Reunião dos coordenadores de cursos de pós-graduação
em RI
Itamaraty, Brasília, 10 de novembro de 2017, 9-13hs
Realizou-se na manhã do dia 10 de novembro, no
quadro da VI CORE, uma reunião de coordenadores dos cursos de pós-graduação em
Relações Internacionais das universidades brasileiras, com o objetivo de trocar
opiniões sobre o estado atual e as perspectivas de cooperação entre o Instituto
de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e os programas de pesquisa
mantidos pelas universidades e outros centros de estudos em temas afins. A
reunião foi precedida por encontro de congraçamento, mas também de avaliação e
de apresentação de sugestões de trabalho, de diversos diretores do IPRI, no ano
em que se cumprem os primeiros 30 anos desde sua criação. Estiveram presentes
ao encontro, presidido pelo atual diretor do IPRI, ministro Paulo Roberto de
Almeida, o embaixador Gelson Fonseca, primeiro diretor do IPRI e
atual Diretor do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD, localizado
no Rio de Janeiro, completando 15 anos nesta data), o ex-secretário geral do
Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, embaixadores Carlos Henrique
Cardim e Alessandro Candeas, ademais do presidente da Funag, embaixador Sérgio
Eduardo Moreira Lima.
Durante uma hora, os ex-diretores fizeram uma
avaliação pessoal dos trabalhos realizados pelo IPRI e apresentaram diversas
sugestões para o seu trabalho futuro. O embaixador Gelson Fonseca, por exemplo,
relembrou que o verdadeiro inspirador para a criação do IPRI foi o embaixador
Ronaldo Motta Sardenberg, que já mantinha, ainda na vigência do regime
autoritário, contatos pessoais com acadêmicos engajados no estudo da política
externa e da diplomacia brasileira. O embaixador Cardim, por sua vez, ressaltou
o papel do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, então secretário geral, na
criação do IPRI, obtendo inclusive um local próprio para sua instalação, uma
ampla casa na Vila Planalto, o que assegurava certa independência à
instituição. Cardim fez diversas sugestões de trabalho para o IPRI, entre elas
dar continuidade aos Clássicos, mas num formato resumido de capítulos ou
trechos selecionados de grandes obras. Também sugeriu a criação de uma revista
de geografia política, a instituição de uma cátedra rotativa patrocinada pelo
IPRI em universidades brasileiras e, finalmente, uma atenção especial ao
bicentenário da independência em 2022, com a publicação de obras de grandes
nomes da cultura brasileira.
O embaixador Samuel propôs que o IPRI
estimulasse, nas academias, a realização de estudos sobre a política externa de
outros países, parceiros do Brasil, sobretudo os mais próximos, politicamente
ou geograficamente. Da mesma forma, sugeriu a tradução de obras importantes
sobre a política externa de outros países e sua publicação pela Funag, ademais
de convites regulares a grandes personalidades da área.
O anterior diretor do IPRI, embaixador
Alessandro Candeas, atual chefe de gabinete do ministro da Defesa, formulou uma
série completa de sugestões para o trabalho do IPRI no futuro próximo, entre
elas a constituição de uma rede integrada de pesquisadores em relações
internacionais, a exemplo do sistema que já existe para a promoção comercial,
como é a Brazil Trade Net, contendo, por exemplo, oportunidades de inserção em
programas de pesquisa no exterior para os pesquisadores brasileiros. Sugeriu
igualmente uma nova linha de edição de policy papers pela Funag, atendendo a
demandas específicas, bem como o estímulo à confecção de maços básicos do
Itamaraty com a participação de, e abertos aos, pesquisadores de pós-graduação
da área.
Essa primeira sessão, voltada para os
ex-diretores do IPRI, foi imediatamente sucedida por um debate mais amplo com
os coordenadores, com a intervenção do presidente da Funag, embaixador Sérgio
Moreira Lima, que ademais de homenagear os diretores precedentes, sublinhou o
apoio do ex-diretor, na condição de secretario geral do Itamaraty, Samuel
Pinheiro Guimarães, às atividades da Funag e do IPRI, provendo-os de meios
adequados às diversas iniciativas empreendidas na última década e meia.
