sexta-feira, 11 de abril de 2014

Inflacao e baixo crescimento: a contradicao nos termos da economia companheira - Editorial Estadao

Os furtadianos, em especial, e os keynesianos em geral, mesmo quando eles são keynesianos de botequim, como os nossos, sempre tentaram justificar a inflação pelo fato de que ela, desde que moderada, permitira maior crescimento, e portanto maior volume de empregos, e renda para os trabalhadores.
Essa era uma falsa suposição keynesiana, mas ainda assim aceita e incorporada nas suas receitas-milagre de crescimento pelos nossos keynesianos de botequim.
E só foi por causa dessa contradição nos termos, dessa quadratura do círculo, que os companheiros se opuseram à redução da meta de inflação para algo mais baixo do que 4,5%, onde ela está desde 2006, a última vez que companheiros menos malucos -- digamos Palocci e Paulo Bernardo --, tentaram, com um não companheiro, Henrique Meirelles, baixar a meta para 4 e além, com um aumento do superávit fiscal.
Foi vetado com um NÃO sonoro por aquela que dizia que se tratava de um "plano rústico", e que tinha recém substituído o chefe da quadrilha, devidamente afastado, com um afago e confiança renovada pelo Capo di Tutti i Capi, já que continuava a ser o que sempre foi, o Stalin sem Gulag, mas ainda assim Stalin.
Pois bem, a inflação permanece teimosamente alta, ainda que certas cavalgaduras nos assegurem que ela está "dentro da meta" (mas certas pessoas tem certa dificuldades com as palavras e com os raciocínios elementares).
O governo rouba de cada brasileiro, todo ano, entre 6 e 10% do poder de compra, bem mais da classe média, que consome mais serviços, ou seja, non-tradables, que não podem ser submetidos à competição de bugigangas chinesas. Mas mesmo neste terreno o governo trata de roubar os pobres também, colocando altas tarifas, e altos impostos, sobre as bugigangas chinesas que são consumidas pelos pobres.
O governo, além de roubar no poder de compra, rouba nos valores extraídos com seus impostos abusivos: ele pensa que ajuda os pobres colocando 35% de impostos sobre medicamentos, material escolar, 40% nas comunicações por celulares e um pouco por todas as outras coisas?
Os keynesianos de botequim vão ter de encontrar outras desculpas esfarrapadas para a sua inflação elevada...
Paulo Roberto de Almeida

Inflação e outros maus sinais

11 de abril de 2014 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
A preocupante alta dos preços de 0,92% em março, a maior variação mensal desde abril de 2003 captada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - a medida oficial da inflação brasileira, calculada pelo IBGE -, é mais um dado entre os muitos aferidos nos últimos tempos que vão demolindo o cenário otimista montado pelo governo do PT para tentar convencer parte da população de que tudo vai bem na economia.
Embora não tenha citado números, o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Augusto de la Torre, resumiu com precisão os problemas do País. O Brasil, disse ele, enfrenta uma "combinação difícil" de inflação alta e baixo crescimento. Para rompê-la, o governo deveria adotar uma política fiscal mais austera que abrisse espaço para o Banco Central reduzir a taxa de juros. Como não existem sinais críveis de que, nos próximos meses, o governo Dilma controlará com maior rigor seus gastos - especialmente sendo este um ano de eleição presidencial -, o melhor que os brasileiros podem esperar é que o quadro não piore até o fim do ano.
Não há, porém, nenhuma garantia de que, mesmo sendo essa uma expectativa medíocre, isso venha a ocorrer. Ao contrário, enquanto instituições internacionais e economistas não vinculados ao governo vão revendo para baixo a projeção já modesta (de no máximo 2%) para o crescimento da economia brasileira, a alta dos preços se acelera e se espalha para um grande número de produtos.
Em março, a seca em importantes regiões produtoras pressionou os preços de alimentos essenciais, como o tomate (alta de 32,85%), a batata-inglesa (35,05%), o feijão-carioca (11,81%) e as hortaliças e verduras (9,36%). É possível que a pressão se mantenha por algum tempo, com maior ou menor intensidade.
Mas o fato mais preocupante na variação dos preços no período de 12 meses até março é que a alta não se limita aos alimentos. Ela é generalizada. Dos nove grupos de itens que compõem o IPCA, pelo menos seis (alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais e educação) acumulam em 12 meses variação superior a 6,5%, que é o teto do generoso limite de tolerância da política de meta inflacionária.
O IPCA acumulado de 12 meses até março alcançou 6,15%, ainda dentro do limite de tolerância. Mas a persistência das pressões sobre diferentes grupos que compõem o IPCA e a eventual mudança de tendência de outros que até agora impediram alta mais acelerada do índice oficial sugerem dificuldades crescentes para manter a inflação dentro desse limite.
No mês passado, por exemplo, os serviços e bens cujos preços e tarifas são monitorados pelo governo, entre os quais o da energia elétrica, registraram deflação de 0,02%, um resultado notável se comparado à inflação mensal. Essa redução foi fortemente influenciada pela queda de 0,87% na conta de luz, resultante da redução de tributos como PIS/Pasep e Cofins. Mas, com o fracasso da política do governo Dilma de reduzir as tarifas à força e com o uso contínuo e prolongado das usinas termoelétricas - que produzem energia a um custo bem mais alto do que as hidrelétricas -, haverá necessidade de aumentos nos próximos meses.
Serão pressões adicionais sobre um índice já alto demais. Mesmo que, nos próximos meses, a alta mensal do IPCA se desacelere, é muito provável que a variação seja maior do que a registrada em igual período de 2013, o que deve resultar na aceleração do índice acumulado de 12 meses. Esse quadro pode mudar em novembro e, como a inflação de dezembro passado foi tão alta quando a de março, não é impossível que o índice de todo o ano fique dentro do limite de tolerância de 6,5%.
Será mais um resultado muito ruim, que se somará aos que o governo Dilma vem acumulando desde seu início (6,5% em 2011, 5,84% em 2012 e 5,91% em 2013). A manutenção de uma política fiscal frouxa pelo governo petista alimenta a inflação e exige uma política monetária mais dura, mas de limitada eficácia no combate à inflação no curto prazo, como mostram os dados do IBGE. É ruim para todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.