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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os crimes econômicos do lulismo-petrolífero: editorial do Estadao

Os paraguaios é que estão certos: sua Constituição prevê a deposição, ou impedimento para ficarmos no conceito clássico, de um presidente incompetente, depois de um devido processo no Congresso. Foi o que fizeram com o bispo prolífico, um exemplo, entre muitos outros, de populismo demagógico que subiu pela via eleitoral (sempre aberta aos demagogos e falastrões), mas que desceu pela ação constitucional do parlamento paraguaio.
Os outros países, enfurecidos porque um parlamento tinha ousado tocar num dos seus (os bolivarianos, num sentido amplo), puniram o Paraguai e, ilegalmente, suspenderam sua participação no Mercosul e na Unasul (essa totalmente bolivariana).
Pois bem, se o mesmo dispositivo existisse no Brasil, e se tivessemos um Parlamento digno desse nome, o ex-presidente Lula poderia ser acusado de crimes econômicos. Foi o que ele fez não apenas com a Petrobras, mas com toda a matriz energética brasileira, além de dezenas de outros crimes econômicos a serem devidamente contabilizados. O editorial do Estadão abaixo relaciona alguns:


Cinco anos perdidos

16 de maio de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
O governo pode celebrar o bom resultado obtido no leilão de blocos para exploração de petróleo e gás, um sucesso de público e de renda, mas os brasileiros têm motivos ainda mais fortes para lamentar a perda de cinco anos desde a última licitação. Com arrecadação de R$ 2,82 bilhões - recorde em termos nominais - e participação de 12 empresas nacionais e 18 estrangeiras, a rodada comprovou a disposição de grandes empresas multinacionais, como a Exxon Mobil, a BP e a Total, de investir no Brasil.
Foram arrematados em dois dias 142 dos 289 blocos licitados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com enorme atraso, o governo acabou reconhecendo, na prática, o erro cometido quando resolveu, a partir de 2009, condicionar a participação estrangeira no setor de petróleo a critérios tão míopes quanto ineficazes.
Guiado por uma desastrosa mistura de nacionalismo, estatismo e centralismo administrativo, o governo tentou atribuir à Petrobrás um papel superior às suas possibilidades na estratégia de exploração e produção de petróleo e gás. Errou de forma infantil, ao subestimar os custos desse programa. Bastaria levar em conta as dificuldades excepcionais da exploração do pré-sal para renunciar àquela pretensão.
Além disso, o Palácio do Planalto, o centro real de comando da Petrobrás, tentou impor à empresa um conjunto absurdo de obrigações. A estatal teria de contribuir para o controle da inflação, operando com preços contidos. Teria de servir às fantasias geopolíticas do presidente Luiz Inácio da Silva, participando de empreendimentos com a PDVSA do caudilho bolivariano Hugo Chávez. Deveria operar como instrumento de uma política industrial anacrônica, suportando custos excessivos para beneficiar fornecedores nacionais de insumos e equipamentos. Nenhuma dessas políticas funcionou.
Uma das consequências foi a estagnação da produção. Em 2009 a empresa produziu por dia, em média, 2,29 milhões de barris equivalentes de petróleo. Em 2011 o resultado foi apenas 3,85% maior, 2,38 milhões. Em 2012 diminuiu 2%, recuando para 2,35 milhões.
Neste ano, segundo projeção apresentada em relatório oficial, a produção dificilmente será maior que a do ano passado. No caso da extração de óleo e LGN, o retrocesso foi de 2 milhões de barris/dia em 2010 para 1,98 milhão no ano passado, número quase igual ao de 2009, 1,97 milhão.
Enquanto isso, a demanda de combustíveis e lubrificantes cresceu no mercado interno. O desequilíbrio entre oferta e procura foi acentuado pelos problemas da produção de etanol, prejudicada pela contenção dos preços da gasolina.
A Petrobrás converteu-se rapidamente em grande importadora, passando a pressionar perigosamente a balança comercial. Com a máxima discrição, o governo enrolou e escondeu a bandeira da autossuficiência, agitada com entusiasmo pela cúpula petista durante um breve período.
O plano de negócios da Petrobrás, apresentado em março deste ano, prevê investimentos de US$ 236,7 bilhões entre 2013 e 2017. O documento inclui - para repetir sua linguagem - alguns dos pressupostos da "financiabilidade" do plano: manutenção do grau de investimento da empresa, convergência com os preços internacionais de derivados e desinvestimentos no Brasil e, principalmente, no exterior.
Dirigentes da estatal comemoraram nos últimos dias a captação de US$ 11 bilhões no mercado financeiro internacional. Foi uma operação de proporções respeitáveis, mas falta muito, sem dúvida, para a cobertura das necessidades da empresa.
Enquanto a Petrobrás derrapava na execução de seus planos e perdia dinheiro para atender às fantasias, tolices ideológicas e objetivos políticos do grupo no poder, o cenário internacional mudava.
Uma das novidades mais notáveis ocorreu nos Estados Unidos, com a drástica redução dos custos de exploração do gás de xisto. Segundo alguns especialistas, pode-se falar de uma revolução no setor energético, iniciada há cerca de cinco anos. Nesse período, a política brasileira de petróleo hibernou, como se o "resto" do mundo pudesse ficar parado à espera do Brasil.

Venezuela: falta de papel higienico merece editorial do Estadao

Eu já havia postado aqui uma matéria sobre a marca distintiva do socialismo, de todos os socialismos: a falta de papel higiênico, além, é claro de todos os outros gêneros de primeira, segunda e de terceira necessidade, sem falar da falta absoluta de produtos supérfluos.
Eis o link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/05/ok-camaradas-o-socialismo-chegou-de.html
Ou seja, o que caracteriza, antes de mais nada o socialismo é a penúria, a falta de tudo e de qualquer coisa.
Os companheiros que acham que o socialismo vai acabar com a desigualdade e a miséria são uns iludidos, ignorantes ou mal informados; o que o socialismo mais faz é trazer a igualdade da miséria, simples assim.
Paulo Roberto de Almeida

O naufrágio venezuelano

16 de maio de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
A Venezuela está à deriva. Comandado há quatro meses por um aprendiz de caudilho, que não sabe se governa ou se finge que é a reencarnação de Hugo Chávez, o país enfrenta uma crise tão ampla que começa no governo e termina, vejam só, nos estoques de papel higiênico. Símbolo tão cômico quanto trágico da irresponsável aventura estatista bolivariana, a escassez desse produto é o dado mais recente de uma conjuntura de tal modo dramática que revela toda a perniciosidade do tal "socialismo do século 21".
O governo de Nicolás Maduro anunciou que "a revolução importará 50 milhões de rolos de papel higiênico", para, nas palavras do ministro do Comércio, Alejandro Fleming, acabar com a "campanha midiática" que está promovendo "compras nervosas desnecessárias" do produto. "Vamos saturar o mercado (de papel higiênico) para que nosso povo se tranquilize e compreenda que não se deve deixar manipular", disse Fleming. Para o ministro, "o presidente Chávez deixou uma economia fortalecida". No entanto, os milhares de venezuelanos que se acotovelam diariamente em filas para tentar comprar produtos inexistentes nas gôndolas começam a deixar de acreditar nessa mentira que já dura 14 anos.
Em quatro meses de governo - três como presidente postiço e um como presidente eleito numa votação denunciada como irregular pela oposição -, Maduro não apresentou nenhum plano de longo prazo para lidar com a crise, limitando-se a tentar apagar incêndios, muitas vezes usando gasolina. Maduro prometeu "medidas para impedir uma guerra econômica" contra o país e atribuiu essa guerra ao setor privado, que já está totalmente de joelhos.
No momento em que precisa da união das forças produtivas para tirar a Venezuela do buraco em que o chavismo a enfiou, o presidente afronta os empresários, acusando-os de tramar contra seu governo. Ainda confiando no capital carismático deixado por Chávez, que erode à luz do dia, Maduro parece apostar no caos e na intriga para manter-se no poder. É o caminho mais curto para o desastre, cujos sinais abundam.
A inflação dos quatro primeiros meses do ano aponta para um índice anualizado de quase 30%. Os produtos da cesta básica subiram 10% em abril e 46,7% na comparação com o mesmo mês de 2012. A desastrada política de estatização e de controle de preços travou a produção de alimentos e outros itens de primeira necessidade, tendo como resultado o desabastecimento crônico - cujo símbolo mais impactante foi o de uma fila para comprar farinha de milho em Barquisimeto, na qual os venezuelanos tiveram a senha de espera escrita no antebraço. Para tentar contornar o problema, o governo anunciou um aumento de 20% nos preços da carne, do frango e do leite, além de isenção fiscal a produtores agrícolas, o que é apenas um paliativo num cenário em que produzir continua sendo um ato heroico.
Não bastasse a escassez de produtos básicos, os venezuelanos enfrentam uma crescente espiral de violência. A taxa de homicídios chegou a 67 por 100 mil habitantes, a maior da América Latina, quatro vezes superior à do México, que enfrenta uma guerra do narcotráfico. Tomada por gangues, Caracas tornou-se uma das três cidades mais violentas do mundo - nas duas primeiras semanas de maio, foram 186 homicídios.
Não à toa, a insegurança foi um dos principais temas da campanha presidencial do opositor Henrique Capriles. Pressionado, Maduro ordenou que o Exército passasse a fazer o policiamento das ruas da capital e em duas cidades do Estado de Miranda - governado por Capriles. O plano, chamado de "Pátria Segura", prevê a mobilização de 3 mil soldados apenas em Caracas. Trata-se do vigésimo plano de segurança adotado pelo governo chavista, prova mais do que óbvia de sua contínua incompetência.
Com Maduro, porém, a combinação de incapacidade administrativa e falta de legitimidade, num cenário de escassez e violência, prenuncia um futuro sombrio.

