quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Brasil-OCDE: os bloqueios - Vicente Nunes (CB)



Expectativa grande com vinda de técnicos da OCDE ao Brasil

Correio Braziliense, Economia

ROSANA HESSEL

A partir de novembro, vários técnicos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estarão a caminho do Brasil para levantamentos de dados dos relatórios anuais. Uma das missões confirmadas para o mês que vem é a que trabalha no combate à corrupção, uma vez que a entidade tem demonstrado preocupação com a piora do país nesse tema. As datas ainda não foram definidas, segundo a assessoria do órgão, mas a expectativa é grande dentro e fora do governo com a visita. 

“Temos muitas pessoas trabalhando nas missões ao Brasil. Estamos, por exemplo, negociando nas próximas semanas ou meses como parte de pesquisas e reuniões para o futuro da economia brasileira, sobre o progresso do país na transformação digital e no setor de telecomunicações e transmissões”, destacou a nota da OCDE. 
O processo de adesão do Brasil na OCDE, iniciado em 2017, promete ser longo, uma vez que redução da corrupção é uma das medidas que o Brasil precisa cumprir para ser aceito como membro da organização composta atualmente por 36 países, e está andando para trás. 
Os Estados Unidos, por exemplo, não incluíram o país na lista apoiada pela Casa Branca neste ano, mas demonstraram apoio ao Brasil no processo de adesão. Apenas Argentina, que passa por uma crise financeira grave, e Romênia, foram indicados pelos norte-americanos, para a frustração da equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes, que esperava “furar a fila”. No momento, existem seis países em processo de adesão da entidade considerada o clube dos países ricos.  Para receber o apoio dos EUA, o governo brasileiro concordou em abrir mão do status especial de país em desenvolvimento na Organização Mundial de Comércio (OMC), exigência que Washington não impôs a outros emergentes, como México.
O cientista político norte-americano David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), também demonstra preocupação com o que os técnicos da OCDE vão encontrar quando chegarem. Para ele, haverá um retrocesso no combate à corrupção com a Lei do Abuso de Autoridade e a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Antonio Dias Toffoli, interromper as investigações e processos criminais com base em informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização judicial. 
“A lei do abuso não deixa mais ninguém investigar nada”, criticou o acadêmico, lembrando que a imagem do país lá fora tem piorado com o novo governo, principalmente, devido ao “sucateamento” do Ministério das Relações Exteriores, comando por Ernesto Araújo. “O serviço diplomático foi sucateado duramente e isso tem piorado a imagem do país lá fora. Antigamente, os outros países elogiavam a competência dos representantes nas articulações nas embaixadas e nos órgãos internacionais, como ONU (Organização das Nações Unidas) e OEA (Organização dos Estados Americanos)”, lamentou Fleischer.
Aproveitando a vinda dos técnicos da OCDE, Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou um requerimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) para que o colegiado receba os representantes da OCDE em audiência pública. “A comissão da OCDE sugere que a capacidade de investigação nos casos referidos está seriamente ameaçada. O atual governo elegeu-se prometendo combater a corrupção. Retrocesso nesta área será comprometedor tanto interna quanto externamente”, destacou o senador, conforme informações da Agência Senado nesta quarta-feira (24/10). 
Vale lembrar que, recentemente, a Transparência Internacional no Brasil divulgou um estudo apontando aumento na percepção de que o combate à corrupção no país está diminuindo, corroborando com o aumento das preocupações da OCDE.

Governo Bolsonaro: a hipocrisia como política externa - Jamil Chade

A hipocrisia como política externa

Numa política externa dogmática, uma ditadura de esquerda é uma ditadura de esquerda. Já uma ditadura de direita é um aliado e um parceiro comercial

Jamil Chade -

A coerência de um líder é, provavelmente, uma de suas maiores virtudes para conquistar credibilidade internacional e respeito. Questionar uma ideologia, sempre que dentro da lei, é legítimo. Preferir um certo caminho econômico, desde que não retire direito fundamentais de seus cidadão, é sempre uma opção.

O que não é uma opção é a hipocrisia. Desde que assumiu o Governo, Jair Bolsonaro colocou Nicolas Maduro e Havana como seus maiores inimigos no hemisfério. Para questionar e tirar qualquer tipo de legitimidade do Governo de Caracas, ele e seu chanceler, Ernesto Araújo, fizeram questão de denunciar o caráter autoritário do regime venezuelano.

