O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 25 de junho de 2011

Espaço Acadêmico (2) - Colaborações Paulo Roberto de Almeida

Ja postei, mais abaixo (ver na listagem da direita), uma relação abreviada dos meus artigos publicados na revista Espaço Acadêmico, que funcionou com domínio próprio até o número 96 (neste link), e que, a partir do número 97 passou a estar integrada ao sistema de revistas acadêmicas da Universidade de Maringá, mudando, portanto, o formato de editoração e o registro, eletrônico, dos artigos publicados (para todos os números desde o 97, ver neste link).

Nesse novo formato não existe, como para os números precedentes, um arquivo por autor, mas sim um sistema de busca, que pode ser alcançado neste link:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/search/results

Basta colocar o meu nome e todos os artigos listados abaixo vão aparecer, sem que eu saiba exatamente precisar agora que tipo de ordenamento se aplica.

Desejo, nesta ocasião, prestar minha homenagem ao colega, editor, responsável, coordenador da revista Antonio Ozaí Silva, que, desde o primeiro número, vem assumido, com total capacidade, os encargos principais de editoração digital da revista, sua consolidação em base eletrônica própria e sua perfeita organização e apresentação, nisso ajudado pela Luana.
Paulo Roberto de Almeida

Revista Espaço Acadêmico
Colaborações Paulo Roberto de Almeida

ISSUE TITLE

Vol 9, No 106 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 106, Março de 2010
A resistível decadência do marxismo teórico e do socialismo prático: um balanço objetivo e algumas considerações subjetivas

Vol 10, No 121 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 121, junho de 2011
O moderno Príncipe e os principados da atualidade: Maquiavel aplicado à política contemporânea

Vol 10, No 110 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 110, julho de 2010
Como (Não) crescer a 7%

Vol 10, No 112 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 112, setembro de 2010
Declaração de voto: um manifesto quase marxista

Vol 10, No 120 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 120, maio de 2011
Uma história do Mercosul: desvio dos objetivos primordiais (2)

Vol 9, No 98 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 98 - julho de 2009
Falácias acadêmicas, 10: mitos sobre o sistema monetário internacional

Vol 9, No 105 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 105, fevereiro de 2010
Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?

Vol 9, No 99 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 99 - Agosto de 2009
Falácias acadêmicas, 11: o mito da transição do capitalismo ao socialismo

Vol 10, No 114 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 114, novembro de 2010
Uma avaliação do governo Lula: políticas sociais e área institucional

Vol 10, No 109 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 109, junho de 2010
Falácias acadêmicas, 14: o mito do colonialismo como causador de subdesenvolvimento

Vol 9, No 103 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 103 - dezembro de 2009
De la Démocratie au Brésil: Tocqueville de novo em missão

Vol 10, No 116 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 116, janeiro de 2011
Previsões imprevisíveis para o Brasil em 2011: resoluções para o novo governo à maneira de Benjamin Franklin

Vol 10, No 119 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 119, abril de 2011
Uma história do Mercosul (1): do nascimento à crise

Vol 9, No 107 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 107, Abril de 2010
A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo

Vol 10, No 121 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 121, junho de 2011
ALMEIDA, Paulo Roberto de. O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado). Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010, 195p. (edições do Senado Federal, vol.147)

Vol 9, No 101 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 101 - Outubro de 2009
Falácias acadêmicas, 13: o mito do socialismo de mercado na China

Vol 10, No 115 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 115, dezembro de 2010
Do “nunca antes” ao “finalmente depois”?: tarefas do novo governo brasileiro

Vol 10, No 117 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 117, fevereiro de 2011
Brasileiras e brasileiros: quero falar diretamente a vocês... (o primeiro Estado da Nação da nova presidente)

Vol 9, No 100 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 100 - Setembro de 2009
Falácias acadêmicas, 12: o mito da exploração capitalista

Vol 10, No 118 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 118, março de 2011
Formação de uma estratégia diplomática: relendo Sun Tzu para fins menos belicosos

Vol 9, No 104 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 104, janeiro de 2010
A Primeira Década do Século 21: um retrospecto e algumas previsões imprevisíveis

Vol 10, No 113 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 113, outubro de 2010
Uma avaliação do governo Lula: a área econômica

Vol 9, No 108 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 108, maio de 2010
Elogio da burguesia (com uma deixa para a aristocracia também)

Vol 9, No 102 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 102 - Novembro de 2009
Um outro mundo possível: Alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim

Vol 10, No 118 (2011): Revista Espaço Acadêmico, nº 118, março de 2011
A oposição brasileira sem projeto de poder

Vol 10, No 111 (2010): Revista Espaço Acadêmico, nº 111, agosto de 2010
A Ignorância Letrada: ensaio sobre a mediocrização do ambiente acadêmico

Vol 9, No 97 (2009): Revista Espaço Acadêmico - nº 97 - junho de 2009
Falácias acadêmicas, 9: o mito do socialismo do século 21

Revista Espaço Acadêmico - revista multidisciplinar -ISSN 1519-6186 (on-line) - Departamento de Ciências Sociais - Universidade Estadual de Maringá (UEM) - Av. Colombo, 5790 - Campus Universitário 87020-900 - Maringá/PR – Brasil -
blog: http://espacoacademico.wordpress.com - Email: aosilva@uem.br


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O governo atua como um fora-da-lei, e adota medidas ilegais...

Pois é, eu pensava que fosse uma figura de estilo a designação que eu encontrei para caracterizar o Estado brasileiro, quando comecei uma série, interrompida por falta de tempo, chamada:

Autobiografia de um fora-da-lei: uma história do Estado brasileiro
Espaço Acadêmico (n. 78, novembro de 2007)

Asi no más, eu pretendia contar a história, na primeira pessoa, de um criminoso reincidente, um reles bandido de beira de estrada, que espera o cidadão inocente, e incauto, passar para, zás, assaltá-lo a mão armada, e roubá-lo de todas as formas, sem qualquer vergonha de fazer.
Esse é o Estado brasileiro.
Mas eu pensei que ele só fosse um criminoso contra os seus próprios cidadãos, ou seja, nosotros, inocentes pagadores das farras do Estado criminoso.
Mas, eis que descobrimos que esse fora-da-lei também atua como reles infrator contra Estados com os quais mantemos relações diplomáticas normais -- uma "potência estrangeira", como chamou um iluminado dessa coisa que se chama corte suprema -- e protege criminosos estrangeiros, condenados em seu país e em cortes supranacionais em todas as instâncias.
Não bastassem todas as infrações cometidas, o fora-da-lei continua reincidindo no crime, como prova este editorial de um velho jornal reacionário...
Paulo Roberto de Almeida

O visto de Battisti é ilegal
Editorial - O Estado de S.Paulo
25 de junho de 2011

Por 14 votos a 2, 1 abstenção e 3 ausências, o Conselho Nacional de Imigração - vinculado ao Ministério do Trabalho e integrado por 9 representantes de Ministérios, 5 de sindicatos, 5 de entidades patronais e 1 da comunidade científica - concedeu visto de permanência ao ex-terrorista italiano Cesare Battisti. Com isso, ele poderá viver e trabalhar por tempo indeterminado no Brasil.

Pela ordem jurídica vigente, a decisão do Conselho Nacional de Imigração é ilegal. Ela colide com a Lei 6.815/81, que criou o órgão e define a situação jurídica dos estrangeiros no Brasil. O inciso IV do artigo 7.º dessa lei proíbe taxativamente a concessão de visto "ao estrangeiro que foi condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a lei brasileira".

É justamente esse o caso de Battisti. Ele foi condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando integrava a organização terrorista Proletários Armados para o Comunismo. No momento em que Battisti foi processado, julgado e condenado, a Itália vivia em plena normalidade política e constitucional, ou seja, sob democracia plena.

Battisti também já foi condenado no Brasil pela primeira instância da Justiça Federal à pena de dois anos em regime aberto, convertida em pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade, por usar passaportes franceses falsificados, encontrados quando foi preso pela Polícia Federal, em 2007, a pedido do governo italiano. Ele recorreu, mas a decisão foi mantida há cinco meses pelo Tribunal Regional Federal da 2.ª Região. No inciso II do artigo 7.º, a Lei 6.815 também proíbe a concessão de visto "ao estrangeiro considerado nocivo à ordem pública".

Por mais que se apresente como perseguido político, Battisti, do estrito ponto de vista técnico-jurídico, não preenche os critérios previstos pela legislação para a obtenção de visto de residência. Por isso, a Procuradoria-Geral da República - o órgão encarregado pela Constituição de "defender a ordem jurídica" - não tem outra saída a não ser contestar judicialmente a decisão do Conselho Nacional de Imigração e exigir o cumprimento do direito positivo.

Foi com base nessa legislação que, em 2009, a Procuradoria-Geral da República emitiu um parecer contrário à concessão de asilo a Battisti - posição que foi endossada pelo Comitê Nacional para os Refugiados, uma comissão interministerial encarregada de receber os pedidos de refúgio e determinar se os solicitantes reúnem as condições jurídicas necessárias para serem reconhecidos como refugiados. Surpreendentemente, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, desprezou as duas decisões e concedeu o status de refugiado político a Battisti.

Classificando a iniciativa de Genro como "grave e ofensiva", o Ministério de Assuntos Estrangeiros da Itália recorreu ao Supremo Tribunal Federal, acusando o governo brasileiro de não cumprir o tratado de extradição firmado pelos dois países em 1989. Mas, em vez de dar uma solução clara e objetiva ao caso, em 2010 a Corte, numa decisão ambígua, autorizou a extradição, mas deixando a última palavra ao presidente da República. Pressionado pelo ministro da Justiça, por um lado, e pelo governo da Itália, por outro lado, Lula deixou claro que concederia asilo a Battisti - o que só fez no último dia de seu mandato - e pediu à Advocacia-Geral da União um parecer que fundamentasse sua decisão. Cumprindo a determinação, o órgão desprezou a legislação e preparou um parecer político, dando as justificativas "técnicas" de que o presidente precisava para decidir pela permanência de Battisti no País, com o status de imigrante.

O governo italiano voltou a recorrer e o Supremo, para perplexidade dos meios jurídicos, também agiu politicamente, ignorando tanto o tratado de extradição firmado entre o Brasil e a Itália quanto a própria legislação brasileira sobre estrangeiros. Essa desmoralização das instituições jurídicas foi aprofundada ainda mais com a concessão do visto de permanência a Battisti, pelo Conselho Nacional de Imigração.

A frase do seculo - socialismo, segundo Margareth Thatcher

Parece uma fórmula simples, mas, no fundo, ela tinha razão nesta constatação prosaica:

O socialismo dura até terminar o dinheiro dos outros.

