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segunda-feira, 30 de março de 2015
Economia brasileira: nova decada perdida? - Entrevista Marcos Lisboa (OESP)
Eis o que ele escreveu:
On Mar 29, 2015, at 19:52, renato l. r. marques <xxxxxx@hotmail.com> wrote:
Entrevista dura e realista. Não deve agradar aos ouvidos da FIESP, onde estão situados os principais interesses na preservação da política de desoneração fiscal, subsídios e altos impostos de importação, como forma de sobreviver apesar de sua reconhecida falta de competitividade .
E São Paulo é vilão até na área agrícola e extrativista. Os altos preços do açúcar e a taxa da borracha, sempre anunciados com vistas a viabilizar a combalida lavoura açucareira do Nordeste e a preservação dos seringueiros, beneficiam sobretudo a Paulisteia, onde se concentra a maior lavoura açucareira e os maiores seringais.
Mas eu diria que o problema econômico é até solúvel, se comparado ao problema político e social , onde o equilíbrio federativo evita a tomada de decisões acertadas e a ausência de valores de eficiência e produtividade nos condena a uma mão de obra despreparada ( mas reivindicativa) e à adoção de políticas sociais de desestímulo ao mérito. Tudo isso com um contingente crescente de imigrantes (haitianos, ganenses, sírios, palestinos) que, por coincidência (!), é dirigido para áreas de tradição política antipetista , como forma de virar os votos regionais.
Enfim, nada que promova o otimismo e restabeleça a credibilidade do país. Abraço
Renato Marques
Ao que eu (PRA) respondi:
Concordo com a parte política. Na parte econômica, também concordo, mas os capitalistas corporativos da FIESP, que são realmente protecionistas e tudo o mais, poderiam argumentar que não conseguiriam se manter sem esses favores especiais do Estado por causa, justamente, da alta carga fiscal com que são extorquidos.
Deveriam, então, se organizar conjuntamente para barrar o Estado e reverter a carga fiscal, mas não conseguem, por isso vão setorialmente a Brasilia, pedir, cada um do seu lado, essas medidas paliativas. Também compram os seus políticos, etc.
Ou seja, tanto o sistema político quanto o econômico estão completamente viciados e distorcidos.
Como resolver isso numa federação, com uma classe política totalmente inepta, incompetente (o que é a mesma coisa), mas perdulária, rentista, extrativista, é muito difícil. Precisariamos de uma crise muito forte, e estadistas de visão.
Mas o que vamos ter é uma longa e lenta decadência, apenas isso. Está na nossa vez de nos argentinizarmos em médio prazo, se não for pior…
Esté parece ser o nosso futuro (ou falta de) previsível.
Paulo Roberto de Almeida
O autor do envio, escreveu um resumo, e uma crítica implacável, em CAIXA ALTA, que reproduzo como está, pois também coloca em perspectiva, numa linguagem crua, todo o mal cometido pelos petralhas incompetentes contra a economia do país e contra os brasileiros.
EXCELENTE ENTREVISTA DE MARCOS LISBOA ELE ANALISA O PROBLEMA ECONOMICO BRASILEIRO SOB DOIS ANGULOS. O PRIMEIRO, DE MAIS CURTO PRAZO, DIZ RESPEITO AO ENFRENTAMENTO DO ENORME DESIQUILIBRIO FISCAL CAUSADO PELOS DESCALABROS DOS GOVERNOS PETISTAS, EM PARTICULAR PELO GOVERNO DE DILMA.
O PROBLEMA FISCAL É UM PROBLEMA DE SANGRIA DESATADA,TEM DE LEVAR O PACIENTE PARA A UTI COM URGENCIA, CASO CONTRARIO ELE MORRE - E CONDICAO NECESSARIA E URGENTE PARA UMA EVENTUAL RECUPERACAO ECONOMICA DO BRASIL.
E NECESSARIA, POREM NAO SUFICIENTE.