Cuba é também uma obsessão do atual Coverno. Com pouca relevância hoje no mundo, a ilha caribenha mereceu espaço nobre no discurso do presidente na Assembleia Geral da ONU. Poucos dias depois, de próprio punho, Araújo mandou instruções a seus diplomatas para que usassem uma reunião das Nações Unidas para atacar Havana. Uma embaixadora chegou a alertar que aquele ataque era desnecessário. Mas ordens são ordens.

Brasília está errada em denunciar as violações em Cuba e Venezuela? Não necessariamente. A própria ONU, desprezada por Bolsonaro, acusa o governo de Maduro de ter montado uma verdadeira máquina de repressão. Antes mesmo da intensificação da crise, a cúpula das Nações Unidas já alertava para o fato de que a democracia estava ameaçada em Caracas.

Mas o problema é quando se opta por chamar Maduro de ditador e os cubanos de ameaça, enquanto fecha-se os olhos para afirmar, com orgulho, que temos “afinidades” com um príncipe saudita acusado das piores atrocidades.

Ao desembarcar num dos regimes mais repressores do mundo, a Arábia Saudita, o chanceler publicou comentários nas redes sociais contra o novo governo argentino. Um dos argumentos de seu ataque era de que Alberto Fernandez estaria apoiando ditaduras.

Riad e sua opressão contra a liberdade de imprensa pareciam não constranger os membros do Governo brasileiro. Tampouco parecia ser um problema o papel secundário que se dá à mulher. Ápice da falta de coerência foi ainda o comentário do presidente de que as mulheres desejariam passar uma tarde como o príncipe saudita, como ele fez.

Em junho, estive com Hatice Cengiz, a noiva de Jamal Khashoggi, jornalista saudita morto dentro de um consulado saudita. Ela apelava para que Bolsonaro cobrasse o príncipe Mohamed Bin Salmam pela morte do crítico ao regime. Os elogios do brasileiro ao herdeiro do trono soaram com um solene ato de chancela e um recado: esse assunto não nos incomoda.

Tudo tinha um preço. Ao final do encontro, o Governo anunciou investimentos de 10 bilhões de dólares por parte dos sauditas no Brasil. O silêncio cúmplice sobre mortes, abusos e golpes sobre a dignidade compensavam. Se a oposição simplesmente não tem o direito de existir, talvez essa conversa fique para uma outra ocasião.

Essa não foi a única vez em que o Governo Bolsonaro traçou uma linha para diferenciar entre ditaduras. Há poucas semanas, num comunicado, Brasília criticou o fato de o governo Maduro ter sido eleito para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas mandou parabenizar regimes como o da Mauritânia, Sudão e outros, também eleitos.

Agora, a turnê de Bolsonaro pelo Oriente Médio reforça necessidade de esclarecimentos urgentes. Para além de suas afinidades com um príncipe acusado de repressão, Bolsonaro precisa explicar o que entende exatamente por “democracia” ou “ditadura”.

Sem uma explicação, temos duas hipóteses.

Na melhor delas, sabemos que somos governados por hipócritas. Um aliado de Donald Trump que seja uma ditadura é um amigo. Uma ditadura que seja adversária da Casa Branca é um governo ilegítimo e que merece nosso desprezo. Numa política externa dogmática, uma ditadura de esquerda é uma ditadura de esquerda. Já uma ditadura de direita é um aliado e um parceiro comercial.

Na pior das hipóteses, porém, o temor é de que tenhamos um chefe-de-estado que considere que, em algumas situações, abolir o estado de direito, os direitos humanos e a democracia sejam atos legítimos.

Numa política externa que supostamente defende valores democráticos e de liberdades individuais, o comportamento do Governo na Arábia Saudita é a comprovação de que a diplomacia nacional é guiada pela hipocrisia típica das ideologias. Hipocrisia essa, porém, incapaz de abafar o insuportável grito das vítimas e de uma dor que não conhece ideologia.

Jamil Chade é correspondente na Europa desde 2000, mestre em relações internacionais pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra e autor do romance O Caminho de Abraão (Planeta) e outros cinco livros.