Margareth Thatcher

A frase resume toda a experiência prática do socialismo durante as décadas em que ele foi aplicado (ainda é, em alguns lugares), conscientemente ou não, por tantas "almas cândidas" (como diria Raymond Aron).

Quanto custa se drogar, e quantos se drogam - UN-Economist

Mais interessante até do que o preço da cocaína, na rua, por assim dizer, é a proporção da população que se entrega ao vício. Diversos fatores influenciam os preços e eles variam "naturalmente", ao sabor da oferta e da demanda, dos circuitos de transação. Assim, apesar da Inglaterra exibir um preço relativamente modesto para os padrões internacionais, ela registra uma das mais altas taxas de drogados nos países avançados, junto com Espanha e Estados Unidos.

The UN's world drug report
The cost of coke
The Economist, June 23rd 2011

The price of cocaine varies greatly between rich countries

EVERY year the United Nations Office on Drugs and Crime publishes a report with lots of fascinating data on the production and consumption of illegal drugs around the world. This year's report highlights a few interesting trends: despite all the effort put into the war on drugs, the street price of cocaine in Europe has dropped relentlessly over the past two decades (even adjusting for inflation and impurity). This may explain why Europe is now almost as big a market for cocaine producers as America. The numbers we have picked out below show the variations in price between a selection of different countries, as well as consumption per person in those places.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Entre os vagalhoes e os penhascos (juros e cambio): dilemas reais

Ardil-22: a versão nacional
Alexandre Schwartsman*
Blog A Mão Visível, 22/06/2011 17:32

...se não subir as juros a demanda se expande e a inflação segue pressionada; caso suba os juros, aumentam os ingressos de capital, a demanda cresce e novamente aparecem as pressões inflacionárias. Esta seria a justificativa para a adoção de políticas de restrição ao crédito...
Publicado originalmente na Folha de S.Paulo, edição de 22 de junho de 2011


Um dos temas mais "quentes" de política monetária refere-se às dificuldades de lidar com o ingresso de capital estrangeiro no país. O problema aparece, no entender de autoridades, porque o remédio típico para arrefecer as pressões inflacionárias - na ausência de um ajuste fiscal digno deste nome - é o aperto da política monetária, expresso na elevação da taxa básica de juros, a Selic. Entretanto, segue o argumento, taxas de juros domésticas mais altas relativamente às externas criam um fator adicional de atração de capitais, que então realimentaria a pressão sobre a inflação por meio da expansão da liquidez e do crédito que se seguiriam ao ingresso.

Esta visão foi resumida pelo presidente do BC quando afirmou: "Esse impacto inflacionário do ingresso de capitais não pode ser lidado com juros, porque, na realidade, quando apertamos as condições financeiras e monetárias, os indivíduos e as empresas buscam recursos lá fora" (Valor Econômico, 27/04/2011).

Tal tese, se válida, colocaria o BC face a um "Ardil-22": se não subir as juros a demanda se expande e a inflação segue pressionada; caso suba os juros, aumentam os ingressos de capital, a demanda cresce e novamente aparecem as pressões inflacionárias. Esta seria a justificativa para a adoção de políticas de restrição ao crédito (há algum tempo me recuso a chamá-las de "macroprudenciais", por não serem "macro", muito menos "prudenciais"), que permitiriam desacelerar a demanda, sem estimular novos ingressos.

Resta, todavia, saber se a tese é, de fato, válida. Acredito que sim, mas apenas porque o BC parece ter agora mais objetivos que simplesmente manter a inflação na meta.

Com efeito, sabe-se que a política monetária enfrenta desafios distintos sob regimes cambiais diferentes. Quando a taxa de câmbio é administrada, o BC se compromete a comprar e vender moeda estrangeira a um determinado preço. Neste contexto, se os capitais são razoavelmente livres para entrar e sair do país, a gestão de política monetária fica muito complicada.

Caso o juro doméstico suba além do externo, há incremento no ingresso de capitais, que deve obrigatoriamente ser comprado pelo BC, elevando a oferta de moeda e trazendo as taxas de juros para baixo, desfazendo à noite o que o BC tece de dia. Isto força a novas rodadas de elevação de juros, reiniciando o ciclo, de forma não muito distinta daquela descrita pelo presidente do BC. Sob um regime de câmbio administrado e mobilidade elevada de capitais, são escassas as chances do BC impor sua política monetária.

No entanto, o Brasil não adota este regime. Formalmente, pelo menos, nosso câmbio é flutuante, isto é, o BC não tem qualquer obrigação de comprar ou vender moeda estrangeira. Caso a taxa de juros aumente, há um incentivo adicional para o ingresso de capitais, que se manifesta, todavia, pela apreciação da taxa de câmbio. Em tese, o câmbio se aprecia até o ponto em que a expectativa de desvalorização iguale a diferença entre o juro interno e externo, eliminando os ganhos esperados com a arbitragem.

O interessante neste caso é que não há o Ardil-22. O encarecimento do real é quem "freia" os ingressos, pois encarece também todos os ativos (ações, bônus, empréstimos, etc.) denominados em moeda nacional. Posto de outra forma, à medida que o real se fortalece face ao dólar, menores são os incentivos para indivíduos e empresas buscarem recursos no exterior, pois aumenta o risco de uma desvalorização que encareceria estes passivos.

O ardil reaparece, contudo, porque o BC tem se engajado também na tentativa de conter o fortalecimento da moeda nacional, adicionando um objetivo à obrigação de manter a inflação na meta. Como o real não se aprecia, permanece o incentivo para o ingresso de capitais, já que - além da diferença entre taxas de juros - o risco de uma desvalorização é consideravelmente menor.

Visto de outra forma, a compra de moeda estrangeira pelo BC faz com que o regime de câmbio se assemelhe à descrição que fizemos do regime de câmbio fixo nos parágrafos acima: os ingressos de capital agora se traduzem em elevação da liquidez doméstica, em particular se direcionados a ativos privados e não à dívida pública, como argumentado por Márcio Garcia (Valor Econômico, 29/04/2011).

O Ardil-22 reflete o duplo objetivo do BC (inflação e câmbio). Sob tais circunstâncias, um instrumento adicional é requerido, a saber, as restrições ao crédito, cujo funcionamento, todavia, ainda se reveste de dúvidas, seja quanto à intensidade do seu impacto sobre a inflação, seja acerca do horizonte temporal em que tais efeitos se manifestarão.

A persistência da inflação, contudo, assim como os sinais de atividade econômica ainda forte no primeiro trimestre do ano, parecem estar reduzindo a ênfase do BC no seu objetivo cambial e reavivando seu interesse pela política monetária convencional. Resta saber se esta nova postura irá sobreviver à queda sazonal da inflação no segundo trimestre, ou se voltaremos à hesitação que marcou o final do ano passado e o começo deste ano.

Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley). [alexandre.schwartsman@hotmail.com]

Chavez: um caudilho ubiquo (e sempre presente...)

Sabíamos que Chávez era todo poderoso, inclusive dotado de poderes supra-constitucionais, que o autorizam, por exemplo, a frequentar o lar dos venezuelanos a qualquer momento do dia e da noite, via cadeias obrigatórias de radio e televisão (além de controlar virtualmente todos os meios de comunicação, e de "afogar", literalmente, os que lhe são contrários).
Mas não se conhecia, ainda, seu dom da ubiquidade, ou seja, o poder de, estando em Havana, assinar uma lei promulgada em Caracas...
Parece que vai se criar um imbroglio jurídico, nos próximos dias e semanas, com este assunto chegando à Suprema Corte venezuelana.
Mas, como diriam alguns: "a lei, ora a lei..."
Pois é, o que é a lei e a Constituição frente a Super-Chávez?
Nada, ou quase nada, por supuesto...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: demandarán nulidad de ley promulgada por Chávez desde La Habana
Infolatam/Notimex
Caracas, 23 de junio de 2011

Las claves
La Ley Especial de Endeudamiento Complementario para el ejercicio fiscal 2011, autoriza al Ejecutivo a realizar operaciones de crédito público hasta por 10 mil millones de dólares.
El opositor abogado Edgar Parra dijo que demandará ante el Tribunal Supremo de Justicia (TSJ) la nulidad de la ley especial de endeudamiento promulgada por Hugo Chávez desde La Habana, por considerarla anticonstitucional.

“El presidente Hugo Chávez podría ser enjuiciado penalmente ya que promulgó la ley de endeudamiento sin la aprobación del Consejo de Ministros, pues para la fecha se encontraba en La Habana, no en Caracas, donde aparece firmada en Gaceta Oficial”, afirmó.

La Ley Especial de Endeudamiento Complementario para el ejercicio fiscal 2011, autoriza al Ejecutivo a realizar operaciones de crédito público hasta por 10 mil millones de dólares, por encima del monto máximo de endeudamiento aprobado en el presupuesto de 2011.

La normativa legal fue publicada en la Gaceta Oficial número 39 mil 694, de fecha 13 de junio de 2011 y es duramente cuestionada por sectores opositores venezolanos, por haber sido promulgada en forma ilegal e inconstitucional.

En entrevista con Notimex, Parra, dirigente del Partido Social Cristiano Copei, explicó que se anunció el lunes 13 de junio que la citada ley había sido promulgada en Consejo de Ministros el día 12 en el Palacio de Miraflores, en el centro de Caracas.

“Pero los venezolanos saben que Chávez se encuentra en La Habana, Cuba, desde el pasado 8 de junio”, enfatizó el abogado constitucionalista.

“La decisión presidencial de promulgar en Cuba esta Ley, viola no sólo la Constitución, sino también el artículo 78 de la Ley Contra la Corrupción, así como el artículo 316 del Código Penal, aseguró el catedrático de la pública Universidad Central de Venezuela (UCV)”.

Sentenció que “esta última normativa establece penas de cárcel de tres a siete años, para el funcionario público que forme un acto falso, por lo que su partido acudirá la próxima semana al Tribunal Supremo de Justicia para demandar la nulidad de la ley”.

“La promulgación se ejecuta conforme a lo previsto en el artículo 213 de la Constitución, lo cual es errado, ya que el que corresponde citar es el 214 que faculta al presidente para que difunda la ley y en Consejo de Ministros se ordene el cúmplase”, explicó.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Via Politica - Colaborações Paulo Roberto de Almeida

O site Dom Total, repertoriado no post anterior, na verdade republica o que sai publicado sob a coluna Diplomatizando no site Via Politica, de Porto Alegre.
Abaixo uma relação dos artigos mais recentes (nem sei quantos já sairam, provavelmente mais de cem; cheguei a contar 170...).