COMO LISBOA DESTACA MUITO BEM, OS DANOS A ECONOMIA BRASILEIRA FORAM MUITO MAIS SERIOS E PROFUNDOS. OS" POLICY MAKERS" PETISTAS TRATARAM, NA SUA ENORME IGNORANCIA, DE ENFRENTAR UMA CRISE CONJUNTURAL DE ESCASSEZ DE DEMANDA CONJUNTURAL COM MEDIDAS PERMANENTES, TIPICAS DO MAL-FADADO NACIONAL-DESNVOLVIMENTISMO, MESCLADO COM UM KEYNESIANISMO CAIPIRA E COM UM VERSAO ATUALIZADA DA MALFADADA ADMINISTRACAO ECONOMICA "POR PACOTES" DA ERA DELFIM NETTO.
DILMA E ASSECLAS RESOLVERAM RESSUCITAR, DE UMA SO VEZ : JK, CELSO FURTADO, PREBISH, MARIA CONCEICAO, GEISEL, BELLUZZO, MARIA CONCEICAO, LUCIANO COUTINHO, NAKANO, BRESSER PEREIRA, DELFIM NETTO E OUTROS JURASSICOS MENOS VOTADOS DA ESCOLA ECONOMICA DA CEPAL, DE CAMPINAS E DA FGV DE SAO PAULO.
MUITA IDEIA ULTRAPASSADA PARA UM PAIS SO!!
COMO MARCOS LISBOA DESTACA COM EXTREMA ACUIDADE, O CUSTO DA CORRUPCAO DA PETROBRAS É MINIMO COMPARADO COM O CUSTO DAS POLITICAS DE ISENCAO DE TRIBUTOS, DE SUBSIDIOS, DE FINANCIAMENTOS PUBLICOS FAVORECIDOS E DE PROTECIONISMO INDUSTRIAL IMPLEMENTADOS POR ESTE GOVERNO.
COMO ELE DIZ, UM CUSTO DE CENTENAS DE BILHOES DE REAIS.
QUANTO MAIOR O VOLUME DE INCANTIVOS, PIOR TEM SIDO A PERFORMANCE DA ECONOMIA, EM PARTICULAR DA INDUSTRIA.
ISTO FAZ LEMBRAR UMA CITACAO DE MARIO HENRIQUE SIMONSEN DE QUE É MAIS BARATO PAGAR OS DEZ POR CENTO DE PROPINA DE CORRUPCAO AOS AGENTES POLITICO-GOVERNAMENTAIS, DO QUE PEMITIR QUE ESTES FAÇAM BOBAGENS CONCEITUAIS QUE PREJUDIQUEM OS 90 PORCENTO REMANESCENTES DO GASTO TOTAL RELATIVO A POLITICAS E PROJETOS PUBLICOS .
MARIO HENRIQUE NAO SE DAVA CONTA DA IMENSIDAO DO PODER DESTRUIDOR DOS AGENTES PUBLICOS DOS GOVERNOS DO PT QUE ESTAVAM POR VIR.
ESTES NÃO SÓ CONSEGUIRAM ENTRAR FUNDO NOS 90% COMO -- TRAGEDIA SEM TAMANHO -- CONSEGUIRAM TRANSFORMAR OS 90% EM VERDADEIRA MESCLA DE FRANKESTEIN COM VAMPIRO DEDICADO A COMPROMETER A PERFORMANCE E SUGAR OS RECURSOS DA ECONOMIA POR UM FUTURO QUASE SEM FIM.
DAI A PRINCIPAL RAZAO DE PODERMOS ESPERAR POR UMA DECADA PERDIDA SEM MAIORES ESPANTOS.
SEGUNDO MARCOS LISBOA A REVERSAO DESTA SITUACAO SERA MUITO DIFICIL DEVIDO A CONSTITUICAO DE SOLIDOS GRUPOS DE INTERESSE QUE FORAM CRIADOS AO REDOR DO GOVERNO DE ORIGEM SINDICALISTA AO LONGO DE DOZE ANOS -- PRINCIPALMENTE NA INDUSTRIA, ATRAVES DE FIESP, CNI E CONGENERES E SINDICATOS OPERARIOS.
NUNCA É DEMAIS LEMBRAR QUE QUANDO SE DA UM PIRULITO PARA UMA CRIANCA OU UMA" MEIA ENTRADA" PARA UMA CLASSE DE FAVORECIDOS (FINANCIADOS PELOS NÃO FAVORECIDOS) E DIFICILIMO TIRÁ-LO DE VOLTA, QUASE IMPOSSIVEL..
