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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 13 de novembro de 2010

A Era do Gelo, 5: congelando leituras, esquecendo os titulos...

Sei não: lembro-me de um video em que a então candidata não conseguia se lembrar do livro que estava lendo, e que disse que tinha terminado "rapidinho, na noite de ontem". Hesitou, hesitou, e não conseguiu lembrar; aí disse que estava tentando se lembrar "daquela novela, para ver se consigo lembrar o nome do livro"...
Pronto, alguém assoprou e ela conseguiu se "lembrar". Sinto, mas eu não me lembro que livro era.
Agora, a repórter não se lembrou de perguntar quais eram os três livros que a presidenta eleita estava, não lendo, mas carregando consigo (não sei se na bagagem de mão ou na despachada). Deve ser leitura por osmose...
Vou lembrar dos três livros que também carrego comigo em viagem...
Eu destaco, abaixo, apenas porque gosto de livros, e destaco que a presidente sempre viaja com três, além do iPad, que comporta mais 3 mil...
Paulo Roberto de Almeida

Nas nuvens com Dilma
Catia Seabra
Folhapress, 13.11.2010

Presidente eleita diz não ter medo de avião, confidencia que usa um "remedinho francês" para dormir e sempre viaja com 3 livros na bagagem

Dilma Rousseff não viaja se não tiver três livros na bagagem. Diz não sentir mais medo de voar e confidencia que recorre a um "remedinho francês" para insônia.
Mal entra no voo da TAM com destino a Frankfurt, a presidente eleita vai para o banheiro da cabine reservada à primeira classe, onde tira as lentes de contato, calça um par de meias verdes e veste o pijama marrom ofertado pela companhia aérea.
A Folha viajou ao lado de Dilma durante as 11 horas de voo entre Brasil e Alemanha. Dilma conversou sobre meditação e livros, aceitou posar para fotos, mas fez um pedido: "Não vá tirar uma foto minha dormindo. Todo mundo baba enquanto dorme".
(...)
Dilma dormiu durante 7 das 11 horas. Para que tivesse privacidade, improvisou-se uma cortina de madrugada.
Ela promete dedicar mais que os atuais 40 minutos à meditação transcendental, que consiste na reprodução mental de um mantra. "Para mim, é um mergulho. É muito importante", diz a presidente eleita, antes de uma breve pausa. "Corpo: esporte e caminhada. Para a cabeça, o mergulho", prossegue.
(...)
Na bagagem, carrega um iPad (computador portátil da Apple) e três livros. "Se eu não tiver três livros, sei lá. Não fico bem", afirma.
Dilma enaltece autores angolanos, rasga elogios ao belga Georges Simenon e admite que dormiu na segunda página de um de livro do mexicano Carlos Fuentes.
(...)
Ela mesma arruma a bagagem. Aberta sobre o assento, a mala expõe detalhes da presidente: além dos livros, cremes e maquiagem.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nova presidenta: velhas e novas amizades...

Nem sempre se pode escolher os amigos. Mas curioso que os mais apressadinhos são justamente aqueles que mais necessitam de amigos. É ou não é verdade?
Paulo Roberto de Almeida

Ahmadinejad parabeniza Dilma por vitória e pede apoio; Chávez diz que petista saudou venezuelanos
O Globo, 01/11/2010
 
BRASÍLIA - No dia seguinte da eleição presidencial, os presidentes do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e da Venezuela, Hugo Chávez, felicitaram a presidente eleita, Dilma Rousseff, pela vitória. Ahmadinejad enviou uma carta em que pediu o apoio do Brasil no cenário internacional. Já Chávez falou com a petista por telefone, e disse ela prometeu manter a cooperação entre os países. 

"Estou confiante de que o Brasil vai progredir e desenvolver durante seu mandato presidencial"

Segundo informações da Presidência do Irã, Ahmadinejad disse estar confiante no progresso e desenvolvimento do Brasil "em velocidade máxima" durante o governo de Dilma. Ahmadinejad afirmou ainda que confia que as relações entre o Irã e o Brasil serão intensificadas no próximo governo.
"Estou confiante de que o Brasil vai progredir e desenvolver, em velocidade máxima, durante seu mandato presidencial", afirmou Ahmadinejad na carta.
A notícia ganhou destaque na agência estatal de notícias do Irã, a Irna. Uma fotografia de Dilma ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ilustra a principal reportagem do site em inglês.
Na correspondência enviada à Dilma, o presidente iraniano afirmou estar confiante na ampliação das relações entre o Brasil e o Irã, assim como nos esforços pelo respeito às normas internacionais de Justiça, segurança e estabilidade. 

"Falei com a presidenta Dilma. Me encarregou de cumprimentar todo o povo venezuelano"
 Ahmadinejad não menciona os Estados Unidos, mas reclama dos "padrões duplos" utilizados por parte da comunidade internacional para analisar questões específicas. Ele se referiu ao programa nuclear iraniano, que é alvo de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e unilateralmente de vários países. O tom da carta é de pedido de apoio ao Irã.
Hugo Chávez, por sua vez, usou seu Twitter para afirmar que, por telefone, a presidente eleita garantiu que vai continuar com a parceria entre Venezuela e Brasil.
- Falei com a presidenta Dilma. Encarregou-me de cumprimentar a todo o povo venezuelano. "Seguiremos construindo a Unidade Brasil-Venezuela", disse (Dilma) - relatou Chávez.