Diplomatizando
Paulo Roberto de Almeida


O que podemos aprender com
a experiência dos demais países?
Por Paulo Roberto de Almeida
20.06.2011

Qual a melhor política externa para o Brasil?:
algumas preferências pessoais
Por Paulo Roberto de Almeida
13.06.2011

Qual a melhor política econômica para o Brasil?: algumas opções pessoais
Por Paulo Roberto de Almeida
06.06.2011

Balanço do governo Lula: o desmantelamento das instituições - IV
Por Paulo Roberto de Almeida
30.05.2011

Balanço do governo Lula: os programas da área social - III
Por Paulo Roberto de Almeida
23.05.2011

Balanço do governo Lula: evolução do setor externo - II
Por Paulo Roberto de Almeida
16.05.2011

Balanço do governo Lula: uma
avaliação não complacente - I
Por Paulo Roberto de Almeida
10.05.2011

Por que o mundo não vive em paz?
Breve exame das razões possíveis
Por Paulo Roberto de Almeida
02.05.2011

Fidel Castro: despedida da vida pública e do socialismo
Por Paulo Roberto de Almeida
26.04.2011

Nova geografia comercial: resultados brilhantes para o que se pretendia ter
Por Paulo Roberto de Almeida, de Brasília
20.03.2011

“Brasileiras e brasileiros...”
(O que Dilma realmente
gostaria de dizer)
Por Paulo Roberto de Almeida
14.03.2011

A Guerra Fria Econômica:
um cenário de transição?
Por Paulo Roberto de Almeida
07.02.2011

Wikileaks: verso e reverso
Por Paulo Roberto de Almeida
24.01.2011

Previsões imprevisíveis
para o Brasil em 2011
Resoluções para o novo governo
à maneira de Benjamin Franklin
Por Paulo Roberto de Almeida
17.01.2011

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Brasil: o que poderíamos ter feito melhor,
como sociedade, e não fizemos?
Por Paulo Roberto de Almeida
21.12.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Distribuição de renda: melhor fazer
pelo mercado ou pela ação do Estado?
Por Paulo Roberto de Almeida
14.12.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Por que o Brasil avança tão pouco?
Sumário das explicações possíveis
Por Paulo Roberto de Almeida
06.12.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Por que a América Latina não
decola: alguma explicação plausível?
Por Paulo Roberto de Almeida
28.11.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Preeminência, hegemonia, dominação, exploração:
realidades ou mitos?
Por Paulo Roberto de Almeida
22.11.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Países ou pessoas ricas o são
devido a que os pobres são pobres?
Por Paulo Roberto de Almeida
14.11.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Orçamentos públicos devem ser sempre equilibrados?
Por Paulo Roberto de Almeida
07.11.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Competição e monopólios (naturais ou não).
Como definir e decidir?
Por Paulo Roberto de Almeida
01.11.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Políticas ativas pelos
Estados funcionam?
Se sim, sob quais condições?
Por Paulo Roberto de Almeida
25.10.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Livre comércio – uma ideia
difícil de ser aceita (e, no entanto,
tão simples)
Por Paulo Roberto de Almeida
17.10.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Como organizar a economia para o maior (e melhor) bem-estar possível
Por Paulo Roberto de Almeida
10.10.2010

Paranoias brasileiras e
sua geografia cambiante:
pequena digressão sobre
uma doença tupiniquim
Por Paulo Roberto de Almeida, de Shanghai
27.09.2010

República Mafiosa do Brasil:
Constituição
Por Paulo Roberto de Almeida
13.09.2010

Mercado político e mercados
econômicos: Marx
e as eleições brasileiras
Por Paulo Roberto de Almeida, de Shanghai
29.08.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios: Duas tradições no campo da filosofia social, o liberalismo e o marxismo
Por Paulo Roberto de Almeida
22.08.2010

Volta ao mundo em 25 ensaios: Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?
Por Paulo Roberto de Almeida
10.08.2010

(mais, neste link)

Dom Total - Colaborações Paulo Roberto de Almeida

Também tenho colaborado, embora indiretamente, com este site de uma fundação educacional de Bel Horizonte, visivelmente engajada na teologia da libertação (e nas ideias de Dom Helder Câmara). Embora não me enquadre nessa categoria, não tenho objeção a que publiquem meus artigos, mesmo se, provavelmente, minhas ideias diferem bastante das dos demais colaboradores.

Abaixo a relação sumária dos artigos publicados, que podem ser lidos a partir deste link.

Paulo Roberto de Almeida
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08/04/2010 | Manual de diplomacia prática, 10: atores sociais
25/03/2010 | Manual de diplomacia prática, 9: segurança
18/03/2010 | Manual de diplomacia prática, 8: blocos de integração
11/03/2010 | Manual de diplomacia prática, 7: parcerias estratégicas
04/03/2010 | Manual de diplomacia prática, 6: prioridades
25/02/2010 | Manual de diplomacia prática, 5: interesse nacional
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11/02/2010 | Manual de diplomacia prática 4: caráter inovador
04/02/2010 | Manual de diplomacia prática 3: avaliação dos meios
28/01/2010 | Manual de diplomacia prática, 2: interação com a economia
21/01/2010 | Manual de diplomacia prática, 1: clareza de intenções
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18/09/2008 | Marquissistas à beira de um ataque de nervos
11/09/2008 | Fidel Castro: a História não o absolverá
04/09/2008 | Falácias acadêmicas: o mito do neoliberalismo
28/08/2008 | Miséria da academia: uma crítica à academia da miséria
21/08/2008 | Pequeno manual prático da decadência
14/08/2008 | O Brasil amarrado por sua própria vontade
07/08/2008 | O afundamento da educação no Brasil
24/07/2008 | Petismo universitário
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10/07/2008 | O fetiche do Capital
03/07/2008 | Para libertar a nação dos bárbaros
26/06/2008 | As roupas novas do império

Os artigos dos colunistas da Revista DomTotal são de natureza jornalística, escritos por autores especialmente convidados.

Os autores assumem inteira responsabilidade sobre o conteúdo dos mesmos e sua opinião não necessariamente representa a linha editorial da Revista DomTotal.

A reprodução de seus textos depende de autorização expressa de seus autores.

Espaço Acadêmico - Colaborações Paulo Roberto de Almeida

Tenho colaborado, praticamente desde o início, com uma revista acadêmica digital que se chama, precisamente, Espaço Acadêmico.

Reproduzo abaixo apenas uma parte dessas colaborações, remetendo os interessados a uma lista completa neste link.

Paulo Roberto de Almeida
Lista de artigos publicados na Espaço Acadêmico
ISSN: 1519.6186

Até n. 96: www.espacoacademico.com.br
Ver o conjunto de artigos, neste link: http://www.espacoacademico.com.br/arquivo/almeida.htm
A partir do n. 97: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/search/advancedResults

Lista atualizada em 23 de junho de 2011

125.
2275. “O moderno Príncipe e os principados da atualidade: Maquiavel aplicado à política contemporânea”, Brasília, 25 maio 2011, 9 p. Adaptação dos capítulos 1, 3 e 4 do livro O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (Brasília: Senado Federal, 2010). Revista Espaço Acadêmico (ano 11, n. 121, Junho 2011, p. 67-73; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/13530/7062). Relação de Publicados n. 1035.

124.
2258. “O desenvolvimento do Mercosul: progressos e limitações”, Brasília, 31 março 2011, 29 p. Capítulo sobre o desenvolvimento histórico do Mercosul. Aproveitado parte da segunda parte para compor o trabalho “Uma história do Mercosul (2): desvio dos objetivos primordiais”, para a Revista Espaço Acadêmico (vol. 10, n. 120, maio 2011, p. 112-117; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/13250/6976). Relação de Publicados n. 1033.

123.
2247. “Seria o Mercosul reversível?: Especulações teóricas sobre trajetórias alternativas concretas”, Brasília, 20 Fevereiro 2011, 63 p. Artigo sobre os problemas e impasses do Mercosul, recomendando maior flexibilidade no esquema de integração. Feita nova versão resumida, aproveitando partes do trabalho n. 2258, sob o título “Uma história do Mercosul (1): do nascimento à crise”, para a Revista Espaço Acadêmico (vol. 10, n. 119, abril 2011, p. 106-114; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/13086/6864). Relação de Publicados n. 1036.

123.
2251. “Formação de uma estratégia diplomática: relendo Sun Tzu para fins menos belicosos”, Brasília, 5 março 2011, 8 p. Sun Tzu revisitado com o objetivo de traçar uma estratégia diplomática. Publicado na Espaço Acadêmico (ano 10, n. 118, março 2011, p. 155-161; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12696/6714). Relação de Publicados n. 1023.

122.
2238a. “Primeiro pronunciamento à Nação da Presidenta da República”, Brasília, 20 janeiro 2010, 6 p. Proposta de discurso para a presidenta da República. Revisto e ampliado em 29.01.2011, sob n. 2238b e título de “Brasileiras e brasileiros: quero falar diretamente a vocês... (o primeiro Estado da Nação da nova presidente)”, 7 p. Publicado Espaço Acadêmico (ano 10, n. 117, fevereiro 2011, p. 93-98; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12375/6547). Relação de Publicados n. 1019.

(...)
120.
2228. “Do ‘nunca antes’ ao ‘finalmente depois’?: tarefas do novo governo brasileiro”, Brasília, 3 dezembro 2010, 10 p. Considerações sobre os encargos do novo governo no campo econômico, político e social. Revista Espaço Acadêmico (v. 10, n. 115, dezembro 2010, p. 1-9; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11272/6364). Relação de Publicados n. 1008.

119.
2214. “Uma avaliação do governo Lula: políticas sociais e área institucional”, Shanghai, 27 outubro 2010, 10 p. Na continuidade do trabalho 2192, que tratou da política econômica, combinação dos textos 2190 e 2191, para fins de publicação na revista Espaço Acadêmico (ano 10, n. 114, novembro 2010, p. 165-173; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11526/6255). Relação de Publicados n. 1003.
(...)

114.
2169. “A Ignorância Letrada: ensaio sobre a mediocrização do ambiente acadêmico”, Dubai-São Paulo, 17/07/2010; Shanghai, 30/07/2010, 10 p. Ensaio sobre a crescente deterioração da qualidade da produção acadêmica brasileira na área de humanas, examinando a natureza do problema, suas causas, suas consequências mais evidentes e as evidências disponíveis. Revista Espaço Acadêmico (ano 10, n. 111, agosto 2010, p. 120-127; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/10774/5859).
(...)

111.
2127. “Elogio da burguesia (com uma deixa para a aristocracia também)”, Em vôo Lisboa-Roma, 26/03/2010; Firenze, 27.10.2010; Perugia, 28-29.10.2010; 8 p. Considerações sobre as elites culturais e a cultura popularesca. Revisto e ampliado em Xian e Shanghai, 21-25.04.2010, 12 p. Publicado na Espaço Acadêmico (ano 10, n. 108, maio 2010, p. 51-60; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/10038/5591).
(...)