SERIA PRECISO MAIS DO QUE UM SERGIO MORO PARA CONSEGUIR O MILAGRE.
Entrevista. Marcos Lisboa
'Brasil corre o risco de viver anos de baixo crescimento econômico'
Para vice-presidente do Insper, política econômica atual, parecida com a implantada nos anos 1970, precisa ser revista.
ALEXA SALOMÃO
LUIZ GUILHERME GERBELLI
RICARDO GRINBAUM
O Estado de S.Paulo, 29 Março 2015 | 02h 03
Marcos Lisboa faz parte da ala dos economistas mais desencantados com o futuro da economia brasileira. No curto prazo, vê a necessidade de a equipe econômica evitar uma crise aguda no Brasil. Se o País passar por esse sufoco, acha que a década de 1980 - chamada de perdida - pode se repetir. "Eu acho que o Brasil corre o risco de, escapando da crise aguda, viver muitos anos de baixo crescimento", afirmou Lisboa.
Na vice-presidência do Insper, Lisboa foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2005 e participou da equipe que promoveu ajustes na economia com uma agenda de reformas que permitiu, por exemplo, o avanço do crédito no País.
A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado.
Como o sr. analisa a economia?
O momento é de preocupação. Há o descontrole fiscal que, nos últimos anos, levou a essa inflação elevada, à estagnação da economia e que começa a afetar de forma preocupante o mercado de trabalho. Todo o esforço que existe hoje por parte da equipe econômica tenta evitar uma crise aguda.
É possível evitar a crise aguda?
Vai depender da capacidade de o governo fazer o ajuste fiscal firme. Na medida em que for feito, ajuda no combate à inflação. Infelizmente, nessa área, o Banco Central perdeu um pouco de credibilidade nos últimos anos, não só pela leniência com a inflação, mas pela falta de agenda. O BC fez uma condução atabalhoada da política monetária. Faz anúncios de juros para cá. Comunica outra coisa para lá. Sem falar das decisões infelizes, como o processo contra o Alex (Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do BC que quase foi processado por ter criticado a instituição em seus artigos) e agora a história do Pastore (Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC, fez avaliação negativa sobre a instituição em um evento e foi criticado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini). Com tudo o que a gente viu nos últimos anos, a sua capacidade de ter uma política eficaz é baixa. Perdi muitos amigos aqui.
O Tombini é amigo?
Eu gosto de gente ali.
Quer comentar as polêmicas?
Não tenho muito a dizer. Acho lamentável. Já falei de passagem.
O sr. falou que é preciso ser firme com o ajuste fiscal. Está nos jornais a informação de que a presidente Dilma pode ceder em algumas medidas...
Há uma preocupação grande com a qualidade do ajuste. O descontrole que houve nos últimos anos foi grave. A gente saiu de um superávit primário de 3% do PIB para um déficit primário de 1,6% - sem levar em consideração receitas extraordinárias. Com as extraordinárias, são 0,6%. Estamos falando em R$ 200, R$ 300 bilhões de variação no gasto público. Reverter essa trajetória vai ser benéfico para tentar evitar uma crise aguda. Mas vai depender da capacidade de o governo negociar com o Congresso. Até agora, o que o Executivo conseguiu fazer são ajustes temporários. Agora, de fato, medidas estruturais são aquelas anunciadas em dezembro. Aquelas medidas, sim, vão gerar um ajuste fiscal sustentável para os próximos anos. Elas são suficientes? Não, estão longe de serem suficientes, mas vão na direção correta.
O sr. acredita que as medidas passam no Congresso?
Não sei, aí a entrevista teria de ser com um analista político (risos).
Política e economia estão se misturando. São duas crises paralelas e uma contaminando a outra.
Eu acho que isso é um pouco resultado da campanha. Venderam a ideia de que o Brasil teria recursos públicos para financiar de tudo, assim como teria água e energia. A má notícia? Os recursos públicos estão acabando, a água está acabando e a energia está acabando. Ao que parece, o governo ficou refém de um discurso, mas agora precisa trocá-lo. Vendeu uma coisa que não é capaz de entregar. É por isso que se faz um ajuste de maneira um pouco atabalhoada. Não há um plano claro, estruturado, com medidas de longo prazo que vão permitir não apenas evitar a crise aguda, mas retomar o crescimento. O que a gente tem é um conjunto de medidas que estão disponíveis para evitar o pior. São as melhores para o crescimento? Não. Mas são melhores do que não fazer. Infelizmente, vivemos o custo do que se vendeu na campanha eleitoral.
