sábado, 20 de abril de 2013

Quadrilheiros e corruptos no limiar da cadeia...

Como cidadão, acredito que a justiça se fez apenas parcialmente: diversos bandidos ficaram incólumes, alguns dos condenados tiveram penas muito brandas e companheiros totalitários continuam a sustentar bandidos e quadrilheiros.
Paulo Roberto de Almeida

ITEM II DA DENÚNCIA. QUADRILHA (ART. 288 DO CÓDIGO PENAL). ASSOCIAÇÃO ESTÁVEL E ORGANIZADA, CUJOS MEMBROS AGIAM COM DIVISÃO DE TAREFAS, VISANDO À PRÁTICA DE VÁRIOS CRIMES. 

O extenso material probatório, sobretudo quando apreciado de forma contextualizada, demonstrou a existência de uma associação estável e organizada, cujos membros agiam com divisão de tarefas, visando à prática de delitos, como crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional, além de lavagem de dinheiro.
Essa associação estável – que atuou do final de 2002 e início de 2003 a junho de 2005, quando os fatos vieram à tona – era dividida em núcleos específicos, cada um colaborando com o todo criminoso, os quais foram denominados pela acusação de (1) núcleo político; (2) núcleo operacional, publicitário ou Marcos Valério; e (3) núcleo financeiro ou banco Rural.
Tendo em vista a divisão de tarefas existente no grupo, cada agente era especialmente incumbido não de todas, mas de determinadas ações e omissões, as quais, no conjunto, eram essenciais para a satisfação dos objetivos ilícitos da associação criminosa.
Condenação de JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA, DELÚBIO SOARES DE CASTRO, JOSÉ GENOÍNO NETO, MARCOS VALÉRIO FERNANDES DE SOUZA, RAMON HOLLERBACH CARDOSO, CRISTIANO DE MELLO PAZ, ROGÉRIO LANZA TOLENTINO, SIMONE REIS LOBO DE VASCONCELOS, KÁTIA RABELLO e JOSÉ ROBERTO SALGADO, pelo crime descrito no art. 288 do Código Penal.


CAPÍTULO III DA DENÚNCIA. SUBITEM III.1. CORRUPÇÃO PASSIVA. CORRUPÇÃO ATIVA. PECULATO. LAVAGEM DE DINHEIRO. AÇÃO PENAL JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.
1. Restou comprovado o pagamento de vantagem indevida ao então Presidente da Câmara dos Deputados, por parte dos sócios da agência de publicidade que, poucos dias depois, viria a ser contratada pelo órgão público presidido pelo agente público corrompido. Vinculação entre o pagamento da vantagem e os atos de ofício de competência do ex-Presidente da Câmara, cuja prática os réus sócios da agência de publicidade pretenderam influenciar.
Condenação do réu JOÃO PAULO CUNHA, pela prática do delito descrito no artigo 317 do Código Penal (corrupção passiva), e dos réus MARCOS VALÉRIO, CRISTIANO PAZ e RAMON HOLLERBACH, pela prática do crime tipificado no artigo 333 do Código Penal (corrupção ativa).


PERDA DO MANDATO ELETIVO. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.  AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES E FUNÇÕES. EXERCÍCIO DA FUNÇÃO JURISDICIONAL. CONDENAÇÃO DOS RÉUS DETENTORES DE MANDATO ELETIVO PELA PRÁTICA DE CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PENA APLICADA NOS TERMOS ESTABELECIDOS NA LEGISLAÇÃO PENAL PERTINENTE.
1. O Supremo Tribunal Federal recebeu do Poder Constituinte originário a competência para processar e julgar os parlamentares federais acusados da prática de infrações penais comuns. Como consequência, é ao Supremo Tribunal Federal que compete a aplicação das penas cominadas em lei, em caso de condenação. A perda do mandato eletivo é uma pena acessória da pena principal (privativa de liberdade ou restritiva de direitos), e deve ser decretada pelo órgão que exerce a função jurisdicional, como um dos efeitos da condenação, quando presentes os requisitos legais para tanto.
(...)