2117. “A resistível decadência do marxismo teórico e do socialismo prático: um balanço objetivo e algumas considerações subjetivas”, Brasília, 21 fevereiro 2010, 9 p. Considerações sobre os marxistas e socialistas que sobrevivem nas academias. Espaço Acadêmico (ano 9, n. 106, março 2010; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9502/5321). Relação de Publicados n. 954.
(...)

108.
2103. “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Brasília, 19 janeiro 2010, 12 p. Argumentos de natureza política e histórica sobre a falência do marxismo aplicado, elaborado com base no trabalho 2039: “Um intercâmbio acadêmico sobre a responsabilidade do Intelectual”. Revisto em 3.02.2010. Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252). Relação de Publicados n 952.

107.
2070. “A Primeira Década do Século 21: um retrospecto e algumas previsões imprevisíveis”, Vôo Beijing-Paris: 6.12.2009; vôo Paris-São Paulo: 9.12.2009; Brasília: 19.12.2009, 13 p. Revisão dos dez anos transcorridos desde 2000 e algumas questões pendentes para a próxima década. Espaço Acadêmico (ano 9, n. 104, janeiro 2010, p. 27-37; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9117/5140).

106.
2035. “De la Démocratie au Brésil: Tocqueville de novo em missão”, Brasília, 10 agosto 2009, 10 p. Resumo de relatório da missão ao Brasil empreendida por Alexis de Tocqueville, a pedido do Banco Mundial, para determinar a situação do Brasil em termos de democracia e de economia de mercado. Espaço Acadêmico (ano 9, n. 103, dezembro 2009, p. 130-138; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/8822/4947). Relação de Publicados n. 939.
(...)

89.
1908. “Miséria da academia (uma crítica à academia da miséria)”, Brasília, 4 julho 2008, 14 p. Comentários às ideias dominantes em certa academia no Brasil. Espaço Acadêmico (n. 86, julho 2008; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/086/86pra.htm).

88.
1888. “Manifesto Comunista, ou quase...: dedicado a “marquissistas” à beira de um ataque de nervos (a propósito de uma simples resenha)”, Brasília, 15 maio 2008, 3 p. Comentários críticos a propósito de reações a minha resenha do livro Incontornável Marx (Espaço Acadêmico, 84, maio 2008: http://www.espacoacademico.com.br/084/84res_pra.htm). Publicado na Espaço Acadêmico (ano 8, n. 85, junho de 2008; link: http://www.espacoacademico.com.br/085/85pra.htm).
(...)

85.
1873. “O fetiche do Capital”, Brasília, 23 março 2008, 5 p. Comentários à mania de certos professores acadêmicos de ler a obra de Marx no isolamento reverencial da liturgia. Espaço Acadêmico (ano 7, n. 83, abril 2008, ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/083/83pra.htm).
(...)

79.
1807. “Crônica do petismo universitário: dissolução de uma redundância?”, Brasília, 24 setembro 2007, 5 p. Ensaio provocador sobre uma mutação político-ideológica observável no cenário acadêmico brasileiro. Espaço Acadêmico (ano 7, n. 77, outubro 2007; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/077/77pra.htm).

78.
1794. “Duro de crescer: obstáculos políticos ao crescimento econômico do Brasil”, Brasília, 2 setembro 2007, 10 p. Retomada do trabalho 1787, sobre as barreiras políticas a um maior cresc75.
1752. “Prometeu acorrentado: o Brasil amarrado por sua própria vontade”, Brasília, 20 maio 2007, 6 p. Esquematização geral, sob forma dissertativa, de artigo mais alentado de análise das dificuldades institucionais e políticas que o Brasil enfrenta para avançar nos processos de modernização econômica, de inclusão social e de progresso tecnológico. Revista Espaço Acadêmico (ano 7, n. 73, junho 2007; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/073/73pra.htm);
(...)

74.
1746. “Estaria a imbecilidade humana aumentando? (uma pergunta que espero não constrangedora...)”, Miami-São Paulo (em vôo), 23 abril 2007, 5 p. Considerações sobre o aumento da idiotice no mundo, com base no fundamentalismo religioso e nas explicações simplistas sobre a vida e o mundo. revista Espaço Acadêmico (ano 6, n. 72, maio de 2007; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/072/72pra.htm).

73.
1717. “Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)”, Brasília, 31 janeiro 2007, 11 p. Digressões sobre formas e modalidades de declínio econômico e social, sem qualquer referência ao Brasil. Revista Espaço Acadêmico (ano 6, n. 71, abril 2007; link: http://www.espacoacademico.com.br/071/71pra.htm).
imento econômico no Brasil. Espaço Acadêmico (ano 7, n. 76, setembro 2007; link: http://www.espacoacademico.com.br/076/76pra.htm).
(...)

65. Economia política do intelectual
1640. “Economia política do intelectual”, Brasília, 20 julho 2006, 11 p. Uma visão cética sobre alguns dos mitos da nossa época. Espaço Acadêmico (ano 6, nº 63, agosto 2006; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/063/63esp_almeida.htm).
(...)

54. Florestan Fernandes e a idéia de revolução burguesa no pensamento marxista brasileiro
1465. “Florestan Fernandes e a idéia de revolução burguesa no marxismo brasileiro”, Brasília, 1 setembro 2005, 19 p. Reelaboração do trabalho sobre FF, Caio Prado Jr. e Nelson Werneck Sodré (630). Espaço Acadêmico (ano 5, nº 52, setembro 2005; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/052/52ff_almeida.htm).
(...)

47. A cultura da esquerda - Sete pecados dialéticos que atrapalham seu desenvolvimento
1412. “A cultura da esquerda: sete pecados dialéticos que atrapalham seu desenvolvimento”, Brasília, 25 março 2005, 22 p. Comentários sobre obsessões da esquerda (anti-mercado, igualitarismo, estatismo, etc), que conformam pensamento ultrapassado para suas tarefas políticas. Espaço Acadêmico (ano 4, nº 47, abril 2005; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/047/47pra.htm).
(...)

40. Rumo a um novo apartheid? Sobre a ideologia afro-brasileira
1322. “Rumo a um novo apartheid?: sobre a ideologia afrobrasileira”, Brasília, 29 agosto 2004, 11 p. Ensaio sobre a possibilidade de uma separação “mental” dos grupos raciais no Brasil, com base na promoção das diferenças entre a etnia negra e as demais. Espaço Acadêmico (ano 4, nº 40, setembro 2004; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/040/40pra.htm).
(...)

34. Os doze trabalhos da boa governança
1214. “Os doze trabalhos da boa governança”, Brasília, 23 fevereiro 2004, 10 p. Retomada das notas efetuadas em Washington em 1º.09.03, sobre os elementos para “convencimento da maioria”, mas que evoluíram para cadernos da boa governança. Espaço Acadêmico (ano 3, nº 34, março 2004, ISSN: 1519.6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/034/34pra.htm).
(...)

01. Dez Regras Modernas de Diplomacia
800. “Dez Regras Modernas de Diplomacia”, Chicago, 22 julho; São Paulo-Miami-Washington 12 agosto 2001, 6 p. Ensaio breve sobre novas regras da diplomacia, com inspiração dada a partir do livro de Frederico Francisco de la Figanière: Quatro regras de diplomacia (Lisboa: Livraria Ferreira, 1881, 239 p.). Espaço Acadêmico (ano 1, nº 4, setembro 2001; ISSN: 1519.6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/004/04almeida.htm).

(FIM)

Dom Paulo Evaristo Arns e Cuba socialista - Janer Cristaldo (1989)

Um texto antigo, de 1989, sobre o ex-cardeal brasileiro D. Paulo Evaristo Arns e sua relação com a Cuba de Fidel, de autoria do jornalista Janer Cristaldo, mais conhecido hoje por seu saboroso blog, texto que me foi mandado numa lista de discussão política, mas que por acaso relembrou-me um texto, também sobre Cuba, que escrevi alguns anos atrás:

A História não o Absolverá: Fidel Castro e seus amigos brasileiros: um caso de renúncia à inteligência?
Espaço Acadêmico (ano 6, nº 64, setembro 2006; link).

PRIMEIRA EPÍSTOLA AO AIATOLÁ DE FORQUILHINHA
Janer Cristaldo
A Notícia (Joinville, SC), 05.02.1989

Florianópolis — De Forquilhinha, Santa Catarina, conheço dois cidadãos. Ou melhor, um cidadão e uma cidadã, o Paulo e a Albertina. O Paulo, conheço apenas de nome. A Albertina, de meu dia-a-dia. Ambos nasceram em lares humildes mas — coisas da vida! — tiveram diferentes destinos. Albertina veio a ser minha faxineira e Paulo doutorou-se pela Sorbonne. Paulo viu no sacerdócio sua chance de chegar ao poder e a Albertina, coitada, enfrenta bravamente o mundo com sua vassoura. Paulo, ao que tudo indica, prefere uma metralhadora.

Falar em metralhadora me faz lembrar um distante 1º de abril, como também aquela pergunta que nos anos 70 se tornou moda: onde você estava no 1º de abril de 1964? Eu estava em Santa Maria, mais precisamente na sede dos Sindicato dos Ferroviários, mais conhecido como Casa Rosada. Era jovem e idiota. Do alto de meus dezessete anos, trepado em uma mesa, trazia aos operários o apoio da classe estudantil, denunciava Carlos Lacerda, louvava Brizola e exigia do comandante da guarnição local, general Pope de Figueiredo, uma definição sobre o governo João Goulart. Em meio a meu discurso, o salão foi se esvaziando aos poucos, o que era no mínimo desconfortável para quem se julgava bom orador. Mas o problema não era o verbo. Era a definição que chegava, trezentos homens armados de fuzis e metralhadoras, baionetas caladas. Minha platéia se evaporava. Desci da mesa, sentindo-me ridículo até a medula. Na Casa Rosada, restamos eu e mais dez operários. Fui até a porta. A um metro e meio de mim, centenas de soldados, todos de minha idade, formavam semicírculos concêntricos de baionetas. Não senti medo, não acreditava que alguém desse ordem de fogo. Mas tive de desarmar um operário bêbado que, com seu facão, pretendia enfrentar o exército. Algum tempo depois, surgiram os mensageiros da guerrilha. Convidado para a luta armada, recusei-me. Considerava suicídio lutar de bodoque contra tanques. A esta mesma conclusão chegaram meus companheiros de geração, só que vinte anos mais tarde, após centenas de mortes e sofrimentos no exílio. Mas falava de Paulo. Não no de Tarso, o maior matador de cristãos de seu tempo e que acabou construindo o cristianismo, Stalin precursor que se tornou um enviado de Deus para suas vítimas. Falava do Paulo de Forquilhinha. Conterrâneo de Albertina.