FMI virou socialista: quer mais igualdade no mundo

Não é função do FMI se ocupar da distribuição de riquezas entre os cidadãos dos países ou sequer entre nações, já que se trata de uma organização intergovernamental. Sua função precípua é ajudar à criação de riquezas, contribuindo para o bom funcionamento dos pagamentos internacionais e a liberalização das transações correntes.
Quem se preocupa com o tema tem sempre aquela postura de achar que os ricos tem algo indevido e que eles devem ser expropriados em favor dos mais pobres. Acaba-se provocando menos crescimento e criação de riquezas, como fizeram todos os socialismos.
Paulo Roberto de Almeida

Le FMI s'inquiète que 0,5 % de la population détienne plus de 35 % des richesses

Le Monde.fr avec AFP
Le FMI s'inquiète de plus en plus de "l'aggravation des inégalités de revenus" dans le monde. C'est le constat exposé, mercredi 15 mai, par sa directrice générale, Christine Lagarde, lors d'un discours prononcé à Washington. "Cela n'est pas passé inaperçu : le printemps arabe et le mouvement Occupy, même s'ils étaient différents, ont été en partie motivés par cette tendance", croit savoir Mme Lagarde.
Aux Etats-Unis, point de départ du mouvement Occupy Wall Street en 2011, 1 % de la population perçoit 18 % des revenus totaux avant impôts, contre 8 % il y a vingt-cinq ans, a souligné Mme Lagarde. Au niveau mondial, 0,5 % de la population détient plus de 35 % des richesses. "L'aggravation des inégalités de revenus est une préoccupation croissante des dirigeants politiques à travers le globe", assure-t-elle. Traditionnellement, les questions d'inégalité sont de la compétence de la Banque mondiale, et non du FMI.
"LA SITUATION EST DIFFICILE"
Le FMI, souvent critiqué pour ses programmes d'austérité et ses appels à couper dans les dépenses publiques, estime cependant que l'impact des politiques budgétaires sur les inégalités se réduit depuis 2000. "Parce que de nombreux pays ont adopté des réformes qui ont réduit la générosité des aides sociales et fait baisser les taux d'imposition sur les revenus, notamment sur les tranches supérieures". Plus globalement, Mme Lagarde a estimé que la réduction des exemptions d'impôts et la lutte contre l'évasion fiscale pouvaient permettre aux pays de doper leurs recettes et d'avoir des sources de revenus plus "fiables".
Au lendemain des manifestations du 1er mai, Mme Lagarde avait publiquement affirmé qu'il n'y avait "pas d'alternative à l'austérité". Lors de cet entretien de quinze minutes, visible sur le site Internet de la RTS, Mme Lagarde a ajouté que "la situation est difficile" et qu'il faut à la fois observer "une discipline budgétaire" et "favoriser les éléments de croissance", afin de promouvoir les "investissements et l'emploi""Refaire des déficits" n'est pas une option envisageable, a-t-elle dit, au même titre qu'une "politique de relance, car cela signifie plus de dettes".

Rocinante Filosofo, ou melhor Ricardo Vélez-Rodríguez (periodizacao filosofica na AL)


Ricardo Vélez-Rodríguez
Rocinante, 12/05/2013

Pode-se estabelecer uma periodização que abarque os principais momentos da evolução das idéias filosóficas na América Latina,[1] se atendermos ao critério formulado por Miguel Reale e Antônio Paim, consistente em reconhecer que a criação filosófica decorre, na modernidade, mais da discussão de problemas do que da formulação de perspectivas ou da construção de sistemas.[2]

Efetivamente, a meditação filosófica na América Latina obedeceu à discussão de determinados problemas, que dominaram ao longo dos seguintes períodos: 1 - o colonial, 2 - o da independência das metrópoles européias (até 1830, aproximadamente), 3 - o da consolidação das instituições republicanas (na América espanhola), ou imperiais e republicanas (no Brasil), até fins do século XIX e 4 - o correspondente ao século XX.

1 - Período colonial. Estende-se de 1492, data da descoberta da América, até fins do século XVIII. Nele, a problemática filosófica marcante, na meditação latino-americana, corresponde ao chamado por Luís Washington Vita de “saber de salvação”. Este consiste na formulação de uma antropologia e de uma ética à luz da perspectiva transcendente,[3]concebida no contexto dogmático da Segunda Escolástica espanhola e portuguesa, pautada cartorialmente pela “Ratio Studiorum” (1598) que, no sentir de Fidelino de Figueiredo, constituiu uma autêntica “alfândega cultural” sobre o mundo ibero-americano. Representantes desse período foram, no contexto brasileiro, Nuno Marques Pereira, autor no século XVIII do Compêndio narrativo do peregrino da América e do lado hispano-americano o frade Alonso de la Vera Cruz, que elaborou, em meados do século XVI (1554), na Real e Pontifícia Universidade do México (criada em 1551), o primeiro Tratado de Filosofia na América. Outros autores hispano-americanos de nomeada no século XVI foram os padres Bartolomeu de Ledesma, Pedro Ortigosa, Antonio Rubio, Antonio Arias, Alfonso Guerrero, Jerónimo de Escobar, Juan Martínez de Ripalda, etc., que no ensino universitário desenvolveram, no México e na Nueva Granada, as teses fundamentais da Segunda Escolástica.

Ponto central da meditação filosófica do período era a justificativa da evangelização dos aborígenes, no contexto da mais ampla ação de conquista predatória desfraldada pelos Impérios espanhol e português. Isso não impediu, no entanto, que críticas fossem endereçadas pelos pensadores do período à cupidez dos conquistadores, que contrariava o direito consuetudinário castelhano e as Leis de Índias, merecendo serem lembradas aqui as consignadas nos Sermões do padre Antônio Vieira e nos escritos do padre Bartolomé de Las Casas.

2 - Período correspondente à Independência. Um problema básico é o relativo à fundamentação das lutas em prol da libertação dos novos países em face das antigas metrópoles. Três fontes teóricas passaram a inspirar a meditação latino-americana do período no terreno político: a da Segunda Escolástica, que no tocante à discussão dos fundamentos da soberania popular, alicerçava-se na obra De legibus ac de Deo legislatore (1613) do jesuíta espanhol  Francisco Suárez; a do democratismo formulado nas obras de Jean-Jacques Rousseau, A origem da desigualdade entre os homens (1753) e Do contrato social (1762), que inspiraram amplamente a Revolução Francesa; por último, a do governo representativo tematizado por John Locke no seu Segundo tratado sobre o governo civil (1689) e pelos ideólogos anglo-americanos autores de O Federalista (1787).

É bem verdade que as idéias do liberalismo anglo-americano não penetraram diretamente no universo latino-americano, sendo definitiva a ação e o pensamento dos denominados doutrinários franceses (Royer Collard e François Guizot, notadamente), bem como dos precursores destes (Henry-Benjamin Constant de Rebecque e Madame de Staël), como destacou, com muita propriedade, o pensador espanhol José Ortega y Gasset.[4] 

Os prolegómenos das lutas de independência na América espanhola foram animados, em boa medida, pela meditação da Segunda Escolástica. Não há dúvidas quanto à inspiração em Francisco Suárez, por exemplo, dos conjurados hispano-americanos do final do século XVIII (nas revoltas dos denominados “comuneros” na Nueva Granada e alhures), bem como dos “conjurados mineiros” no Brasil do mesmo período, dos precursores da independência neo-granadina Camilo Torres e Antônio Nariño, ou das reivindicações independentistas e libertárias do padre Hidalgo, no México.

Já os processos de independência sofreram, paulatinamente, a influência quer do democratismo rousseauniano (que constitui, por exemplo, o cerne do pensamento político de Simón Rodríguez e do seu discípulo, o Libertador Simón Bolívar, bem como dos liberais radicais brasileiros frei Caneca e Cipriano Barata), quer da teoria lockeana do governo representativo (que animou, por exemplo, ao general colombiano Francisco de Paula Santander e, principalmente, ao grande teórico luso-brasileiro Silvestre Pinheiro Ferreira,  que formulou as bases da prática parlamentar do Império brasileiro, na obra intitulada: Manual do cidadão num governo representativo, de 1834).

A discussão das bases teóricas da libertação em face das metrópoles espanhola e portuguesa abrangeu, no caso brasileiro, significativo trabalho teórico, em que estava presente uma metafísica formulada em bases modernas, aberta à idéia de sistema (como é o caso das Preleções filosóficas de Silvestre Pinheiro Ferreira, de 1813). A filosofia deste autor permitiu a superação do cientificismo embutido no empirismo mitigado, que constituiu a doutrina imperante em Portugal no ciclo pombalino e no Brasil, nos primórdios do século XIX. Já na América espanhola prevaleceu, no período, a influência do utilitarismo de Jeremy Bentham, bem como a filosofia de Destutt de Tracy que, junto com Condillac, foi adotado como texto oficial em Santa Fé de Bogotá, a partir de 1825.

