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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Petroleo e gas brasileiros: o novo "xeique" (nunca antes) deve estar frustrado...

...pois são muitas más notícias ao mesmo tempo.
PRA


O desinteresse das grandes companhias privadas de petróleo do mundo pelo Campo de Libra, um dos maiores do pré-sal, mudou as expectativas em relação ao leilão e foi a primeira reação - negativa - das multinacionais que dominam o setor sobre o novo regime de partilha que estreará no dia 21 de outubro.
É intrigante que a maioria das grandes petrolíferas tenham ficado fora de uma das maiores reservas inexploradas no mundo. O Campo de Libra tem atrativos de sobra. Estima-se que possua de 8 a 12 milhões de barris de óleo, isto é, isoladamente, de 62% a 93% de todas as reservas provadas existentes no Brasil. Dificuldades políticas e regulatórias não costumam ser obstáculos intransponíveis para investimentos das gigantes do petróleo nos quatro cantos do mundo. Elas já realizaram negócios sob os mais variados regimes de remuneração e até sob governos que tinham um franco desdém pelo lucro privado, como, por exemplo, o de Hugo Chávez, na Venezuela.
Várias hipóteses levantadas para essa atitude das multinacionais não são muito convincentes, embora possam ser verdadeiras. O bônus de assinatura, de R$ 15 bilhões - algo como US$ 6,5 bilhões - é inegavelmente alto. Descontada a participação obrigatória mínima de 30% da Petrobras, o valor, de cerca de US$ 4,5 bilhões, não chega a ser nenhum empecilho para as gigantes do setor, que podem captar esses recursos ainda em um período de farta liquidez global e de juros baixos. A alegação da existência de outros "compromissos" em vários países, que tornariam inviáveis a participação na empreitada no Brasil é curiosa, porque elas sabem que o país tem um mar de petróleo a explorar desde 2007, pelo menos.
Um dos fatos novos é que há outras fontes de energia competindo com o petróleo, como o óleo e gás de xisto (shale). Mas eles são recursos igualmente finitos, cuja exploração não é excludente à busca dos suprimentos convencionais. O que a revolução do gás e óleo de xisto podem causar no curto prazo - e isso ainda não ocorreu em magnitude importante - é uma pressão baixista sobre o custo do petróleo. Esse impacto pode ou não ser vigoroso no futuro. Não foi forte até agora, considerando-se que mesmo com recessão severa na Europa e desaceleração nos EUA e na China as cotações do petróleo raramente se moveram abaixo dos US$ 90 o barril.
Os possíveis riscos para as empresas petrolíferas começam no retorno do investimento, difícil de mensurar especialmente pelas incertezas sobre o que será ou não custo operacional reconhecido no sistema de partilha - uma definição a cargo da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA). De qualquer forma, isso não impediria a participação no leilão de Libra, embora pudesse levar a lances bastante conservadores para a entrega de óleo ao governo, além da mínima, fixada em 41,5%.
Maiores motivos para insatisfação e discordância parecem surgir em relação ao modelo do negócio. Com 30% ou mais de participação em consórcio, a Petrobras será a operadora dos campos e há a percepção de que a estatal tem uma estrutura de custo maior, menor agilidade e sofre interferências políticas. A seu favor há o pleno domínio da tecnologia de exploração em águas profundas.
Definida a operadora e o percentual de sua fatia no negócio, a empresa interessada terá de se submeter à PPSA, que não colocará um centavo na exploração, mas dominará metade do comitê operacional, responsável entre outras coisas pela definição dos custos em óleo que serão aceitos e pela gestão do negócio. Em todas as decisões, a PPSA terá poder de veto ou o voto de minerva. As empresas que se associarem à Petrobras terão, então, pequena margem de manobra ou decisão no empreendimento, no qual terão de entregar pelo menos 41,5% da produção e, em um leilão francamente competitivo, bem mais que isso.
Ao escolher esse modelo, o governo brasileiro definiu sua opção. Atraiu para o leilão uma maioria de empresas estatais, especialmente chinesas, cuja motivação essencial é a garantia de suprimento e não necessariamente lucros. Com exceção de Shell e Total, todas as interessadas têm menor porte que a Petrobras, embora possuam capacidade financeira em geral superior. Uma das consequências dessa opção é menor concorrência - tendo o mesmo patrão, por exemplo, dificilmente as três grandes empresas chinesas concorrerão entre si no leilão. Por outro lado, essas estatais se sentem bastante confortáveis com o rígido esquema em que a PPSA amarrará os sócios da Petrobras na empreitada.

Produção de gás natural no país cresce, mas a de petróleo continua em queda

Por Rodrigo Polito e Claudia Facchini | Do Rio e São Paulo

Valor Econômico, 24/09/2013


A curva de crescimento da produção brasileira de gás natural está se descolando da de petróleo. Desde janeiro de 2012, quando o país atingiu o último recorde mensal de produção de petróleo (2,231 milhões de barris diários), o indicador segue uma trajetória de queda e atualmente está em 1,974 milhão de barris/dia (11% a menos que o recorde). No mesmo período, a produção de gás do país bateu sete recordes mensais e atingiu em julho 78,5 milhões de metros cúbicos/dia, 10,4% a mais que o volume registrado no início do ano passado.
De acordo com especialistas, o distanciamento entre as curvas de produção de gás e petróleo se deve a dois fatores. O primeiro é uma maior produção de gás em campos onshore (terrestres), principalmente pelo crescimento da produção no complexo desenvolvido pela OGX, petroleira do empresário Eike Batista, na Bacia do Parnaíba, no Maranhão.
O campo de Gavião Real, situado naquela bacia, está produzindo aproximadamente 4,5 milhões de metros cúbicos/dia. Esse volume é utilizado para geração de energia a partir da usina Parnaíba I, da MPX, empresa controlada por Eike e a alemã E.ON.
O outro motivo é o cronograma de manutenção e as paradas programadas das plataformas de produção marítimas da Petrobras, dentro do programa de aumento da eficiência operacional da Bacia de Campos, o que causa impacto direto na produção de petróleo do país.
Segundo Marcelo Colomer, pesquisador do grupo de economia de energia da UFRJ, cerca de 85% da produção brasileira de gás natural é diretamente dependente da produção de petróleo, por meio do gás natural associado. "A tendência é que essa produção de gás natural passe a ser um pouco mais independente", explica o especialista.
O descolamento da produção de gás da de petróleo também dependerá do sucesso da exploração das áreas que serão ofertadas na 12ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Previsto para novembro, o leilão vai incluir blocos com potencial para descoberta de gás não convencional - como o gás de xisto ou de folhelho -, cuja produção está em franco crescimento, com custos competitivos, nos Estados Unidos.
O diretor da consultoria Gas Energy, Marco Tavares, também avalia que o aumento da produção de gás natural do país "será uma tônica daqui para a frente". Segundo ele, a expansão da produção de petróleo e gás está se deslocando da Bacia de Campos para a Bacia de Santos, onde a razão gás-óleo, que indica a quantidade de gás produzida para o mesmo volume de óleo, é maior.
Segundo Tavares, na Bacia de Campos, nos melhores casos, são produzidos 80 metros cúbicos de gás para cada metro cúbico de petróleo. Já no pré-sal da Bacia de Santos, a média é de 220 metros cúbicos de gás por cada metro cúbico de petróleo. "Vamos ter proporcionalmente mais gás daqui para a frente", diz.
De acordo com o especialista, o que é um fator positivo, porém, pode se transformar em um problema. O Brasil deve duplicar sua produção nacional de gás natural até 2020 e não existe um mercado para consumir esse energético, aos preços atuais, considerados elevados pelo consultor.
Atualmente, da produção total de gás, descartando os volumes reinjetados nos poços e utilizados para geração de energia nas plataformas, chegam à costa cerca de 40 milhões de metros cúbicos/dia. A expectativa da Gas Energy é que esse volume alcance a faixa de 85 a 90 milhões de metros cúbicos/dia em 2020. "O Brasil não tem hoje uma visão de gás natural na matriz energética que possibilite a absorção desses volumes", diz Tavares.
Para o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, o problema é o monopólio e a presença da Petrobras em todos os segmentos da cadeia produtiva do gás. Segundo ele, o energético é deixado em segundo plano pela estatal, o que acaba emperrando o desenvolvimento do mercado de gás natural brasileiro.
Segundo Pedrosa, o "tabuleiro de xadrez do gás natural" está mudando no mundo, com os fortes investimentos em gás não convencional nos EUA. "A Arábia Saudita já percebeu isso. Mas o Brasil só está assistindo [às mudanças]", alertou o executivo.