5. No caso, os réus parlamentares foram condenados pela prática, entre outros, de crimes contra a Administração Pública. Conduta juridicamente incompatível com os deveres inerentes ao cargo. Circunstâncias que impõem a perda do mandato como medida adequada, necessária e proporcional.
6. Decretada a suspensão dos direitos políticos de todos os réus, nos termos do art. 15, III, da Constituição Federal. Unânime.
7. Decretada, por maioria, a perda dos mandatos dos réus titulares de mandato eletivo.



Tem muito mais crimes, patifarias, roubalheiras, fraudes, mentiras e outras maldades descritas no Acordão publicado, num verdadeiro festival de bandalheiras por parte da tropa que assaltou o poder no Brasil.
Ver aqui: http://www.stf.jus.br/arquivo/djEletronico/DJE_20130419_074.pdf

Falta ainda o chefe de todos, ele mesmo que vocês já sabem quem é...
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Previdencia ja' quebrou: so' falta juntar os cacos - Ricardo Bergamini

Regime Próprio de Previdência Social da União
Ricardo Bergamini


19/04/2013

Cansado de rebater estudos demonstrando que a previdência social não gera déficit, resolvi montar um modelo que despreza conhecimentos econômicos profundos, ou de alto nível de saber e conhecimento, necessitando apenas de conhecimentos de nível primário ou de primeiro grau.
Vou analisar apenas o regime dos servidores públicos da União, onde existe a maior distorção, e por ser o maior gerador de déficit do sistema.
Todas as premissas utilizadas são com base nos números divulgados pelo Ministério do Planejamento relativos ao ano de 2012.

1) Em dezembro 2012 existiam 1.235.709 servidores federais ativos (civis, militares e intergovernamentais*) que custaram ao Tesouro Nacional o montante de R$ 123,2 bilhões.
2) Em dezembro 2012 existiam 1.015.333 servidores federais inativos (aposentados e pensionistas – civis e reformados, reservas e pensões – militares e intergovenamentais*) que custaram ao Tesouro Nacional o montante de R$ 81,3 bilhões.
3) Com base nos números acima podemos chegar a duas conclusões de nível primário ou de primeiro grau:
3.1) Em dezembro 2012 existia uma relação de 1,22 servidores federais ativos para 1,00 servidores federais inativos. Número obtido dividindo-se 1.235.709 ativos por 1.015.333 inativos. Aí reside a primeira distorção do serviço público federal montando através de várias distorções e privilégios gerados de longa data, podendo citar alguns deles, tais como: aposentadoria precoce dos políticos, e de várias outras atividades e a aberração das pensões para filhas de militares (no ano de 2012 os gastos com pessoal militar foi de 40,82% com ativos e 59,18% com inativos - reserva, reforma e pensão), dentre muitas outras distorções.
3.2) A segunda conclusão primária ou de primeiro grau é a de que a União gastou 65,99% do correspondente aos salários dos servidores federais ativos com o pagamento dos servidores federais inativos. Número obtido dividindo-se os gastos com servidores federais inativos de R$ 81,3 bilhões pelos gastos com servidores federais ativos de R$ 123,2 bilhões.
4) Com base no acima colocado podemos chegar a conclusão, sem masturbação mental ideológica, e de forma incontestável de que a União necessita do correspondente a 65,99% dos gastos com salários dos servidores ativos para pagar os servidores inativos. Como, em média, os servidores federais ativos, inativos e pensionistas contribuem com 11% dos seus salários para o fundo do Regime Próprio de Previdência da União, ficam faltando 54,99% dos gastos correspondentes aos salários dos servidores federais ativos para fechar a conta da orgia pública federal, que são pagos pelo Tesouro Nacional (POVO), quando na verdade a parte patronal (Governo) legal para o fundo do Regime Próprio de Previdência da União seria de apenas 22% dos gastos correspondentes aos salários dos servidores federais ativos, conforme abaixo demonstrado:

Demonstrativo do RPPS da União – Fonte MF – Base: R$ Bilhões
Benefícios Pagos aos Servidores Militares (Reserva, Reforma e Pensão): (23,2)
Benefícios Pagos aos Servidores Civis da União (Aposentadorias e Pensões): (58,1)
Total de Benefícios Pagos aos Servidores Inativos da União: (81,3)
Contribuição Patronal (União): 13,5
Contribuição dos Servidores Civis Ativos da União: 7,1
Contribuição dos Servidores Militares Ativos da União: 2,0
Contribuição dos Servidores Inativos da União: 1,8
Contribuição dos Servidores Pensionistas da União: 0,6
Total de Contribuições Recebidas no RPPS da União: 25,0
Total de Déficit Previdenciário Gerado no RPPS da União: (56,3)

