Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Industriais protegidos e cartelizados adoram o governo
Tudo isso permitiu que ele cobrasse o que quisesse de seus consumidores compulsórios no Brasil e ficasse assim rico. Este governo, ou qualquer governo que lhe tivesse garantido tudo isso, estaria ótimo para ele. Aliás, as políticas não mudaram quase nada no Brasil, com uma pequena abertura comercial nos anos 1990, que logo reverteu. Temos sempre mais do mesmo.
Isso explica, por exemplo, o alto custo do investimento no Brasil, e isso não vale só para os grandes capitalistas apenas.
Até mesmo o pobre, que constroi sua casinha em regime de mutirão com os amigos nos fins de semana, transfere renda para o "Doutor Ermírio", pois tem de pagar o preço do cimento que ele estabeleceu (com a ajuda do governo, claro, que ainda cobra impostos pesados em cima). Em conclusão, a casinha dos nossos pobres acaba saindo mais cara que as casas de classe média nos EUA. Graças ao "Doutor Ermírio".
Essa gente ainda tem a coragem de se enrolar na bandeira e cantar as loas do patriotismo.
Como diria alguém, creio que Samuel Johnson, o patriotismo é o último refúgio dos canalhas...
Paulo Roberto de Almeida
O Cavalo Manco e o Puro Sangue
Antonio Ermírio de Moraes
Os trabalhadores tem muito a aprender, mas não podemos negar que apontaram a seta do governo na direção de deixar de ser colônia extrativista. Isto já surtiu efeito no enfrentamento da última crise mundial, se o país estivesse com o modelo econômico anterior teria quebrado, isto foi dito por todos os segmentos da mídia (fora do contexto partidário) antes do processo da campanha política. Se o governo não tivesse aberto agressivamente novos mercados com economias emergentes os efeitos seriam devastadores, isto é sério, e só aconteceu porque a direção foi mudada, as bases econômicas do governo FHC foram aproveitadas até um certo ponto, mas se não mudasse a estratégia, o Brasil teria quebrado como ocorreu nas outras crises.
A aposta no mercado exterior emergente e no mercado interno, via inclusão social, é reconhecido no mundo inteiro como uma grande sacada deste governo que salvou o país de um grande desastre.
O interessante é que foi apenas uma questão de auto estima, por incrível que pareça, o governo Lula adotou a estratégia nacionalista dos governos militares e deu certo. O que aflige o pessoal que governou nas décadas passadas é que o novo posicionamento foi ideológico, deu certo, o país se protegeu e cresceu. A fome, a miséria, as desigualdades não seriam resolvidos em oito anos, basta um pouquinho de bom senso pra enxergar isto.
A priorização no resgate dos pobres via programas de renda mínima e estímulo ao micro-crédito, o aumento em "dólar" de mais de 300% no salário mínimo, entre outras medidas, foram fundamentais para reduzir as desigualdades, irrigar de forma bem pulverizada a economia com dinheiro que gera emprego e germinou o ciclo virtuoso da economia.
Com o aproveitamento e o aperfeiçoamento das bases econômicas bastou a decisão política de acreditar que podemos sonhar em deixar de ser colônia extrativista.
Ainda estamos longe, não temos estradas, portos, aeroportos, escolaridade, sistema de saúde, centros de pesquisa, universidades qualificadas, mas para que possamos ter um dia todas estas coisas é preciso que tomemos a decisão política de apostar no Brasil, no trabalhador do Brasil, no empreendedor brasileiro, na distribuição de renda via salários dignos, no ciclo virtuoso do bom capitalismo, e esta decisão foi tomada neste governo.
Nesta decisão de política nacionalista, deflagrou-se um programa de investimento maciço em infraestrutura de longo prazo, que só vai repercutir em oito ou dez anos, visando viabilizar o desenvolvimento do país (reindustrialização nacional, agrobusiness, infraestrutura, geração de energia, etc), o programa de aceleração do crescimento, PAC, representando mais uma vez a aposta no Brasil, deu certo, o iluminado Lula novamente pontuou onde os tucanos falharam.
Quando a crise do primeiro mundo chegou o ciclo virtuoso se tornara auto-sustentável.
O capital produtivo já havia apostado no Brasil e o país já se mostrava como uma decisão acertada.
Em todas estas frentes estratégicas, o governo anterior apostou que as multinacionais tomariam nossas frentes produtivas sem interferência do estado, via privatização, etc, e gerariam novos empregos porque os trabalhadores venderiam sua mão-de-obra barato e os recursos naturais estariam a sua mercê para extrair e produzir fartos lucros.
Ledo engano, as multis são fiéis às suas origens, seu compromisso é de envio dos fartos lucros para as matrizes.
Esta decisão estratégica errada estava transformando o país em quintal extrativista do mundo, deixando os industriais locais à margem do processo, com a maioria da população condenada ao sub desenvolvimento enquanto uma minoria fazia compras nos shoppings de New York e Londres.
O mundo desenvolvido antes de ser o que é passou por decisões estratégicas de governo, as coisas não acontecem sozinhas. Esta foi a direção errada do governo anterior, acreditar que o lobo seria o melhor guardião do galinheiro e não apostar na capacidade do empreendedor e do trabalhador brasileiro.
Os trabalhadores tem muito a aprender e isto ficou evidente nos poucos anos de poder, mas os neocapitalistas de visão curta estiveram no poder a vida inteira e já mostraram muito bem o modelo de sociedade que desejam.
Prefiro levar meu cavalo manco para a fonte do que seguir de puro-sangue pro deserto.
Antonio Ermírio de Moraes - Empresário
Um comentário:
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