Valor Econômico - Destravando o mercado de gás / Artigo / Elena Landau e Adriano Pires


Foi publicado no Diário Oficial da União de 27/08 o decreto nº 8.082, da presidente Dilma Rousseff, reduzindo para zero a alíquota de PIS/Pasep e Cofins para carvão mineral destinado à geração de energia elétrica. Mais uma vez, o governo optou por desonerar um combustível poluente, prejudicando a competitividade de outro concorrente mais limpo, como é o caso do gás natural. Ainda assim, nenhuma térmica a carvão fechou contratos de venda de energia no leilão A-5 ocorrido em 29/08, apesar de vários projetos terem sido habilitados. Representantes do setor alegam que o preço-teto foi baixo para a remuneração do investimento e a recente alta do câmbio foi um ingrediente a mais na diminuição da atratividade. É mais um exemplo dos improvisos do atual governo: estabelecer um preço-teto incapaz de viabilizar os projetos, conceder incentivo fiscal sem planejamento e, nem assim, viabilizar o investimento.
Não se trata de ser contra desonerações fiscais. Elas são legítimas e devem ser utilizadas como forma de incentivar novas fontes. No entanto, esses incentivos devem ser concedidos de forma planejada, no âmbito de um plano geral para o setor energético brasileiro. É evidente a desorientação do governo na política energética.
O governo já havia cometido este mesmo equívoco ao desonerar a gasolina por meio da zeragem da alíquota da Cide, com o objetivo de minimizar o impacto dos reajustes do preço de tal combustível na inflação. As consequências para o setor todos já conhecem. Segundo dados da Unica, nos últimos cinco anos, 43 usinas foram desativadas e outras 36 entraram em recuperação judicial. Desde 2008, nenhuma decisão de instalação de nova usina foi tomada no país. Só quatro unidades estão previstas para entrar em operação até 2014, mas são projetos que foram decididos antes da crise. O resultado é que em vez de nos tornarmos a "Arábia Saudita Verde", passamos a não ter etanol, nem mesmo para suprir as necessidades domésticas.
Voltando ao mercado de gás natural, as políticas intervencionistas de curto prazo e a falta de planejamento amplo para o setor energético no Brasil também já vêm prejudicando o setor, antes mesmo da desoneração do carvão mineral, fazendo com que o Brasil passe ao largo da "revolução do gás", que acontece em outras partes do mundo.
Nos últimos dez anos, o mercado mundial de gás natural passou por uma série de mudanças, como o desenvolvimento da produção de gás não convencional e o aumento do comércio internacional de Gás Natural Liquefeito (GNL). Essas mudanças transformaram a dinâmica mundial do mercado de gás natural, com aumento da oferta e redução do preço do produto. No Brasil, o caminho tem se mostrado bem diferente. A produção encontra-se quase estagnada e o preço elevado, sendo mais um ingrediente para a perda de competitividade da indústria, que acaba se refletindo no crescimento baixo do PIB, observado nos últimos trimestres. Pode-se observar que determinados segmentos da indústria estão trocando o gás natural por outro energético mais barato, ou que estão deixando o país para se estabelecer em países nos quais o gás natural tem preço mais competitivo.
No setor de gás natural a falta de planejamento e de regulação é total. Sequer existe uma política especifica para o gás Os motivos são bastante conhecidos. O monopólio desregulado da Petrobras; um mercado totalmente verticalizado; uma política de preços onde convivem cinco preços diferentes: gás boliviano, gás nacional, gás para térmicas, gás para fertilizantes e GNL; uma política de livre acesso a gasodutos que não funciona e a presença de um único ofertante.
Por causa desse monopólio de fato, a matriz elétrica brasileira é totalmente dependente da Petrobras e foi exatamente a indisponibilidade de gás para os leilões de energia que trouxe o carvão de volta para nossa matriz, como também já obrigou, em tempos de hidrologia negativa, o uso de térmicas a óleo. Não é por acaso que ao longo dos últimos anos observa-se o crescimento de fontes poluentes, numa matriz até então exemplarmente limpa.
Com menos intervenção, mais planejamento, menos monopólio e mais mercado no setor de gás natural poderíamos aumentar a oferta de forma diversificada, criando um mercado de concorrência, em que o livre acesso aos dutos existiria de fato e as concessões de todas as distribuidoras de gás natural poderiam ser entregues a empresas privadas. Assim, finalmente, promoveríamos a desverticalização da indústria de gás no Brasil, política adotada em todos os países que possuem um mercado maduro e competitivo de gás. Neste sentido, a Petrobras poderia incluir em sua política de desinvestimento seus ativos na área de gás, como suas participações em distribuidoras e mesmos dutos, em vez de vender participações em campos de petróleo, que é o seu core business e compromete o futuro da empresa. Não faz sentido uma petroleira do tamanho da Petrobras possuir ativos no dowstream da indústria de gás, o que faz sentido é, por meio de contratos, assegurar a passagem do seu gás. Calcula-se que os ativos de downstream de gás natural da Petrobras possam valer algo em torno de R$ 30 bilhões.
Os efeitos da política míope curto-prazista estão produzindo estragos e criando grandes esqueletos em todas as áreas do setor energético brasileiro. A falta de políticas de longo prazo e de incentivos corretos está gerando distorções e desequilíbrios nos diferentes mercados. O principal efeito tem sido o desalinhamento entre demanda e oferta internas, que se traduz no aumento das importações, desequilíbrio de preços relativos e redução de investimentos. Além disso, estamos desperdiçando uma enorme vantagem comparativa que é a diversidade e abundância de fontes energéticas. A correta exploração dessas riquezas, certamente, nos tornaria um país mais competitivo e eficiente.

Elena Landau é economista, advogada, sócia de Sérgio Bermudes Advogados, presidente do Instituto Teotonio Vilela do Rio de Janeiro
Adriano Pires, doutor em economia, é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Brasil continua a perder competitividade no ranking global

 Dinamismo global / Mercado Aberto

 Maria Cristina Frias


O Brasil caiu 11 posições no ranking dos países que criam os melhores ambientes para o crescimento dos negócios, revela o Índice do Dinamismo Global da Grant Thornton. Esse foi o maior retrocesso entre os Brics.
Apesar de apresentar a pior queda, o Brasil ocupa o 42ª lugar, ainda na frente da Rússia --43ª colocada, com perda de três posições-- e da Índia, no 48º posto e recuo de seis colocações em relação ao índice do ano anterior.
A China está em terceiro lugar do ranking geral, atrás apenas de Austrália e Chile.
"A organização e a eficiência do sistema financeiro do Brasil são invejáveis, mas o país não consegue compensar problemas com o desenvolvimento tecnológico e o capital humano", afirma Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton Brasil.
O melhor desempenho do país nas cinco categorias avaliadas pelo índice foi no quesito ambiente financeiro (14ª posição), seguido pelo ambiente para desenvolvimento de negócios (36ª).
Os piores resultados registrados estão em ciência e tecnologia (40º), economia e crescimento (45º) e trabalho e capital humano (53º).