3 - Período de consolidação das instituições. Entre 1830 e o final do século XIX formularam-se filosofias que permitiram a consolidação das novas instituições. No Brasil, as principais contribuições foram as de Domingos Gonçalves de Magalhães e Eduardo Ferreira França que, alicerçados no ecletismo espiritualista de Maine de Biran e Victor Cousin, deitaram as bases antropológicas para justificar o exercício da liberdade e fundamentar a idéia de Nação no Segundo Reinado (1841-1889).

No contexto hispano-americano, as instituições se consolidam parcialmente ao ensejo da discussão da filosofia liberal, em contraposição ao democratismo rousseauniano e ao tradicionalismo. Radicais como Ezequiel Rojas contrapõem-se, na Nueva Granada, por exemplo, a liberais moderados como José Maria Samper ou a tradicionalistas recalcitrantes como Sergio Arboleda. Ao contrário do que aconteceu na América portuguesa, a América espanhola não conseguiu formular uma filosofia que inspirasse a prática da representação e que permitisse dar estabilidade às novas Repúblicas, que se esfacelaram em guerras civis sem fim. Desenvolveu-se aguda discussão em torno ao binômio: herança ibérica - atraso, bem semelhante à efetivada, em Portugal, pela Geração de 70, nas memoráveis Conferências do Cassino. Os principais autores que tomaram parte nessa polêmica foram os chilenos Esteban Echeverría, José Victorino Lastarria e Francisco Bilbao e os pensadores argentinos Domingo Faustino Sarmiento e Juan Bautista Alberdi.

Mas seria o positivismo, tanto no Brasil republicano (a partir de 1889), quanto na América espanhola, a doutrina que inspirou a síntese filosófica que deu alicerce às instituições, a partir de 1870. Os principais teóricos dessa corrente foram J. Alfredo Pereira (Argentina), José Ingenieros (Uruguai), Enrique José Varona (Cuba), Miguel Lemos, Teixeira Mendes, Luís Pereira Barreto, Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Júlio de Castilhos (Brasil), Gabino Barreda, Justo Sierra e Porfirio Díaz (México), González Prada (Peru), Lisandro Alvarado e Samuel Darío Maldonado (Venezuela), os irmãos Lagarrigue (Chile) e Rafael Núñez (Colômbia). Em geral, a versão do positivismo que prevaleceu na América Latina foi uma heterodoxa mistura entre caudilhismo e comtismo, de que são manifestações claras o castilhismo brasileiro e o porfirismo mexicano.

O final do século XIX conheceu importante reação ao positivismo em vários países. Assim, encontramos as contribuições de Tobias Barreto e Sílvio Romero (fundadores, no Brasil da Escola do Recife), Coriolano Alberini e Alejandro Korn (Argentina), José Vasconcelos e Antonio Caso (México), Alejandro O. Deustua (Peru), Fernando González Ochoa e Danilo Cruz Vélez (Colômbia), etc. Em geral, essas reações criticam, no positivismo, o seu conteúdo cientificista, bem como a feição caudilhista dos regimes surgidos à sua sombra.

4 - Período correspondente ao século XX. Muito variadas são as correntes desenvolvidas pelos pensadores latino-americanos neste período. Mais do que mencioná-las exaustivamente, podemos fazer referência a alguns autores, bem como aos problemas discutidos. A questão da fundamentação do conhecimento e da liberdade numa perspectiva transcendental, herdeira do criticismo kantiano, foi a tarefa de que se desincumbiu a Escola do Recife, no Brasil, no final do século XIX. Tal vertente ensejou, na centúria subseqüente, a meditação culturalista, corrente da qual os mais importantes expoentes são Miguel Reale, Djacir Menezes, Antônio Paim, etc.

No contexto da discussão acerca dos fundamentos transcendentes da pessoa, podemos destacar a contribuição dada pelo argentino Francisco Romero. Tributário do vitalismo de Dilthey e da axiologia de Scheler, Romero define a pessoa como “absoluta transcendência”. Na trilha da tradição humanista ocidental, Daniel Cossío Villegas assume, no México, a defesa de uma antropologia condizente com a dignidade da pessoa, notadamente no que tange aos desdobramentos dessa concepção no terreno político, com uma crítica bastante bem fundamentada à tradição positivista e clânica do poder. Numa posição próxima à do culturalismo de Miguel Reale, o pensador argentino Carlos Cossio é uma das principais figuras hispano-americanas no terreno da filosofia do direito, especialidade em que se destaca, outrossim, o mexicano Recasens Siches. Outros pensadores de nomeada são os argentinos Risieri Frondizi, Angel Vasallo, Alberto Rougés, Carlos Astrada, A. Sánchez Reulet, Rafael Virassoro, Eugenio Pucciarelli, etc.

No tocante à fundamentação da idéia de pessoa numa perspectiva neotomista, podemos mencionar os argentinos Arturo Derisi, Juan Sep0ich e Emílio Gourian; os brasileiros Jackson de Figueiredo, Geraldo Van Acker, Urbano Zilles e Alceu amoroso Lima (que adotou o pseudônimo de Tristão de Athayde); o chileno Clarence Finlayson e os colombianos Rafael María Carrasquilla, Manuel José Sierra, José Vicente Castro Silva, Francisco José González, Félix Henao Botero e Francisco Rengifo.

No terreno do neopositivismo sobressaem, no Brasil, as figuras de Pontes de Miranda e Leônidas Hegenberg. Filosofias espiritualistas são formuladas pelo brasileiro Farias Brito e pelo colombiano Luis López de Mesa. O existencialismo heideggeriano inspira, de outro lado, a perspectiva hermenêutica do pensador português, radicado em Brasília, Eudoro de Souza, do brasileiro Vicente Ferreira da Silva, do peruano Wagner de Reyna e do colombiano Carlos Bernardo Gutiérrez.

Os mais importantes historiadores contemporâneos das idéias são os brasileiros Antônio Paim, Luís Washington Vita, Miguel Reale, Armando Correia Pacheco, João Cruz Costa e Jorge Jaime de Souza Mendes; os argentinos Juan Carlos Torchía Estrada e Arturo Andrés Roig; os mexicanos José Gaos, Leopoldo Zea e Antonio Ibargüengoitia Chico; o uruguaio Arturo Ardao; o boliviano Guillermo Francovich; os peruanos Augusto Salazar Bondy e Francisco Miró Quesada; o equatoriano Francisco Olmedo Llorente; os venezuelanos Ernesto Mayz Vallenilla e Angel J. Capelletti e os colombianos René Uribe Ferrer, Cayetano Betancur e Jaime Jaramillo Uribe.

Faltam, no entanto, estudos abrangentes sobre a história do pensamento filosófico na América Latina, terreno no qual vale a pena mencionar três realizações importantes: em primeiro lugar, a clássica obra do espanhol José Ferrater Mora, intitulada: Diccionario de Filosofia,[5] na qual os autores ibéricos e ibero-americanos são estudados no seio da tradição filosófica universal; em segundo lugar, o magno esforço realizado, nos Estados Unidos, a partir de 1986, pelo estudioso de origem espanhola José Luis Gómez Martínez, ao redor do Projeto Ensayo Hispânico[6], que foi desenvolvido, a partir dos anos 80 do século passado, na Universidade de Georgia. Não podemos deixar de mencionar, para terminar, a significativa realização editorial efetivada em língua portuguesa sob a coordenação de Antônio Paim, Francisco da Gama Caeiro e outros pesquisadores da Universidade Católica Portuguesa, na Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,[7] que analisa o pensamento filosófico dos autores ibéricos e ibero-americanos no contexto da história da cultura ocidental.

NOTAS:
[1]Este trabalho constitui versão ampliada do verbete “Filosofia na América Latina”, que escrevi para a Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia(sob a coordenação de Antônio Paim, Francisco da Gama Caeiro e outros), que foi publicada em Lisboa, pela Editora Verbo, entre 1989 e 1992 (5 volumes).

[2]Cf. REALE, Miguel.  A Filosofia de Kant no Brasil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1951. PAIM, Antônio. O estudo do pensamento filosófico brasileiro. 1ª. Edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979.

[3] A perspectiva transcendente (formulada por Platão e sistematizada por Aristóteles) consiste num ponto de vista último do conhecimento, que parte do pressuposto de que a razão humana é capaz de atingir a coisa em si, ou a substância do real. Distingue-se da perspectiva transcendental (formulada por Hume e Kant), que parte do pressuposto de que a razão humana somente tem acesso aos fenômenos, não à substância das coisas. Cf. a respeito, PAIM, Antônio, História das idéias filosóficas no Brasil, 4ª edição, São Paulo: Convívio, 1984, Capítulo I.

[4] GUIZOT, François. Historia de la civilización en Europa.  (Prólogo de José Ortega y Gasset. Tradução ao espanhol de Fernando Vela). 3ª edição em espanhol. Madrid: Alianza Editorial, 1990.

[5]FERRATER Mora, José. Diccionario de Filosofía. Madrid: Alianza Editorial, várias edições, 4 volumes.

[6]As pesquisas feitas pela equipe internacional de estudiosos do pensamento ibérico e ibero-americano aparecem no Portal do Projeto “Ensayo Hispánico”, no seguinte endereço: WWW.ensayistas.org.


[7]PAIM, Antônio; CAEIRO, Francisco da Gama; CHORÃO, João Bigotte et alii. Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia. Lisboa/São Paulo: Editora Verbo, 1989-1992, 5 volumes.