Pois o Paulo, ou Dom Paulo, como prefere ser chamado, ou melhor ainda, Dom Paulo Evaristo Arns, escreveu há pouco afável cartinha a um dos mais antigos tiranos da América Latina, que há trinta anos oprime com seus coturnos toda uma nação. Não, a carta não foi dirigida a Stroessner. Bem poderia ser. Pois como disse o estafeta episcopal, o ficcionista Carlos Alberto Libânio Christo, vulgo frei Betto, o pecador não deve ser confundido com o pecado. Muito menos a Pinochet, que parece ainda pouco maduro nos meandros do poder — afinal tem só quinze anos de ditadura! — para merecer tapinhas no ombro de um príncipe da Igreja. A carta foi dirigida a Fidel Castro Primeiro e Único, Real Imperador de la Isla de Cuba. E eu que me queixava da Albertina, a coitada, cujo único pecado é tentar organizar por altura das lombadas os livros de minha biblioteca.

Pois Dom Paulo, de certa forma, já me aprontou outra. Quando estava sendo traduzido ao brasileiro o livro Nunca Mais, o relatório da Conadep (Comisión Nacional sobre la Desaparición de Personas), cujos trabalhos foram coordenados por Ernesto Sábato, Dom Paulo tomou a dianteira: endossou trabalho semelhante feito no Brasil, o que é bom, digno e justo. Só não é bom, digno e justo roubar título alheio como o fez, usufruindo indevidamente da publicidade internacional de que gozava o trabalho coordenado por Sábato. A Albertina de vez em quando junta Casanova com Tomás de Aquino, só porque os tomos são da mesma altura, mas jamais subtraiu nada de minha biblioteca.

"Queridíssimo Fidel" — começa o corajoso cardeal — "Paz e bem". Digo corajoso porque coragem intelectual é o mínimo que se exige de um homem culto e bem informado para assim saudar o único ditador do continente que ainda mantém intelectuais no cárcere e proíbe aos nacionais saírem de seu gulag tropical. Em sua epístola ao tirano, Paulo abraça Castro e saúda o povo cubano pelo trigésimo aniversário da ditadura: "Hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser no nosso continente, tão empobrecido pela dívida externa, um exemplo de justiça social". Não é bem o que pensa a Anistia Internacional, cujas investigações embasam em boa parte o Brasil: Tortura Nunca Mais, de Dom Paulo. Muito menos o que pensam dois milhões de cubanos que votaram com os pés, fugindo para Miami. Como dizia a Albertina, "que paraíso é esse, professor, onde as pessoas estão proibidas de sair e quando saem não voltam mais?"

"A fé cristã descobre" — continua Paulo em sua epístola aos castrenses — "nas conquistas da Revolução, os sinais do Reino de Deus que se manifestam em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor". Ora, se fronteiras fechadas, ausência de eleições livres, imprensa e oposição sufocadas e vida a nível de miséria são sinais do Reino de Deus, vamos então canonizar logo este santo homem chamado Joseph Vissarionovitch Djugatchivili, mais conhecido como Stalin, "o de aço".

Ao dar notícias do Brasil, sua Excelência Reverendíssima, nosso cardeal Arns, não perde a oportunidade de evocar "a vitória popular alcançada nas últimas eleições". Supomos que quando fala de vitória popular se refira ao avanço do PT, pois não é de hoje que temos conhecimento deste namoro entre a Igreja e o partido que se diz dos trabalhadores mas, fundamentalmente, é constituído por acadêmicos. Tal vitória, continua o cardeal, "renova o marco político do país e abre esperanças de que o indescritível sofrimento do nosso povo possa ser minorado no futuro".

Que em algo renova, disso não tenho dúvida alguma, pois pela primeira vez vejo uma prefeita, Luiza Erundina, eleita folgadamente pelo voto popular, declarar via Embratel que a solução dos problemas nacionais passa pela luta armada. Marília Gabriela, sua entrevistadora na TV Bandeirante, em vez de ficar esbanjando charme, bem que poderia propor-lhe três questõezinhas mais:

a) Luta armada exige preparação. O PT está se preparando para ela?

b) Se está, quem o prepara e financia?

c) Se a luta armada é necessária, contra quem vai ser a luta? Contra os empresários? Contra as Forças Armadas? Contra o Congresso? Quem é o inimigo?

Pois atribuo mais sensatez à minha inculta Albertina: "Derramamento de sangue, Deus nos livre, professor!"

Não contente em esfregar-se junto à caspa da ditadura, Paulo Evaristo, cardeal Arns, vai mais longe, reza diariamente por Castro e pede "ao Pai que lhe conceda sempre (o grifo é meu) a graça de conduzir os destinos de sua Pátria". Ora, conceder sempre a graça de conduzir os destinos da pátria, a meu ver não tem diferença alguma de conceder a graça de sempre conduzir os destinos da pátria. Estará Paulo, o de Forquilhinha, pedindo ao Pai pela permanência do tirano?

Paulo de Tarso, que na verdade, não era de Tarso, mas da Cilícia, fariseu fanático que mais matou cristãos no primeiro século do cristianismo, era mais singelo e não usava de meias palavras, matava quem quer que seguisse o Cristo e estamos conversados. Quando viu no cristianismo então emergente um potencial instrumento de controle do poder, não teve dúvidas, converteu-se às novas circunstâncias. Dom Paulo de Forquilhinha parece estar percorrendo a estrada de Damasco em rumo contrário. Depois de velho, vai esfregar-se em prepostos de Moscou, que preferem manter um país a nível de fome para garantir a presença soviética na África, regada com o sangue de jovens cubanos.

Passou aqui em Florianópolis, há coisa de um ano e pouco, um destes senhores que adora sangue e cultua quem o faz derramar. Chamava-se Antonio Callado e fez palestra nos salões da Universidade Federal de Santa Catarina. Hospedou-se em hotel de luxo, foi caitituado pelos intelectuais autóctones e vinha financiado por uma multinacional. Disse esperar que no Brasil estoure uma revolução violenta. Desafiado por um repórter, disse que assinava embaixo. E assinou mesmo, o velhote sanguinário. Disse ainda que este caminho, o da revolução violenta, passa pela Igreja e pelo PT. Os sinais do Reino de Deus parecem estar fechando. Frei Betto levando quitutes da mamãe para o tiranete das Antilhas, portando cartas de Paulo de Forquilhinha ao ditador. Leonardo Boff namorando Ernesto Cardenal, mais conhecido internacionalmente como o aiatolá do Caribe por seu apoio a Khomeiny. Erundina falando em luta armada. Lula estabelecendo vínculos com os aprendizes de tirano da Nicarágua. Estará próximo o Reino de Deus?

Ou talvez o da estupidez, como diria Albertina, sem talvez ter idéia da profundidade do que diz. Nenhum homem medianamente informado desconhece o preço pago em sangue pelos espanhóis durante a Guerra Civil. A nenhum homem honesto é permissível ignorar quem foi Pol Pot. Latino-americanos, todos sabemos em que resultaram essas tentativas desvairadas de tomada do poder no Uruguai, Chile, Argentina e Brasil. O massacre está sendo reeditado no Peru. Um grupo de assassinos com vocação para o suicídio tomou recentemente um quartel em Buenos Aires. Eram paranóicos a ponto de portar no bolso um programa de governo. Luís Carlos Prestes, outro sanguinário impenitente, do alto de suas oito décadas de vida, que nada parecem ter-lhe ensinado, declarou que o assalto a La Tablada foi uma loucura. Nisto concordamos. Mas preferiria que o Cavaleiro da Esperança (sic!) reconhecesse, antes de morrer, seu ataque de loucura em 1935, quando, aterrissando na praia do Campeche, cá na ilha, voltou de Moscou para inaugurar a guerra civil, em sua tentativa messiânica de instalar no Brasil o reino, sei lá se de Stalin ou de Deus, pois afinal estes dois eram bastante confundidos na época e — o que é pior — parece que até hoje, pelo menos na América Latina, em pouco ou nada se distinguem.

Tenho mais de quarenta anos. Há umas boas décadas deixei de ser o jovem idiota de 64, que obedecia palavras de ordem que não entendia e que levaram parte de minha geração ao massacre. Não quero mais viver, nem quero ver alguém vivendo, aqueles dias de opressão, medo, exílio, desconfiança mútua, prisões arbitrárias e tortura, inerentes a tais processos de assalto ao poder. Vivi dias em que a amizade era exercício quase impossível, pois se buscávamos a convivência de um colega já contaminado pelo vírus da ideologia, ou tínhamos de concordar em tudo ou, automaticamente, éramos classificados como inimigos. Vivi seis meses na Espanha, em 87. A Guerra Civil terminara há meio século e observei que, até hoje, os espanhóis continuam divididos e ainda alimentam velhos rancores. Pior ainda: a Espanha é hoje nação livre, rica e democrática, e nunca falta intelectual que continue a sonhar com a vitória dos republicanos, o que teria levado o país, e certamente toda a Europa junto, à paupérrima condição dos países do bloco soviético.

Paulo Evaristo, cardeal Arns: bem ou mal, pertenço à sua Igreja. Fui batizado, à revelia, é verdade, como à revelia se tornam partícipes do Corpo Místico de Cristo crianças que prefeririam uma chupeta a serem aspergidas com água benta. Dentro de vossa ótica, talvez seja um membro doente deste Corpo. Mas a ele pertenço. Uma vez a ele pertencendo, sinto-me no direito de pedir a meu pastor que não mais abrace tiranos. E não mais escreva bobagens. Não fica bem para um cardeal.

Ou o cardeal nos deseja um novo Primeiro de Abril?

Capitalistas brasileiros invadindo a Florida...

Gostaria de saber o que pensariam disto os teóricos da "dependência" e aqueles papagaios de pirata, ou seja, os repetidores do marxismo vulgar no Brasil:

Brazilian, Spanish Buyers Inject New Life into Florida's Community Banks
From the Editors of American Banker

There is a definite yin and yang to Florida banking these days.
The state's banking market is still seriously impaired, but foreign banks are increasingly attracted to it for the same reason ˜ and their arrival may feed the turnaround.
Buyers from Brazil and Spain have aggressively sought out community banks in Florida because of the historically low prices, the expansion of its international business and the inflow of foreign cash. Foreign banks need ways to diversify beyond their own troubled economies.

Vender UM MILHAO de ebooks!!!??? Seria possivel? John Locke diz que sim...