Como acima demonstrado o governo além da parte patronal legal de R$ 13,5 bilhões teve que cobrir o déficit previdenciário de R$ 56,3 bilhões, totalizando gastos de R$ 69,8 bilhões, ou seja: na realidade o governo participou com 56,65% (legal e déficit) dos gastos com pessoal ativo e os servidores (ativos e inativos e pensionistas) com 9,34% dos salários dos ativos para pagamento dos inativos e pensionistas.

*Nota: Intergovernamentais: Ex-Territórios e DF: - Nº de Empregados de outras esferas de Governo pagos com recursos do Ministério da Fazenda.

 Ricardo Bergamini

Assedio moral (e sexual): ainda pendente uma conclusao

Pizzaiolo Patriota retarda punição para o caso de assédio moral em Sidney
Claudio Humberto, 18/04/2013

FONTENELLE RESPONDE À SEGUNDA ACUSAÇÃO DE ASSÉDIO MORAL
Parece ter sido apenas uma manobra para ajudar o assunto a cair no esquecimento o anúncio do ministro Antônio Patriota (Relações Exteriores), há mais de duas semanas, do envio de uma comissão de ética para investigar as graves acusações de assédio moral e até de assédio sexual contra o embaixador Américo Fontenelle, cônsul-geral do Brasil em Sidney (Austrália) e seu adjunto, Cesar Cidade. O Itamaraty já adiou essa providência pelo menos duas vezes, desde que a comissão foi anunciada oficialmente, em 3 de abril. Antes de ser premiado com o posto australiano, Fontenelle também foi alvo da mesma acusação quando chefiou o consulado-geral em Toronto (Canadá), mas o caso acabou em pizza - exatamente como o diplomata afirmou que aconteceria, segundo funcionários, aos gritos, jactando-se de sua ligação ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, mensaleiro condenado a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal.

Assédio foi revelado há dois meses - O chanceler Antonio Patriota anunciou que enviaria a Sidney uma comissão de ética composta de três servidores do Serviço Exterior Brasileiro (um conselheiros e dois administrativos) para promover "diligências complementares" sobre o caso. Enquanto isso, o embaixador Fontenelle passou boa parte de suas férias em Brasília, entre março e abril, circulando com desenvoltura nos principais gabinetes do Itamaraty e em festinhas. O embaixador Roberto Abdalla foi enviado a Sidney, após o escândalo ter sido revelado na coluna Claudio Humberto há mais de dois meses, em 14 de fevereiro. Abdalla foi encarregado de promover "levantamento preliminar", mas os seus desdobramentos são mantidos a sete chaves por ordem do ministro Antônio Patriota, segundo funcionário do seu gabinete.

Sindicato critica desinteresse do MRE - A leniência pode ser tão perigosa quanto o assédio. Em seu site, o Sinditamaray, que representa os servidores da Casa, divulgou em seu site uma nota em que estranha o desinteresse do Ministério das Relações Exteriores (MRE) no assunto: "Iinexistem, até o momento, medidas práticas para apurar os fatos. É de se perguntar: quais os motivos que levam a Instituição a contemporizar a solução de denúncias tão graves que, no caso de Américo Fontenelle, são reincidentes? O que justifica tanto silêncio, tantas manobras diversionistas e protelatórias? Não teria nada a perder quem, no exercício de cargos de chefia, atua com tanto corporativismo? O fato é que a sociedade, os servidores do MRE, em particular, têm expectativa de que esses fatos nunca mais se repitam e, ainda, que os responsáveis, sejam punidos."

Departamento de Escadas e Corredores: a geografia politica peculiar do Itamaraty

O humilhante Departamento de Escadas e Corredores

Por Pedro Luiz Rodrigues
Blog de Claudio Humberto, 18/04/2013

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Nelson Pellegrino (PT-BA), vai pedir esclarecimentos ao Itamaraty sobre matéria que o Correio Braziliense de hoje publica, sob o título “Itamaraty tem pelo menos 17 diplomatas fantasmas”.