O caos logistico patrocinado pelo governo - Editorial do Estadao

O PAC, aparentemente em sua segunda versão, compõe-se, basicamente, de gogó, publicidade mentirosa, incompetência e retrocessos. E ainda tem uma empresa estatal de logística que pretende fazer um trem bala, em lugar de cuidar de ferrovias, hidrovias, metros, portos, aeroportos e outros melhoramentos de infraestrutura.
Quando o governo vai melhorar? Sinceramente não sei, mas acho que vai demorar, inclusive porque cada obra projetada demora o dobro, ou o triplo do tempo prometido, e custa quatro vezes mais (estou sendo otimista, é claro). Seleciono do editorial abaixo, este trecho escandaloso: 

Para conseguir fazer chegar sua mercadoria ao comprador, o produtor paga um frete rodoviário de US$ 51,75 para cada mil toneladas por quilômetro, segundo calcula a Fiesp. Trata-se de um valor 270% maior do que a média verificada nos países mais competitivos. Em alguns casos, como o da soja de Mato Grosso, metade da produção destina-se ao pagamento de frete, um óbvio despropósito. O custo para levar um contêiner até o ponto de onde será exportado é, no Brasil, de cerca de US$ 1.800, enquanto a média de excelência é de US$ 621.

Bem, falta ler o resto agora, que é deprimente.
Paulo Roberto de Almeida 


Abismo logístico

15 de maio de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
Não há bravata nacional-desenvolvimentista que resista à frieza dos números. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que há um abismo a separar o Brasil de seus principais competidores no mercado internacional no que diz respeito à infraestrutura de transportes.
Já se sabia que a precariedade da malha de transportes era um dos principais nós do sistema produtivo nacional. Com seu estudo, porém, a Fiesp conseguiu demonstrar o tamanho real do problema, e o resultado é algo que nem mesmo o mais convicto propagandista do governo será capaz de negar ou desmentir. A pesquisa indica que o nível de desempenho da infraestrutura de transportes no Brasil é equivalente a apenas 33% do verificado nos países que são considerados modelos em logística. Isso significa que o País teria de triplicar sua performance nessa área para competir em condições de igualdade com seus principais concorrentes.
Para chegar a essa espantosa mensuração, a Fiesp criou o Índice de Desempenho Comparado da Infraestrutura de Transportes (IDT), que se calcula a partir de dados das 50 maiores regiões metropolitanas, usando 18 indicadores. No melhor dos casos, o da malha rodoviária, há uma média de 2,5 quilômetros por 10 mil habitantes, proporção 43% inferior ao padrão considerado de excelência internacional, que é de cerca de 4,8 quilômetros por 10 mil habitantes. A Fiesp estima que, desde o ano 2000, o déficit em relação ao nível ideal não mudou significativamente, estando sempre por volta de 50%.
Portanto, mesmo com toda a fanfarronice midiática dos últimos anos a respeito do potencial competitivo do Brasil sob a administração petista, que incluiu iniciativas com nomenclaturas grandiloquentes - como o "Programa de Aceleração do Crescimento", cuja primeira etapa foi administrada pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff -, o fato é que o Brasil permanece estagnado num setor vital para seu pleno desenvolvimento, pois de nada adianta melhorar e ampliar a produção se não é possível distribuí-la.
Para conseguir fazer chegar sua mercadoria ao comprador, o produtor paga um frete rodoviário de US$ 51,75 para cada mil toneladas por quilômetro, segundo calcula a Fiesp. Trata-se de um valor 270% maior do que a média verificada nos países mais competitivos. Em alguns casos, como o da soja de Mato Grosso, metade da produção destina-se ao pagamento de frete, um óbvio despropósito. O custo para levar um contêiner até o ponto de onde será exportado é, no Brasil, de cerca de US$ 1.800, enquanto a média de excelência é de US$ 621.
No caso das hidrovias, a capacidade nacional corresponde a apenas 21% do padrão mais alto, embora elas sejam uma solução óbvia para transportar a produção do Centro-Oeste para os portos do Norte sem a necessidade de enfrentar as longas distâncias, por terra, para chegar aos terminais do Sul e do Sudeste. Já o desempenho da malha ferroviária corresponde a 20% do verificado entre os grandes competidores internacionais, com frete quase 16 vezes superior ao padrão de excelência.
Além disso, a extensão das ferrovias nacionais está 93% abaixo do ideal. Nessa área, a inépcia atravessa gerações, e seu maior símbolo é a Ferrovia Norte-Sul, que está em construção desde 1987, teve seu valor reajustado 17 vezes e notabilizou-se pelo acúmulo de irregularidades.
Nos aeroportos, a situação é igualmente dramática. O tempo de liberação de mercadorias nos terminais da Infraero chega a 3.200 minutos, enquanto o padrão de excelência é de 324 minutos.
"Temos muito a fazer", disse o diretor do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, Carlos Cavalcanti, resumindo bem o desafio que se impõe ao País. Tarefa ainda mais dura quando se leva em conta que o Mistério dos Transportes, crucial para seu sucesso, é objeto de barganha fisiológica para a manutenção do "presidencialismo de coalizão" petista, um sinal de que os obstáculos para o desenvolvimento nacional não se limitam aos buracos nas estradas.

Os socialistas que querem escravizar os capitalistas - Paulo Zamboni

O empreendedorismo como ferramenta de marketing socialista03/05/2013 - Paulo ZamboniQuando incentivam o “empreendedorismo”, governos brasileiros estão, na verdade, tentando engordar ainda mais o pescoço do qual retirarão o sangue que os alimenta.
Os socialistas modernos sabem que é impossível governar sem que o setor produtivo movimente a economia e alimente a arrecadação de tributos. No caso específico do Brasil, não são poucas as campanhas de incentivo ao “empreendedorismo”, especialmente aquelas direcionadas aos jovens e universitários. O que se vê, entretanto, é mais uma manifestação da esquizofrenia estatal e seus movimentos contraditórios.

Governos e entidades de classe têm procurado estimular, nos brasileiros, o impulso empreendedor responsável pela prosperidade dos povos. Empreender significa, em outras palavras, criar riqueza e oportunidades que se espalham pela sociedade e fazem mais pela chamada “justiça social” que décadas de políticas socialistas de distribuição de renda. Tal política, no entanto, não encontra suporte no conjunto de ações governamentais cujo alvo é a mesma classe empresarial que se quer alimentar.

Podemos identificar nas campanhas de estímulo ao empreendedorismo, de um lado, a ingenuidade e irrealismo típicos dos próprios liberais pró-governo que pretendem criar uma realidade em paralelo, onde as atividades produtivas não seriam afetadas pela crescente intervenção estatal na economia; e, de outro, o puro cinismo e a propaganda enganosa que norteiam aqueles mesmos políticos socialistas.

De nada adianta estimular que mais brasileiros (especialmente os jovens) aventurem-se em atividades empresariais quando, na verdade, grande parte da riqueza que pode vir a ser criada por eles será absorvida violentamente pela máquina estatal, através de tributos, acompanhados da opressão resultante das crescentes regulamentações.

Quando incentivam o “empreendedorismo”, governos brasileiros estão, na verdade, tentando engordar ainda mais o pescoço do qual retirarão o sangue que os alimenta. É, portanto, contraditório e inócuo que entidades de classe do setor produtivo façam eco a tais campanhas sem exigir que elas sejam acompanhadas de medidas facilitadoras das mesmas atividades econômicas que se quer estimular.

Além de tudo isso, não se pode compreender como um país pretende aumentar sua classe empreendedora enquanto os legisladores de praticamente todas as tendências partidárias votam e aprovam, a todo momento, novas leis que agridem e colocam em risco qualquer atividade empresarial – leis essas que vão desde a demagogia barata das “meias-entradas” até sufocantes “benefícios” trabalhistas que nada mais fazem que punir por antecipação quem gera empregos e tornam o próprio ato de contratar uma das rotinas mais arriscadas para qualquer empresa, especialmente as pequenas.

Ao contrário do que quer fazer crer a demagogia publicitária socialista (abraçada, como se disse, por muitos liberais pó-governo), empreender hoje, no Brasil, é atividade arriscada ou, na melhor das hipóteses, muito mais vantajosa para quem arrecada do que para quem produz. Fingir que vivemos numa verdadeira economia de mercado só aumenta o sonho e seu despertar amargo que vem depois.

Contra a Igualdade: uma manifesto natural - Walter E. Williams

Somos iguais?01/05/2013 - Walter E. WilliamsNão há absolutamente nenhuma evidência de que em qualquer lugar, em algum momento, a proporcionalidade tenha sido a regra na Terra.
As mulheres são iguais aos homens? São os judeus iguais aos gentios? São negros iguais aos italianos, irlandeses, poloneses e outros brancos? A resposta é provavelmente um grande e gorduroso não, e a pretensão ou suposição de que somos iguais – ou deveríamos ser iguais – é temerária e cria o mal. Vamos olhar para isso.

Gênios masculinos superam os gênios do sexo feminino em 7 por 1. A inteligência feminina é compactada muito mais perto do meio da curva de sino, ao passo que a inteligência dos homens tem muito maior variabilidade. Isso significa que, apesar de existirem muito mais gênios masculinos, há também muito mais idiotas masculinos. Este último pode explicar em parte por que mais homens do que mulheres estão na cadeia.

Assista a um jogo de basquete colegial qualquer sábado à tarde e faça a si mesmo a pergunta fixada na mente dos esquerdistas de toda parte: "Isto se parece com a América?". Entre os 10 jogadores na quadra, na melhor das hipóteses, haverá dois jogadores brancos. Se você quiser ver os jogadores brancos da equipe, você deve olhar para o banco. Um jogador japonês ou chinês está perto de ser totalmente fora de cogitação, mesmo no banco.

