Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
O "outro mundo possivel" fez chabu?; o FSM tropecou e caiu?
Já escrevi muito a respeito dos malucos do Fórum Social Mundial, que ficam repetindo slogans bisonhos, totalmente sem sentido, sem saber o que fazer, que tipo de medida propor.
Este meu livro, por exemplo, foi todo dedicado à tribo dos antiglobalizadores, desmantelando cada um dos seus argumentos totalmente sem sentido, sem fundamento, totalmente equivocados:
Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
(Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2011, xx+272 p.; Inclui bibliografia; ISBN: 978-85-375-0875-6;
link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/107Globalizando.html).
Mas eles insistem, agora sob a forma de Foros temáticos, mas pretendem, no próximo ano, voltar com o formato grandioso de Fórum Social Mundial.
Isso porque agora dispõem de um governo conivente, que vai usar o dinheiro dos cidadãos gaúchos para financiar o nada sobre o nada, pois eles não têm nada a propor.
Um professor esquizofrênico acha que uma das razões do fracasso é o fato de que o FSM desligou-se de governos, e insistiu apenas com ONGs, como se eles não tivessem recebido chefes de Estado (os suspeitos de sempre, ditadores, populistas, demagogos, e outros da tribo) e achacado governos para conseguir dinheiro.
O mais incrível é que eles usam toda a parafernália da globalização para protestar contra a globalização.
Ingratos!
Idiotas, também!
Contraditórios, idem, pois se fossem coerentes, não usariam sequer um iPhone, um tablet, o Google e o Gmail, todos os blogs de que se servem gratuitamente...
Eu sempre digo que tenho horror à burrice, mas desculpo os mais jovens, que estão nesse empreendimento por puro idealismo.
Mas, apenas até os 24 anos, quando devem começar a enfrentar a vida profissional.
Depois disso se tornam simplesmente estúpidos.
Mais grave é o caso dos mais velhos, estudantes profissionais, que estão ali para a política (e para viver de dinheiro público), e, sobretudo, os professores velhacos, acadêmicos supostamente consagrados, que vivem de enganar os outros. Estes são desonestos, e eu nem acrescentaria o adjetivo intelectual, pois não merecem. São simplesmente gente sem caráter, que atuam de má-fé, apenas querendo ter sucesso em cima dos ingênuos.
Em todo caso, continuo esperando as propostas inteligentes que eles teriam a apresentar.
OK, não precisaria ser inteligente, apenas inteligível, ou coerente.
Como? Nem isso? Não conseguem ter nenhuma proposta de qualquer tipo, mesmo estúpida?
Estamos bem arranjados: antiglobalizadores que não conseguem mais antiglobalizar...
Descansem em paz...
Paulo Roberto de Almeida
Um dialogo "fiscal" de quatro seculos atras: sempre atual...
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Progressos da "democratizacao dos meios de comunicacao"
Brasil cai 41 posições em ranking mundial de liberdade de imprensa
A imprensa internacional continua se curvando ante o nada...
Pois é: os companheiros criaram uma máquina poderosa de comunicação -- comprada, seduzida, induzida, estimulada, chantageada -- que faz com que produtos que não significam grande coisa, ou nada, sejam vendidos como sendo a maior maravilha do cenário político universal.
Em parte é desinformação induzida de jornalistas pouco dispostos a empreender um trabalho analítico sério -- e por isso se deixam levar, por simpatia, ou não, pelo clima reinante de oba-oba nos círculos oficiais -- e em parte é esforço concreto de mistificação da realidade, pelos propagandistas das soluções milagre, e dos blefes construídos.
Nunca antes, no Brasil e fora dele, se vendeu mercadorias tão ordinárias como se fosse ouro em pó...
Paulo Roberto de Almeida
Rousseff's Gender Revolution
Women Take Power in Brazilian Government
Wherever you look in this white marble palace, there are female ministers, female advisers, female experts and female undersecretaries. Only the waiters and the security guards in the entrance hall are men. Thanks to President Dilma Rousseff, everything else at government headquarters is firmly in female hands.
Rousseff is the first female head of state of Latin America's largest country, and she's appointed women to many of her government's most important posts. Ten of them sit in the cabinet. All but one of her inner circle of advisers are women. This isn't because of quotas. "Given a choice between a man and a woman with the same qualifications, she prefers to hire the woman," says Gilberto Carvalho, who runs the presidential office.