Nesse sentido, Pellegrino encaminhará ofício ao Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Antonio Patriota, manifestando o desejo de ouvir depoimento na Comissão do Subsecretário-Geral responsável pela área administrativa (considerando que o Itamaraty está com um recém-empossado Secretário-Geral).

Os nomes desses 17 diplomatas foram apresentados pelo Correio como se responsáveis fossem pela situação - sem dúvida absurda e inaceitável - de receber salários dos cofres públicos sem a correspondente contrapartida em trabalho.

Pellegrino sabe que muitos dos nomes listados pelo Correio não estão - ou não permaneceram por longo tempo - no chamado DEC (Departamento de Escadas e Corredores) por vontade própria dos diplomatas. Para esses funcionários graduados, o estágio prolongado no limbo funcional representa, ao contrário, uma verdadeira humilhação.

Ninguém, no Itamaraty, vai para as Escadas e Corredores pelo prazer de vagar nas sombras. Ficam sem lotação porque a Administração do Itamaraty assim o decide, e ponto final. Não recebem explicações. São simplesmente postos de molho, em alguns casos se eternizando nessa inaceitável situação, onde - atenção TCU - funcionários recebem sem trabalhar.

Períodos curtos de transição entre sair de um cargo e assumir outro são naturais na carreira diplomática, inclusive porque devem ser cumpridas certas imposições constitucionais, como a exigência da sabatina dos futuros embaixadores na Comissão de Relações Internacionais do Senado Federal. Mas outra coisa é a prática sistemática de se escantear funcionários altamente qualificados por razões não muito claras.

No depoimento à Comissão, o representante do Itamaraty poderá tentar explicar, também, por qual razão diplomatas experimentados, em alguns casos embaixadores com notável lista de serviços prestados ao Brasil, ao retornar ao Brasil foram colocados numa sala que se conhecia como “Jurassic Park”, onde ficavam sentados sem definição clara do que fazer. Alguns se rebelaram, outros preferiram antecipar a aposentadoria. Alguns aceitaram postos que, claramente, estão muitos pontos abaixo de sua reconhecida competência.

Não surpreendem, por razões como essa, as críticas que vem o Itamaraty recebendo da sociedade pela condução de nossa política externa nos últimos anos. Não surpreende também que as relações com os países da América do Sul – região fulcral de nossa política externa – estejam submetidas ao crivo de assessor, no Palácio do Planalto.

Além do limbo, outra técnica de manter afastados os diplomatas não-amigos, não-subservientes ou que não compartilham da ideologia no poder, é a do cozimento em banho-maria. A estes prometem um cargo no Brasil, ou um posto no exterior. Depois desprometem, com a maior naturalidade, como se  tivessem tratando com moleques. Mais tarde, dá-se o Vaticano para o amigo graduado, ou Havana ou Genebra para o irmão deste ou aquele.

 Ofereça-se aos integrantes da lista publicada um cargo compatível com sua hierarquia na carreira, no Brasil ou no exterior e, asseguro que nenhum deles continuaria no limbo.

A verdade é que o setor de administração de pessoal do Itamaraty, sob a responsabilidade da Subsecretaria-Geral do Serviço Exterior, já há tempos perdeu o controle da situação.

So' pensa naquilo; o resto que se lixe...

Seu antecessor nunca desceu do palanque, e falava pelo quatro cotovelos, atropelando a gramática propositalmente (para ficar próximo do seu eleitorado, o velho e o novo, que ganhou dos coronéis) e entortando a lógica elementar porque não sabia fazer de outra maneira.
A sucessora ensaiou descer do palanque mas o falastrão obrigou-a a mobilizar os marqueteiros mentirosos e ficar no palanque o tempo todo, atropelando, gramática, sintaxe, estilo e concordâncias verbais, pronominais, de gênero, número e grau, torturando a lógica até se tornar inteligível (aliás, sem sequer se preocupar com lógica, de resto inexistente, por total incapacidade de concatenar sujeito, verbo e complemento), mas parece que é assim que vamos ter de aguentar, sem administração, mas com circo e pão embolorado o tempo todo.
Valha-me Nossa Senhora da Boa Forma (e de todas as outras formas)...
Paulo Roberto de Almeida