O basquete profissional não é muito melhor, com 80% dos jogadores sendo negros, mas pelo menos há um par de jogadores chineses. O futebol profissional não é muito melhor, com os negros sendo 65%. Em ambos os esportes, os negros estão entre os jogadores mais bem pagos e têm o maior número de prêmios por excelência. Negros que têm sua ascendência da África Ocidental, incluindo negros americanos, detêm mais de 95 por cento das vitórias em corridas.

Por outro lado, os negros são apenas 2% dos jogadores de hóquei no gelo da NHL. Mas não se preocupe sobre a sub-representação dos negros na NHL. A sub-representação por estado é ainda pior. A maioria dos jogadores profissionais de hóquei dos EUA nasceu em Minnesota, seguido por Massachusetts. Nem um único jogador de hóquei profissional nos EUA pode se orgulhar de ter nascido e sido criado no Havaí, Mississippi ou Louisiana. Sob qualquer forma de recorte simplesmente não há proporcionalidade ou diversidade racial no basquete, futebol ou hóquei profissional.

Uma pergunta ainda mais carregada emocionalmente é se temos inteligência igual. Pegue os judeus, por exemplo. Eles são apenas 3% da população dos EUA. Teorias mal acabadas de proporcionalidade racial poderiam prever que 3% dos laureados com o Nobel nos EUA seriam judeus, mas isso está bem longe do alvo. Os judeus constituem gritantes 39% dos americanos ganhadores do Prêmio Nobel. Em nível internacional, a disparidade é ainda pior. Os judeus não são sequer 1% da população do mundo, mas eles constituem 20% dos ganhadores do Prêmio Nobel do mundo.

Há muitas outras desigualdades e desproporções. Ásio-americanos rotineiramente atingem as marcas mais altas em matemática no SAT [exame educacional padrão nos EUA], ao passo que os negros as marcas menores. Os homens são 50% da população, mas são atingidos seis vezes mais por raios do que as mulheres. Eu pessoalmente gostaria de saber de quem está no comando de um relâmpago o que ele tem contra os homens. As estatísticas demográficas de Dakota do Sul, Iowa, Maine, Montana e Vermont mostram que nem sequer 1% de suas respectivas populações é negra. Por outro lado, na Geórgia, Alabama e Mississippi, os negros estão sobrerrepresentados em termos de porcentagens na população em geral. Índios Pima do Arizona têm taxas de diabetes conhecidas como as mais altas do mundo. O câncer de próstata é quase duas vezes mais comum entre os homens negros do que entre homens brancos. As taxas de câncer do colo do útero são cinco vezes maiores entre as mulheres vietnamitas nos EUA do que entre as mulheres brancas.

Acadêmicos de pensamento pouco consistente e advogados e juízes fracos, por causa da discriminação, amparam a tola noção de uma distribuição proporcional de raça para renda, educação, ocupação e outros efeitos. Não há absolutamente nenhuma evidência de que em qualquer lugar, em algum momento, a proporcionalidade tenha sido a regra na Terra; no entanto, muito do nosso pensamento, muitas de nossas leis e de grande parte da nossa política pública são baseados na proporcionalidade como norma. Talvez essa visão seja mantida porque as pessoas acreditam que a igualdade de fato é necessária para a igualdade perante a lei. Mas a única exigência de igualdade perante a lei é ser um ser humano.

Tradução: Maria Júlia Ferraz
Título original: Are We Equal?
© M@M Proibida a reprodução

Golpes e malversacoes democraticas na América Latina - Percival Puggina

Tenho a impressão de que já havia postado este artigo neste mesmo blog, mas como sua redação é do mês passado, e como o que abunda não faz falta, vai outra vez um pequeno artigo sobre as realidades lamentáveis da política em nosso continente.
Paulo Roberto de Almeida
Por falar em golpe29/04/2013 - Percival PugginaO PT sempre encontra uma forma de misturar a agenda do partido com os negócios do Estado.
Para a maior parte das pessoas, as principais normas que orientam a organização do Estado e a vida política se tornam conhecidas pela vivência. Uma das consequências desse empirismo está em ser ele, tantas vezes, adotado como padrão para julgar, politicamente, normas, modelos e situações vividas por outros povos. Atribui-se, assim, caráter geral a algo particular - a própria experiência e modo de fazer.

Em virtude do que descrevi, quase todo mundo, na América Latina, avaliou como golpe a destituição de Fernando Lugo, presidente do Paraguai, dez meses antes do término do mandato. No entanto, a Constituição paraguaia contém um preceito segundo o qual o governante, diferentemente do Brasil, não é senhor absoluto do seu tempo de mandato, podendo ser afastado por mau desempenho de suas funções. E Lugo foi retirado do posto por esse motivo - vinha sendo um mau presidente. É claro que Dilma, Cristina Kirchner e José Mujica sabiam disso, mas Lugo era aliado ideológico. E aliado ideológico sempre tem razão. Até Fidel Castro. As história reais, apesar de conhecidas, jamais são contadas.

As eleições do último domingo [21/04] ajudam a entender a questão. Elas mostraram que a esquerda paraguaia, somadas suas ramificações, mal passou dos 10% dos votos. Nesse caso, deve-se indagar: como foi possível, em 2008, a eleição de alguém como Fernando Lugo? Explico. Depois de seis décadas consecutivas de predomínio do Partido Colorado (direita), naquela eleição, o eternamente oposicionista Partido Liberal Radical Autêntico (centro-direita e segunda maior legenda do país) buscou Lugo para ser seu candidato. E ele conquistou a vitória somando três fatores: o importante peso dos liberais, o desgaste dos sucessivos governos colorados e o carisma do bispo, até então homem de boa fama e imagem numa sociedade em que os católicos representam 90%  da população.

No entanto, o novo presidente, a exemplo de todo extremista, chegou ao poder como se houvesse vencido uma revolução, ou como se tivesse sido consagrado pelo eleitorado numa coligação de iguais. Não era bem assim. O sucesso da aliança que encabeçava nada tinha a ver com suas preferências ideológicas. E Lugo foi perdendo, ao longo de quatro anos, toda sustentação política, tornando-se alvo natural do artigo 225 da Constituição paraguaia, segundo o qual o presidente (e, como ele, diversas outras autoridades) "pode ser submetido a julgamento político por mau desempenho, delitos cometidos no desempenho do cargo e delitos comuns". Tivéssemos um preceito semelhante na nossa Constituição, teríamos nos livrado mais rapidamente de certas malas sem alça e evitado muita tropa na rua ao longo da nossa história republicana.

A proposição de perda do cargo foi formulada contra Lugo, na Câmara dos Deputados, com apenas um voto em contrário. Foi aprovada pelo Senado por 39 a 4. E foi confirmada pela Suprema Corte. Por ter sido um ato juridicamente perfeito, não tendo Lugo sustentação política para continuar no exercício de seu cargo, não houve a mais tênue anormalidade na vida do país. Sequer um tomate foi jogado em quem quer que fosse. A mesma Constituição que lhe abriu a porta de entrada, abriu a de saída. O Paraguai prosseguiu sua vida, como nação soberana, presidido pelo vice-presidente constitucional. As eleições deste domingo consagraram uma vitória folgada do Partido Colorado.

Resumindo. Dilma, Cristina e Mujica valeram-se da situação criada com o afastamento de Lugo para aplicarem um golpe, um golpe mesmo, no Paraguai. Alegando inconformidade com aquela decisão de uma nação soberana que não lhes pediu opinião, expulsaram o Paraguai do Mercosul e aprovaram, ato contínuo, a entrada da Venezuela, cuja admissão vinha sendo, até ali, sistematicamente vetada pelo parlamento paraguaio. Evidenciou-se, assim, o verdadeiro motivo do procedimento adotado contra o país vizinho. Era preciso. Era preciso proclamar ilícito o que era lícito para tirar o Paraguai com o cotovelo e trazer, pela mão, a Venezuela. Foi trambique.
Foi golpe. Foi um golpe aplicado às regras do Mercosul para admitir nos negócios do bloco o parceiro ideológico venezuelano. Coisas do PT no poder, sempre enredando gostos e interesses do partido nos negócios de Estado.

Elogio da Inteligencia: renovo meu convite a ver Vargas Llosa (Roda Viva - TV Cultura-SP)

Tendo já feito a "publicidade" aqui anteriormente, na imediata sequência do programa televisionado, mas ao qual assisti apenas aos pedaços, por necessidade de trabalho, gostaria de renovar aqui meu convite a todos para assistir à entrevista de Mario Vargas Llosa no programa Roda Vida da TV Cultura de SP, que acabo de assistir por inteiro agora: 

http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/roda-viva-mario-vargas-llosa-13-05-2013

Poucas vezes na televisão, aliás raríssimas vezes, temos a oportunidade de assistir a inteligência em estado puro. Não que eu aprove totalmente o que Vargas Llosa disse, mas simplesmente porque ele o diz com uma rara elegância e refinamento que não encontramos quase mais -- e na TV brasileira quase nunca -- nos meios de comunicação de massa, que afundam na vulgaridade.
Mas, mesmo na academia, o que assistimos é a expansão da mediocridade.
Esse programa foi um dos raros momentos de prazer intelectual que tive oportunidade de ver na mídia brasileira, de onde sai pouca coisa que valha.
Acho que Vargas Llosa cometeu o pecado normal dos "velhos escritores", ao lamentar a erosão de qualidade da literatura atual, como se apenas os escritores de sua geração fossem ou pudessem ser grandes.
Também tem algumas ilusões sobre o caráter democrático de alguns governos atuais na América Latina, mas essencialmente foi muito enfático, duro mesmo, na condenação do chavismo e da ditadura bolivariana.
Nem tudo está perdido. A inteligência sobrevive, ainda que acuada, no meio da mediocridade reinante, da fraude e da mentira, que parecem prevalecer atualmente na América Latina.
Convido a todos a assistir ao programa...
Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 16/05/2013
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Abaixo, um artigo atribuído a Vargas Llosa, mas que não tive ainda oportunidade de conferir, para verificar onde foi publicado originalmente. Aparentemente é dele, mas vou verificar.


