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quinta-feira, 5 de março de 2015

Historia Global em debate: métodos, historiografia e estudos de casos - Simposio Nacional da Anpuh (Flops, 29-31/07/2015)


Simpósio Nacional de História 
a realizar-se de 27 a 31 de julho de 2015, em Florianópolis, SC.
Veja aqui a página inicial do evento: www.snh2015.anpuh.org
 
 Uma das palestras, a cargo de uma brasilianista dubitativa, no dia 29, coloca em dúvida, justamente, a própria realidade, hoje, desse conceito: 
 
Sou ainda uma Brazilianist?
Barbara Weinstein (New York University)
Mediador: Alexandre Fortes (UFRRJ)
 Tomando como ponto de partida o tema do simpósio – Lugares do historiador: novos e velhos desafios – proponho revisitar e repensar a categoria de “Brazilianist.” A palavra significa não apenas o historiador que estuda o Brasil, mas também um pesquisador cujo “lugar” é situado fora do Brasil (na grande maioria dos casos, nos Estados Unidos). Seguindo a chamada “standpoint theory,” knowledge is “socially situated” – a posição do intelectual não só cria certa “ótica”, mas também empresta a certos saberes um maior prestígio e autoridade. Deixando ao lado as várias críticas desta teoria, podemos notar que, começando nos anos setenta, a noção do Brazilianist correspondia a esta  proposta teórica. O “Brazilianist” não era simplesmente um historiador do Brasil radicado nos Estados Unidos, mas alguém cuja abordagem refletia a sua localização e alguém que podia aproveitar do seu lugar relativamente privilegiado no mundo do saber (independente da qualidade da obra produzida). Na palestra pretendo questionar a validez do conceito do “Brazilianist” entre historiadores no momento atual, levando em conta as mudanças no mundo acadêmico brasileiro, a formação de redes de colaboração e intercambio que trasbordam as fronteiras nacionais, e o surgimento do viés transnacional na profissão de história, entre outros fatores.

Mas, o simpósio temático que me chamou a atenção foi este aqui:


007. A História Global em debate: métodos, historiografia e estudos de casos

Coordenadores: JOÃO JÚLIO GOMES DOS SANTOS JÚNIOR (Doutor(a) - Universidade Federal de Pelotas), MONIQUE SOCHACZEWSKI GOLDFELD (Doutor(a) - CPDOC-FGV)
Resumo: A proposta deste Simpósio Temático é discutir a Global History enquanto uma tendência histográfica que se apresenta como uma alternativa metodológica ao historiador. Entre as principais características dessa corrente estão o alargamento da unidade de análise, superando o tradicional uso do Estado-Nação, e pesquisas que privilegiam perspectivas não eurocêntricas. Nosso intuito é discutir tanto questões teóricas e metodológicas (diferenças entre histórias conectadas, cruzadas, transnacionais, mundiais, globais, etc.) como também estudos de casos. Nesse sentido, incentivamos a apresentação de pesquisas históricas das mais variadas temáticas que discutam os séculos XIX e XX enfatizando as articulações entre os espaços globais, desde as Américas, Oriente Médio, Subcontinente Asiático e África com suas distintas relações com a Europa, e eventualmente entre si. Papers written in English are particularly welcome. Justificativa: As tradições historiográficas baseadas na perspectiva eurocêntrica e centradas no Estado-Nação passaram a ser problematizadas a partir de questões históricas tais como os movimentos de descolonização, a queda do Muro de Berlim, o fim da Guerra Fria e o desmantelamento da União Soviética. Todos esses processos foram acompanhados por uma percepção de aceleração do tempo histórico em uma ascendente globalização. De acordo com Georg Iggers (2010), é necessário uma nova forma de escrita da história que compreenda as atuais condições de vida, que se diferenciam daquelas pré-1989.
Há diversas respostas historiográficas a essa questão. Cada uma delas está inserida em uma lógica de disputa de campo acadêmico (BARROS, 2014). Há aqueles que defendem a chamada Connected Histories (SUBRAHMANYAM, 1997; GRUZINSKI, 2001; 2012; HARTOG, 2013); outros consideram que a melhor alternativa é a Histoire Cruzée (WERNER; ZIMMERMANN, 2006). A discussão só aumenta quando se procura diferenciar a Global History, World History e a Transnational History (VENGOA, 2009; FICKER, 2014); ou ainda quando se procura articular a micro-história com a macro-história através das variações de escala (REVEL, 2010).
Por mais que todas essas tendências possuam distinções entre si, seja narrativas, metodológicas ou temáticas, todas compartilham da necessidade de ampliar os objetos de análise para além do Estado-Nação e escapar do eurocentrismo. Dessa forma, concordamos com Jürgen Kocka (2012), que considera que a Global History oferece uma alternativa historiográfica ao buscar objetos de pesquisa capazes de estabelecer relações além fronteiras, assim como conexões transnacionais nos seus mais variados conteúdos temáticos, tais como história da globalização, migrações, ambiental, saúde, leis, etc.
Nos últimos vinte e cinco anos acompanhamos o surgimento de uma série de estudos que priorizaram um enfoque global e mundial, com ênfase em objetos transnacionais, cruzados, conectados e relacionais. Por mais que essas correntes historiográficas apresentem diferenciações entre si, de uma maneira geral todas estão preocupadas com a ampliação dos objetos de análise. Esse alargamento tem por finalidade romper com a tradicional unidade do Estado-Nação e oferecer uma interpretação alternativa ao eurocentrismo.
Assim, a proposta deste Simpósio Temático é congregar tanto trabalhos capazes de refletir teórica e metodologicamente essas mudanças, como também estudos de casos que consigam articular diferentes espaços e temáticas históricas. Acreditamos que essa proposta é salutar e pode se tornar um interessante espaço de discussão não apenas neste encontro nacional de História em Florianópolis, mas também em muitos outros e, quem sabe, tornar-se uma referência para reflexão desses temas.
É fato ainda que a revolução corrente no acesso a fontes digitais de pesquisa em todo o globo, levanta ainda questões quanto a natureza das fontes e formas de pesquisa, relevantes no âmbito do debate sobre o fazer da chamada Global History (ARMITAGE; GULDI, 2014; MAZLISH; IRIYE, 2004). Bibliografia: ARMITAGE, David; GULDI, Jo. The History Manifesto. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.
BARROS, José D’Assunção. História Comparada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
FICKER, Sandra Kuntz. “Mundial, trasnacional, global: Un ejercicio de clarificación conceptual de los estudios globales”. IN: Nuevo Mundo Mundos Nuevos [En ligne], Débats, mis en ligne le 27 mars 2014.
GRUZINSKI, Serge. “Os mundos misturados da monarquia católica e outras connected histories”. IN: Topoi, Rio de Janeiro, mar. 2001, p. 175-195.
GRUZINSKI, Serge. Que horas são...lá, no outro lado? América e Islã no limiar da época moderna. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
HARTOG, François. "Experiência do tempo: da história universal à história global?". IN: história, histórias. Brasília, vol. 1, n. 1, 2013. p. 164-179.
IGGERS, Georg. "Desafios do século XXI à historiografia". IN: História da Historiografia. Ouro Preto, n. 4, mar/10, p. 105-124.
KOCKA, Jürgen. "Global History: Opportunities, Dangers, Recent Trends". IN: CULTURE & HISTORY DIGITAL JOURNAL 1(1) June 2012. p. 1-6.
MAZLISH, Bruce; IRIYE, Akira. The Global History Reader. New York: Routledge, 2004.
REVEL, Jacques. "Micro-história, macro-história: o que as variações de escala ajudam a pensar em um mundo globalizado". IN: Revista Brasileira de Educação, v. 15 n. 45 set./dez. 2010. p. 434-444.
SUBRAHMANYAM, Sanjay. “Connected Histories: Notes towards a Reconiguration of Ear& Modern Eurasia”. IN: Modern Asian Studies 31, 3 (1997), pp. 735-762.
VENGOA, Hugo Fazio. "La historia global y su conveniencia para el estudio del pasado y del presente". IN: HISTORIA CRITICA EDICIÓN ESPECIAL, BOGOTÁ, NOVIEMBRE 2009, p. 300-319.
Werner, M., Zimmermann, B. “Beyond comparison: Histoire croisée and the challenge of reflexivity”. IN: History and Theory, 45: 30–50. (2006). 
 
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Se eu tivesse tempo, prepararia um trabalho sobre as interações recíprocas entre história global e a escola acadêmica multidisplinar da "economia-mundo", muito influenciada por braudelianos, arrighianos e wallersteinianos...
Tenho algo a dizer em torno desses conceitos e dos trabalhos conduzidos sob suas ferramentas, métidos e abordagens.
Mas vai provavelmente ficar para uma outra ocasião.
Paulo Roberto de Almeida
 

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