As promessas quebradas de JB - Deutsche Welle

Bolsonaro's broken promises
One year ago, right-wing populist Jair Bolsonaro was elected Brazil's president. But he has failed to fulfil many of the promises that helped bring him to power.
DeutscheWelle, 29/10/2019

"Our country became incredibly polarized in October 2018," says Brazilian political scientist Jairo Nicolau of Rio de Janeiro's Fundacao Getulio Vargas (FGV) university. "Families would fight over politics." But he now has the impression that things have calmed down somewhat. Sociologist Demetrio Magnoli tells DW that while debate "on social media is still pretty heated," in society at large, "tensions have abated somewhat and social polarization has declined as well, in step with [President Jair] Bolsonaro's popularity ratings."
According to the latest figures from Brazilian pollster Ibope, Bolsonaro's approval ratings have dropped from 49% when he took office in January to 31% in September. About a third of respondents said they were disappointed with the president's record so far – up from just 11% in January. Magnoli describes the loss as "dramatic." But the president counters this trend with ever more biting comments on social networks: "The government ramps up its rhetoric the more it loses in popularity," Magnoli says. "That is not a particularly good strategy." 

A weak president

Magnoli says the Brazilian government has achieved very little. The executive appears surprisingly feeble. After all, it was Congress and not Bolsonaro's government that came up with the recently passed pension reform. Magnoli says the government isn't driving economic policy-making either. He says that the parliament will probably devise the next economic reforms as well — even though, technically speaking, the Brazilian president holds a uniquely powerful position in the country. Magnoli, therefore, believes that "today we no longer have a presidential system but a semiparliamentary one."  
Bolsonaro is almost powerless against the parliament's strength. During the election campaign, he pledged to rid state schools of ideologies, make abortion laws stricter and allow all citizens to buy guns. Minorities, in particular, were scared of losing their rights. But very little has come of this, as parliament has blocked most of the president's plan

Brazil's left-wing opposition remains paralyzed

But during this time, Brazil's opposition has not been particularly strong. Philosopher Vladimir Safatle says the "political left has collapsed, which is unprecedented in the history of Brazil." He says the reason for this is that they never managed to get over their electoral defeat and have been unable to make a fresh start.
Between 2003 and 2016, Brazil had been governed by the left-wing Workers' Party (PT) — longer than any party in the country's history. But when protests broke out in 2013, the PT lacked an adequate response to them. It was blamed for the economic crisis, and found itself mired in corruption scandals. In 2016, it was voted out of power. But the party never conducted a post-mortem, says Safatle: "They love to tell everyone they failed because of their virtues, not because of their mistakes." But, he says, Brazilian ex-President Luiz Inacio Lula da Silva — or Lula for short — had created a power structure replete with internal contradictions that ultimately led to its implosion. Safatle says "the political left has since then struggled to formulate a new agenda."
The opposition's paralysis means Bolsonaro can keep governing, even though his popularity is waning. "Bolsonaro is supported by only 30% of the population, a minority," Safatle says. "But it is better to have the backing of a small organized group than that of a large,
Bolsonaro had promised the Brazilian people a conservative revolution. In Safatle's view, it was one that would "turn the clocks back 100 years in Brazil, which would have catastrophic consequences, among other things for environmental policies." He says the Bolsonaro government has refused to draw lessons from the recent ecological catastrophes, such as the mass deforestation of the rain forest, the hugely destructive Amazon fires and the oil spill in the country's north. 
Safatle says that Bolsonaro is also creating a social order that will lead to "further income concentration." He says that these are the kinds of policies that are causing Chile's current unrest. "And they will also lead to a real explosion here, though it will take longer for this to happen," he predicts. He also points out that Bolsonaro has cultivated an "extremely authoritarian and militant atmosphere," something that manifests itself in growing police brutality, among other things.

What's next for Brazil?

So, what will Brazil's future look like? Magnoli believes that if ex-President .Lula is released from jail sometime soon, this could "shake up Brazil's political landscape." But he thinks "Lula's release could even ironically play into the government's hands, as Bolsonaro's support derives largely from people's rejection of Lula and the PT".
But political scientist Jairo Nicolau is certain that the Brazilian people will grow more accepting of the PT, in part because of revelations indicating that the trial against Lula was possibly manipulated, but also because Bolsonaro has so far delivered little of what he promised before taking office. Nicolau explains that "people wanted a change, but when that change does not materialize, people may reconsider; Lula will probably be seen in a more positive light today than he was a year ago."
For this reason, sociologist Magnoli gives a mixed assessment one year after Bolsonaro's election: "There is certainly hope that Brazil's economy will get back on track — but the government may also continue to grow more and more unpopular."