Treze promessas da candidata, agora presidente: meus comentarios (Paulo R. Almeida)


As promessas da candidata eleita: breve avaliação

Paulo Roberto Almeida

Assim como fiz brevemente em relação ao candidato da oposição, vou examinar, ainda que brevemente, os compromissos assumidos pela candidata oficial, agora eleita, que deveriam funcionar como uma série de engajamentos genéricos a serem cumpridos nos próximos quatro anos. Justamente, em virtude de seu caráter por demais genérico, certos “compromissos” não representam quase nada.

OS 13 COMPROMISSOS

1. Expandir e fortalecer a democracia política, econômica e social. Garantia irrestrita de liberdade religiosa, de imprensa e de expressão
PRA: Tendo em conta as barbaridades que foram sendo ditas, ao longo dos últimos oito anos, sobre a “grande mídia”, sobre essa alucinação coletiva chamada “Partido da Imprensa Golpista”, mais carinhosamente chamada de PIG, e todas as obsessões de petistas e aliados contra uma coisa chamada “monopólio das comunicações nas mãos de grandes grupos”, é realmente bem-vindo que a candidata se tenha comprometido a “expandir e fortalecer” tudo isso que vai acima.
Na verdade, tudo isso nem precisaria ser dito, sequer mencionado, se não subsistissem desconfianças de que, entre seus colegas de partido e outros apoiadores dotados de vocação totalitária, se apresentassem novamente as mesmas propostas dessas “conferências nacionais” manipuladas por partidos e grupelhos anti-democráticos, empenhados em construir uma imprensa à imagem e semelhança de outras que existem em países justamente anti-democráticos e totalitários.
Nada disso precisaria existir, se não fosse esse comichão de restringir as ditas liberdades. Aliás, a candidata não precisa garantir nada. A Constituição já garante. Ela não precisa fazer nada, basta ficar quieta e não mexer com a imprensa, que dispensa totalmente suas “garantias” para continuar existindo e funcionando normalmente. Quem precisa de garantias é a sociedade, de que dinheiro público não vá para uma imprensa amestrada, para órgãos de informação escravos do poder e coisas do gênero.
Uma boa coisa seria a presidente eleita – sorry, mas não consigo chamá-la de presidenta, coisa horrível de se dizer, sem qualquer sentido aliás – prometer acabar com o ministério da propaganda (vulgarmente conhecido como Secom) e suas imensas verbas, gastas inutilmente em fazer publicidade do governo. Quando o governo tem algo a dizer para a sociedade, se for relevante, não se preocupe que a imprensa repercutirá, de graça para o governo. Todo o resto é propaganda, e portanto dispensável.

2. Construir mais. Crescimento com distribuição de renda
PRA: ??!!! So what? Alguém é contra o crescimento, contra “construir mais”? Bem, talvez os ecologistas, mas esses a candidata sabe como tratar. Alguém seria a favor do crescimento com concentração de renda? Mesmo sendo, ninguém vai dizer.
Na verdade, são os governos que concentram renda, ao dar bolsa-banqueiro (juros altos dos títulos da dívida pública), bolsa-industrial (dinheiro barato do BNDES, para certos projetos ditos “estratégicos”), altos salários para os mandarins da República, a começar pelo Judiciário e Legislativo, pensões e aposentadorias generosas para os mesmos, universidade pública gratuita para os filhos dos ricos, enfim, toda uma série de mecanismos concentradores – a começar pela inflação, que muitos economistas da tropa da presidente favorecem, em troca de “mais emprego” – que governos ditos populares costumam praticar sem mesmo ter consciência do que estão fazendo.

3. Projeto Nacional de Desenvolvimento que assegure a transformação produtiva
PRA: Essa conversa de “projeto nacional” sempre aparece naqueles grupos que tem essa vocação de praticar “engenharia social”. Alguém já viu algum país hoje rico e avançado que tenha alcançado esse estágio de desenvolvimento através de um “projeto nacional”? Acho que essas nações simplesmente trabalharam duro até ficarem ricas e prósperas. Se em vez de perder tempo com essas bobagens que nunca foram implementadas, o novo governo simplesmente estimular a atividade empresarial privada, parar de fazer “despoupança” com o dinheiro da sociedade já seria uma ótima coisa. Os melhores projetos costumam ser os mais simples: produzir, criar empregos, distribuir riqueza pela via do mercado, etc. Se projeto nacional de desenvolvimento fosse receita milagre de desenvolvimento, os países socialistas, com todos os seus planos quinquenais e o planejamento centralizado, teriam conseguido se tornar potências avançadíssimas, não a miséria e o desastre social, humano e material que foram, até soçobrarem na irrelevância econômica total.