Women in Charge
Skilled women aren't hard to find. Brazilian women stay in education longer and attend university in greater numbers than their male counterparts. Although the country has its fair share of machismo, the society itself has distinctly matriarchal characteristics. Men may call the shots out on the street, but women rule everywhere else.
A third of all families are run by women. Often enough, men play only a reproductive role. Child benefit, known as the "bolsa família," is typically paid out to women because they are more responsible with money. Even so, working women earn a third less than men in the same position. Quotas exist only in politics: By law, 30 percent of all candidates in mayoral, gubernatorial and parliamentary elections must be women. Up to now, no more than lip service has been paid to this stipulation.
"The political parties claim they can't find enough qualified women," says Marta Suplicy, the vice president of the Senate. "But that's an excuse. They just don't try hard enough."
Suplicy is a member of the governing Workers' Party (PT) and a long-time champion of sexual equality. In the 1980s she made a name for herself on television fighting for homosexuals' rights.
Later, she served as mayor of Sao Paulo, the country's largest city and its economic hub. "Before I gave my inaugural speech, a politician who was also a friend of mine came to me and said, 'You say a few nice words of welcome, but then leave budgetary matters to me.' I first had to make clear to him which one of us had been elected mayor," Suplicy says.
The bitterest opponents of moves to promote women are sitting in the Brazilian Congress. Religious groups and patriarchal male alliances block all attempts at liberalization, for instance on issues such as abortion. "Luckily we're strong in government, and we have the president to thank for that" says Suplicy.
Effective Clean-Up
Gilberto Carvalho, the universally popular head of the presidential office, is the sole influential male. Carvalho served Rousseff's predecessor, Lula da Silva, for eight years, and nobody knows their way around the labyrinthine corridors of power better than Carvalho. "Gilbertinho," as Rousseff's women affectionately call him, using the Portuguese diminutive, is something like an older brother to them. They consult him whenever they get tangled up in the minutiae of the state apparatus, and they go to see him when the president has chewed them out. "I'm responsible here for the female part," Carvalho says.
Carvalho recalls that men frequently used macho expressions in the presidential palace in Lula's time. Nevertheless, that didn't stop Lula grooming a woman as his chosen successor. His instincts were spot-on. Rousseff now rules the traditionally male bastion of Brasília with an iron fist.
She has already replaced seven ministers, six of them because of various corruption scandals. The patriarchs in the affected parties in her governing coalition beat their chests and threatened her, but the president refused to be intimidated. Rousseff's political clean-up has clearly been effective. None of her predecessors was as popular a year into their presidency as she is now. It didn't take her long to step out of the shadow of Lula, who had become a national hero. The two still have a warm relationship, and once a month Rousseff visits Lula in Sao Paulo, where he is undergoing treatment for throat cancer.
Different Style
But Brazil's iron lady has a very different style of leadership than her jovial predecessor. "Lula acted on impulse and instinct," Carvalho says. By contrast Rousseff is more distanced from her staff. And she hates wheeling and dealing with party bigwigs, governors and parliamentarians.
Lula would fly to a different corner of his giant county every week, and rarely spent more than two days in the capital. His successor is more likely to be seen at her desk than in the government Airbus. The two are also very different in their approach to foreign policy. Iranian President Mahmoud Ahmadinejad was welcomed with open arms by Lula. But he deliberately avoided Brazil during his Latin American trip last week. That's partly because Rousseff criticized the regime in Tehran even before she came to office because of its medieval treatment of women.
Rousseff lives in Alvorada Palace, the official residence of the Brazilian president, together with her mother and aunt. Her closest confidant is Carlos Araújo, a former guerilla comrade-in-arms who is also her ex-husband and the father of her daughter.
O Globo newspaper dubs the head of state's most powerful staffers "the PT Amazons," in a reference to the Portuguese initials of Rousseff's Workers' Party. The group comprises the chief of staff, the planning minister and the minister for institutional relations, who is responsible for contact with the parliament.
Ruthless Manager
The most well-known face of the trio is Rousseff's ethnic German chief of staff, Gleisi Hoffmann, whose unusual first name is the result of a transcription error on her birth certificate. Her parents had wanted to call her "Grace" in memory of Hollywood star Grace Kelly. The men in Congress initially poked fun at the blonde woman with honey-colored eyes, calling her "Dilma's Barbie." But Hoffmann is a ruthless manager, and quickly whipped the congressmen into shape.
