, the economic causes of violent crime, the links between trade openness and labor demand, micro-enterprise dynamics and the development impact of workers remittances.
The Trade Post: Please describe your current role in the World Bank (your overall responsibilities, in terms of countries and sectors).
Mr. Fajnzylber: I am currently the Lead Economist and Sector Leader for the Poverty Reduction and Economic Management (PREM) network in Brazil.
The Trade Post: Could you describe a trade project that you are working on that is exciting or that has had some interesting results?
Mr. Fajnzylber: I have just concluded a study, together with Daniel Lederman, in which we reviewed existing and new evidence on key challenges and opportunities brought about by Brazil’s discovery of significant “Pre-Salt” oil reserves off its coast. The study reviewed available evidence and long-term projections about the size of these oil reserves, as well as uncertainties related to these projections. It also assessed the potential macroeconomic policy and private-sector responses to the expected oil windfalls, including an analysis of potential Dutch Disease effects and distributive impacts associated with the likely appreciation of the equilibrium real exchange rate.
The Trade Post: What are some of the reforms that could come out of this project, and how would they help the countries where you work?
Mr. Fajnzylber: The study showed that it would be optimal for Brazil to save a significant share of the oil windfall, not only with the objective of reducing the volatility of the economy around oil-price fluctuations, but also to help ensure inter-generational equity, fund pro-diversification investments, help smooth the consumption of poor households during economic downturns, and prevent sudden exchange appreciations in the short run. The project also showed that the oil windfall creates an additional motivation for redoubling efforts to improve public investment management and ensuring that oil-financed social expenditures are as progressive as Brazil’s social programs. ::
The Trade Post: What kind of resistance are you getting to this type of reform, and how do you try to overcome it?
Mr. Fajnzylber: There is a natural tendency for Brazil to increase public and private consumption and indebtedness ahead of the expected rise in national wealth associated with the new oil discoveries. If, however, the newly generated wealth were to be smaller than anticipated, the country would have to go through a potentially painful adjustment in consumption. To minimize this risk, we recommend that policies be based on the most conservative projections for oil production growth. Similarly, if at least part of the windfall is to be used to finance public or private investments, there may be trade-offs between the quality of those investments and the speed at which they can be implemented. In other words, the project showed that it may be optimal for Brazil to pace the exploitation of the new oil reserves with a view to maximize their potential transformative impact.
The Trade Post: What are the challenges for the future in this arena, and how can the World Bank best respond?
Mr. Fajnzylber: Rapid growth in oil production and exports is likely to increase export concentration and macroeconomic volatility, as well as put pressure on other tradable industries. One of the main challenges in this area is to develop good practices for using natural resource windfalls to enhance the competitiveness of other sectors of the economy, including through more effective education and innovation policies that allow for accelerating knowledge and human capital accumulation beyond the oil and gas industries. The World Bank is well-placed to assist natural-resource-rich countries in addressing these challenges.
The
interview below is with Pablo Fajnzylber, who recently became sector
Manager for the Poverty Reduction and Economic Management (PREM) network
in East Africa. The interview took place while Mr. Fajnzylber was Lead
Economist and Sector Leader for PREM in Brazil. Prior to that, he worked
at the Chief Economist’s Office for the Latin America and Caribbean
region, the Finance and Private Sector Development Department for the
same region and the Bank’s Development Economics Research Group. Mr.
Fajnzylber has published extensively on a variety of development topics,
including various books and articles in professional journals on issues
related to growth, international trade, informality, crime, workers’
remittances, private sector development and climate change.The Trade Post: What is your background?
Mr. Fajnzylber: I am an applied economist. I have done research on a variety of development topics including economic growth, the economic causes of violent crime, the links between trade openness and labor demand, micro-enterprise dynamics and the development impact of workers remittances.
The Trade Post: Please describe your current role in the World Bank (your overall responsibilities, in terms of countries and sectors).
Mr. Fajnzylber: I am currently the Lead Economist and Sector Leader for the Poverty Reduction and Economic Management (PREM) network in Brazil.
The Trade Post: Could you describe a trade project that you are working on that is exciting or that has had some interesting results?
Mr. Fajnzylber: I have just concluded a study, together with Daniel Lederman, in which we reviewed existing and new evidence on key challenges and opportunities brought about by Brazil’s discovery of significant “Pre-Salt” oil reserves off its coast. The study reviewed available evidence and long-term projections about the size of these oil reserves, as well as uncertainties related to these projections. It also assessed the potential macroeconomic policy and private-sector responses to the expected oil windfalls, including an analysis of potential Dutch Disease effects and distributive impacts associated with the likely appreciation of the equilibrium real exchange rate.
The Trade Post: What are some of the reforms that could come out of this project, and how would they help the countries where you work?
Mr. Fajnzylber: The study showed that it would be optimal for Brazil to save a significant share of the oil windfall, not only with the objective of reducing the volatility of the economy around oil-price fluctuations, but also to help ensure inter-generational equity, fund pro-diversification investments, help smooth the consumption of poor households during economic downturns, and prevent sudden exchange appreciations in the short run. The project also showed that the oil windfall creates an additional motivation for redoubling efforts to improve public investment management and ensuring that oil-financed social expenditures are as progressive as Brazil’s social programs. ::
The Trade Post: What kind of resistance are you getting to this type of reform, and how do you try to overcome it?
Mr. Fajnzylber: There is a natural tendency for Brazil to increase public and private consumption and indebtedness ahead of the expected rise in national wealth associated with the new oil discoveries. If, however, the newly generated wealth were to be smaller than anticipated, the country would have to go through a potentially painful adjustment in consumption. To minimize this risk, we recommend that policies be based on the most conservative projections for oil production growth. Similarly, if at least part of the windfall is to be used to finance public or private investments, there may be trade-offs between the quality of those investments and the speed at which they can be implemented. In other words, the project showed that it may be optimal for Brazil to pace the exploitation of the new oil reserves with a view to maximize their potential transformative impact.
The Trade Post: What are the challenges for the future in this arena, and how can the World Bank best respond?
Mr. Fajnzylber: Rapid growth in oil production and exports is likely to increase export concentration and macroeconomic volatility, as well as put pressure on other tradable industries. One of the main challenges in this area is to develop good practices for using natural resource windfalls to enhance the competitiveness of other sectors of the economy, including through more effective education and innovation policies that allow for accelerating knowledge and human capital accumulation beyond the oil and gas industries. The World Bank is well-placed to assist natural-resource-rich countries in addressing these challenges.
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