Mario Vargas Llosa sobre a Argentina
11/05/2013

Argentina, un país que era democrático, cuando tres cuartas partes de Europa no lo eran, un país que era uno de los más prósperos de la Tierra, cuando América Latina era un continente de hambrientos, de atrasados.

El primer país del mundo que acabó con el analfabetismo no fue Estados Unidos, no fue Francia, fue la Argentina con un sistema educativo que era un ejemplo para todo el mundo. Ese país que era un país de vanguardia ¿Como puede ser que sea el país empobrecido, caótico, subdesarrollado que es hoy? ¿Qué pasó? ¿Alguien lo invadió? ¿Estuvieron enfrascados en alguna guerra terrible? No, los argentinos se hicieron eso ellos mismos. Los argentinos eligieron a lo largo de medio siglo las peores opciones.

¿Cómo se entiende eso? Un país con gentes cultas, absolutamente privilegiado, una minoría de habitantes en un enorme territorio que concentra todos los recursos naturales. ¿Por qué no son el primer país de la Tierra? ¿Por qué no tienen el mismo nivel de vida que Suecia, que Suiza?

Porque los argentinos no han querido. Han querido en cambio ser pobres. Seguir a “caudillos” de pacotilla, “salvadores” de porquería, locos, desquiciados por su mismo odio a todo lo que sea diferente a su locura. Han querido vivir bajo dictaduras, han querido vivir dentro del mercantilismo más espantoso. Hay en esto una responsabilidad del pueblo argentino.

Para mí es espantoso lo que ha ocurrido en Argentina. La primera vez que fui allí quedé maravillado. Un país de clases medias, donde no había pobres en el sentido latinoamericano de la pobreza. ¿Cómo pudo llegar a la presidencia una pareja tan diabólica, manipuladora, populistas en grado extremo, corruptos de calle como los Kirchner gobernando ese país?. Al menos ya uno no está!.

Esperemos que la que queda no pueda seguir hundiendo a ese otrora gran país argentino!

Sin embargo, a juzgar por sus diabólicas relaciones estrechísimas con el desquiciado, paria, bestia troglodita, de la extinta y queridísima República de Venezuela, todo parece indicar que ahora “Cristinita” se apegará aún más a ese escoria, aprendiz de dictadorzuelo, quien ya bastante le ha financiado su mandato a costa del noble pero incomprensiblemente inerte pueblo Venezolano.

¡Qué degradación política, qué degradación intelectual! Argentina y Venezuela, dos países extraordinarios vueltos pedazos por una sarta de demoníacos desquiciados!!! Por eso me pregunto ¿Cómo es eso posible?

Mario Vargas Llosa
Madrid, España

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De fato, o artigo não é dele, de acordo com a matéria abaixo:

El Nobel niega autoría de artículos 
“Elogio a la mujer”” y “Sí, lloro por ti Argentina”, textos que circulan en Internet con el nombre de Mario Vargas Llosa no son suyos, asegura en una columna
La Razón (Mexico), 22 Octubre 2012
 
“Elogio a la mujer” y “Sí, lloro por ti Argentina”, son dos artículos que circulan en Internet con la firma de una de las plumas más importantes del mundo, Mario Vargas Llosa; sin embargo, el Nobel de Literatura 2010 dejó claro que esos trabajos no son suyos.
Por medio de su columna dominical en el diario La República, el escritor peruano criticó los ataques contra la identidad de figuras conocidas.
“Vivimos en una época en que aquello que creíamos el último reducto de la libertad, la identidad personal, es decir, lo que hemos llegado a ser mediante nuestras acciones, decisiones, creencias, aquello que cristaliza nuestra trayectoria vital, ya no nos pertenece sino de una manera muy provisional y precaria”, escribe en su columna.
El escritor lamenta que la tecnología audiovisual se haya convertido en un arma para combatir lo que se creía imperdible, la identidad. Señala “como perverso e impremeditado efecto, el de poner en manos de la canalla intelectual y política, del resentido, el envidioso, el acomplejado, el imbécil o simplemente el aburrido, un arma que le permite violar y manipular lo que hasta ahora parecía el último santuario sacrosanto del individuo: su identidad”.
El laureado autor señala que este tipo de acciones delictivas son realizadas por “pobres diablos que tratan de combatir el tedio o la pavorosa sequedad de sus vidas”, no por empresarios y políticos; así que confía en que ese enemigo de la libertad sea derrotado, aunque no está seguro de ver ese resultado.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A marcha da democracia na América Latina (para tras) - K vs Clarin

Parece que uma hermana, muy amiga, aliada da mesma causa, vai conseguir fechar o último grande jornal que se lhe opõe. Estamos indo bem no Mercosul: do Caribe à Patagonia, a liberdade de imprensa vai sendo estrangulada.
O Brasil ainda não chegou lá: mas já existem dezenas, centenas, milhares de mercenários a soldo da imprensa sabuja, feita de rastejamento frente ao poder, inclusive para viver de recursos públicos.
A última rede de televisão independente da Venezuela acaba de ser "vendida" a empresários amigos do poder.
O Clarin não vai ser vendido: ele vai ser estrangulado.
O bolivarianismo chega mais perto do Brasil.
Aqui também os espaços se reduzem. Sobram os blogs independentes, como este quilombo de resistência intelectual. Espero que não seja asfixiado...
Paulo Roberto de Almeida


Para a oposição e órgãos de defesa da liberdade de imprensa, a intervenção seria mais um passo para calar o Clarín com quem o governo vem travando uma guerra desde 2009.

A principal empresa de comunicação da Argentina está correndo o risco de sofrer uma intervenção do governo.
A cada domingo, uma nova denúncia de corrupção contra o governo, apresentada pelo jornalista Jorge Lanata, no Canal 13, que pertence ao Grupo Clarín.
Uma delas foi a da ex-secretária do ex-presidente Néstor Kirchner, morto em 2010. Ela disse que via o chefe receber sacos de dinheiro de empresários que tinham contratos com o governo.
E que os valores eram levados para a casa da família Kirchner na cidade de El Calafate, no sul do país. Lá haveria uma caixa forte.
No domingo (12), o arquiteto responsável pela obra confirmou a construção desse cofre.
No fim do programa, Jorge Lanata se despediu alertando sobre uma possível intervenção do governo no grupo.

O governo nega. “Querem gerar um clima de medo e terror na Argentina”, reagiu o secretário geral da presidência da república, Oscar Parrilli.
A expectativa de intervenção por parte dos donos do Clarín vem crescendo desde que o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, invadiu uma reunião de acionistas do grupo há duas semanas. Ele reclamou da queda nos lucros da empresa, depois que os jornais foram proibidos pelo próprio governo de publicar anúncios de supermercados para evitar o aumento dos preços.
O governo tem 9% das ações do grupo desde a nacionalização de fundos de pensão. Por ser sócio minoritário, ele pode pedir intervenção na empresa, graças a uma lei aprovada ano passado que dá o direito de acionistas minoritários de pedir intervenção sem a mediação na Justiça.
O porta-voz do Clarín, Martin Echevers, afirmou que a direção do grupo está certa de que essa intervenção ocorrerá - uma consequência das denúncias de corrupção contra o governo.
Para Echevers, qualquer avanço sobre os meios de comunicação é um avanço contra a liberdade de imprensa.
Para a oposição e órgãos de defesa da liberdade de imprensa, a intervenção seria mais um passo para calar o Clarín com quem o governo vem travando uma guerra desde 2009.
A presidente Cristina Kirchner já tentou atacar o grupo através de reforma na lei de meios e do judiciário. E agora enviou ao Congresso um projeto de lei para expropriar a única empresa que produz papel para jornal, que tem como sócio majoritário o próprio Clarín.

A ultima linha de defesa dos criminosos mensaleiros - Merval Pereira


O grande debate

MERVAL PEREIRA

O GLOBO, 15/05/2013

Na visão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, aceitar os "embargos infringentes" na Ação Penal 470, a do mensalão, seria gesto "gracioso, inventivo, ad hoc, magnânimo", mas "absolutamente ilegal". Essa definição, feita ao rejeitar o pedido da defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, abre uma discussão que o STF vai ter de enfrentar nos próximos dias, quando o assunto for levado ao plenário.

É uma questão que deveria ter sido objeto de análise desde que a Constituição de 1988, e posteriormente a Lei 8.038, que regulamenta os procedimentos nos tribunais superiores, deixou de prever a figura dos "embargos infringentes". Mas eles continuaram constando do Regimento Interno, e, com base nisso, há juristas que entendem que os "embargos infringentes" devem ser acatados pelo Supremo. Mais que isso, um dos ministros da Casa, o decano Celso de Mello, já antecipou sua posição no próprio julgamento do mensalão, que está registrada no acórdão: "Não obstante a superveniente edição da Lei nº 8.038/90, ainda subsiste, com força de lei, a regra consubstanciada no artigo 333, parágrafo I, do Regimento Interno do STF, plenamente compatível com a nova ordem ritual estabelecida para os processos penais originários instaurados perante o STF."

