domingo, 12 de agosto de 2018

A tragedia do “mais do mesmo” - Ricardo Amorim



Sobre o autor
Economista, apresentador do "Manhattan Connection" (Globo News) e presidente da Ricam Consultoria (www.ricamconsultoria.com.br
10/ago/18 - 09h30
Que renovação política?
Nos últimos tempos, a aversão à classe política é um fenômeno mundial. Em todo o mundo, eleições têm sido ganhas por candidatos que até recentemente não eram políticos e partidos recém-criados, como Donald Trump, nos EUA, Macron e seu Em Marcha!, na França, e o Movimento Cinco Estrelas, na Itália.
No Brasil, com a maior crise econômica da História e infindáveis escândalos de corrupção, a confiança nos políticos é a mais baixa entre todos os 137 países pesquisados pelo Fórum Econômico Mundial.
Tudo isso sugeriria que a renovação nas próximas eleições a presidente, governadores, senadores e deputados deveria ser grande. Aparentemente, deve acontecer exatamente o contrário. Estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) feito em dezembro do ano passado projeta um baixo índice de renovação do Congresso, provavelmente menor que a média de 49% das últimas cinco eleições. Razões não faltam.
Para começar, o número de deputados federais tentando se reeleger deve ser recorde. Nove em cada dez deputados federais devem concorrer à reeleição por um simples motivo: manter o foro privilegiado para reduzir a probabilidade de que venham a ser presos por denúncias de corrupção. Além disso, o tempo de campanha será menor — só 45 dias —, tornando mais difícil para novos candidatos ficarem conhecidos, o que aumenta a importância da base eleitoral consolidada daqueles que já têm mandato. Por fim, congressistas concorrendo a novas eleições sempre tiveram muito mais poder de barganha nas negociações com os partidos por tempo de tevê, mas agora também têm acesso a mais recursos do fundo eleitoral criado por eles mesmos para financiar suas candidaturas.
Nas disputas nos estados, o quadro não é diferente. Dezesseis governadores concorrerão à reeleição, o maior número desde 2006. Ainda assim, talvez o mais impressionante seja a falta de renovação nos candidatos a presidente. Das 13 candidaturas registradas, apenas uma — a de João Amôedo, do também recém-criado Partido NOVO — não é de um politico de carteirinha, que já participa há décadas da política brasileira. A falta de renovação é tão grande que muitos veem como renovação um deputado federal em seu sétimo mandato com três filhos na politica.

A conclusão óbvia é que o esforço da classe política em se perpetuar no poder tem tudo para ser bem sucedido. Se você não quer que isso aconteça, pesquise, busque novas alternativas e use o poder do voto. Se não fizer isso agora, outra chance só daqui a quatro anos.

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