OMC: Protecionismo comercial brasileiro em servicos, abertura da China

Desde os anos 1980, o Brasil recusa, persistentemente, qualquer abertura em serviços. Com isso, perde mercados no mundo e mantém nefastos cartéis domésticos num mercado interno protegido e prejudicial aos brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida

China adere e Brasil se isola na negociação de serviços

Por Assis Moreira | De Genebra

Valor Econômico, 24/09/2013


A China quer entrar nas negociações de um acordo liderado pelos Estados Unidos para liberalização mais acelerada no setor de serviços. A decisão de Pequim, que surpreendeu os americanos e outros parceiros na cena comercial, poderá deixar o Brasil isolado nas discussões do comércio internacional de serviços, que movimenta US$ 4 trilhões por ano e é um dos mais dinâmicos da economia mundial.
Washington lançou o "Trade In Services Agreement" (Tisa) em 2012, em resposta ao impasse nas negociações da Rodada Doha. Aderiram às discussões a União Europeia (28 países), Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, Liechtenstein, México, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Peru, Coreia do Sul, Suíça, Taiwan e Turquia. Até recentemente, os grandes emergentes, como China, Brasil e Índia, se recusavam a fazer parte do Tisa, argumentando que isso diminuiria as chances de acordo na Rodada Doha.
As discussões no Tisa foram centradas, inicialmente, na atualização das regras existentes do Acordo de Serviços. EUA e Japão submeteram as primeiras ofertas de acesso aos mercados, impulsionando assim compromissos efetivos de mais liberalização dos participantes.
A China deu agora uma reviravolta, aparentemente reconhecendo a importância do setor. Projeta tornar-se grande investidor estrangeiro direto também nesse segmento. Além disso, mesmo se houver acordo limitado em Bali, a negociação de Doha ainda pode demorar muito. Por isso, os chineses buscaram americanos e europeus para aderir a essa negociação plurilateral (com numero limitado de participantes).
Os americanos mostram-se cautelosos. É que a China aderiu também ao Acordo de Tecnologia da Informação (ITA, na sigla em inglês) e desde então impediu qualquer avanço.
Assim, apesar do interesse no gigantesco mercado chinês, os EUA vão segurar por um momento a entrada da China até ter garantias de que Pequim assumirá compromissos de liberalização. De outro lado, a China não quer entrar colocando já de saída suas cartas na mesa.
Enquanto o Brasil recusa a negociação em serviços, mais países estão se movendo em busca de acordos em setores com enorme potencial de negócios.
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Brasil e OMC

Rubens Barbosa


Rubens Barbosa é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp

Pelo trigésima segunda vez, realizou-se no Rio de Janeiro o encontro nacional dos exportadores (Enaex). O maior e mais importante evento de comércio exterior j no Brasil, como em muitas outras vezes, não contou com os principais responsáveis pelo setor no Governo federal, frustrando cerca de 500 participantes, empresários e interessados.
Participei, representando a Fiesp, de painel sobre o multilateralismo, com ênfase nas negociações comerciais e no encontro ministerial da OMC em Bali, em dezembro.
Com o fracasso das negociações multilaterais da Rodada de Doha, a Organização Mundial de Comércio (OMC) está paralisada. Com 159 membros, a OMC mantém uma estrutura superada e um processo decisório difícil de formar consensos, que tem de ser aperfeiçoado.
No encontro ministerial de Bali em dezembro, os países membros tentarão retomar o processo negociador da Rodada de Doha, mas encontrarão dificuldades pela baixa prioridade que os EUA e a Europa atribuem, no momento, à retomada dos entendimentos. Estão sobre a mesa acordos de facilitação de comércio, de segurança alimentar, acordo plurilateral de serviços e isenções tarifárias para os países de menor desenvolvimento relativo. Caso não seja possível retomar os entendimentos sobre a Rodada de Doha, o novo diretor da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo, terá de concentrar-se em uma agenda reformulada para ser discutida pós-Bali.
Um dos grandes desafios da OMC para o próximo ano será a forma como serão tratadas as inúmeras regras que estão sendo incorporadas aos acordos de livre comércio de última geração: mega acordos como o acordo dos EUA com países asiáticos, o acordo entre os EUA e Europa e dezenas de bilaterais. Esses acordos incorporam as formas modernas de comércio representadas peia integração das cadeias produtivas e tratam de competição, serviços, propriedade intelectual, compras governamentais, investimentos, barreiras sanitárias, meio ambiente e regras trabalhistas. Desse modo, a OMC, que busca a liberalização comercial pela redução das barreiras tarifárias e não tarifárias na fronteira, está fora das negociações para a implementação de regras de última geração que interferem com políticas dentro do território dos países.
O Brasil está em desvantagem nessa discussão pelo seu isolamento nas negociações dos acordos comerciais, pela distância das cadeias produtivas globais e pela vulnerabilidade do seu setor externo.
Fiz duas sugestões sobre o que fazer diante dos grandes desafios interno e externo do comércio exterior brasileiro:
* definir uma nova estratégia de negociação comercial externa que inclua o aprofundamento dos acordos regionais no âmbito da Aladi e acordos com os países desenvolvidos, que possam aportar inovações tecnológicas e integrar as empresas brasileiras nas cadeias produtivas, como o acordo com a União Europeia (se necessário, desvinculado dos parceiros do Mercosul);
* modificação na estrutura decisória do comércio exterior para elevar o nível burocrático de seu tratamento com a criação da função de presidente da Camex, subordinado diretamente ao presidente da Republica.

Brasil: investimentos e parcerias publico-privadas - novo livro

Transcrevo do blog de Mansueto Almeida:

Novo livro sobre investimento e parcerias público-privadas

Há mais ou menos um ano, os economistas Luiz Chrysostomo e Gesner Oliveira organizaram um debate na Casa das Garças para debatermos aspectos regulatórios e financiamento do investimento em infraestrutura por meio de parcerias público-privadas. Na reunião estavam presentes vários pesos pesados do ramo, economistas que trabalham diretamente com esse tema.
Dessa reunião saíram vários trabalhos que foram agrupados em um livro sob a coordenação do  Luiz Chrysostomo e Gesner Oliveira que agora chegou no seu formato final e com o prefácio do economista Edmar Bacha.
Eu tenho um capítulo nesse livro, o capítulo 15, sobre o “paradoxo do investimento público no Brasil” (segue anexa a introdução do meu capítulo – clique aqui).  Pelo teor das discussões que tivemos na Casa das Garças, o livro deve estar muito bom e com textos muito interessantes. Para quem quiser participar do debate sobre investimento, principalmente com o foco em parcerias público e privadas, sugiro fortemente a leitura deste livro que será lançado no dia 08 de outubro no Rio de Janeiro e no dia 17 de outubro em São Paulo. Seguem abaixo os folders de divulgação dos lançamentos do livro. Há ainda a possibilidade de lançamento também em Brasília. Comprem o livro que vale a pena.
Lançamento - Convite RJ - Travessa Leblon


Lançamento - Convite SP - Cultura Conj. Nacional

Brasil-Venezuela, Petrobras-PDVSA: final de um dos maiores crimeseconomicos contra o Brasil