PS: Com meus agradecimentos ao Pedro Luiz Rodrigues pela seleção da matéria.

Como se reconhece um cretino? - Ricardo Bergamini

Entorno de um sociopata nada pode brilhar além dele (Ricardo Bergamini).

Como se reconhece um cretino?
Ricardo Bergamini
1 – Quando por falta de argumentos, critica a imprensa ao exercer o seu sagrado e legítimo direito de opinião e expressão. 
Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.... Frase de Millôr Fernandes.
2 – Quando contrariado em suas neuróticas paixões políticas, critica a saudável e aparente desorganização da democracia, que lhe concede o direito de pregar o seu amor pela escuridão e o silêncio da ditadura, mas que o inverso jamais seria possível.
3 – Cria desilusão com as instituições para fortalecer o seu poder: esse é um caminho perigoso, o de colocar pessoas acima das instituições.
Numa ditadura, não daria para fazer uma passeata pela democracia. Na democracia, você pode fazer uma passeata pedindo a ditadura.... Frase de Mário Sergio Cortella. 
Que Deus tenha piedade dos cretinos, e nos mantenha afastados deles (Ricardo Bergamini).
Na política, os extremos são exatamente iguais (Ricardo Bergamini).

LULA, O DEGRADADOR DE INSTITUIÇÕES

Reinaldo Azevedo, fevereiro de 2010

O papel de um governante, de um chefe de estado, não é lamentar que as instituições sejam assim ou assado: a ele cabe seguir as leis e tomar a iniciativa, se achar conveniente, de propor mudanças. Há caminhos para isso.

O papel de um governante, de um chefe de estado, não é lamentar que as instituições sejam assim ou assado: a ele cabe seguir as leis e tomar a iniciativa, se achar conveniente, de propor mudanças. Há caminhos para isso. Costumo afirmar aqui, e fiz isso ainda hoje no seminário de que participei, que aquele que transgride as leis para “fazer  justiça” ou para “promover a igualdade” acaba provocando novas injustiças e mais desigualdade. Sempre aparece alguém para dizer: “Pô, mas a sociedade caminharia para a paralisia; não mudaria nunca!” Quem disse que não? Há os instrumentos próprios para mudar as instituições. Um dos Poderes da República, o Legislativo, tem esse papel. O Executivo também pode encaminhar suas demandas ao Congresso.
Mais: um presidente da República é uma liderança política fortíssima. Torna-se o centro agregador de partidos e bancadas setoriais; tem um poder imenso. Se acredita que algo tem de ser mudado na legislação, seu papel é buscar os caminhos institucionais para fazê-lo.
O que é inaceitável? Justamente o que Lula tem feito: a crítica sistemática aos mecanismos de controle existentes na sociedade, especialmente aqueles destinados a pôr freios no Poder Executivo, sem que tenha, até agora, proposto mudança nenhuma — nem ele próprio nem o seu partido. O INCONFORMISMO DE LULA COM AS LEIS E COM A CONFORMAÇÃO DO ESTADO SERVE AO PROSELITISMO BARATO, à crítica ligeira, às desculpas esfarrapadas. Ao boquejar contra o Tribunal de Contas da União, por exemplo, ele degrada o padrão institucional brasileiro sem propor nada no lugar.
Agora que discorri sobre a questão de princípio, ao fato. 
O Babalorixá de Banânia foi a Fortaleza, onde participou da cerimônia que comemorou os cinco anos do AgroAmigo, um programa de crédito rural ligado à agricultura familiar do Nordeste — ele está inaugurando até qüinqüênios…
E meteu o dedo no gatilho:
“Somos nós, os deputados, os senadores, que vamos fazendo lei, lei, lei, lei. E uma lei vai atropelando a outra, e vai atropelando a outra, e quando a gente tem que xingar alguém, xinga a gente mesmo, que é a gente que vai criando as leis, e vai gerando dificuldade.
(…)
Você tinha um exército de execução falido, mal-remunerado e desmotivado, e você tinha uma baita de uma máquina de fiscalização, bem remunerada. É só ver quanto ganha um engenheiro no Tribunal de Contas [da União] e ver quanto ganha um engenheiro numa obra aqui no Ceará (…) E quando a gente pensa que está tudo pronto, a gente visita uma obra, a oposição fala: é política.”
É isso aí. Ainda que a crítica de Lula fosse procedente, tal realidade não pertence à árvore da vida; é uma construção, uma escolha, que pode ser mudada. O que ele fez para mudar? Ele se contenta em atropelar a ordem legal, como bem sabe o Tribunal Superior Eleitoral. E notem a nada sutil inferência de que a culpa pelas obras emperradas de seu governo é da tal “máquina”; antes, é óbvio, a responsabilidade cabia a
os governantes.
Não, esse, definitivamente, não é um bom caminho, pouco importa se a economia cresce 0,1%, 6% ou 11%. Não é um bom caminho porque se trata de uma agressão à própria democracia. A um governante, num regime democrático, não cabe reclamar das leis. Contente ou descontente com elas, ele tem de segui-las. Se contente, deixa-as como estão; se descontente, propõe mudanças segundo o molde institucional dado.
O resto é vigarice intelectual, é proselitismo que degrada as instituições.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Falta um chanceler ao Brasil - Josias de Souza