Para muitos, se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy conseguir parte do que está prometendo é sinal de que consegue reverter a situação.
Foi grave o que fizeram nos últimos anos. Um ajuste fiscal profundo e relevante evita uma crise aguda, mas não retoma o crescimento. Essa crise não é igual a 1999 e 2003. Em 2003, tivemos uma bendita herança. Pegamos um país arrumado. Houve erros na gestão do Fernando Henrique Cardoso? Claro. Erros levaram ao racionamento de energia, por exemplo. Mas o governo de FHC assumiu o problema de frente: "Erramos, fizemos bobagem". Tiveram hombridade e liderança pública - o que não temos tido recentemente. Basta ver o caso da água em São Paulo ou o da energia no governo federal. Todo mundo tenta dar um jeitinho para evitar o racionamento. Agora, o problema fiscal é apenas a superfície de uma política econômica equivocada, que gerou uma série de distorções na atividade econômica.
Por quê?
Enquanto vários países procuraram arrumar a casa para sair da crise, a gente inventou que a crise não iria chegar aqui. Retomamos os mesmos mecanismos dos anos 70. Retomamos o nacional-desenvolvimentismo aplicado lá atrás: fecha a economia, protege, concede subsídios. Foram essas medidas que geraram aquela década e meia de atrasos pelos anos 80. Mas aquela crise forçou o País a enfrentar a realidade. Nos anos 90 vieram a abertura econômica, privatizações, agências reguladoras, equilíbrio fiscal e política monetária equilibrada. Este é um ponto importante. O Brasil viveu - com idas e voltas, avanços e retrocessos - uma trajetória de continuidade desde 1990. Infelizmente, veio a crise em 2008 e qual foi a resposta? Repetimos a mesma de 74 que tinha dado errado.
O sr. está querendo dizer que vamos viver outra década perdida?
Eu acho que o Brasil corre o risco de, escapando da crise aguda, viver muitos anos de baixo crescimento. O estrago que foi feito na produtividade é imenso. As pessoas estão muito preocupadas com a corrupção. A corrupção é a franja do problema. O estrago que a política nacional-desenvolvimentista fez na Petrobrás é incomparavelmente mais grave do que os números apresentados até agora pela corrupção. Não estamos falando de alguns bilhões de reais, mas talvez de centenas de bilhões de reais.
O que o sr. está vendo é uma situação como a dos anos 80?
Salvo o descontrole fiscal e monetário, sim. A desorganização é menos grave, mas a direção é a mesma.
Como se desmonta isso?
Esse tipo de política cria grupos de interesse. Estamos vendo o drama da indústria naval. Pela terceira vez, o Brasil tenta fazer uma indústria naval. A gente protege, dá um incentivo, dá um subsídio e cria regra de conteúdo nacional. Ainda assim, a indústria não se desenvolve. Mas condenamos o resto da economia a pagar mais caro pelo transporte naval. É o Custo Brasil. A política de proteção é benéfica apenas para quem recebe. Para o resto do País, é maléfica. Por que escolher empresas e setores para ter benefício? O ministro Levy, que é mais elegante do que eu, falou em patrimonialismo. Eu falo da meia-entrada. Todo mundo quer algum tipo de benefício e este governo apoiou essa proposta. Em parte, a culpa do que está aí é do governo, mas também da sociedade. O governo respondeu aos pedidos de grupos empresariais, de sindicatos, de entidades como a Fiesp. Eles foram a Brasília e falaram: "Baixa os juros, sobe o câmbio, concede proteção e estímulo que o País voltar a crescer". Pois é. Deu errado.
Há sinais de desmonte dessa visão econômica?
É difícil desmontar incentivos. Cada vez que você tentar, vai mexer com um grupo e provocar algum tipo de manifestação. Olha a discussão que se gerou por causa da mudança na desoneração da folha de pagamento. Existem propostas boas para desonerar a folha, mas conseguiram escolher a pior. Fizeram uma desoneração tecnicamente incompetente. Agora, para desmontar, vão ter de enfrentar os grupos de interesse.
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