Desde o início intuí que não daria certo, como não deu certo NENHUM empreendimento econômico da e com a Venezuela chavista, que representa um verdadeiro manual da antieconomia.
A responsabilidade maior desse verdadeiro crime econômico contra o Brasil e os brasileiros incumbe, em primeiro lugar, ao ex-presidente do NuncaAntes e, em SEGUNDO primeiro lugar, à então ministra das Minas e Energia, depois ministra da Casa Civil e depois o que se sabe. Partilham da responsabilidade no crime econômico o ex-presidente da Petrobras e todos aqueles que anuiram no empreendimento e sustentaram sua continuidade, o que inclui membros da sua atual direção igualmente.
Quando se fizer a história verdadeira desse crime econômico, se verá que ele também incluiu uma renúncia de soberania, uma inacreditável submissão do poder estatal detido infelizmente pelos companheiros aos desígnios dos bolivarianos tresloucados, e um desastre tecnológico talvez superior à catastrofe financeira para a Petrobras e o Brasil que ele representou.
Se houvesse jornalismo decente no Brasil e se os poderes públicos não estivessem conspurcados, como estão, pelo poder companheiro, há muito esse crime econômico teria sido denunciado e suas consequências mais nefastas teriam sido interrompidas.
A História NÃO absolverá os responsáveis por esse crime econômico e pela inacreditável renúnciade soberania que foi cobduzir essa loucura durante tanto tempo.
Paulo Roberto de Almeida

Petrobras desiste de sociedade com PDVSA
Por Murillo Camarotto | Do Recife
Valor Econômico, 24/09/2013

Há pouco mais de seis anos, no dia 5 de setembro de 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva já recebia uma sinalização clara da PDVSA em relação ao projeto da refinaria de Abreu e Lima. Debaixo de chuva e pisando na lama, ele e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lançaram as obras da refinaria, que está sendo erguida a 50 km ao sul do Recife, no Complexo Portuário de Suape. Diretores da estatal venezuelana, declarada sócia do empreendimento, foram convidados para a solenidade, mas se limitaram a agradecer pelo convite.

Já naquela ocasião, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi obrigado a dizer que a unidade seria construída independentemente do aporte venezuelano. De lá para cá, governo federal e a Petrobras insistiram em manifestar a viabilidade da sociedade, apesar das evidências cada vez maiores de que o negócio, firmado com o presidente venezuelano Hugo Chávez, naufragara.

Há pouco mais de um mês e agora como ex-presidente da estatal, Gabrielli afirmou que a parceria não sairia do papel. Na época, a Petrobras não comentou as declarações. Agora o Valor apurou que o fim do sonho já tem até data marcada. A partir de 1º de novembro, Abreu e Lima deixará de existir como empresa e será incorporada como unidade de negócios da Petrobras. Novamente a estatal não quis comentar.

A ida do empreendimento para Pernambuco foi conhecida em fevereiro de 2005, após uma "dica" da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que deixou escapar a jornalistas o destino da refinaria. A unidade teria capacidade para processar 200 mil barris diários de petróleo oriundo da Bacia de Campos, no litoral fluminense, e da Bacia do Orinoco, na Venezuela. O investimento previsto era de US$ 2,5 bilhões, com inauguração esperada para 2010.

Seis meses após o lançamento da pedra fundamental, Chávez viajou a Pernambuco e visitou o canteiro, mas não assinou o acordo de acionistas de Abreu e Lima. Chávez e Lula firmaram só um acordo de associação, pelo qual a Petrobras teria 60% da refinaria e a PDVSA, 40%. Coincidência ou não, três meses antes do encontro em Pernambuco, a Petrobras decidira reduzir de 40% para 10% a sua fatia na exploração do campo de Carobobo, na Venezuela, negócio que também tinha a PDVSA como sócia. A brasileira alegou custos elevados.

No dia em que Lula e Campos deram início às obras, o valor do empreendimento já era maior: US$ 4,5 bilhões. Desde então, a refinaria enfrentou uma série de contratempo, como greves, aditivos contratuais, falta de garantias econômicas por parte da PDVSA e indicações de superfaturamento pelo Tribunal de Contas da União. Os números mais recentes informados pela Petrobras apontam para um custo superior a US$ 17 bilhões e quatro anos de atrasos. A estimativa mais atualizada é que a primeira fase de refino entre em operação em novembro de 2014.

A oficialização do divórcio com a PDVSA deverá representar ainda mais custos ao projeto, que já foi classificado pela atual presidente da Petrobras, Graça Foster, como exemplo a não ser seguido. Em abril, o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, disse que, confirmada a desistência do parceiro, a adaptação necessária custaria em torno de 5% do total do projeto. Pelos valores atuais, cerca de US$ 850 milhões.

Mais recentemente, em maio, a presidente da Petrobras se reuniu com o atual presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, a quem disse que gostaria de ter a PDVSA como sócia. "Seria realmente bom que a PDVSA viesse. Mas estamos fazendo a refinaria, independentemente da PDVSA", disse Graça, após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados.

Além da refinaria em Pernambuco e da exploração no campo de Carobobo, Lula e Chávez firmaram uma série de outros acordos entre as estatais petrolíferas, como uma fábrica de lubrificantes em Cuba, associação para transporte marítimo de petróleo e uma unidade produtora de fertilizantes, entre outras. Da sociedade imaginada para a refinaria, ficou apenas a homenagem ao general pernambucano José Inácio Abreu e Lima, famoso na Venezuela por ter lutado ao lado Simon Bolívar, herói no país de Chávez.

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Leitura do dia: a China como aliada do Ocidente - Rana Mitter

Sou assinante de um "clube" de leituras diárias, ou melhor, de uma seleção de livros escolhidos pelo site delanceyplace.com.
O tema de hoje era a China, antes de se tornar comunista, como transcrito abaixo:

In today's selection -- from Forgotten Ally: China's World War II, 1937-1945 by Rana Mitter. 

Author: Rana Mitter 
Title: Forgotten Ally
Publisher: Houghton Mifflin Harcourt 
Date: Copyright 2013 by Rana Mitter  
Pages: 43-45   

After the abdication of the last Chinese emperor in 1912, the country had fragmented into the chaos of regional warlords. In 1921, it was Sun Yat-sen and his Nationalist party, based in Guangzhou and under the protection of a local warlord, who were most committed to trying to unify the country. But they lacked enough funding for an effort of that scale and unsuccessfully sought support from the European powers and Japan. They then turned to newly communist Russia. Why would Russia be interested in supporting a non-communist party in China? Because of its fear of Japan, which had unexpectedly won the Russo-Japanese War of 1905 -- the first Asian power to ever overcome a European one. Russia knew that a fragmented China would not be an effective buffer against Japan, and was therefore willing to support the Nationalist party as long as it desisted in its efforts to crush China's new and far-smaller Communist party. This created an opportunity that might not otherwise have existed for a young revolutionary named Mao Zedong:

"By 1921, with the assistance of a sympathetic warlord, Chen Jiongming, Sun [Yat-sen] was based in Guangzhou (Canton), where he set up a revolutionary government. The Nationalists were in power, even if only in one region of China. ... 

"Yet despite the talent that Sun and [the highly popular Wang Jingwei] brought to the Nationalist Party, their prospects seemed limited unless they could find some pow­erful supporter who would arm them. Sun Yat-sen had had no success in persuading the European powers to back him. He had more hopes of Japan, declaring in a speech at Kobe in 1924 that since Japan's victory over Russia in 1905, the peoples of Asia had cherished the hope 'of shaking off the yoke of European oppression.' However, Sun's idea of pan-Asianism, the philosophy of Asian unity, meant something rather different in gov­ernmental circles in Tokyo: not cooperation, but domination by [Japan itself].

