Olhando a paisagem ao redor
Paulo Roberto de Almeida
Contemplando pelo noticiário da antiga capital federal o rol de crimes (inclusive e provavelmente sobretudo) pela polícia, pela disseminação de armas, o racismo e a má educação persistentes, os inúmeros casos de corrupção em todas as esferas da administração pública, o desleixo geral e a imoralidade públicas e manifestas por parte dos “representantes do povo” (vários das milícias, na verdade), constato que o Rio de Janeiro está se autodestruindo, mas também vejo que o Brasil, para nossa maior tristeza, parece seguir atrás.
Temos duas cleptocracias em ação no país: o estamento político oligárquico tradicional e certas seitas evangélicas que também se voltaram para a política. Estas são as duas saúvas que ameaçam destruir o país, não apenas pelo roubo e pela corrupção, mas também no plano cultural, educacional e principalmente moral.
Parece que não existe DDT social ou nacional capaz de eliminar essas duas pragas; dessa forma, continuaremos nossa trajetória para a anomia política e social, o que indica que a deterioração do país tem um grande futuro pela frente.
Antigamente eram os mais pobres que saiam do país para trabalhar em outros lugares. Agora é a classe média que rejeita a imoralidade, a insegurança, a má qualidade dos serviços públicos (a despeito dos altos impostos), a má educação, a falta de perspectivas, para tomar o caminho da expatriação.
O Brasil tem futuro?
Stefan Zweig, antes de se suicidar, 80 anos atrás, acreditava que sim, numa perspectiva otimista, sobretudo pela plasticidade de nossa formação e nossa integração cultural.
Começo a duvidar dessa visão, mas é importante não insistir nos elementos corruptores de nossa boa índole e procurar, ao contrário, enfatizar nossas boas realizações. Sempre há esperança, quando adquirimos consciência do desmazelo e das ameaças e tomamos a via da correção e da (re)construção.
Será um caminho longo, mas não temos outra opção: este é o nosso país, esta é a nação que estamos soberanamente construindo há dois séculos; e a mesma que vamos legar a nossos filhos, netos e bisnetos. Nossa missão é sempre construir, jamais destruir.
Persistiremos…
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de fevereiro de 2022
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