Não, não é o filósofo inglês do século 18. Se trata, obviamente, de um capitalista americano do século 21.
E faz muito bem. Por mais mal escritos que sejam seus livros, sempre tem gente disposta a pagar 99 centavos de dólar (sim, menos de um dólar) na Amazon para ler um romance de mistério.
É a versão moderna dos "romans de gare", aqueles pocket books impressos em papel jornal que se compravam na estação antes de embarcar no trem.
Acho que vou enveredar por essa linha...
Vejam na página do nosso "filósofo capitalista": John Locke, Lethal Books...

Lower Your Expectations? Really?
Posted on June 22, 2011 by jplocke

Traditional publishers and even some successful indie authors are publicly saying how hard it is for self-published authors to succeed. They say most will never sell 100 ebooks, and only a small percent will sell 10,000. Self-published authors are being told to “be realistic” and “lower your expectations.”

Really? What type of advice is that?

Sure, there are obstacles out there, but that’s true in any endeavor. Is it simple to write a best seller? No. But can you do it? Yes, absolutely!

The world makes it hard enough for you to be successful, so you’re not going to see me piling on the negativity! Let others talk about the mountains. I’ll show you where the tunnels are! Others can talk about the raging rivers, I’ll point you toward the bridges! Yes, there are roadblocks in the land of self-publishing, but there are super highways, too.

I’ll leave it to others to lower your expectations. There are plenty eager to do that. But I’m not one of them. If you’re a struggling author I want to RAISE your expectations.

I’m not a know-it-all. I’m still humble. I’ll never forget the frustrations I felt, trying to fit in, trying to feel like I belonged. I absolutely know what you’re going through. I’ve been there.

It’s a huge achievement to complete a manuscript, and that’s just the beginning. You’ve still got proofing and re-writes and edits and more re-writes, and when you finally get it just right you dig into your pocket and take money you could use for other things, and invest it in your dream.

But when your book is published, it just sort of lays there. No one knows how to find it. You listen to others tell you what to do, how to get your book “out there,” and you try those things and they don’t work. You Facebook, you Tweet, you blog, you try to get reviews, you buy courses, attend classes…and nothing seems to work.

After awhile, you start to take it personally. You wonder if it’s you. Maybe your writing sucks. Maybe you’re a joke. Maybe you were stupid to even try. Maybe the whole thing was a colossal waste of time.

Let me tell you something. Rejection of any kind sucks. But rejection of your book, which entered the world as your labor of love, is especially hard to take. Especially when you talk to your friends about being an author. They may be very supportive of you, but…

They don’t consider you an author.

Your friends and relatives know what an author is. To them, it’s the names they see on the shelves of bookstores. The ones who wrote the books that became movies. Until our books start selling, they consider us vanity authors.

That’s what I was, a vanity author. At least that’s how everyone saw me. But when I finally got sick of being a vanity author I sat down and created a marketing system to get my books onto the best-seller lists.

On Monday, June 20, 2011, Amazon announced I was the first self-published author to sell a million downloads on Kindle, and only the eighth author in history to do so. You know how I’m celebrating? By making my marketing system available for everyone who wants to duplicate, or exceed my achievements. I wrote it all out, step-by-step. Everything I tried that didn’t work and everything that did.

I’m charging $4.99 for this information via eBook, $9.99 paperback. I hope you’ll consider it a bargain, since I spent $25,000 for information that didn’t work. Why so cheap? Because adding five bucks to what you’ve already spent on your dreams isn’t a big deal.

You know when my friends finally considered me an author? When I started making serious money from book sales! And no matter how nice your friends and family are, you know in your heart they’re not going to consider you a real author until the royalties start pouring in.

The book is titled, How I Sold 1 Million eBooks in 5 Months! It’s about me, but it was written for you. Here’s the link: http://tinyurl.com/6atrd8y

Curso PRAlmeida: A Ordem Global e a Inserção Internacional do Brasil, ESPM-SP, 18 a 22/07/2011

A ORDEM GLOBAL E A INSERÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL
Curso de Férias - Paulo Roberto de Almeida
ESPM-São Paulo

Carga horária - Datas: Horários -
Duração: 115 h/a - De 18 a 22/07/2011 das 19h às 22h30
Link

Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage em cada uma dessas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

Tipo de curso: Extensão - Cursos de Férias
Local: São Paulo
Duração: 15 horas-aula
Mais Informações: (11) 5085-4600
centralinfo@espm.br

Inscreva-se:
http://securityserver2.espm.br/eventos/servlet/hweevn?1,1

Programação do Curso: http://www.espm.br/Upload/Cursos/1062.pdf

A Ordem Global e a inserção internacional do Brasil

Objetivos:
Informar, analisar e debater, com os participantes do curso, os aspectos políticos, econômicos e tecnológicos da ordem internacional contemporânea. Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage em cada uma de suas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

A quem se destina:
A estudantes de humanidades em geral, de cursos de Relações Internacionais, em particular, mas também a todos os que estudam temas de alguma forma afetos aos negócios globais, em nível de graduação ou especialização em administração (com foco em global business). Deve interessar, igualmente, a homens de negócio, assim como a quaisquer outros profissionais interessados em atualizar conhecimentos sobre a agenda internacional (negociações comerciais multilaterais e regionais, crises financeiras, temas globais) e sobre a diplomacia brasileira em particular.

Metodologia:
Distribuição preliminar de apostila e de ampla bibliografia sobre os pontos selecionados, exposição em classe e interação com os alunos sobre as questões selecionadas e outras sugeridas durante o próprio curso .

Programa:
1. A ordem política mundial do início do século XXI e o Brasil
/1.1. Segurança estratégica e equilíbrios geopolíticos: interesses do Brasil
/1.2. Relações entre as grandes potências e conflitos regionais: a América do Sul
/1.3. Cooperação política e militar nas zonas de conflitos: o Conselho de Segurança

2. A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
/2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais
/2.2. Assimetrias de desenvolvimento: crescimento e investimentos estrangeiros
/2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio
/2.4. Recursos energéticos e padrões de sustentabilidade: o papel do Brasil

3. Economias emergentes no contexto mundial: desafios e perspectivas
/3.1. Evolução recente das economias emergentes no contexto mundial
/3.2. Acesso a mercados e negociações comerciais multilaterais
/3.3. O Brasil no contexto das economias emergentes: desafios e limitações

4. O Brasil no contexto dos Brics: anatomia de um novo grupo
/4.1. O que são, como evoluíram e o que pretendem os Brics
/4.2. Impacto dos Brics na economia mundial e desta nos Brics
/4.3. O Brasil e as implicações geoeconômicas e geostratégicas do novo grupo

5. O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil
/5.1. Contexto político da América do Sul em perspectiva histórica
/5.2. Os processos de integração regional e a evolução da posição do Brasil
/5.3. Integração regional: origens e evolução do Mercosul, crise e estagnação
/5.4. Desafios do Mercosul no contexto regional e mundial: perspectivas

Professor:
Paulo Roberto de Almeida - Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), Mestre em Planejamento Econômico pela Universidade de Antuérpia (1977), diplomata de carreira. Professor orientador no Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores, Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub.

Inscrições:
Exclusivamente pelo site da ESPM: www.espm.br/ferias

Certificado:
O certificado será fornecido ao final do curso, às pessoas que comparecerem a 75% das aulas. Caso o aluno falte à última aula, o certificado poderá ser retirado na Secretaria de Graduação: Campus Prof. Francisco Gracioso, à Rua Dr. Álvaro Alvim, 123 Vila Mariana, de segunda a sexta-feira, às 9h às 20h30.

Data de Inscrição, Valores:
04 abr até 19 jun: R$ 710,00
a partir de 20 de jun: R$ 780,00

Pagamento parcelado com cheque somente na ESPM - SP. Campus Prof. Francisco Gracioso, à rua Dr. Álvaro Alvim, 123 Vila Mariana, de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h30.

Acordo agricola no G20 (financeiro, nao comercial): seguranca alimentar

Alguém aí já ouviu falar outra vez do G20 comercial? Aquele, cantado em prosa e verso pelo grande lider genial dos povos (não, não é do Stalin, nem de Kim Il Sung, que estou falando), que iria transformar a relação de forças no mundo e que iria alterar drasticamente a tal de geografia comercial mundial?
Pois é, parece que esse G20 (ninguém sabe, ao certo, seu actual membership, que variou tremendamente ao longo de sua história errática) submergiu depois que as negociações comerciais multilaterais da Rodada Doha entraram em compasso de espera, imediatamente depois de Cancún, e depois de Hong Kong e Potsdam.
O G20 que se está tratando aqui é o financeiro, constituído de fato (ele já existia antes, mas andava parado) depois da crise americana de 2008 e que agora se reuniu sob o formato setorial dos responsáveis de agricultura.
Não que eu considerasse sua primeira versão uma maravilha: Sarkozy queria simplesmente usá-lo parda legitimar a pornográfica política agrícola europeia, da qual esses subvencionistas franceses são os principais usuários (mais na qualidade de recebedores, diga-se de passagem, do que na de pagadores). Face à resistência de americanos e brasileiros, caminhou-se num sentido mais razoável, ou seja, de coordenação de informação sobre estoques agrícolas, algo que indianos e chineses hesitam em fazê-lo (bizarramente, eles são nossos "sócios" no G20 comercial, hoje dormitando em algum escaninho burocráticos dos sulistas).
Bem, espero que se faça o que é sensato, aliás, não se sabe por que os responsáveis agrícolas não pensaram nessa ideia genial antes: simplesmente manter uma coordenação sobre os estoques existentes. Parece ridículo, mas as ideias mais simples por vezes tardam a prevalecer...
Paulo Roberto de Almeida

Accord au G20 agricole sur la lutte contre la volatilité des prix
Le Monde avec AFP et Reuters, 23.06.2011

Les prix des matières premières, agricoles notamment, ont flambé ces derniers mois.
Les ministres de l'agriculture des pays du G20, réunis à Paris, ont conclu un accord pour lutter contre la volatilité des prix agricoles, a annoncé, jeudi 23 juin, le ministre français Bruno Le Maire.

Sur bien des sujets, les avancées sont réelles, a souligné M. Le Maire, pour qui cette réunion du G20, la première ayant rassemblé des ministres de l'agriculture, devait adopter un accord ambitieux. Il a ainsi cité le "Forum de réaction rapide", constitué de hauts responsables du G20 et destiné à "agir rapidement afin de prévenir ou d'atténuer les crises mondiales des prix alimentaires", selon le texte adopté jeudi.

Véritable "Conseil de sécurité agricole", il doit en principe éviter que ne se renouvelle une flambée des prix du blé telle celle, l'an dernier, lorsque la Russie avait unilatéralement interrompu ses exportations en raison de la sécheresse, a expliqué M. Le Maire.