Her main task is to push through major government undertakings that are stuck in red tape or threaten to get held up by parliamentary hurdles. Hoffmann is currently overseeing the funding of the stadiums that will host the 2014 soccer World Cup as well as the expansion of ports and energy projects.
As a young girl she wanted to become a nun. Later she studied Marx and Engels and joined the Communists. At the end of the 1980s she became a member of Lula's Workers' Party. Later she was hired as the finance director of the major Itaipu hydroelectric dam. Staff at the presidential palace recall the time she presented the company's finances to the then-president, Itamar Franco. "Oh, you understand some math!" the old man said in surprise, though he subsequently apologized for his slip of the tongue.
Wearing the Pants
She rarely gets home before 10 p.m., when they are already in bed. A domestic servant looks after them. "That's typical in this country: Women look after women," Hoffman explains. There are about 7.5 million female domestic servants in Brazil's households. "They work harder and have fewer rights than most laborers," Hoffmann adds.
Gleisi Hoffmann's cleaning lady has the weekend off. So the chief of staff shares the housework with her husband, Communication Minister Paulo Bernardo. Gleisi is his superior in cabinet meetings, Bernardo admits, but he insists there's no rivalry between them. "My opponents say nothing has changed for me," he says. "They say that Gleisi was already the one wearing the pants at home."
A diferenca entre pensar e simplesmente repetir - Roberto Da Matta
A distância é enorme, e vai continuar aumentando.
Uma lição para a vida
Cotas raciais no Brasil: a Economist faz enquete
Ainda assim, elas estão sendo implementadas.
Para maior pujança do Apartheid que está sendo construído, o racismo antibranco.
Paulo Roberto de Almeida
The Economist Asks
Are racial quotas at Brazilian universities a good idea?
Readers' comments
Meu comentário:
Racial quotas either for universities, or public offices, is the equivalent of an Apartheid system, in a country which, while having some grave inequalities touching mostly poor (and black ) people, never had policies separating its citizens according to racial or color lines.
This modifies completely the political and social scenario in Brazil, for the worse, of course.
Paulo R. Almeida
Brasilia, Brazil
Venezuela: preludio para o caos (inevitavel, nas circunstancias atuais)
Venezuela Prepares as Chavez's Health Deteriorates
Geopolitical Diary, Stratfor, January 25th, 2012
Petite randonnee en Europe: de Paris a Lisboa, em tres tempos...
Enfim, maneira de dizer...
Estou me referindo ao pequeno circuito que acabo de fazer por metade da Europa (OK, 2/5, apenas), a partir do dia 15 deste mês de janeiro de 2012, apenas como lazer prévio ao trabalho (ele não me pega tão cedo).
Comecei desembarcando, como programado, no Charles De Gaulle, aeroporto que já foi mais impressionante do que é agora, comparado a outros novos monstros na Ásia ou na América do Norte. Serviços franceses, ou seja, quase inexistentes as 7hs da manhã...
Imediatamente comprei um chip para o meu iPhone, que ninguém fica sem comunicação hoje em dia por falta de chip, ou de celular. Telefonei para casa para avisar que tinha chegado bem e, zut, antes que eu me desse conta, os 5 euros de crédito se acabaram num átimo. Tive de comprar mais 25 e depois mais 25 euros, para enfrentar as necessidades pessoais e familiares.
Depois recolhi o carro que esperava por mim, no guichê da Hertz: um Peugeot 3800, diesel, seis marchas, teto solar, todo computadorizado, só faltando falar, ainda que ele apite quando a gente faz alguma bobagem.
Razoável, mas no começo fiquei buscando freio de mão manual: não existe, ele mesmo se encarrega de apertar e soltar, penetrando no seu pensamento e detectando que você quer parar ou começar a andar. Espertinho esse carro...
Fiquei em Paris, no primeiro dia, para rever a capital em que já morei e detectar algumas possíveis mudanças. Tem sim: muito mais carros. Inacreditável massa de veículos para um domingo, talvez porque fosse o último dia da iluminação natalina e de final de ano. Toda a cidade engalanada, a Tour Eiffel iluminada de alto abaixo (ou vice-versa), luzes para todo lado, e carros para todo lado, também. O que eu pretendia que fosse um passeio de meia hora apenas para percorrer os trechos mais conhecidos, acabou levando uma hora e meia de trânsito a 3kms por hora.