O que o presidente Joaquim Barbosa considera "criar ou ressuscitar vias recursais não previstas no ordenamento jurídico brasileiro", para o ministro Celso de Mello, os embargos infringentes permitiriam "a concretização, no âmbito do STF, do postulado do duplo reexame, que torna pleno o respeito ao direito consagrado". O decano do STF ainda afirmou que com os embargos infringentes "serão excluídos da distribuição o relator e o revisor, o que permitirá, até mesmo, uma nova visão sobre o litígio penal".

Há ainda uma aparente contradição na Procuradoria Geral da República, que será aproveitada pelas defesas dos réus que querem, através dos "embargos infringentes", reduzir suas penas. Em ação penal aberta contra o ex-prefeito de Caucaia, no Ceará, José Gerardo Oliveira de Arruda Filho, a subprocuradora-geral Claudia Sampaio Marques afirmou que não eram cabíveis "embargos infringentes" quando não houver quatro votos divergentes pela absolvição do acusado. A aprovação do procurador-geral, Roberto Gurgel, está sendo entendida como uma concordância com a tese, que implicaria a aceitação dos "embargos infringentes" quando houver quatro votos a favor dos réus. Com relação ao mensalão, Gurgel declarou que "os infringentes são manifestadamente inadmissíveis".

Há juristas, como o professor de Direito da USP Antonio Scarence Fernandes, em entrevista ao "O Estado de S.Paulo", que entendem que há necessidade de haver um duplo grau de jurisdição. Segundo ele, a própria Convenção Americana de Direitos Humanos prevê que ninguém poderá ser julgado apenas uma vez.

Já o procurador de Justiça no Rio Grande do Sul Lenio Luiz Streck, respeitado constitucionalista, tem opinião diversa, já registrada aqui na coluna. Para ele, esses embargos infringentes previstos apenas no Regimento Interno do STF, ignorados pela Lei 8.038, "parecem esvaziados da característica de recurso. Logo, em face de tais alterações, já não estaríamos em face de um ´recurso de embargos infringentes´, mas, sim, apenas em face de um ´pedido de reconsideração´, incabível na espécie".

Para Streck, não parece ser um bom argumento dizer que os embargos infringentes se mantêm em face do "princípio" do duplo grau de jurisdição. Para ele, o foro privilegiado acarreta julgamento sempre por um amplo colegiado, que é efetivamente o juiz natural da lide. "Há garantia maior em uma República do que ser julgado pelo Tribunal maior, em sua composição plena? Não é para ele, o STF, que fluem todos os recursos extremos?", argumenta.

Esse será o próximo grande debate no Supremo Tribunal Federal e, segundo o seu presidente, Joaquim Barbosa, "admitirem-se embargos infringentes no caso é, em última análise, apenas uma forma de eternizar o feito, o que seguramente conduzirá ao descrédito a Justiça brasileira, costumeira e corretamente criticada justamente pelas infindáveis possibilidades de ataques às suas decisões".

Os companheiros contra os trabalhadores: esfolam-nos com seus impostos...


Brasil é campeão em desigualdade tributária, diz BID
Folha de S.Paulo, 15/05/2013
Um novo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) diz que o Brasil é o campeão em "desigualdade horizontal" na hora de pagar impostos.
Ou seja, apresenta a maior diferença entre o que é cobrado a trabalhadores com a mesma renda, apenas pelo regime fiscal escolhido.
Um trabalhador em uma empresa de um funcionário só, que paga o imposto Simples como pessoa jurídica, contribui com o equivalente a um décimo do que paga o assalariado de igual renda com carteira assinada.
Em outros países da região, a diferença é irrisória, como no Chile, ou de menos de 3 vezes, como no México.
O estudo de 388 páginas será lançado hoje na sede do banco em Washington. Nele, confirma-se que o Brasil tem a maior carga tributária da América Latina e que é o país do mundo em que são necessárias mais horas para se preencher e pagar tributos (são 2.600 por ano).
"Sabemos que a Receita Federal brasileira é moderna e já usa vários procedimentos on-line. Mas o sistema tributário é complexo demais, há 15 impostos aonde deveriam haver 3 ou 4. Só no consumo, há 5 impostos incidindo sobre cada mercadoria", disse à Folha uma das autoras da pesquisa, a economista argentina Ana Corbacho.
DISTORÇÃO
A crítica do estudo aos regimes simplificados de impostos em boa parte da América Latina é que eles estão causando uma "distorção".
"Eles foram criados para simplificar a cobrança, mas hoje é cada vez mais custoso atender a milhões de pessoas que optam por esse regime e pagam muito menos que os assalariados de empresas grandes", diz Corbacho.
"Há um impacto na produtividade, porque se incentiva o microempresário a não crescer, quando sabemos que empresas maiores têm economia de escala, podem compartilhar custos de contabilidade, recursos humanos, acesso ao crédito, que essas empresas minúsculas não obtêm." Para ela, o Simples deveria ser "transitório".
CESTA BÁSICA
A economista também critica a isenção de tributos para alguns produtos apenas por estarem na cesta básica. Para ela, ao se tirar o imposto de um alimento, quem mais se beneficia é quem mais compra em quantidade esse alimento.
"O Estado arrecada menos e os ricos são mais beneficiados por um subsídio", diz ela, que prefere redistribuição de renda por outros meios, como "o Bolsa Família brasileiro, o Oportunidades mexicano, educação, saúde".
"De 100 isenções que estudamos no México, apenas 5 beneficiavam os mais pobres", diz. Ela lembra que na Venezuela "o preço do combustível é altamente subsidiado, o que favorece os mais ricos".
"Quanto mais pobre a família na região, menor a quantidade de carros e maior o uso de transporte público. Pedágio urbano, como Londres e Santiago do Chile já fazem, é mais eficiente."

OK, camaradas: o socialismo chegou de verdade na Venezuela: falta papel higiênico...

Lá pelas alturas agônicas do socialismo real, no início dos anos 1980, quando ele ainda não havia dado três suspiros e dado chabu, eu passeava (miseráveis esses meus roteiros turísticos) pelos países do socialismo real, tentando explicar ao meu filho de 4 anos as diferenças entre capitalismo e socialismo.
Depois de tantas idas e voltas entre Polônia, RDA, Tchecoslováquia, Hungria, e o que mais existia, eu perguntava ao Pedro se ele sabia qual era a diferença entre socialismo e capitalismo, e ele, sem hesitar, me disse triunfante:

" -- Ah! agora eu já sei: socialismo é quando falta papel higiênico e a privada não funciona!"

Batata! O que eu tentava explicar em termos marxistas, pedantes, uma criança de 4 anos descobriu na hora, na mais simplória das constatações. E o socialismo era aquilo mesmo: faltava não só papel higiênico, mas qualquer produto essencial, e claro, todos os produtos supérfluos.
O que é que tinha no socialismo? Bem, tinha repolho, alguns chorizos, batata doce, repolho, vagens amanhecidas, latas raras de legumes búlgaros, repolho, algumas batatas (mas eram horríveis), cerveja, que a vida não existe sem cerveja, vodka russa, mais repolho e uns sapatos de mulher que pareciam coturnos do exército soviético. Estou exagerando, mas era mais ou menos isso. Só podia dar no que deu...

Pois bem. Como vocês podem constatar pela matéria abaixo, a Venezuela já chegou, finalmente, ao socialismo triunfante, não sei se do século 21, mais provavelmente do século 18, mas que ela chegou ao socialismo, isso sim, chegou e como!, justamente faltando o produto definidor por excelência do socialismo, segundo meu filho Pedro, nos seus quatro aninhos inocentes...
Se falta papel higiênico, vocês podem ter certeza: estamos no socialismo...
Mais gozado ainda é o título escolhido pelo meu amigo Maurício David, que me mandou a matéria, para explicar a grande estratégia do socialismo bolivariano: proteger os fundilhos...
Eis o seu título:

Nicolás Maduro manda importar 50 milhões de rolos de papel higiênico para proteger sua retaguarda


Pois eu aposto que, com os seus petrodólares, os bolivarianos vão fazer melhor do que os hermanos cubanos.

Os cubanos, ao que parece, resolveram com o Granma, já que não tem dinheiro para importar o verdadeiro. Acho que ainda resolvem, a menos que Maduro lhes mande um pouco de sua importação. 
Provavelmente Maduro vai importar o papel macio para a boliburguesia, e deixar o mais áspero para os traseiros do povão...
Traidores esses bolivarianos de fundilhos diversificados...
Eu proponho que eles importem papel higiênicos dos EUA, onde tem de todos os tipos, para todos os gostos, para todos os tamanhos e formatos de traseiros. São os melhores do mundo...
Paulo Roberto de Almeida 


Maurício David:

A Venezuela vive uma grave crise relacionada com a profunda desorganização da sua economia. Nicolás Maduro, ungido presidente em eleições que a metade da população acusa de fraudulentas, acaba de tomar importantes medidas para proteger a sua retaguarda e a da "revolução bolivariana" : ordenou a importação de 50 milhões de rolos de papel higiênico !!!!

