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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Petralhabras: a verdadeira situacao da Petrobras sob Graça Foster

BRASIL0

Dona Foster e seus 10 Crimes

O que era fatídico finalmente aconteceu: Graça Foster caiu. Era certo que uma hora isso teria de ocorrer, tendo em vista a posição insustentável da gestora na Companhia. Era, no entanto, só uma questão de tempo.
Foster era a última muralha política que protegia Dilma dentro da Petrobras. Em 2006, a atual Presidente da República era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal, que autorizou a compra – superfaturada – de 50% de uma refinaria localizada na cidade petroleira de Pasadena, nos EUA.
Pois bem: agora, mais do que nunca, Dilma está vulnerável e totalmente exposta a ataques de todos os lugares. Eu acredito piamente que é o começo do fim: o prelúdio da ruína de um castelo de areia, já um tanto abalado pelo bater das ondas.
Quem assumirá esse navio – ou seria plataforma? – prestes a naufragar que é a Petrobras? A cartada será dada por Joaquim Levy  e não será muito fácil agradar à nossa querida ex-guerrilheira: ninguém que colocar o próprio nome na reta após o relatório suspeitíssimo da PETR4, que ocultou um rombo de mais de 80 bilhões de reais. 
De qualquer forma, listamos aqui um Top 10 de enxaquecas com as quais o novo gestor terá de perder o sono.
  • ESTADO MALVADÃO – uma das principais causas dos problemas econômicos da Petrobras é o controle no preço da gasolina e no diesel, exercido pelo governo para evitar um aumento da inflação – e, por conseguinte, segurar sua (parca) popularidade. Dilma quer manter a tempestade longe de Brasília e a empurra as nuvens para as plataformas da nossa pobre estatal. Até quando aguentarão num mar tormentoso? Alguém se lembra das propagandas do governo dizendo que o Brasil já era autossuficiente em petróleo? Pura balela. A Petrobras importa muito porque consome mais do que produz. Sem sinal verde para reajustar o preço dos combustíveis, a Petrobras paga pelo petróleo e não pode repassá-lo, gerando desajuste fiscal. 
  • ZONA DE REBAIXAMENTO – A agência de classificação de risco Moody’sanunciou a revisão do nível de risco (rating) da dívida em moeda estrangeira da Petrobras de Baa2 para Baa3 . A estatal brasileira é a mais endividada e a que menos lucra entre as grandes empresas de petróleo e gás. O índice Baa3 é uma classificação de crédito para títulos de longo prazo e alguns outros investimentos, estando apenas um grau acima dos “junk bonds” (títulos que prometem alto rendimento e são classificados como de alto risco) e, portanto, não recomendado a investidores avessos ao risco especialmente se a classificação foi recentemente rebaixada, como é o caso da Petrobras.
  • MAMÃE EU QUERO: os credores da Petrobras – em especial os bancos – que lhe emprestaram dinheiro podem estar em apuros, em especial os estatais (BB, Caixa e BNDES). Agora o jeito é correr atrás do dinheiro. Os ativos, aos olhos dos investidores internacionais, podem estar podres, portanto a reação do setor vai ser esperar para ver. E, por esperar, me refiro aos próximos episódios da Lava Jato. Por exemplo, Leonardo Kestelman, gestor da Dinosaur Securities, investidora de ativos, deu o recado: “Nós não compraremos até entendermos completamente o que está acontecendo” . Será que a fonte vai secar?
  • TIO SAM: A capital do Estado de Rhode Island, com o oportuno nome de Providence, tratou de ingressar com ação contra a nossa estatal querida. Na verdade, já é o quarto processo, sendo que o prazo segue até sexta-feira (6 de fevereiro) para novas ações.  O motivo do ajuizamento é que os investidores teriam sido lesados com títulos superfaturados para encobrir as propinas recebidas de empreiteiras e outras prestadoras de serviços. Graça Foster é ré na ação.
  • BALANÇA MAS NÃO CAI: O buraco é tão fundo que sua profundidade é incalculável, diz a Petrobras a respeito de seu rombo fiscal. Com isso, fica impossível dar a devida baixa contábil desses prejuízos, pois, segundo a Companhia, é necessários apurá-los um a um. Obviamente se trata de tarefa impossível. Depois de enrolar, enrolar e adiar duas vezes a divulgação dos dados, a solução da empresa parece uma piada de mau gosto: já que não sabemos os prejuízos, vamos deixá-los de lado no próximo balanço . O efeito avestruz gerou muita desconfiança e o mercado não foi gentil com as ações da Petrobras, que baixaram em mais de 10%. Difícil vai ser convencer alguém a voltar a colocar dinheiro na empresa com um relatório tão “João-sem-braço” desses. 
  • VEM PRO CAIXA VOCÊ TAMBÉM: O mesmo relatório apontou que, se der tudo certo, a Petrobras paga suas contas neste ano. E só neste ano, pois, quando metade de 2016 chegar, vai acabar o dinheiro. Sem caixa, existe um caminho: pedir dinheiro emprestado para quem tenha. Daí emerge uma bifurcação: ou pede para os bancos, ou pede ao Governo – e isso implica em injetar alguns bilhões de verba pública na Companhia. Além disso, como mencionado nos itens anteriores, é bom manter a boa reputação na praça, pois o rebaixamento de seus papéis pode afugentar investidores – e, com isso, muito dinheiro que a petrolífera precisa mais do que nunca. 
  • PAGUE O ALUGUEL: se vai mal das pernas financeiramente, é natural que os fornecedores da estatal se vejam em apuros por causa da crise que a atinge. Muitos têm reclamado de pagamentos atrasados, gerando um efeito dominó no setor. Algumas empresas, como a Tenace Engenharia, estão quebrando. Isso contribui para o clima de insegurança e incertezas quanto ao cumprimento de obrigações e manutenções de contratos essenciais – e, mais uma vez, pode afugentar investimentos . 
  • AMIGOS, AMIGOS, NEGÓCIOS À PARTE: Cargos de responsabilidade da Petrobras eram colocados nas mãos de partidos políticos, ou seja, não era a qualidade técnica, mas a influência política que dirigiam as decisões sobre nomeações para cargos. É o tal do “cabide de emprego”, só que precisa ser um cabide bastante proativo em favor do Governo. Eram chamados pelo ex-diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, de “despachantes de interesses”. O ex-diretor é investigado pelo Tribunal de Contas da União no caso dos prejuízos causados pela compra da refinaria de Pasadena. E a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidir a Câmara dos Deputados só promete piorar as coisas para o governo Dilma, que ainda tem quatro anos de mandato pela frente – que, na atual conjectura é tempo suficiente para se afundar de vez. Isso porque a referida eleição demonstra que o governo foi derrotado por nada menos que sua própria base aliada. Em tempos de uma CPI em curso em cima da Petrobrás, é sinal de tempo ruim que há por vir.
Fato é que a Petrobras foi usada e virada do avesso de todas as maneiras possíveis, seja por meio de loteamento de cargos, seja como uma espécie de panaceia econômica para evitar desgastes do governo no tocante à inflação e aos reajustes, que, como sabemos, são bastante impopulares. Para a Moody’s, a desaceleração econômica do País levou o governo a “depender mais pesadamente da Petrobras para controlar a política econômica” )
  
 

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