Não para em Brasília

18 de abril de 2013 | 2h 10
Editorial O Estado de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff dorme e acorda pensando em reeleição. E passa dias fazendo campanha. Embora tenha um país a administrar, tem dedicado parte considerável de sua agenda dos últimos tempos a eventos eleitoreiros mal disfarçados de compromissos oficiais. Tendo como seu 40.º ministro o marqueteiro João Santana, a presidente não dá um passo com outro objetivo que não seja o de consolidar sua candidatura precocemente oficializada e avançar em redutos de seus possíveis adversários. Os problemas do Brasil - e de todos os brasileiros - que esperem.
Esta semana começou com campanha. Já na segunda-feira, a presidente, que tinha apenas despachos internos em sua programação naquele dia, deixou o Palácio da Alvorada às 10 horas em carro descaracterizado, isto é, sem identificação da Presidência. Foi a um estúdio a 10 quilômetros do Palácio do Planalto, onde ficou mais de uma hora gravando sua participação no programa partidário do PT, cuja íntegra vai ao ar no dia 9 de maio e cujas inserções diárias serão veiculadas a partir do próximo dia 27. Em seguida rumou para Belo Horizonte, onde passou o resto da tarde e o dia seguinte fazendo campanha de palanque, escoltada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Belo Horizonte é o reduto principal de Aécio Neves, pré-candidato tucano à Presidência. O evento era mais um seminário para celebrar os dez anos do PT no governo federal, mas seu objetivo escancarado era confrontar Aécio, que já acusou Dilma, mineira, de ser uma "estrangeira" em Minas. No dia seguinte, a presidente entregou unidades do programa Minha Casa, Minha Vida em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, discursando como se a eleição fosse amanhã.
Já é difícil de dizer onde termina a presidente e onde começa a candidata. Como as condições da economia podem ameaçar uma reeleição que parecia tranquila, apesar da alta popularidade da presidente, Lula apressou-se a antecipar o calendário eleitoral e tirou Dilma do gabinete, colocando-a no palanque. Obediente, a presidente vestiu o figurino populista e saiu a prometer mundos e fundos, inclusive ocupando para isso o horário nobre em cadeia nacional obrigatória de rádio e TV. Nesses pronunciamentos, que mais pareciam comícios, nos quais Dilma tratou de atacar "aqueles que são sempre do contra", a presidente anunciou medidas que tinham o objetivo de reduzir os preços da cesta básica e baratear as contas de luz. "Não descuido um só momento do controle da inflação", bradou a presidente, referindo-se às críticas provocadas pela escalada de preços.
Há já algum tempo que Dilma, carregando seu saco de bondades - que inclui a doação de retroescavadeiras e motoniveladoras para municípios com até 100 mil habitantes -, saiu em périplo por regiões do País onde possíveis candidatos oposicionistas são fortes o bastante para representar dificuldades à sua reeleição. Somente neste ano, mais da metade de suas viagens foi para o Nordeste, onde o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), desponta como estrela ascendente e incômoda.
Apesar de ser da coalizão de Dilma, Campos está construindo sua candidatura com base em críticas ao governo, dizendo que "é possível fazer mais". Além disso, embora o PT tenha avançado na região, seus candidatos foram derrotados em diversas capitais e em cidades importantes na eleição municipal de 2012. Então, tome promessas eleitoreiras: em meio a mais uma grande seca no Nordeste, Dilma anunciou um pacote de R$ 9 bilhões. Não importa que a maior parte desse dinheiro fosse "velha", isto é, que se tratasse de verbas já empenhadas e de benefícios já existentes. O que importa é o impacto do número vistoso, feito sob medida para a propaganda de João Santana.
No segundo semestre, o foco de Dilma deverá ser São Paulo, Estado que é uma obsessão de Lula. O Planalto torce para que, até lá, as medidas cosméticas para estimular a economia tenham surtido algum efeito, ao menos o suficiente para que possa ser convertido em capital eleitoral, graças à prestidigitação marqueteira de um governo que tem tomado suas decisões exclusivamente de olho nas urnas.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Brasil que recua: MEC pede menos formacao de professores (combina...)