Tensão política na Venezuela cria “crise do papel higiênico”
Escassez do produto chama atenção do mundo e vira assunto entre governo e oposição
Lilian Sobral, de Exame,  15/05/2013
  
Venezuela, em Caracas: escassez de produtos básicos vira discussão política

São Paulo – O ambiente político na Venezuela, tenso desde as eleições realizadas em abril, tem feito com que alguns produtos de consumo básico (que já não costumam ser encontrados com tanta facilidade) sumam das prateleiras dos mercados. Um desses produtos é o papel higiênico, que começa a ficar em falta em algumas regiões do país.
Para tentar resolver a situação, o ministro da Indústria da Venezuela, Ricardo Menéndez, e do Comércio, Alejandro Fleming, visitaram nesta semana a sede da Papeles Venezolanos (Paveca), empresa que fabrica papel higiênico e guardanapos no país.
Segundo o site do próprio ministério, o governo autorizou que cerca de 50 milhões de rolos de papel higiênico sejam comprados de outros países, “para acalmar o nervosismo”. Os ministros não disseram, porém, de que países viriam esses rolos.
Os membros do governo fizeram questão de destacar que a empresa venezuelana responsável pelo produto tem capacidade de fabricar mais de 67 milhões de rolos de papel por mês para garantir reposição de estoques. Ainda assim, negociaram a instalação de linhas de produção adicionais na companhia.
O mais importante sobre este anúncio é o que a escassez pode sinalizar. Como lembra o jornal espanhol El País, o papel higiênico está numa lista de produtos que têm preços regulados pelo governo. Desde a última eleição, a Venezuela vive uma tensão política, com Henrique Capriles, candidato da oposição, questionando a eleição apertada do presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez. Esse cenário pode promover a corrida popular por alguns produtos nas lojas e mercados.
O assunto virou discussão política. Segundo o governo, a culpa da escassez é da oposição, que numa campanha para desestabilizar Maduro, estaria incentivando compras nervosas por parte da população. Já o empresariado diz que a culpa é do controle de câmbio, que afugenta investimentos e preocupa sobre a estabilidade de preços. Capriles, por sua vez, usou o Twitter para provocar o governo sobre a situação.

O lulismo petrolifero e seus crimes economicos (2) - Reinaldo Azevedo

Já relatei, num post abaixo, sob o título acima (ou quase), o que eu considero um crime econômico. Na verdade são vários, e todos eles cometidos pelos companheiros e seu chefe maior.
A submissão da política petrolífera do Brasil aos preconceitos estúpidos dos companheiros trouxeram um enorme prejuizo ao Brasil, que hoje se vê obrigado a importar petróleo e derivados de petróleo, inclusive etanol subsidiado dos EUA, quando antes se pensava processar os EUA na OMC por sua política subvencionista e protecionista do etanol de milho.
O atraso foi imenso, as perdas bilionárias, a promiscuidade da política com a Petrobrás foi criminosa, e os responsáveis estão aí. Miseráveis.
Paulo Roberto de Almeida


Reinaldo Azevedo, 15/05/2013

Oposição faz falta às democracias. Sem aquela, estas vão virando ditaduras do consenso ou da mentira. O governo comemorou com foguetório o sucesso do leilão de novas áreas para a exploração de petróleo. “Recorde”, gritou-se. Sem dúvida! Leiam o que a VEJA.com informou. Volto em seguida.

Após cinco anos sem fazer nenhum leilão, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) começou nesta terça-feira a 11ª Rodada de Licitações. Em seu primeiro dia de licitações, a agência já arrecadou 2,8 bilhões de reais, um novo recorde. O valor supera o recorde anterior, de 2,1 bilhões de reais, da 9ª rodada de concessões realizada em 2007, e superou com um dia de antecedência a meta inicial de que o montante somasse entre 2 bilhões de reais e 2,5 bilhões de reais. A ANP já licitou áreas nas bacias de Parnaíba, Foz do Amazonas, Barreirinhas, Potiguar, Espírito Santo, Ceará e Pará-Maranhão.
Empresas como Petrobras, OGX, Petra Energia, Ouro Preto, Queiroz Galvão e as estrangeiras Total, BP, BHP Billiton, Galp e BG apareceram como as principais vencedoras das disputas. O maior lance na primeira parte do leilão foi feito pelo consórcio formado pela francesa Total, a britânica BP e a Petrobras, por um bloco na Foz do Amazonas: 345,9 milhões de reais. A concessão dos oito blocos ofertados na região custou, no total, mais de 750 milhões de reais.
Na avaliação do governo, o intervalo de cinco anos desde a última licitação de áreas de exploração fez com que houvesse uma valorização das áreas que estão sendo ofertadas. “Nunca vimos nada parecido”, disse o secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, em entrevista à Reuters, durante o leilão.

Voltei
Pois é… E por que o governo ficou cinco anos sem fazer leilão nenhum? Ah, porque a palavra de ordem era substituir o antigo modelo de concessões pelo de partilha, que passou a vigorar no caso do pré-sal. E o país ficou parado, sem fazer leilão nenhum. Agora fez. E, por incrível que pareça, seguiu o mesmo modelo que vigorava no governo FHC: o de concessão. As empresas se interessaram e pagaram um ágio grande. Essas áreas licitadas ontem não têm nada a ver com o pré-sal, mas um modelo contaminou o outro.
E como a governo justifica esses cinco anos sem fazer contrato nenhum? Ah, diz que foi até bom porque, assim, as áreas de valorizaram. É embromação! O sucesso do leilão de ontem esconde cinco anos de atraso.

Indio de araque quer ganhar no apito da Funai - Reinaldo Azevedo

Ou então a Funai, órgão corrupto por excelência, quer virar latifundiária, e depois negociar as terras no mercado secundário...
Paulo Roberto de Almeida


Reinaldo Azevedo, 15/05/2013

Não! É claro que eu não vou desistir de denunciar o esbulho que está acontecendo no campo por conta dos aloprados da Funai. Querem ver como são as coisas? Então eu conto.
A Funai indicou 15 áreas no Paraná para demarcá-las como reservas indígenas, principalmente nos municípios de Terra Roxa e Guaíra. Há décadas, essas áreas abrigam propriedades rurais, com os títulos devidamente regularizados. Em fevereiro, em visita ao Show Rural realizado em Cascavel, representantes dos produtores rurais — ATENÇÃO, PEQUENOS PRODUTORES!!! — procuraram a presidente e pediram a sua intervenção. Ela determinou, então, que a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) — que é, sim, paranaense — acompanhasse o caso.
Gleisi já sabia o que queria a Funai. Resolveu pedir que a Embrapa lhe apresentasse um estudo sobre a ocupação daquela região, as características da terra etc. Se os pressupostos da Funai se comprovassem, paciência!
Há duas semanas, a Embrapa concluiu seu trabalho. Apelando até a imagens de satélite, a empresa pública descobriu que a “ocupação indígena” da região nada tem de “histórica”. É recentíssima! ATENÇÃO: A PRESENÇA MAIS ANTIGA DE ÍNDIOS NAS ÁREAS QUE A FUNAI QUER DEMARCAR DATA DE 1990!!!, numa região batizada de Tekoha Porã. Os índios supostamente “originários” migraram de Naviraí, Mato Grosso do Sul. Estão ocupando um pedaço da malha urbana da cidade de Guaíra. Esses “povos tradicionais” da Funai vivem da caça e da pesca? Chamam a Lua de “Jacy”??? Não! Recebem Bolsa Família e cesta básica doada pelo governo. Quem produz a comida da cesta são os agricultores brasileiros, aqueles de quem a Funai quer tomar as terras.
Agora o mais espantoso: em dez das 15 áreas, os índios só começaram a aparecer em… 2007!!! Em outras cinco, a presença indígena data de 2012. É, leitor!!! Os “povos indígenas” nessa área do estado estão lá, TRADICIONALMENTE, desde o ano passado!!!
Mais um pouco: EM QUATRO DAS 15 ÁREAS, NEM MESMO EXISTEM ÍNDIOS. Parece que a Funai ainda não conseguiu importá-los. A ministra enviou o estudo ao Ministério da Justiça, pasta à qual a Funai está subordinada, sugerindo que as demarcações sejam suspensas. Gleisi quer que a Embrapa, doravante, analise todos os “ estudos” da Funai. “Não resolveremos uma injustiça cometendo outras”, diz a chefe da Casa Civil.
Gleisi, obviamente — e quem poderia ser contrário? —, acredita que os índios devem ser assentados e ter acesso a programas de renda, saúde, educação etc. Mas sem expulsar produtores rurais e sem mistificações.
O único “povo tradicional” nas áreas reivindicadas pela Funai são os produtores rurais. Os índios ali presentes são uma falsificação da história, de que a Funai é a principal protagonista.
Marta Azevedo, só por essa questão do Paraná, tem de ser sumariamente demitida. Ainda que seja louca por índios e só pense em protegê-los, ocupa uma função de estado. E os milhares de paranaenses que seriam prejudicados pelos estudos fraudulentos da Funai também são brasileiros, que estão sob a proteção da lei.
Lobby
O lobby indigenamente correto está tentando ligar a atuação de Gleisi a uma eventual candidatura ao governo do Paraná em 2014. Se será candidata ou não será, não sei. Tem o direito de pleitear. Ser ou não ser candidata não muda o resultado do estudo feito pela Embrapa. A presença indígena nas 15 áreas do Paraná que a Funai quer demarcar é uma fraude.