4. Defender o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável
PRA: Muito bem. Lá vai a presidente, que já afirmou em Copenhagen que o meio ambiente era uma ameaça ao desenvolvimento, agora sai para defendê-lo bravamente. Não sei por que, mas tenho uma bronca desse tal de “desenvolvimento sustentável”; acho a maior bobagem politicamente correta já criada nos últimos 30 anos. Ponto.

5. Erradicar a pobreza
PRA: Uau! Excusez du peu, como diriam os franceses. Não se trata nem de diminuir a miséria ou eliminar a pobreza extrema, mas simplesmente "erradicar a pobreza". E isso em 4 anos! Bem, quem sou para contestar a presidente? Acho que os EUA, uma das nações mais avançadas do planeta, mas que ainda tem muitos pobres, vão pedir a receita da solução milagre...

6. Governo para todos com atenção especial ao direito dos trabalhadores
PRA: Xiii! Acho que vem mais engessamento da legislação trabalhista por aí, o que não seria nada estranho, em se tratando de um governo eleito com o apoio dos sindicatos de trabalhadores, alguns até verdadeiras máfias sindicais. Trata-se da melhor garantia de que o desemprego vai continuar alto nos próximos anos.
Mas se eu falar em reforma da legislação trabalhista, no sentido da empregabilidade, vão me chamar de "neoliberal". Acho que eles vão conseguir aprovar a lei das “40 horas”, sem redução de salário, o que deve aumentar um pouco mais o desemprego, como aliás ocorreu na França e suas 35 horas, frustradas. Veremos...

7. Educação para igualdade social
PRA: ??? Não imaginaria ninguém prometendo educação para a desigualdade. Agora, o que isso quer dizer, exatamente, eu não sei. Acho que nem a candidata eleita...

8. Trabalhar o Brasil em políticas científica e tecnológica
PRA: “Trabalhar” o Brasil? É com esse tipo de linguagem que se pretende trabalhar no governo? Acho melhor eles fazerem um curso de Português antes...
Aguardo maiores esclarecimento, pois a frase não quer dizer rigorosamente nada. Enquanto isso vou “trabalhar” a massa do pão de queijo.

9. Universalizar a saúde e garantir a qualidade de atendimento do SUS
PRA: Curioso: o presidente atual já tinha dito que a saúde no Brasil estava quase perfeita! Será que aconteceu alguma coisa no caminho que atrapalhou? Será que foi a “extinção perversa” da CPMF? Mas não pode ser: a arrecadação continuou a subir depois disso, ultrapassando, aliás, os volumes previstos para a CPMF. Tenho por mim que o problema da saúde não é tanto a necessidade de mais dinheiro e sim de gestão e de boa administração. Coisas que um Estado organizado pode fazer em quatro anos...
Pode até universalizar, mas acho que vai sair um pouco mais caro do que meio PIB. Aí, vão vir novamente com aquela história da CPMF. Alguém acredita?

10. Vida nas cidades. Habitação, Saneamento e Transportes
PRA: So what?, como diriam os ingleses. Aguardaremos nossa vida... E o pessoal do campo, não leva nada?

11. Valorizar a cultura nacional e dialogar com as outras
PRA: Vamos colocar a nossa cultura a "dialogar" com as outras. Bom programa. Se parar de dar dinheiro para artista incompetente para ganhar o seu próprio dinheiro no mercado, já estaria muito bom. Esses filminhos oficialescos costumam ser horríveis.

12.Combater o crime e garantir a segurança dos cidadãos
PRA: Muito bem. Acho que é isso. Faltou só dizer como...

13. Presença ativa e altiva do Brasil no mundo.
PRA: OK, não precisamos mais nos preocupar com a nossa soberania. Ainda bem que ela está assegurada. Eu me sinto tão mais tranqüilo assim: poder dizer não ao império, poder dizer sim aos países pobres... Tão melhor...

Dilma Roussef
            PRA: Presidente ou presidenta?
Shanghai, 1 de novembro de 2010

Treze promessas da candidata, agora eleita presidente (ou presidenta, ugh, se preferir...)

Não custa nada lembrar, ainda que o alto grau de generalidade das promessas seja uma promessa, justamente, de restrições a uma avaliação precisa quanto aos resultados a serem obtidos nos próximos quatro anos.


OS 13 COMPROMISSOS

1. Expandir e fortalecer a democracia política, econômica e social. Garantia irrestrita de liberdade religiosa, de imprensa e de expressão

2. Construir mais. Crescimento com distribuição de renda

3. Projeto Nacional de Desenvolvimento que assegure a transformação produtiva

4. Defender o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável

5. Erradicar a pobreza

6. Governo para todos com atenção especial ao direito dos trabalhadores

7. Educação para igualdade social

8. Trabalhar o Brasil em políticas científica e tecnológica

9. Universalizar a saúde e garantir a qualidade de atendimento do SUS

10. Vida nas cidades. Habitação, Saneamento e Transportes

11. Valorizar a cultura nacional e dialogar com as outras


12.Combater o crime e garantir a segurança dos cidadãos

13. Presença ativa e altiva do Brasil no mundo.

Dilma Roussef

 Permitirei-me comentar, oportunamente, cada uma das promessas de campanha...
Paulo Roberto de Almeida