Mauro Zafalon
As relações comerciais entre Brasil e Venezuela estão virando pó.
Tradicionais exportadores de produtos agropecuários para os venezuelanos, os
brasileiros conseguiram receitas de apenas US$ 176 milhões com as exportações
de janeiro a agosto deste ano para o país vizinho.
Há três anos, o valor das exportações era de US$ 2,9 bilhões nesse
mesmo período, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Responsáveis por 4% das receitas das exportações brasileiras do
setor de agronegócio em 2014, os venezuelanos agora representam apenas 0,4%.
As estimativas econômicas indicam que as coisas vão piorar ainda
mais para a Venezuela. Com isso, o setor de agronegócio brasileiro perde um
mercado até então bastante rentável.
O país vizinho não tem mais fôlego para importações até de alimentos
devido à grave crise econômica.
A atividade econômica deverá recuar 7% neste ano, com a inflação
podendo superar 700%. O problema é que o país registra recuo do PIB há quatro
anos, e a tendência é de continuidade da queda no próximo.
Sem renda e sem emprego, os venezuelanos devem conviver com uma
inflação ainda maior no próximo ano.
Essa grave situação econômica prejudica o agronegócio brasileiro. Um
dos setores mais afetados é o da exportação de gado em pé.
Em 2014, as receitas do Brasil com as exportações de animais vivos
para a Venezuela somaram US$ 568 milhões. Neste ano, está em apenas US$ 2,9
milhões.
As carnes ainda são os principais produtos comprados pelos
venezuelanas no país, mas em um patamar bem inferior ao dos anos recentes.
Neste ano, os gastos da Venezuela com compra de carnes caíram para US$
53 milhões até agosto, bem abaixo do US$ 1,4 bilhão de igual período de 2014.
Sem reservas, a Venezuela também reduziu drasticamente as compras de
açúcar, de leite e de cereais do Brasil.
O volume importado de cereais pela Venezuela caiu para apenas 42 mil
toneladas neste ano, bem abaixo das 282 mil de três anos atrás.
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