Pois é, o MEC se equipara aos que menos sabem, como se sabe, puxando sempre para baixo os requisitos de qualidade. Combina com quem comanda, que teve de encomendar um doutorado que não existia.
Agora querem implementar o padrão medíocre para todos os brasileiros...
Combina...
Paulo Roberto de Almeida

Lei tira exigência de pós-graduação para novos professores de federais
Fabio Takahashi
Folha de S.Paulo, 18/04/2013

Uma lei de iniciativa do governo federal que entrou em vigor no mês passado determinou que as universidades federais não podem mais exigir nos concursos para professor os títulos de mestre ou doutor dos candidatos. Na prática, quem só tiver diploma de graduação pode agora disputar todas as vagas abertas nas universidades. Até então, esses candidatos eram aceitos como exceção.

Após ser procurado pela Folha, o governo afirmou ontem que pretende alterar novamente a regra, para que as instituições possam voltar a exigir diploma de pós-graduação, como condição primordial para a inscrição. O governo ainda não sabe, porém, se mandará um projeto de lei ao Congresso ou se editará medida provisória. Dirigentes de universidades disseram à Folha que o Executivo não tinha a intenção de proibir a exigência de mestrado ou doutorado. Houve um erro no projeto, segundo eles, só percebido quando as universidades consultaram suas áreas jurídicas para abrir os concursos.

A mudança, porém, já trouxe resultados práticos. A Federal de Santa Catarina, por exemplo, está selecionando 200 professores com diploma de graduação (inicialmente, exigia doutorado). Na Federal de Pernambuco, os departamentos de física e de química decidiram suspender os processos por discordar da nova regra.

Dolce far niente dos diplomatas ou incongruencias do Itamaraty?

Diplomatas ganham salário sem dar expediente no Palácio do Itamaraty Ao menos 17 servidores de carreira recebem normalmente sem nem sequer aparecer no Itamaraty para trabalhar, mesmo com domicílio em Brasília. Em alguns casos, anomalia se arrasta há anos

João Valadares
Correio Braziliense, 18/04/2013

O Ministério das Relações Exteriores argumenta que os embaixadores sem lotação representam 'uma espécie de estoque' para missões internacionais (Carlos Vieira/CB/DA Press)
O Ministério das Relações Exteriores argumenta que os embaixadores sem lotação representam "uma espécie de estoque" para missões internacionais

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) abriga em sua estrutura uma categoria de pelos menos 17 diplomatas que recebem altos salários, mas não dão expediente. São três embaixadores, cinco ministros de segunda classe, oito conselheiros e uma primeira-secretária que ganham salário médio de R$ 20 mil e, no entanto, não têm lotação. Por mês, a pasta gasta, sem contar benefícios indiretos, aproximadamente R$ 326 mil. Todos têm passaporte diplomático e alguns deles até apartamentos funcionais em áreas nobres de Brasília. Muitos dos chamados "encostados do Itamaraty" não põem os pés no MRE há anos.

O caso do ministro de segunda classe Mario Grieco chama a atenção. Ele recebe salário de R$ 20.729,81, mas não trabalha desde 2006. O mais grave: apenas em julho do ano passado, o MRE descobriu o caso, e só em agosto de 2012 fez um memorando sugerindo uma lotação. No entanto, segundo o próprio Itamaraty, ainda não há definição. Até lá, o funcionário segue sem local de trabalho. Na lista, há três embaixadores. Carlos Eduardo Sette Câmara, com salário de R$ 21.447, não tem lotação. Em 2011, realizou apenas uma missão. Em 2012, outra. E só. Desde novembro do ano passado, não precisa ir ao ministério. A justificativa oficial do Itamaraty é que ele aguarda sabatina do Senado para ser nomeado embaixador em Nassau, nas Bahamas.

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O embaixador Eduardo Botelho Barbosa recebe R$ 19.420, mas não trabalha desde janeiro. Ele também aguarda sabatina do Senado para ser nomeado embaixador em Argel. Também não há data específica para a nomeação. Outro colega, Carlos Augusto Rêgo Santos Neves, atuou em Moscou, Londres e Porto, e hoje está em processo para se aposentar. Mas até chegar esse dia, ele pode ficar em casa sem receber nenhum tipo de sanção por não trabalhar.


 

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...