Teve início, então, uma sessão que se estendeu
por mais de três horas durante as quais todos os dezessete coordenadores de
cursos de pós-graduação em RI (e em áreas afins) puderam se expressar de forma
livre sobre os temas de sua preferência. De forma geral, foram unânimes nos
agradecimentos à Funag, ao IPRI e ao CHDD, pelo provimento de materiais
relevantes aos estudos e pesquisas que conduzem em suas respectivas
instituições, bem como pela realização de eventos como a CORE, também
destacando o papel essencial desempenhado pelas publicações da Funag nas
tarefas didáticas e de pesquisa que são próprias de suas atividades correntes.
Muitas sugestões foram feitas – como, por exemplo, a constituição de arquivos
digitais de documentos históricos e de referência, o apoio a editais de
convocação a programas de estudos, a canalização dos trabalhos feitos nas
universidades para os trabalhos correntes do MRE, a criação de um prêmio às
melhores teses e dissertações produzidas nas academias, a realização de
seminários com temáticas específicas, a criação de uma linha de livros
clássicos da América Latina, a continuidade de traduções de clássicos ainda não
realizadas, a colaboração na inserção profissional dos egressos de cursos de RI
e na concessão de bolsas de estudos em nível de pós-graduação, uma melhor
interação com as associações profissionais existentes (não apenas ABRI, mas
também ABED, ABCP e outras pertinentes), a maior integração de diplomatas de
carreira com atividades de pesquisa e extensão nos cursos de pós – num debate
aberto que contou inclusive com a participação do Secretário de Planejamento
Diplomático do Itamaraty, ministro Benoni Belli, sublinhando ele a importância
desse tipo de interação, que permite ultrapassar os limites institucionais do
pensamento oficial, bem como do coordenador de estudos e pesquisas do IPRI,
conselheiro Marco Túlio Scarpelli Cabral, que resumiu os muitos eventos
conduzidos pelo Instituto ao longo de 2017.
A sessão foi encerrada pelo presidente da
Funag, embaixador Sérgio Moreira Lima, que efetuou uma ampla apresentação da
produção da Fundação, já acumulada e disponibilizada gratuitamente em formato
de livros em sua Biblioteca Digital. Dentre os muitos temas mencionados por
diversos participantes na sessão figurou o da preparação do Itamaraty para o
bicentenário da independência, com uma visão tanto retrospectiva quanto
prospectiva. Trata-se de uma data simbólica, a de 2022, que pode envolver não
apenas os principais órgãos de interação entre o Itamaraty e a comunidade
acadêmica, mas também a sociedade civil de modo geral, ao oferecer uma
oportunidade para fazer um balanço retrospectivo do que o Brasil realizou desde
o marco inaugural, bem como para traçar algumas linhas prospectivas sobre o que
se poderia fazer nos anos à frente. O papel da Funag, do IPRI e também do CHDD,
é justamente o de favorecer uma contínua interação entre operadores da política
externa brasileira, diplomatas, e os pesquisadores da academia, que são os
analistas críticos do que é feito no Itamaraty. Ao final, houve um
reconhecimento geral de que o encontro tinha cumprido seus objetivos
previamente definidos, quais sejam, o de oferecer uma oportunidade direta para
troca de opiniões e de informações, bem como a coleta de sugestões e
recomendações para orientar os trabalhos futuros da Funag e seus órgãos
subordinados.
Ademais dos diplomatas já mencionados nesta
nota, e do presidente da ABRI, Prof. Eugenio Diniz, os seguintes coordenadores de cursos de
pós-graduação em Relações Internacionais e em áreas afins participaram do
encontro:
1)
Alexandre César
Cunha Leite (UEPB)
2)
Ana Flávia Granja
e Barros (UnB)
3)
André Luiz Reis
da Silva (UFRGS)
4)
Armando Gallo
Yahn Filho (UFU)
5)
Denise Vitale
(UFBA)
6)
Eduardo Munhoz
Svartman (UFRGS)
7)
Fábio Borges
(UNILA)
8)
Iara Costa Leite
(UFSC)
9)
Javier Alberto
Vadell (PUC-MG)
10) Lidia de Oliveira Xavier (Unieuro)
11) Marcelo de Almeida Medeiros (UFPE)
12) Marcos Cordeiro Pires (UNESP)
13) Marta Fernandez Moreno (PUC-RIO)
14) Miriam Gomes Saraiva (UERJ)
15) Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari (IRI-USP)
16) Raphael Padula (UFRJ)
17) Samir Perrone de Miranda (UFPB)
[Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de novembro de 2017]
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