"Then, in 1923, Sun made a decision that would help shape the path of Chinese history. For years, he had been seeking foreign support for his dream of launching a revolutionary army that would unify China, with him as its president. The Western powers had all turned him down flat. But there was another hand to play in the early 1920s. By 1921 the Bolshe­vik Revolution in Russia had been secured after a bloody and vicious civil war. Leon Trotsky, the fiery foreign minister of the new regime, was eager to find opportunities to use the Comintern, the agency responsible for spreading revolution abroad. In 1923 Sun held talks with Adolf Joffe, the representative of the Comintern, for a formal alliance between the Na­tionalists and the Soviets. In the Soviet view, China was too backward for a socialist revolution. Instead, a 'national bourgeois' party, the National­ists, should carry out the first revolution. Sun agreed, content to ally with Russia, believing that alone among Western nations she had shown 'be­nevolence and justice.' ...

"The new alliance changed the fate of the Chinese Communist Party. During the first couple of years of the party's history, it was a tiny and marginal political grouping (as well as being officially illegal). It made grand claims about fomenting a revolution among urban workers, Bol­shevik-style, but in reality it had little prospect of doing so. Cooperation between Sun and the Soviets gave the CCP a crucial opportunity to ex­pand. On Soviet advice, many Communists also joined the Nationalists, forming the United Front, making the two parties hard to distinguish during this period. The alliance made sense ideologically for Sun as well. His political philosophy, which he termed the 'Three Peoples Principle's,' consisted of democracy, nationalism, and the idea of 'people's livelihood,' a vague social welfarism that was sometimes rendered as 'socialism' in English. He was not a Communist, but he and the Soviets had enough in common to make the alliance useful for both sides. Sun's prestige was also enough to calm the more conservative elements in the Nationalist Party who were wary of the Bolsheviks.

"Revolutionary politics were forged on a small island in Guangzhou (Canton) Harbor. The nerve center was the Whampoa (Huangpu) mili­tary academy, where the Soviets tutored China's revolutionaries. For both the Nationalists and Communists, the experience of working with the So­viets between 1923 and 1927 on the National Revolutionary Army (NRA) was crucial. Wang Jingwei worked in the political education department of the academy, and alongside him was a rising star of the CCP, Zhou Enlai (later to become Chinas premier under Mao). On the military side, Chiang Kai-shek rose rapidly in the officer corps as his organizational skills became better known and better valued, along with his comrade from his Japan days, He Yingqin. Also at the Academy were Hu Zongnan and Xue Yue, both of whom would provide crucial military service to Chiang during the war years.

"The alliance was of particular interest to the young Communist Mao Zedong, as it meant a much larger party base which he could use to plan radical revolution."  

Forgotten Ally: China's World War II, 1937-1945
by Rana Mitter by Houghton Mifflin Harcourt

Across the whale in a month (8): Sonoma, Sausalito, San Francisco

Segunda-feira, dia em que 99,99% dos museus americanos estão fechados, tivemos mais um dia de sorte.
Tendo pernoitado em Sonoma, como relatei no número 7 desta série, saímos pela manhã para percorrer novamente a cidade e os vinhedos da região. Na verdade, já tínhamos visto bastante vinhedos no trajeto do Napa Valley, assim que a região de Sonoma seria mais ou menos uma repetição do que tínhamos feito no dia anterior.

Escolhemos, Carmen Lícia e eu, arriscarmos a sorte na antiga casa e rancho, em que viveu e morreu Jack London, que virou reserva natural e museu, bem depois da morte do escritor. (Quem desejar saber mais sobre ele, consulte este verbete da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_London)
Rodamos algumas milhas em direção ao norte, por uma estrada paralela à 12, que leva a Santa Rosa. No meio do caminho, se toma a via exclusiva que leva ao Jack London State Historic Park, local do antigo sítio onde o famoso escritor progressista do início do século 20 passou os últimos anos de sua vida relativamente breve (1876-1916).


O que eu esperava lá encontrar? Basicamente reminiscências de um autor que frequentou minha juventude -- várias de suas obras foram traduzidas para o Português, entre elas Tacão de Ferro, O Lobo do Mar, Caninos Brancos -- e talvez comprar alguns dos seus livros, já que não tenho mais nenhum. Seus livros podem ser conferidos nestes dois sites dedicados a sua vida e obra, tanto na parte geral: http://www.jacklondon.com/ como para a online collection: http://london.sonoma.edu/.

Aí estou eu, numa foto feita por Carmen Lícia, em frente da placa que leva à sua residência, na verdade a segunda, já que a primeira, The Wolf House, desapareceu num incêndio quando estava quase pronta. A segunda, chamada de Happy Walls, foi construída em pedras grossas, e madeira resistente ao fogo (de uma espécie que existe na Califórnia).

Fiz, com meu pequeno iPhone, uma foto da placa da casa, que se encontra muito bem conservada, já que virou próprio público, fazendo parte do patrimônio do estado da Califórnia.
Carmen Lícia tirou muitas fotos dos objetos constantes do museu.
Quanto aos livros, muitos deles, dezenas: Jack London era um escritor voraz, e sua biblioteca provavelmente enchia mais da metade da casa. Foram conservados várias centenas, mas provavelmente apenas uma pequena parte da coleção original.
Dos livros que ele escreveu, havia várias edições originais, bem como uma estante inteira com suas edições estrangeiras, dezenas de traduções de suas obras mais famosas, além de uma coleção soviética oferecida pelo cônsul da URSS em San Francisco, no início dos anos 1960.
Jack London, que nasceu muito pobre e tenho uma infância de juventude de trabalho duro, se acreditava socialista, mas à maneira americana: era contra o capital, e pelos trabalhadores, mas também cultivava um intenso individualismo, e fazia tudo por sua própria conta, sem esperar nada do Estado. Pertenceu à fase romântica do socialismo, pré-bolchevique, e provavelmente jamais teria endossado os crimes contra os direitos humanos e os próprios direitos dos trabalhadores cometidos na União Soviética (que só veio a existir cinco anos depois de sua morte, ocorrida um ano antes da revolução bolchevista).
Além de um escritor prolífico de novelas e contos, Jack London também foi um grande reporter, tendo testemunhado como correspondente a guerra russo-japonesa de 1904-05, seguida da invasão japonesa da Coreia, que terminou com a independência do antigo reino, bem como a expedição americana em Vera Cruz, em 1914, no quadro da revolução mexicana. A foto ao lado, tirada por Carmen Lícia, mostra seus equipamentos de repórter de guerra.

Seus principais livros (não todos) estão listados nesta seção do site que lhe é dedicado: http://www.jacklondon.com/literature.htm

De minha parte, como não me dispus a pagar os preços salgados da loja do museu, pretendo comprar várias de suas obras no meu tradicional fornecedor de livros a 1 (UM) dólar, a Abebooks.com, agora complementada pela Thriftybooks.

Mas, acabei comprando uma história que não conhecia, e que me pareceu interessante: The Assassination Bureau, uma trama policial, cujo enredo já conheço, mas que não pretendo contar por enquanto, já que ainda não li, apenas folheei.

Depois, novamente estrada, em direção a San Francisco, mas não pelo interior, via Oakland e Berkeley, e sim mais próximo da costa, via Sausalito, uma simpática cidade à beira da Baía norte, antes de atravessar a Golden Gate (que na verdade está mais vermelha do que camarão), na qual paramos para almoçar já as 2hs da tarde, num restaurante à beira da marina.
O garçom nos fez uma simpática foto, em face de camarões grelhados e uma combinação de peixes e mariscos, além de caranguejo, tudo regado a Chardonnay e Pinot Grígio.

