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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Mamona no diesel: o primeiro crime econômico do lulopetismo - Estado de Minas, 18/09/2017

Quando a ignorância, ou até mesmo a estupidez, para não dizer que poderia haver coisa ainda mais estarrecedora, vira "política de Estado", o resultado só pode ser o desastre. Este foi o primeiro "CRIME ECONÔMICO" do lulopetismo, que é como eu designo os grandes equívocos de políticas públicas que redudaram em desastres econômicos, quando não em grandes perdas de oportunidade para a sociedade e a economia, ao se ter adotado um caminho condenado ao fracasso, por razões puramente técnicas e de racionalidade econômica, mas onde pode ter estado associado também uma grande dose de patifaria. No caso da "mamona assassina", o produto menos indicado para produzir biodiesel, pode ter havido um cálculo político criminoso de transferir renda, indevidamente, para o MST -- dominado pelos neobolcheviques inimigos do agronegócio -- ao obrigar a Petrobras, que já era obrigada a adicionar biodiesel no diesel fóssil, a comprar especificamente biodiesel de mamona, e ainda mais especificamente de "famílias camponesas". Nunca vi tamanha estupidez, pois justamente se tratava do produto menos indicado para servir de base produtiva para o biodiesel. Mas, como sempre ocorre no caso do lulopetismo, por trás da estupidez econômica, e do crime econômico, havia um crime comum: a "esperteza" de transferir dinheiro para os bolsos dos terroristas agrários.

 Cultivo de mamona para biodiesel definha no Norte de Minas

Oito anos após planta ter sido apelidada de ouro verde do sertão, a matéria-prima está sendo preterida por itens mais baratos

postado em 18/09/2017 06:00 / 

Estado de Minas, 18/09/2017 08:13

http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/09/18/internas_economia,901307/cultivo-de-mamona-para-biodiesel-definha-no-norte-de-minas.shtml 

Cerca de 10 mil agricultores assinaram contrato para a produção de mamona em 2009(foto: Divulgacao )

Cerca de 10 mil agricultores assinaram contrato para a produção de mamona em 2009 (foto: Divulgacao )
 
Da expectativa de lucro, à decepção. Este foi o desfecho que o projeto de plantio de mamona em Minas para o fornecimento de matéria-prima para a Usina de Biodiesel da Petrobras, em Montes Claros, trouxe para pequenos produtores rurais. A instalação da planta de fabricação no Norte de Minas foi cercada de promessas de emprego e renda para a região, dando um novo impulso à agricultura familiar. A ideia foi reforçada pelo então presidente Luiz Inácio da Silva ao inaugurar a indústria, em 6 de abril de 2009, ao lado de sua ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Porém, ao entrar em produção, a usina de biodiesel passou a usar outras matérias-primas, por serem mais baratas, principalmente o óleo de soja, trazido de outras regiões mineiras e até de outros estados, o que condenou ao fracasso as lavouras de mamona.
 
Com o anúncio da instalação da usina de biodiesel, oficializado por Lula em dezembro de 2005 em evento em Montes Claros, a euforia com o “novo negócio” foi tanta que a mamona chegou a ser chamada de ouro verde do sertão mineiro. A Prefeitura de Montes Claros, então comandada pelo prefeito Athos Avelino, divulgou que a indústria geraria 15 mil empregos na zona rural. Além de Montes Claros, foram inauguradas plantas de biodiesel em Candeias (BA) e em Quixadá (CE).

O ex-técnico da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater-MG) Reinaldo Nunes de Oliveira coordenou um programa criado pelo órgão estadual para o plantio de mamona como matéria-prima do biodiesel. Hoje aposentado, o consultor diz ter alertado na época os técnicos da Petrobras sobre a inviabilidade do projeto.

Ele conta que cerca de 10 mil pequenos produtores de 50 municípios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha assinaram contratos com a Petrobras, visando o cultivo de mamona, alcançando 30 mil hectares plantados. Porém, como não foi viável o uso da matéria-prima, dentro de pouco tempo, os agricultores se viram obrigados a parar de plantar a oleaginosa, por não terem para quem vender a produção. Os últimos plantios de mamona da região foram feitos na safra 2015/2016, quando a Petrobras suspendeu de vez a compra da oleaginosa dos pequenos agricultores.

Declínio

A derrocada das lavouras de mamonas para biodiesel é percebida nos levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que aponta um recuo do plantio em todo país da ordem de 11,9% na safra 2016/2017 (28 mil hectares cultivados) em relação à anterior. “Em Minas, desmotivados pelo fracasso do programa de biodiesel, poucos agricultores cultivam mamona, mais precisamente na região Norte do estado, visto que as áreas remanescentes têm sua produção destinada à indústria rícino química”, descreve relatório da Conab. Apenas dois municípios ainda contam com as áreas plantadas da espécie, mas com o registro de perdas de 66,7% na produção.

A impressão que se tem é que o projeto da produção de biodiesel com o uso de óleo de mamona foi feito por executivos de gabinete, que não conhecem a realidade”, afirma Reinaldo Nunes de Oliveira. O consultor diz que apontou a possibilidade de fracasso do projeto na época por causa de uma característica da espécie. Apesar do alto teor de óleo, a mamona tem uma produtividade muito baixa no semiárido, por causa da falta de chuvas. Neste caso, antes da implantação do projeto, segundo o consultor, deveriam ter sido feitas pesquisas para aumentar a produtividade da planta.

O técnico lembra que a mamona de sequeiro no Norte de Minas atingiu uma produtividade média de 1,5 mil quilos por hectare. “Para ser viável como matéria-prima para o biodiesel, a cultura deveria ter atingido menos oito mil quilos por hectare”, explica Reinaldo.


Além disso, ele relata que, mesmo com a Petrobras fornecendo kits de semente e adubo, o preço firmado nos contratos não era atrativo para o agricultor, em função dos custos de produção. Segundo Reinaldo, os agricultores do Norte de Minas envolvidos no projeto chegaram a plantar 30 mil hectares de mamona. Para ter uma produção suficiente abastecer a usina de biodiesel, a região deveria chegar a pelo menos 200 mil hectares plantados da oleaginosa.

Outra barreira foi dificuldade de logística com a falta de uma unidade beneficiadora para a produção do óleo de mamona no Norte de Minas. Com isso, a oleaginosa era levada para ser levada e esmagada no interior da Bahia. Depois, o óleo era transportado para Montes Claros, o que elevou o custo da matéria-prima para a indústria.

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