segunda-feira, 3 de junho de 2019

Argentina: um partido nazista nas eleições

Do Boletim da Liberdade:

Candidato à presidência argentina promete expulsar embaixada de Israel

Manchetes em páginas de orientação judaica denunciaram a ascensão de uma candidatura de inspirações nazistas na Argentina; o Boletim investigou
- Publicado no dia 2 de junho de 2019 - Faça parte da nossa lista VIP no WhatsApp -
Alejandro Biondini (Foto: Radio Jal)
Manchetes em sites e páginas, especialmente de origem judaica, ressaltaram nos últimos dias a candidatura presidencial de um neonazista para as eleições de outubro na Argentina. Um antissemita, inspirado nas ideias de Adolf Hitler, estaria pleiteando a vaga hoje ocupada por Maurício Macri. Qual a verdade nessa história? O Boletim investigou.
Quem é Alejandro Biondini
Legalizado em 2014, o partido conhecido como “Bandera Vecinal”, autodeclarado “partido do nacionalismo argentino”, conseguiu em 2015 somente 0,1% dos votos para seu pré-candidato a chefe de governo em Buenos Aires, Ramiro Vasena, o que foi insuficiente para avançar para as eleições gerais. Porém, no mesmo ano, a legenda obteve reconhecimento da Justiça para competir nas primárias do distrito. [1]
O homem responsável por tudo isso é Alejandro Biondini, de 63 anos. Ele foi, em 1981, secretário-geral da Juventude Peronista da capital e declarou sua identificação com o ditador populista Juan Domingos Perón, que se notabilizou por abrigar nazistas refugiados da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

PUBLICIDADE



Na década de 90, Biondini comandou o Partido Nuevo Triunfo, que nunca foi legalmente reconhecido por ser acusado de antissemitismo e afinidade com o nazismo. Na década seguinte, Biondini negava as acusações: em agosto de 2007, ele escreveu que é uma falácia confundir a condenação ao “sionismo”com “um ataque à “comunidade judaica””. [2]
Uma simples consulta à Internet mostra, no entanto, que Biondini, que conseguiu nas eleições legislativas em 2017 apenas 0,32% dos votos, cerca de 28.448, aparece em imagens fazendo saudação semelhante à nazista e cercado de símbolos que se assemelham aos ícones da Alemanha de Hitler, como a famosa suástica hitlerista. Questionado, ele sempre responde: “são símbolos milenares”.
A expulsão das embaixadas como promessa de campanha
Hoje, à frente de uma nova força política, a Frente Patriótica, lançada oficialmente em 24 de maio – uma fusão do Bandera Vecinal e do Gente de Acción que superou os 11 mil filiados -, Biondini e seus apoiadores já não exibem mais a estética caricaturesca do nacional-socialismo. Em suas redes sociais, ele celebra a vitória de partidos nacionalistas mundo afora, como o Front Nacional de Marine Le Pen, na França. No entanto, declarações radicais e avessas ao Estado de Israel continuam sendo feitas.
Em fevereiro, Biondini publicou em sua página no Twitter que se define “como claro defensor do Estado Palestino”: “repudio o sionismo colonialista e genocida. Reafirmo: quando for presidente, expulsarei embaixadores britânicos e israelenses”, afirmou taxativamente. A referência aos britânicos é consequência da aversão nacionalista à derrota na histórica Guerra das Malvinas, em que os argentinos enfrentaram a Grã-Bretanha pela soberania do arquipélago.
Tempos depois, no lançamento de sua campanha, ele exclamou: “aqui é Argentina, aqui não é Israel”. Em 1991, Biondini disse em entrevista ao jornalista Mariano Grondona na televisão que reivindicava Adolf Hitler, demonstrando simpatia pelo revisionismo histórico do período e pelo questionamento do Holocausto. Três anos mais tarde, ele esteve em manifestações na Argentina que clamavam por “morte aos traidores, covardes e judeus”. [3]
Os princípios do partido
Em seu discurso de lançamento como candidato, Biondini definiu o nacionalismo como “o patriotismo militante, o nacionalismo cultural, a soberania política, a independência econômica e a justiça social”. Discursou também a favor de considerar a prática do aborto um grave “crime de estado”.
A Frente Patriota se define como uma “aliança de partidos nacionalistas para as eleições de 2019 baseada na defesa da soberania, da vida, da família e da justiça social”. Também sustenta em seu Twitter, em publicação do último dia 13, a ideia de um país “livre da usura e do colonialismo”, uma economia “a serviço dos trabalhadores e da justiça social”, a defesa “da vida e da família”, de uma “Argentina para os argentinos, sem imigração ilegal, nem abusos de corporações estrangeiras”, o “império da lei” – com “prisão perpétua efetiva para delitos aberrantes” e o serviço militar obrigatório. [4]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.