Eu sempre chamei o chantecler de "chanceler acidental", e isso a duplo título: ele improvisou um artigo esquizofrênico sobre como Trump iria "salvar o Ocidente", isso para contentar os trumpistas fundamentalistas que cercavam o capitão candidato e sobretudo o guru da seita aloprado, e o presidente eleito o escolheu sem jamais saber qualquer coisa ou ler qualquer artigo do afoito diplomata, apenas confiando na indicação do Rasputin de subúrbio e do Bolsokid 02, que pretendia ele mesmo controlar o improvisado chanceler. 
Deu no que deu: o chanceler acidental se esforça para agradar a Bolsofamiglia e exacerba as grandes bobagens diplomáticas que o capitão e seus acólitos não cessam de cometer.
Não hesito em dizer, é aliás o subtítulo de meu livro: a destruição da inteligência no Itamaraty.
Josias de Souza reflete alguns desses impasses no artigo abaixo. Eu tenho dezenas de outros exemplo da nossa atual Miséria da Diplomacia, o título de meu livro, livremente disponível em meu blog.
Paulo Roberto de Almeida

Bolsonaro briga com a lógica e o povo argentino

Josias de Souza, 29/10/2019

Ao dizer que não parabenizará Alberto Fernández por ter prevalecido nas urnas, Jair Bolsonaro imaginou que estivesse apenas mantendo acesa sua briga com o adversário do seu preferido Mauricio Macri. Engano. O presidente brasileiro se desentende com a lógica e ofende o eleitorado da Argentina. Diverge da lógica porque sua retórica é ruim para os negócios. Insulta o eleitor argentino porque desrespeita a própria democracia do vizinho.
Bolsonaro alega que o presidente eleito da Argentina afrontou o Brasil e seu sistema judiciário ao aderir ao "Lula Livre". Tem toda razão. Lula está preso porque é um corrupto de terceira instância. Condenado em duas jurisdições, teve a sentença confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça, que inclusive reduziu a sua pena. Mas Bolsonaro poderia ter apontado a insensatez alheia sem engrossar o desatino.
Assim como Fernández não foi eleito para cuidar do sistema prisional brasileiro, Bolsonaro não foi enviado ao Planalto para se meter nos assuntos internos da Argentina, subvertendo um dos princípios mais elementares da política externa. Tendo cometido o erro de apoiar Mauricio Macri, o capitão precisa agora retirar a raiva do pudim. A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, principal destino de manufaturados brasileiros.
Dias atrás, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Mercosul. Depois, cogitou juntar-se ao Paraguai e Uruguai, para expurgar a Argentina. Sabe que não fará nem uma coisa nem outra. Às voltas com a consolidação do acordo celebrado com a União Europeia, o Mercosul precisa ser fortalecido, não torpedeado por seus líderes.
Cedo ou tarde, o personalismo dará lugar ao pragmatismo na diplomacia brasileira. A ficha demora a cair porque falta um chanceler ao Brasil. No momento, o pior tipo de solidão para Bolsonaro é a companhia de Ernesto Araújo, o antidiplomata que o polemista Olavo de Carvalho colocou na poltrona de ministro das Relações Exteriores.