Sim, também desisti de comer em algum restaurante do centro, do Quartier Latin, pois não acharia vaga em lugar nenhum para estacionar o carro. Acabei comendo um sanduíche e fui para o hotelzinho que acabei achando do lado de La Défense, para ter um com estacionamento próprio sem que isso me custasse mais uma diária.
Hotel des Ammandiers, em frente ao Théatre do mesmo nome, na Avenue Pablo Picasso, de Nanterre, um bairro universitário, que já teve dias mais movimentados (em 1968, claro).
No dia seguinte, segunda 16, logo de manhã, passei no Banco do Brasil, Avenue Kleber, perto da praça de l'Étoile (Arco do Triunfo, aquela coisa alta, na qual os americanos sobem para ver Paris em perspectiva), peguei meus cartões de crédito, e fui direto para a Embaixada (Cours Albert Premier, perto da praça Alma, onde se come muito bem). Depositei duas malas grandes, para deixar o carro mais leve e viajar com pouca bagagem e fui imediatamente para a estrada, via Porte St Cloud.
Tomei, como estava previsto o caminho de Orleans e Bordeaux.
Orleans foi uma primeira entrada para revisitar essa cidade que já foi mais gloriosa, nos tempos da Jeanne d'Arc, aliás objeto de uma recente controvérsia entre o presidente petit Nicolas Sarkozy e o líder de extrema direita Jean-Marie Le Pen, cada um reivindicando seu direito a homenagear a virgem salvadora da França (pelo menos é o que dizem...).
Catedral de Orleans (em foto rápida de iPhone)
Um almoço rápido num restaurante não tipicamente francês (aliás chinês, mas foi o que achei aberto numa segunda-feira em que tudo fecha), e estrada de novo, sem parar, em direção ao Sudoeste (o sol que descamba à frente do carro é um terror para dirigir).
Felizmente o tempo estava frio mas seco, sem um traço de chuva nas estradas, sem qualquer ameaça de neve: ótimo para chegar a pontas de 180kms/h.
A Espanha apareceu já no começo da noite, direto a San Sebastian (mais ou menos 800kms de Paris), a primeira cidade importante no norte, país basco. Também quase tudo fechado, mais de 21hs: felizmente apareceu um lugarzinho para estacionar bem em frente do Melia Tryp Orly, Plaza Zaragoza, a dois passos de uma lanchonete, à base de tapas (as, não os) e cerveja: comi um "hamburguer" de ternera (era o mais razoável), uma cerveja, justamente, e fui direto para o Hotel, onde coloquei o carro na garagem. Preço mais do que razoável, comparado ao resto da Europa, e isso não sei por causa da crise, ou da época, praticamente vazia de turistas gastadores...
No dia seguinte, ou seja, terça-feira 17/01, sai como programado, mas com algumas visitas no caminho. Primeira parada: Bilbao, que eu já conhecia, mas sempre é bom rever velhos amigos.
Fui imediatamente ao Guggenheim da cidade, para ver se ele ainda estava lá, e como parece óbvio, não se mexeu, nem ficou mais escuro, desde minha primeira e única visita, alguns anos atrás. Impressionante, por fora, pois por dentro continua com pouca coisa, dependendo mais de exposições temporárias e de empréstimos de outros museus do que de coleções próprias.
Guggenheim de Bilbao (esse iPhone até que é razoável para fotos rápidas)
Burgos, logo mais abaixo, foi a próxima etapa, onde almocei muito bem, num restaurante do centro da cidade, por um preço modestíssimo para a excelência da comida (e do vinho, que não devia ter exagerado, mas exagerei). Tirei algumas fotos, cuja postagem fica reservada a outra oportunidade.
Deixei de entrar em Valladolid e Tordesillas, que já conhecia de visitas anteriores, mas entrei em Salamanca, já que ela tem fama de "estudiosa" (pelo menos os padrecos de antigamente anteciparam Adam Smith, no estudo de questões econômicas, ou pelo menos em detectar a inflação que acometeu a Espanha da espoliação americana, inundado por ouro e prata em quantidades inacreditáveis para os padrões da época).