La France avait proposé un plan d'action, fondé sur cinq "piliers" : réinvestir dans l'agriculture mondiale pour "produire plus et mieux" ; accroître la transparence des marchés ; améliorer la coordination internationale pour prévenir et gérer les crises ; développer des outils de gestion du risque lié à la volatilité des prix agricoles ; réguler les marchés de dérivés de matières premières agricoles.

DES MESURES NON COERCITIVES
Les ministres ont ainsi décidé d'augmenter la production agricole mondiale, en cherchant par exemple à améliorer la productivité en ce qui concerne le blé, selon la déclaration finale. Sur la transparence des stocks agricoles, dont l'Inde et la Chine se méfiaient, considérant que ces informations étaient stratégiques, le G20 va mettre en place un système d'information sur les marchés, baptisé AMIS.

Cette base vise "à encourager" les pays à "partager leurs données" et à améliorer les systèmes d'information existants" sans toutefois prévoir de mesure coercitive", a expliqué le directeur général de l'ONU pour l'agriculture et l'alimentation, Jacques Diouf.

"S'il n'y avait pas eu d'accord des ministres de l'agriculture, il n'y aurait rien eu du tout", a déclaré M. Le Maire en réponse aux critiques sur l'insuffisance des mesures antispéculation préconisées. Cet accord est une "première étape", a-t-il fait valoir.

LA SPÉCULATION ABSENTE DES DISCUSSIONS
L'accord signé jeudi pour lutter contre la volatilité des prix agricoles est "très positif", a estimé Xavier Beulin, président de la FNSEA, principal syndicat agricole français. En ce qui concerne la régulation des marchés financiers traitant des produits agricoles, la FNSEA "attend que le G20 finances prenne bien en compte" cette question et que "le G20 chefs d'Etat confirme ces avancées", a ajouté M. Beulin.

Les organisations non gouvernementales ont de leur côté réservé un accueil mitigé au chapitre de l'accord faisant référence aux agrocarburants (éthanol et biodiesel), souvent accusés d'être l'un des facteurs de la hausse des prix de certains produits agricoles, comme le maïs ou la canne à sucre : One a salué le "maintien dans la déclaration finale" de cette question, tandis qu'Oxfam s'est dite déçue, reprochant aux membres du G20 agricole de ne traiter que "l'impact et les conséquences de la volatilité des prix sans s'attaquer aux causes de cette dernière".

G20 agricole
LES CLÉS
La constitution de stocks, enjeu majeur du G20 agricole
ENTRETIEN
Pierre Jacquet : "Les pays du G20 doivent se parler pour éviter la panique en cas de crise alimentaire"
ECLAIRAGE
Un difficile compromis à trouver pour réguler les marchés
POINT DE VUE
G20 : cinq priorités pour améliorer la sécurité alimentaire mondiale

O imperio Google e os livros britanicos e franceses: duas mentalidades

Lembro-me bem que, alguns anos atrás, a Google propôs a várias bibliotecas europeias digitalizar DE GRAÇA todos os livros antigos de livre acesso (ou seja, sem copyright de autor vivo ou de descendentes rentistas).
Várias aceitaram, mas os franceses logo montaram num cavalo e sairam pela Europa combatendo a "sugestão inaceitável" da corporação americana: "Imaginem o que esses gigantes americanos que só visam lucro não iriam fazer com os 'nossos' livros??!! Vender, se aproveitar, lucrar em cima de nossa bela cultura e nossa magnífica literatura...".
Enfim, poupo vocês dos detalhes (isso ainda na era Jacques Chirac). Eles então montaram um grandioso projeto europeu, financiado, claro, com dinheiro dos cidadãos, e até hoje devem ter digitalizado 10% do que a Google se comprometia a fazer inteiramente de graça, e colocaria à disposição de qualquer hottentote ou bushman das selvas (não confundir com a tribo texana dos Bush), apenas com uma ou outra propaganda nas margens (este é o preço do capitalismo).
Bem, isto apenas para dizer que a British Library aceitou a oferta da Google e vai colocar seu acervo à disposição dos simples mortais que somos nós.
Quanto aos franceses, ora, o que dizer? Vamos esperar mais alguns anos...
Lá vou eu downloadar (ugh!) o programa da British Library no meu iPad...
Paulo Roberto de Almeida

La British Library signe avec Google
Le Magazine Littéraire, 20/06/2011

Après l’annonce du lancement de son application pour Ipad – qui donnera un accès gratuit à plus de 1000 classiques anglais du XIXe, et un accès payant à plus de 60 000 titres – la British Library (pendant britannique de notre BnF) vient de conclure un partenariat avec l’entreprise Google pour numériser 250000 livres publiés entre 1700 et 1870.

Les titres seront accessibles via le site de la British Library, et celui de Google Books. Notons que l’entreprise Google prendra tous les frais de numérisation à sa charge. Selon Danne Lynne Brindley, Président de la British Library : «Au XIXe siècle, nos prédécesseurs avaient l’ambition de donner, à tout le monde, l’accès au plus d’informations possible, afin que la connaissance ne soit pas seulement réservée à ceux qui pouvaient se permettre de constituer des bibliothèques personnelles. Leur façon de procéder était d’acheter des livres du monde entier, et de les rendre disponibles dans des salles de lectures publiques. Notre partenariat avec Google nous ravit, car nous pensons qu’à travers lui, nous poursuivons cette tradition, dont nous sommes fiers, en offrant accès à ce matériau historique à chacun, où qu’il soit.» Rappelons qu’un semblable projet de partenariat entre Google et la BnF avait été reporté après avoir déclenché une vive polémique.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Politicas de governo e politicas de Estado - Ariane Cristine Roder Figueira

Elaborei, tempos atrás, um pequeno artigo sobre as distinções que se impõem entre políticas de governo e políticas de Estado, pensando especificamente na política externa. Abordei o tema pelo lado do processo decisório, como pode ser visto aqui:

Sobre políticas de governo e políticas de Estado: distinções necessárias
Brasília, 11 julho 2009, 3 p. Exatamente o que diz o título.
Postado no blog Diplomatizzando (12.07.2009; link).
Revisto ligeiramente e adaptado para publicação no Instituto Millenium (13.08.2009; link).
Relação de Originais n. 2026; Publicados n. 914.

Tomo conhecimento agora deste artigo de uma colega acadêmica, que analisa a questão pelo lado das teorias relativas ao sistema mundial: estado-cêntrica e pluralista.

Política Externa: Política de Estado ou Política de Governo?
Ariane Cristine Roder Figueira
Mundorama, 10 junho 2010

Um tema recorrente no debate acadêmico contemporâneo sobre a política externa brasileira é a partidarização que esta vem sofrendo especialmente no governo Lula. Na visão de acadêmicos e alguns diplomatas, política externa deve ser encarada como política de Estado e não de governo, o que significa que as ações externas do país devem ser pensadas em longo prazo, com isenção de valores e regada de profissionalismo e pragmatismo. Em outras palavras, nessa visão, a política externa deve estar afastada dos interesses partidários de curto prazo, direcionada para grupos específicos da sociedade, base política do governo. Mas esses argumentos sugerem algumas questões, quais sejam: existe política isenta de valores? O insulamento dos assuntos da política externa garante a representatividade dos interesses da Nação? Quais os mecanismos de controle social e político existentes para assuntos decididos em âmbito internacional?
Para refletir sobre esse assunto recorreremos a um debate clássico entre as perspectivas tradicionalista (ou estadocêntrica) e pluralista, ambas com visões antagônicas sobre o modo de se fazer política externa.
A perspectiva tradicionalista (ou realista) trata os Estados como atores unitários e monolíticos, em que as decisões de política externa estão centradas exclusivamente nas mãos do Executivo, desconsiderando a interação entre os agentes domésticos como partícipes do processo de tomada de decisão. O pressuposto em que estiveram pautadas essas análises é que as decisões de política externa resguardam um diferencial significativo em relação às demais políticas públicas, devendo manter-se apartada dos interesses domésticos conflitivos para, com isso, tomar decisões que reflitam diretamente o interesse nacional. Por isso, o chefe de Estado e seu representante imediato para assuntos de política externa (o Ministro de Estado) teriam que manter concentrado em suas “mãos” essas decisões, visto que as mesmas deveriam preservar seu caráter de continuidade, afastando-se das influências geradas pelas mudanças políticas internas e pelos diferentes grupos de pressão.
Essas abordagens de cunho tradicionalistas (realistas) que caracterizam estudos de política externa apenas a partir da inserção da unidade (Estado) no macro sistema internacional, destacam os fatores negativos de uma possível politização da política externa, visto que observam na opinião pública e nos atores não-estatais um desprovimento da racionalidade e das informações técnicas necessárias para a tomada de decisão em política externa, uma vez que são agentes suscetíveis a emoções momentâneas, sem considerar e nem mesmo conhecer o passado e futuro que compõem as relações diplomáticas entre países e que influenciam diretamente na decisão do Estado em âmbito internacional.
Assim também, aos parlamentares não há espaço para participação em política externa, pois não provêem de informações técnicas e conhecimento especializado sobre o assunto, além de estarem muito próximos aos interesses conflitantes da sociedade, descaracterizando, portanto, o interesse nacional, o qual, segundo essa visão, deve ser representado pela Chancelaria. Portanto, processos de formulação e decisão na área de política externa são relativamente desconsiderados, tratando o interesse nacional como um consenso captado pelo governista que irá representá-los no âmbito internacional.
Para a abordagem realista das relações internacionais, o interesse nacional do Estado deve e está, portanto, orientado para o poder, sendo sua conduta permeada pelos constrangimentos e possibilidades externas. Desconsidera-se, com isso, as variáveis da política doméstica (interna) e sua relação com o ambiente internacional. Neste sentido, personificam a figura do Estado tratando-o, sob o ponto de vista analítico, como uma estrutura racional e monolítica, ou seja, uniforme e homogênea, análogo ao modelo das “bolas de bilhar” que interagem como outras estruturas dessa mesma natureza dentro de um sistema (Morgenthau, 2003).
Em oposição a essa visão, a tradição pluralista considera a multiplicidade de atores que interagem e influenciam as decisões internacionais adotadas pelos Estados, além de formarem uma rede complexa de relações transnacionais, ou seja, o Estado não pode ser considerado o único ator das relações internacionais. Com isso, observou-se a necessidade da formação de tradições teóricas que dessem conta de explicar qual o papel desses “novos” atores (Organizações Internacionais, organizações não-governamentais, empresas multinacionais, opinião pública, etc) para as relações internacionais e como os mesmos influenciam na formação da agenda externa dos Estados e na construção das preferências nacionais (ou do interesse nacional). Além disso, negam a tradição realista no que se refere ao foco de análise na segurança internacional e no desprezo a outros processos relevantes das relações internacionais, tais como os processos de cooperação entre os Estados cada vez mais freqüentes e institucionalizados.
Essas novas abordagens têm como origem comum a busca pela compreensão da política a partir de seu processo de constituição, considerando uma diversidade de variáveis que influenciam diretamente na formação da agenda, no processo de escolha entre as alternativas decisórias e no próprio processo de implementação da política, superando, com isso, as análises que consideram o Estado como um ator monolítico, em que o interesse nacional se confunde com o próprio interesse de Estado.
Nesta visão, o interesse nacional deve ser considerado como um vetor resultante flexível, mutável e fragmentado, sendo o interesse nacional interpretado como a somatória de interesses particulares em conflito, ou seja, toda decisão internacional do país irá gerar ganhadores e perdedores domesticamente. Nesta lógica, os pluralistas consideram como positiva a participação mais assertiva de parlamentares, opinião pública e atores não-estatais, já que as preferências nacionais constituídas no campo da política externa são resultantes das disputas internas e permeadas pelos constrangimentos e incentivos gerados pelo sistema internacional. Neste sentido, o processo decisório de política externa é um complexo jogo de interação entre diferentes atores permeados por uma imensa gama de estruturas, seja do sistema internacional, sejam do doméstico, envolvidos em um processo dinâmico de interação (Hudson; Vore,1995).
Neste sentido, a horizontalização decisória com o aumento da participação parlamentar nos assuntos de política externa passa a ser observada como um fator positivo, sendo garantia de representatividade democrática. Além disso, Lisa Martim (2000) e Helen Milner (1997) defendem que o Poder Legislativo passa também a ser considerado como um ator primordial no estabelecimento de cooperação entre os Estados, isto porque quanto maior a participação do Parlamento no processo decisório, maior a confiança que os outros Estados depositam no país para o estabelecimento de acordos, já que decisões tomadas pelo governo, com aprovação do Legislativo, demonstram ter sido fruto de debate doméstico nas devidas instâncias democráticas. Seriam também essas decisões mais estáveis, visto que não podem ser anuladas discricionariamente pelo Executivo, sendo elementos, portanto, que conferem maior credibilidade aos compromissos internacionais assumidos pelo Estado.
Outro ponto a ser considerado é o caráter “interméstico” cada vez mais predominante nas temáticas presentes nas agendas diplomáticas dos Estados, que dificulta uma apreensão muito clara sobre o que é interno e o que é externo. Exemplos disso são as questões de preservação ambiental, respeito aos direitos humanos, direitos da criança e do adolescente, políticas comerciais, financeiras entre outras diversas problemáticas. Neste sentido, a internacionalização e a expansão das agendas comercial e social têm trazido a política externa mais próxima às políticas públicas, dada suas características vinculantes, tais como os efeitos distributivos das políticas sobre a sociedade, bem como o nível de mobilização de atores estatais e não-estatais na busca por influenciar o resultado das decisões políticas tomadas em âmbito internacional.
Nesse ensejo, este debate permite-nos refletir sobre o melhor modo de se fazer e decidir política externa, seja ele centralizado e conduzido prioritariamente pela diplomacia, que garante sua continuidade e eficiência; seja ele horizontalizado, com influência de diversos atores, garantindo com isso maior representatividade democrática e credibilidade internacional, embora desse modo mais suscetível às descontinuidades e à ineficiência nas decisões.