Bolsodiplomacia: ganhe perdendo

<<Jogo "Diplomacia Deus Vult">>

Quer dar uma de Trump e bancar embaixada do Brasil em Jerusalém; não consegue e ainda irrita os árabes

⬇ voltar 20 casas

Atacar os deputados do PSL que visitaram a China "comunista"

⬇ voltar 10 casas

Tentar derrubar Maduro e não conseguir

⬇ voltar 20 casas

Assinar acordo Mercosul-UE azeitado pela diplomacia do governo Temer

⬆ seguir 80 casas

Deixar o fogo comer solto na Amazônia e demitir diretor do INPE [😬Mercosul-UE]

⬇ voltar 40 casas

Mandar Angela Merkel enfiar a verba de ajuda à Amazônia no... nas florestas da Alemanha [😬Mercosul-UE]

⬇ voltar 20 casas

Mandar Noruega usar verba de ajuda à Amazônia para reflorestar Alemanha [😬Mercosul-UE]

⬇ voltar 20 casas

Cancelar reunião com chanceler francês pra cortar cabelo [😬Mercosul-UE]

⬇ voltar 20 casas

Brigar com Macron e xingar a mulher dele [💣Mercosul-UE]

⬇ voltar 30 casas

Agredir a memória do pai de Michelle Bachelet [😬ONU 💣Chile]

⬇ voltar 15 casas

 Fazer discurso virulento e anacrônico na ONU [ 💣ONU]

⬇ voltar 20 casas

Tentar tornar filho chapeiro diplomata nos EUA

⬇ voltar 25 casas

EUA recomendam Argentina e Romênia pra OCDE, sequer mencionam Brasil [😫]

⬇ voltar 40 casas

Filho chapeiro, Chancelouco e Robespirralho vão até Trump pra tentar reverter decisão sobre OCDE, saem da reunião com cara de bosta

⬇ voltar 20 casas

Filho chapeiro sem chances de ser diplomata nos EUA

⬆ seguir 20 casas

"Irmão" Netanyahu não consegue formar governo em Israel

⬇ voltar 20 casas

Visitar China, que não é mais "comunista"

⬆ seguir 20 casas

Em Abu Dhabi, agora os árabes são "irmãos"; levou até Hélio Negão na comitiva, só não levou diplomata tradutor de árabe

⬇ voltar 10 casas

Esnobar jantar oferecido pelo imperador japonês, diz por aí que prefere comer Miojo

⬇ voltar 10 casas

Seu "amigo" Piñera está em maus lençóis no Chile [😬Guedes]

⬇ voltar 15 casas

Ameaça isolar a Argentina no Mercosul se Fernandéz vencer

⬇ voltar 20 casas

Reclama da vitória de Fernandéz na Argentina e diz que não vai cumprimentá-lo

⬇ voltar 20 casas

EUA dizem estar dispostos a trabalhar com Fernández, e que têm uma relação longa com a Argentina, "marcada pelo respeito mútuo" [🙈]

⬇ voltar 25 casas

Resultado:  120⬆ e 420⬇ = 300⬇

Dia Nacional do Livro (esses maltratados): 29 de outubro

Passei a manhã na Livraria Cultura, lendo um livro sobre a literatura universal...

No dia 29 de outubro é celebrado o Dia Nacional do Livro. A data foi escolhida por fazer alusão à Biblioteca Nacional do Livro, primeira biblioteca brasileira, fundada em 1810 no Rio de Janeiro pela coroa portuguesa. Os livros são, há milhares de anos, um dos principais meios de comunicação e propagação do conhecimento da sociedade. 
Atualmente, com o mundo digital, os livros mudaram de formato, mas não perderam a importância nem a majestade. Os livros online ou e-books ganharam grande adesão nos últimos anos, tornando o acesso à leitura mais democrático. É bom lembrar que os livros tradicionais, com aquele cheirinho de novo e capas detalhadas ou os antigos e cheios de anotações nunca deixarão de existir. 
Não importa o formato, os livros sempre serão a ponte para um novo e mágico mundo, no qual todas as possibilidades existem, onde há drama, romance, comédia ou qualquer que seja seu gênero preferido. 
Leia mais, leia sempre!

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...