Finalmente, a travessia da ponte Golden Gate, e novo passeio turístico pela cidade, na verdade pela costa do Pacífico, Golden Gate Park e partes da cidade, até chegar no hotel. Não conseguimos o que pretendíamos, uma acomodação no Fisher's Wharf, pos os hoteis estavam completamente lotados em função de uma convenção internacional da Oracle -- mais de 50 mil visitantes, segundo a "estalajadeira" de um hotel mais para o centro -- o que de toda forma foi bom, pois os preços estavam provavelmente mais caros do que em New York.
Descansamos, e saímos novamente pela noite adentro, percorrendo a cidade: bairro chinês, bairro italiano, torre iluminada, porto e marina, terminando por algumas compras num supermercado.
O dia foi extremamente proveitoso, com menos quilometragem do que das vezes anteriores, e por isso mesmo, com muito mais coisas para visitar, ver, comprar, saborear.
Amanhã, ou melhor, hoje, terça-feira, 24, retomamos o circuito dos museus e continuaremos os passeios por esta linda região.
Parece muito bom morar na Califórnia, mas provavelmente vai custar caro morar bem, e comer bem...
Paulo Roberto de Almeida
San Francisco, 23-24/09/2103

PS: Aos interessados em conhecer a obra de Jack London, recomendo a consulta à lista de seus escritos, tal como constante do seu verbete na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_London

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Por qué Estados Unidos espía a Brasil - Carlos Alberto Montaner

Brasil Estados Unidos Espionaje

Por qué Estados Unidos espía a Brasil


Infolatam
Miami, 21 septiembre 2013
Por CARLOS ALBERTO MONTANER

(Infolatam).- La presidenta brasilera Dilma Rousseff canceló su visita a Barack Obama. Estaba ofendida porque Estados Unidos espiaba su correo electrónico. Eso no se le hace a un país amigo. La información, probablemente fidedigna, fue brindada por Edward Snowden desde su refugio en Moscú.
Intrigado, se lo pregunté a un exembajador norteamericano. ¿Por qué lo hicieron? Su explicación fue descarnadamente franca: “desde la perspectiva de Washington, el brasilero no es exactamente un gobierno amigo. Brasil, por definición y por la historia, es un país amigo que nos acompañó en la Segunda Guerra mundial y en Corea, pero no lo es su actual gobierno”.
[Nota PRA: Ele engana aqui; o Brasil nunca apoiou os EUA na missão autorizada pela ONU da guerra da Coreia.]

 Somos viejos conocidos. ¿Puedo dar tu nombre, le pregunto? “No –me dice–. Me crearía un inmenso problema, pero transcribe la conversación”.
Lo hago.
“Sólo hay que leer los papeles del Foro de Sao Paulo y observar la conducta del gobierno brasilero.Los amigos de Luis Ignacio Lula da Silva, de Dilma Rousseff y del Partido de los Trabajadores son los enemigos de Estados Unidos: la Venezuela chavista, primero con Chávez y ahora con Maduro, la Cuba de Raúl Castro, Irán, la Bolivia de Evo Morales, Libia en época de Gadafi, la Siria de Bashar el-Asad”.
“En casi todos los conflictos, el gobierno de Brasil coincide con la línea política de Rusia y China frente a la perspectiva del Departamento de Estado y la Casa Blanca. Su familia ideológica más afín es la de los BRICS, con los que intenta conciliar su política exterior”. (Los BRICS son Brasil, Rusia, India, China y Sudáfrica).
“La enorme nación sudamericana ni tiene ni manifiesta el menor interés en defender los principios democráticos sistemáticamente violados en Cuba. Por el contrario, el expresidente Lula da Silva suele llevar inversionistas a la Isla para fortalecer la dictadura de los Castro. Se calcula en mil millones de dólares la cifra enterrada por los brasileros en el desarrollo del super puerto de Mariel, cerca de La Habana”.
“La influencia cubana en Brasil es solapada, pero muy intensa. José Dirceu, el exjefe de despacho de Lula da Silva, su más influyente ministro, había sido un agente de los servicios cubanos de inteligencia. Exiliado en Cuba, le cambiaron el rostro por medio de cirugía y lo devolvieron a Brasil con una nueva identidad (Carlos Henrique Gouveia de Mello, comerciante judío) y así funcionó hasta que se restauró la democracia. De la mano de Lula colocó a Brasil entre los grandes colaboradores de la dictadura cubana. Cayó en desgracia por corrupto, pero sin ceder un ápice en sus preferencias ideológicas y sus complicidades con La Habana”.
“Algo parecido a lo que sucede con el profesor Marco Aurelio García, actual asesor de política exterior de Dilma Rousseff. Es un antiyanqui contumaz, incluso peor que Dirceu porque es más inteligente y tiene mejor formación. Hará todo lo que pueda por perjudicar a Estados Unidos”.
“Para Itamaraty, esa cancillería que tanto prestigio tiene por la calidad de sus diplomáticos, generalmente políglotas y bien educados, la Carta Democrática firmada en el 2001 en Lima es un simple papelucho carente de importancia.  El gobierno, sencillamente, ignora los fraudes electorales llevados a cabo en Venezuela o en Nicaragua, y es totalmente indiferente ante los atropellos a la libertad de prensa”.
“Pero eso no es todo. Hay otros dos temas sobre los cuales Estados Unidos quiere estar enterado de cuanto sucede en Brasil porque alcanza, de alguna manera, la seguridad de Estados Unidos: la corrupción y las drogas”.
“Brasil es un país notablemente corrupto y esas prácticas nefastas afectan las leyes de Estados Unidos de dos maneras: cuando utilizan el sistema financiero norteamericano y cuando compiten de manera ilegítima con empresas de este país recurriendo a sobornos o comisiones ilegales”.
“El asunto de las drogas es distinto. La producción de coca boliviana se ha quintuplicado desde que Evo Morales ocupa el poder y el camino de salida de esas sustancias es Brasil. Casi toda va a parar a Europa y nuestros aliados nos han pedido información. Esa información a veces se encuentra en manos de políticos brasileros”.
Las dos preguntas finales son inevitables: ¿apoyará Washington la candidatura a Brasil a ser miembro permanente del Consejo de Seguridad de la ONU? “No si me preguntan a mí –me dice–. Ya tenemos dos adversarios permanentes, Rusia y China. No hace falta un tercero”. Por último, ¿seguirá Estados Unidos espiando a Brasil? “Por supuesto –me dijo–, es nuestra responsabilidad con la sociedad americana”.
Creo que Doña Dilma debe cambiar frecuentemente las claves de su correo electrónico.

Governo: sempre gastando mais, sempre investindo menos - Editorial Estadao

Rotina: mais gasto corrente e menos investimento

Editorial O Estado de S.Paulo, 18/09/2013
Há uma contradição entre o que o governo diz sobre a retomada dos investimentos e o que ele faz na prática - ou seja, gastar mais -, mostrou estudo do economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Dados do Ministério da Fazenda confirmam a distância entre o discurso e a realidade.
Entre 2008 e 2012, segundo a publicação Economia Brasileira em Perspectiva, as despesas primárias do governo federal aumentaram de 16,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 18,2% do PIB, mas os investimentos, excluídos os gastos com o programa de habitação social, estabilizaram-se em torno de 1,1% do PIB. Neste ano, até julho, com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), os investimentos totais do governo federal caíram 6,21% em relação ao mesmo período de 2012.
Foram os gastos sociais - previdência, educação, desenvolvimento social, saúde - que mais aumentaram nos últimos cinco anos. A prioridade da sociedade - "conscientemente ou não" - não parece estar em mais investimento, segundo o estudo.
A Fazenda inclui nos investimentos os gastos do programa Minha Casa, Minha Vida (de 0,3% do PIB, em 2012) para argumentar que investe mais. A maioria dos economistas considera que se trata de subsídio, que não deve ser considerado como investimento, mas como gasto social. Mesmo tratando a habitação social como investimento, este seria pequeno para uma arrecadação de 36% do PIB.
A efetivação dos investimentos federais ainda padece de outros problemas, como o ritmo da execução orçamentária. Entre 2004 e 2012, menos de 50% dos investimentos autorizados foram pagos, segundo o estudo. Motivo: investimentos estão incluídos entre as despesas discricionárias, ou seja, dependem do comportamento da arrecadação. E grande parte das liberações de recursos para investimento ocorre nos dois últimos meses de cada ano, quando não há mais tempo para que sejam executados.
O governo, de fato, poderia usar menos recursos orçamentários escassos para fazer os investimentos indispensáveis para a economia ganhar competitividade e melhor disputar os mercados globais. Com regulação adequada, atrairia investidores externos e internos para projetos de interesse público - rodovias, portos, ferrovias, energia - e obteria o resultado almejado, sem malabarismos fiscais e aportes do BNDES.