Bibliografia
• CLARKE, Michael, WHITE, Brian (eds.) (1989). Understanding Foreign Policy: The Foreign Policy Systems Approach. Aldershot: Elgar.
• DEUTSCH, Karl W. (1982) “Como se Faz Política Externa” in Análise das Relações Internacionais. Brasília: Editora da UnB, 1982.
• HUDSON, Valerie M., VORE, Christopher S (1995). Foreign Policy Analysis Yesterday, Today and Tomorrow. Mershon International Studies Review, Vol. 39, nº 2, outubro.
• LIMA, Maria Regina Soares de (2000). “Instituições Democráticas e Política Exterior” in Contexto Internacional, vol 22, n. 2, julho-dezembro.
• MARTIN, Lisa (2000). “Democratic Commitments: legislatures and international cooperation”. Princeton, Princeton University Press
• MILNER, Helen V. (1997). “Interests, Institutions, and Information”. Princeton, Princeton University Press.
• MORGENTHAU, H. (2003) Política entre as Nações. Brasília: Editora UNB.
Ariane Cristine Roder Figueira é Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo – USP e professora dos cursos de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e da Universidade Anhembi Morumbi (arianeroder@gmail.com).

O problema do carro eletrico - Aluizio Gomes

Um post intreressante de um economista pernambucano, Aluizio Gomes, que se diz um "rebelde com causa" e que pretende ter o primeiro (ou o mais antigo) blog de Pernambuco. Não tenho condições de aferir se é verdade, mas tenho sim condições de atestar sua alta qualidade de analista econômico, sobre os mais diversos assuntos.
Transcrevo um de seus mais recentes posts, sobre o problema do carro elétrico, eliminando apenas alguns trechos que não têm a ver diretamente com a questão.
Paulo Roberto de Almeida

OS SABOTADORES DO FUTURO
Aluizio Gomes
22/06/2011

1.INTRÓITO

Apesar de toda evolução de Homo sapiens, fico em dúvida se Homo é realmente sapiens.
(...)
Quem são os sabotadores do futuro? Todos aqueles, que, por interesses pessoais, financeiros, corporativistas, se opõem tenazmente à inclusão de novas tecnologias que poderiam salvar o planeta de um colapso ambiental, genéricamente falando.Específicamente falando, no caso presente, o sabotador é a indústria do petróleo.

2.O PROBLEMA DO CARRO ELÉTRICO.

O portal www.slate.com publicou uma matéria sobre o problema da exequibilidade da bateria automotiva para substituir a gasolina. Foi muito criticada por ter uma série de erros técnicos, mas teve a vantagem de levantar a discussão do problema.Começa nos informando que:

By Farhad Manjoo
Posted Tuesday, June 21, 2011, at 10:39 AM ET

Já nos anos 70, a EXXON contratou um engenheiro, de nome Michael Stanley Whittingham, para descobrir uma fonte de energia que pudesse substituir o petróleo.

Após experimentar algumas ligas metálicas, Stanley descobriu que o lítio tinha uma grande capacidade de armazenar energia.O engenheiro comunicou a descoberta a seus superiores, mas logo veio uma recessão, o preço do petróleo caiu, e perdeu-se a oportunidade de avançar no tema.O laboratório de Stanley foi então fechado.

Seth Fletcher, um editor senior de Popular Science, relembra em seu novo livro, "Bottled Lightning": Os cientistas vêm trabalhando em superbaterias, carros elétricos, e a Nova Economia do Lítio desde mesmo antes dos tempos de Thomas Edison, o qual era ele também um dos que pesquisaram o tema. Se nós tivéssemos hoje um combustível que se equiparasse ao custo e desempenho dos combustíveis fósseis, não só teríamos carros mais limpos, mas também teríamos sido capazes de remodelar toda nossa infraestrutura.

O problema da energia eólica e solar é que sua geração é intermitente.Só quando venta ou faz sol é que há geração.Aí é que entra a importancia da bateria.Nas horas ociosas, a bateria pode fornecer energia.Realisticamente falando, não se deve achar que a bateria ideal vá aparecer de uma hora para outra.Quando a ciência achar a solução para um equipamento viável economicamente, haverá alteração na geopolitica, o planeta ficará mais limpo e haverá um novo boom econômico.

Contra a tecnologia do carro elétrico conspira a indústria petrolífera.Reconheçamos que a gasolina é um combustível de primeira, não foi por acaso que ela prevaleceu. A gasolina tem uma excelente densidade enrgética.Isto quer dizer que, em relação a seu peso, a quantidade de energia é grande.Mesmo com todas as crises, continua abundante e barata. Para se ter uma idéia, hoje, a melhor bateria a lítio pode armazenar 0,2kwh por kilograma de massa. Já a gasolina armazena 13kwh por kilo.

Agora, o motor a gasolina apresenta uma enorme desvantagem, ele é altamente ineficiente.A maior parte da energia resultante da combustão interna transforma-se em calor e não em energia mecânica.Não é à toa que todo motor à gasolina, diesel, gás, ou álcool precisa ser refrigerado, senão funde.Por outro lado, existe a facilidade de reabastecer, é mais rápido.Para recarregar uma bateria, necessita horas.

No mundo todo continuam as pesquisas para desenvolver uma bateria eficiente, confiável e de custo acessível. Devido à má vontade política, pode ser que esses resultados cheguem tarde demais.

Democracia nos BRICS: Russia gosta de liberais

Na verdade, os russos gostam tanto dos liberais, que preferem mantê-los sob controle do poder. Nunca se sabe quando eles podem causar alguma turbulência política...

Russia rejects new opposition party registration
BBC World News, 22 June 2011

Officials said the application by the recently formed People's Freedom Party contained violations
"I am not surprised. I can actually state the following: there will be no opposition (parties) in the ballot papers at all”
Boris Nemtsov, Opposition leader

Russia has refused to register a new liberal political party led by four prominent opposition figures - in effect barring it from upcoming polls.

The People's Freedom Party failed to meet several of the legal requirements, the justice ministry said.

One opposition leader said it was because PM Vladimir Putin's ruling party feared a strong opposition bloc.

Parliamentary elections are due to take place in December, with presidential ones to follow in March.

The move came only days after President Dmitry Medvedev repeated his call for a greater political competition in Russia.

'Intimidate'
Documents for the party, also known as Parnas, were submitted by former prime minister Mikhail Kasyanov, former deputy prime minister Boris Nemtsov, and several other politicians last month.

But the justice ministry said it could not accept the application because it contained a number of violations, including listing members who were under age or no longer alive.

"The party's documents contain data about members of the public who died before the party's founding convention on December 13, 2010," the ministry said in a statement.

It also said that Parnas's charter did not provide for a rotation of its leadership as required by a new law.

However, Kremlin critics have said authorities use various technicalities to deny opposition parties registration.

US Secretary of State Hillary Clinton said she was "disappointed" by Russia's decision.

"We are troubled by reports of pressure from authorities in the regions designed to intimidate Parnas supporters, prompting them to resign positions or disavow their signatures on required lists," she said in a statement.

Mr Nemtsov, one of the group's founders, accused Russia's ruling party of being "deadly afraid" of the opposition.

"I am not surprised. I can actually state the following: there will be no opposition (parties) in the ballot papers at all," he said.

"[The authorities] have actually made a major political mistake. Now the country and the world know that our elections are nothing but a farce. I don't think that these elections would be considered honest, transparent and legitimate both in our country and the world. And everything is pretty clear about these elections six months ahead of them."