Salamanca tem a famosa casa das conchas, cuja foto tirei, mais uma vez:
Casa das Conchas (Salamanca)
A partir de Salamanca, pretendia dormir no parador de Zamora, que conhecia de viagem anterior, mas resolvi seguir adiante, já que eram apenas 18hs. E lá fui, pelo norte de Portugal, em lugar do centro, pois pretendia passar pelo Porto, onde não tinha estado ainda.
Montanha, frio, noite, estrada pequena, fui até Bragança, apenas, uma centena de quilômetros adentro de Portugal. Não posso reclamar do hotel, San Lazaro, o melhor da cidade, também por um preço razoável (e um jantar à base de spaghetti aos frutos do mar, com um bom vinho da região). Mas isso depois que me perdi três vezes na cidade, tendo chegado até o castelo.
Não acordei cedo, mas ainda assim cheguei no Porto para o almoço, que fiz à beira do mar, no restaurante Shi, em Matosinhos, norte da cidade, mais exatamente na foz do Douro (que vinha seguindo desde a Espanha, mas o danado se chamava Duero, então).
Pela primeira vez na viagem, pode-se dizer que fiz haute gastronomie: vieiras grelhadas, com foie gras, chutney de manga e alcachofra, de entrada, e lulas recheadas de camarão, como principal, tudo isso acompanhado por um bom vinho do Douro, tinto, Touriga, Castelo D'Alba (a 18 euros, acho que valeu).
Já estava então a 2 mil kms de Paris, e satisfeito...
Mulheres de pescadores, desesperadas com o desaparecimento de seus maridos, tragados pelo mar (escultura na praia de Matosinhos, norte do Porto)
Continuei, ainda que borracho, pois tinha de chegar a Lisboa, para esperar a Carmen Lícia (e comprar um presente, antes dela chegar). A despeito do vinho, do sono, do sol sempre incomodando, fui descendo, entre a autoestrada e pedaços da nacional, parando em algumas cidades pelo caminho.
Coimbra foi uma etapa óbvia, mas eu já conhecia e me contentei com algumas fotos, aqui e ali. A universidade deve ter sido boa, antigamente, hoje me parece dentro dos padrões portugueses normais (e vocês entendam o que desejarem por isso). Preferi enquadrar o criador do reino de Portugal, um gajo que teve lá o seu valor...
Estátua de Dom Dinis, em frente à Universidade de Coimbra
Feito isso, ainda enfrentei o sono e o cansaço para ir dormir numa cidade que é o símbolo de Portugal: Batalha. Pois foi nas batalhas contra os mouros que o reino de Portugal se fez.
Catedral de Batalha (túmulos dos reis fundadores)
O hotel ficava bem perto do mosteiro, e tinha um banheiro que era um gelo, a despeito do quarto ser aquecido: estamos falando de um frio a zero grau, e a solução foi tomar banho no vapor quente, com torneira e chuveiro amplamente ligados a toda...
Nessa noite fui jantar num restaurante perto do hotel, chamado de Vinho em Qualquer Circunstância, abreviado para este último nome: comecei com um folhado com queijo de cabra e depois enfrentei (é o caso de se dizer) um bacalhau a Pipo, regado a um rosé da região, Casa do Valle. Não posso reclamar da comida, ainda que o preço tenha destoado dos últimos dias. Enfim, o prazer valeu a fatura.
No dia seguinte, refeito do banho no vapor, visitei rapidamente a catedral, túmulo de vários reis portugueses (os pais fundadores, algumas mães também) e enfrentei novamente a estrada, direto a Lisboa, onde primeiro fui fazer compras (presente para Carmen Licia, que desembarcava no dia 20, mas que fazia aniversário em 24 de janeiro), e depois fui para o Hotel Lutecia, perto da saída para o aeroporto.
Jantar à base de bacalhau e vinho do Alentejo; bom, condizente com as 4 estrelas do hotel.
Justamente, acordei as 5hs da manhã, para buscá-la na chegada do voo da TAP de Brasília.
Nem entramos em Lisboa, pois seguimos direto para Évora, via nova Ponte Vasco da Gama.
Manha fria, com trechos de bruma, ou neblina, vocês escolhem.
Évora é uma cidade murada, cuja parte histórica está toda cercada de muralha e portas. A universidade fica na parte nordeste da cidade, que visitei na manhã seguinte à minha chegada, dia 21, portanto.
Mas sobre essa etapa falarei depois.
Paulo Roberto de Almeida
(feito em Saint Raphael, Côte d'Azur, em 25/01/2012)