Os limites da economia brasileira - Marcus Pestana

Os limites da economia brasileira

“Crise de expectativas, inflação alta, taxa de investimento raquítica, PIB medíocre, estrangulamento fiscal de estados e municípios, deterioração das contas externas. Só uma vigorosa mudança de rumos pode descortinar horizontes mais ambiciosos para o Brasil”, diz articulista

Entre 1974 e 1994, a economia brasileira viveu crises permanentes envolvendo estrangulamentos externos, recessões e inflação crescente.
Plano Real foi um divisor de águas. A partir daí, profundas mudanças estruturais seriam introduzidas. Foram privatizadas várias estatais. A quebra do monopólio da Petrobras lançou o setor petrolífero nacional em novo patamar. A venda dos bancos estaduais, a responsabilidade fiscal, a renegociação da dívida de estados e municípios, a cultura do respeito aos contratos lançaram bases sólidas. O tripé câmbio flutuante, austeridade fiscal e metas inflacionárias estabeleceu os pilares macroeconômicos permanentes.
Em 2002, diante da iminente vitória de Lula, a economia brasileira foi vítima de agressivo ataque especulativo. Iria o PT implantar o programa que povoou seu discurso em mais de vinte anos de existência? Haveria calote na dívida externa e reversão das privatizações? Advertido da complexa e delicada situação por FHC, Lula publicou a Carta aos Brasileiros em 22 de junho de 2002, para tranquilizar os agentes econômicos. Mais, após a vitória, nomeou na presidência do Banco Central o deputado federal do PSDB-GO e ex-dirigente do Banco de Boston Henrique Meireles. A sinalização era clara, o PT no poder não daria o prometido cavalo de pau na economia brasileira.
A conversão à nova postura programática não foi acompanhada da correspondente autocrítica e as convicções eram frágeis. O caminho de Damasco não foi percorrido. A inflação permaneceu sob controle e o Brasil surfou nos fortes impulsos vindos da economia mundial. Mas a agenda de reformas foi interrompida e o país perdeu oportunidades.
Os anos Dilma representam uma ruptura em relação à cultura instalada. Diante da grave crise internacional, aflorou um intervencionismo ativo e desorganizador. Expansionismo fiscal mascarado pelos malabarismos da “contabilidade criativa”. Desonerações pontuais ao invés de uma verdadeira reforma tributária e fiscal. Agressiva política de crédito subsidiado através doBNDES, na chamada escolha de “campeões globais”, como Eike Batista. E a voluntariosa política para o setor elétrico, desarrumando um segmento estratégico que funcionava bem.
O represamento artificial dos preços da gasolina e diesel, somado à péssima gestão na Petrobras, comprometeu o desempenho da maior empresa brasileira, respingou no setor de açúcar e álcool e, ao zerar a CIDE, tirou de estados e municípios recursos que bancavam a manutenção das estradas. A adesão tardia e sem convicção às parcerias com o setor privado despertou desconfianças.
Resultado: crise de expectativas, inflação alta, taxa de investimento raquítica, PIB medíocre, estrangulamento fiscal de estados e municípios, deterioração das contas externas.
Só uma vigorosa mudança de rumos pode descortinar horizontes mais ambiciosos para a economia brasileira.

Venezuela: colapso total; teoria da conspiracao em acao (EUA, CIA, Casa Branca, direita, burguesia, etc.)

Bem, não faltam conspiradores e inimigos da economia venezuelana. Todos, absolutamente todos, menos (claro) os governantes, estão atuando de forma coordenada, conspiratória, para fazer a Venezuela entrar em colapso total.
Vejam quantos são os inimigos da revolução bolivariana:

Nicolás Maduro asegura que tales ataques han sido denominados "Colapso total" cuyo momento crítico estallará el próximo mes de octubre. "Tengo los datos, las fechas de esas reuniones en la Casa Blanca, los nombres de quienes asistieron, de los planes que se hicieron. Ellos piensan que en Octubre colapsará Venezuela, así lo han planificado, iban a sabotear la comida de la gente, la electricidad, el combustible, las refinerías". Aseguró tener en sus manos documentos e informes en los que se señala, con nombres y apellidos, los asistentes a dichas reuniones, en las que se pretendían sabotear a Venezuela desde sectores vulnerables como la alimentación.

Vai ser duro resistir, e alguma falta de produtos pode ocorrer, mas não na proporção que esperam os inimigos da revolução bolivariana. Estamos com o povo venezuelano, sempre.
A luta continua, companheiros, para a frente é que se anda. Ops, de vez em quanto a coisa tropeça...
Paulo Roberto de Almeida

SABOTAJE

"Colapso total"

En lo que va de año se ha decretado "emergencia" económica y alimentaria, en el sistema eléctrico, la vialidad e infraestructura, con la militarización de las respectivas áreas. Por Francisco Olivares

El Universal, CARACAS, domingo 22 de septiembre, 2013
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El des abastecimiento se duplicó en 2013 al llegar a 20% convirtiéndose en uno de los problemas más sentidos por el consumidor. VENANCIO ALCÁZARES
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EL UNIVERSAL
domingo 22 de septiembre de 2013  12:00 AM
Emergencia eléctrica, alimentaria, en infraestructura, sanitaria, guerra a la inflación, son algunos de los términos que anuncian grandes campañas y medidas extremas que el Gobierno habría de tomar a fin de contener las diversas crisis que se registran en las áreas claves de la producción y la economía que el Gobierno atribuye a un "sabotaje" provocado por el imperio, la derecha y el fascismo.

Nicolás Maduro asegura que tales ataques han sido denominados "Colapso total" cuyo momento crítico estallará el próximo mes de octubre. "Tengo los datos, las fechas de esas reuniones en la Casa Blanca, los nombres de quienes asistieron, de los planes que se hicieron. Ellos piensan que en Octubre colapsará Venezuela, así lo han planificado, iban a sabotear la comida de la gente, la electricidad, el combustible, las refinerías". Aseguró tener en sus manos documentos e informes en los que se señala, con nombres y apellidos, los asistentes a dichas reuniones, en las que se pretendían sabotear a Venezuela desde sectores vulnerables como la alimentación.

La idea del "sabotaje y las conspiraciones" a los que se suman unos 60 intentos de magnicidio, han acompañando diversos momentos críticos del país. A ellos Maduro ha llamado a enfrentarlos militarizando empresas del Estado, creando llamativos organismos como "Órgano Superior de Defensa Popular de la Economía" o hasta una línea para las denuncias llamada 0800-sabotaje. Pero a pesar del despliegue de fuerzas y el control ejercido en todas las instituciones, las refinerías siguen explotando, los apagones se extienden, los hospitales colapsan y la inflación sigue indetenible. 

Que una bomba económica habría de estallar fue alertado hace 5 meses por un equipo económico asesor de Maduro durante la corta campaña presidencial del 14 de abril. Ese equipo advertía de los peligros que habría de afrontar Maduro dada la crisis que para la fecha ya se registraba en todas las áreas económicas del país.

El documento denominado "Qué hacer" fue difundido en aquella oportunidad por diario ABC de España. Pero a diferencia de lo que acostumbraba Hugo Chávez y ahora Nicolás Maduro, de acusar a los empresarios y al imperio de todos los males que afronta el país, este documento planteaba: "alertamos sobre un bomba atómica económica que ya prácticamente ha estallado debido a las políticas económicas inadecuadas de nuestro equipo económico. Se necesita una reformulación de las mismas para un urgente control de daños, por un lado, y un relanzamiento de la economía por el otro".

Luego de realizar un diagnóstico con 17 puntos críticos de la economía, con indicadores que desnudaban el descalabro y en la que se destacaba el fracaso de las empresas estatizadas, advierten la inminencia de un estallido social: "hasta ahora las clases bajas que apoyan el proceso revolucionario han sido pacientes (... ) Pero se huele en el ambiente al posibilidad de un estallido social como efecto posterior de reverberación de las ondas de choque de la bomba económica que ya explotó". 

En esta entrega de EXPEDIENTE presentamos las cifras y los aspectos más relevantes de los que el Gobierno ha llamado "Colapso total".

La inflación 

"Vamos a torcerle el brazo a la inflación y a mantener el nivel de consumo de la población" ofreció Nicolás Maduro los primeros días de su gestión. Para entonces se reunía con los empresarios, les ofrecía garantías e invitaba a trabajar junto al Gobierno. Los llamó a una "revolución económica productiva en el país, al tiempo que anunciaba planes anti-inflacionarios.

Unos meses después los indicadores muestran a Venezuela como uno de los países con mayor inflación en el mundo junto a un país en guerra como lo es Siria. Venezuela registra una tasa interanual de inflación de 45%, la más alta del continente. La inflación acumulada en agosto es de 32,9% tres veces más alta que el mismo período del año anterior. De ellos la de alimentos alcanza 65,2% siendo los sectores pobres los que más sufren el aumento de precios. Los expertos del Gobierno habían estimado una inflación máxima de 16%. Las regulaciones, los controles de precio y el control de cambio han resultado inútiles frente a la realidad económica. Si bien el Gobierno atribuye esta realidad a la llamada "guerra económica" los expertos señalan la incorrecta política cambiaria, las devaluaciones y los controles de precios que lo que hacen es represar la inflación, incorrectas políticas fiscales, leyes laborales, exceso de controles, con efecto en la baja productividad del país.

Escasez

La escasez figura como uno de los problemas más sentidos por la población. De 10% registrado en agosto de 2012 pasó a 19,2% para agosto de 2013. Las cifras oficiales indican que al menos 16 productos tienen problemas de abastecimientos. Mientras el Gobierno insiste en la "guerra económica" como detonante de la escasez, los empresarios del alimento y productores agrícolas señalan que dependen de que Cadivi apruebe las divisas que les permitan importar la materia prima necesaria para producir y los desembolsos no se hacen a tiempo. No hay repuesto para las maquinarias agrícolas, no hay fertilizantes ni productos químicos necesarios. Otra alcabala para la producción son los certificados de No producción que es una antesala para acudir a Cadivi. Todo ello se agregó al proceso de estatización de 3 millones de hectáreas de tierras que estaban en plena producción y numerosas industrias de alimentos cuyos números hoy están en rojo.

Esta misma situación se presenta en la producción automotriz que gran parte depende de la importación de materia prima. Otro elemento son los controles de precio de los alimentos y las regulaciones laborales. La escasez de productos se observa con mayor profundidad en el interior del país hasta el punto que muchas personan se trasladan a la capital, mejor surtida, en busca de los productos desaparecidos.

Sobre esta materia tampoco varió el lenguaje presidencial. Acostumbrado a singulares expresiones y a las creaciones de emergencia, pidió el cese de la "psicosis comercial" y anunció que sostendría una reunión con su "Estado Mayor Económico". Pero de antemano señaló que se trata de la "guerra económica que mantienen algunos sectores" (... ) los que están desabasteciendo algunos productos ¡después no se quejen! amenazó Maduro. "Ponen cara de tontos creyendo que están tratando con tontos".

El documento de sus asesores sin embargo al alertar en abril de que nos encontrábamos a las puertas de una hiperinflación, escasez de productos básicos y contracción económica, cuestionaba la política cambiaria y la escasez de divisas que afectan igualmente a las "empresas socialistas". 

Las cifras de crecimiento del primer semestre aunque muestra un crecimiento en el primer semestre de 1,6 % muestran un retroceso frente al 5,6% registrado en el primer semestre de 2012. 

Crisis eléctrica 

En la década de los sesenta Venezuela se convirtió en una potencia eléctrica a partir de la construcción de la represa del Guri. Al llegar Chávez al poder anuncia grandes inversiones que no se realizan. En 2003 se produce la primera crisis severa. En 2008 se producen 4 apagones que incluyen a Caracas. En 2009 se repiten los apagones y en 2010 la crisis afecta a Guri y se temió por el colapso de la presa, de allí que se decreta la "emergencia eléctrica". Entre 2006 y 2012, el sector recibió 21,8 millardos de dólares, a través del Fonden, Pdvsa y el Fondo Chino, para llevar adelante los grandes proyectos. Algunos expertos estiman que a lo largo de todo el Gobierno de Chávez el sector percibió fondos sobre los 60 millardos de dólares. La crisis eléctrica que ha continuado en 2013 ha sido atribuida igualmente al sabotaje internacional por Nicolás Maduro quien al mismo tiempo volvió a decretar la emergencia eléctrrica y lanzó la Gran Misión Electricidad. Sin embargo El director de Corpoelec, Jesse Chacón, explicó la necesidad de hacer grandes inversiones en el sector para modernizar el sistema y cumplir con la demanda. Paralelamente se han denunciado sobreprecios, estafa y malas decisiones en las contrataciones a dedo que se hicieron en los últimos años en el sistema.

Salud

Con gran optimismo Nicolás Maduro publicó en su twitter: "Hay que seguir haciendo un sistema de salud que busque la máxima calidad humana y técnica de atención a tod@s". Pero en este tema es la Federación Médica de Venezuela, que agrupa a 80 mil médicos, que exige se decrete la emergencia en salud alegando el cierre técnico de la mayoría de los hospitales del país. Las cifras del sector indican un déficit de médicos de 50%. Tal déficit difícilmente se pueda compensar con la graduación de los llamados "médicos integrales comunitarios" quienes no tienen el nivel necesario para atender situaciones más allá de la atención primaria. De los 300 hospitales que hay en el país con 44 mil camas presupuestadas solo hay 35% operativas. 

A las voces de los gremios se unen empleados y pacientes quienes constantemente se lanzan a las calles a exigir insumos, reactivos, equipos para las terapias, cuidados intensivos etc. Estos reclamos se han hecho extensivos a los ambulatorios y los centros de atención primaria. 

Infraestructura

Nicolás Maduro, decretó el estado de emergencia vial por 90 días para la ejecución de obras de construcción, rehabilitación y mantenimiento en autopistas, vías, carretera y troncales en todo el territorio nacional. Se trata del decreto 238 publicado en la Gaceta Oficial número 40.218 del pasado 31 de julio. 

El presidente del Colegio de Ingenieros de Venezuela, Enzo Betancourt afirmó que los puentes y viaductos afectados representan entre 80% a 90%, mientras que en el caso de la vialidad se mantiene entre un 60% y 70%, todo esto ocasionado por la falta de mantenimiento y previsión de parte de los organismos competentes,

Hace 30 años la infraestructura de país era un modelo para el resto de la región, pero en los últimos 20 años no se ha construido más de 1% de la red vial. Desde que fueron removidos los peajes a comienzos de los años 2000, no se realiza una medición de la frecuencia y composición del tránsito en la red vial.