O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 27 de maio de 2012

Pausa para besteirol: o lado broxante da crise (na Grecia)

Não sabemos se em outros lugares igualmente afetados pela crise econômica, ocorreram essas manifestações, digamos, heterodoxas que afetam a libido dos cidadãos (e cidadãs). Esse é o lado escondido da crise sistêmica do capitalismo, que as pessoas não falam, e nem dispõem de dinheiro para uma farra inocente ou sequer pensar em ir ao psicanalista.
Paulo Roberto de Almeida 



GREECE'S once-thriving sex industry has become the latest victim of the country's debt crisis as Greeks spend less on erotic toys, pornography and titillating underwear.
About 50 people, almost all young men, lined up on Friday as the Athens Erotic Dream - Greece's biggest sex fair - opened its gates in a nondescript building squeezed against a highway on the outskirts of the capital.
The annual show attracted big crowds when it opened in 2008, at the height of Greece's debt-fuelled economic bubble. But interest has wilted alongside the Greek economy, mired in its fifth consecutive year of recession.
The austerity measures Greece adopted as part of the country's international bailout deal have led to record unemployment, while wage cuts and tax hikes have throttled consumer spending.
The sex industry is feeling the hit. The number of exhibitors has fallen by half since 2008 to about a dozen, said the fair's organiser George Chrysospathis - a grey-bearded, corpulent man whose jovial manner changes quickly if he spots anyone who has failed to pay the 15-euro (US$19) entry fee.
"We used to get 20,000-30,000 visitors, but this year I don't know, we'll just have to see," Chrysospathis said.
Only a quarter of the 300 to 400 sex shops that once existed in Athens have survived the crisis, and business looked bleak for those who brought their wares to the sex fair.
"Things look really bad, buddy," said stall holder Donatos Passaris, 38, standing in front of a long bench of vibrators, lotions and other sexual items.
Shoppers at the stands were few and Passaris brushed off questions quickly for fear of losing a rare customer.
"We're making just 20 euros a day, if at all," said Marianna Lemnarou, another retailer. "Some customers just don't feel like having sex - others can't afford to buy our stuff in the crisis."
An inconclusive general election on May 6, which plunged Greece into fresh political turmoil and fanned fears that the country might leave the euro, has worsened matters. "Since the vote, business has completely tanked," Lemnarou moaned.

Brasil: um pessimo comerciante global

Fazem anos e anos que se canta com altas glórias, nos círculos oficiais, a ladainha do Brasil como "global trader", ou comerciante global. Isso em função da diversificação geográfica do comércio exterior, anteriormente -- ou seja, até o ancien régime tucanês, antes daquela história do "nunca antes neste país" do nouveau régime petista -- bem distribuida, com aproximadamente um quinto para cada uma das grandes regiões geográficas do planeta. Hoje,  parece que ficamos muito "dependentes" da China, pelo menos em termos de preços das matérias primas que exportamos para o grande país asiático.
Mas essa conversa mole não diz absolutamente nada sobre a qualidade e as condições sob as quais são feitas esse "comércio global".
Pois bem, uma análise realista do posicionamento desse "comerciante global" nos deixa em muito má postura, em relação, por exemplo, ao Chile, sempre desprezado por certos companheiros economistas por ser apenas uma "economia diminuta", especializada em suas vantagens comparativas, enfim, aqueles argumentos derrogatórios, quase ao nível do desprezo.
Não custa lembrar que esse país "pequeno" tem, pelos seus acordos de livre comércio, seu acesso consolidado e assegurado aos mercados de 80% do PIB do planeta (todo o hemisfério americano, quase toda a Europa, ou pelo menos a UE, metade da Ásia e vários outros países).
Quanto ao Brasil, tem medíocres acordos de preferência comercial com alguns parceiros do Mercosul, e vem sendo deslocado do continente -- onde exportava 70% de manufaturas -- por concorrentes da China e dos EUA, que fizeram acordos comerciais com os países da região, ou então possuem estratégias comerciais bem mais eficientes e competitivas.
O editorial abaixo resume um pouco desses problemas, mas conviria consultar o original do relatório, neste link: 
http://www.weforum.org/reports/global-enabling-trade-report-2012 
Ou então aqui: 

The full version of the Report with profiles of all 132 economies is available at www.weforum.org/getr.

Despreparo comercial

Editorial, O Estado de S.Paulo, 27 de maio de 2012
Um levantamento do Fórum Econômico Mundial situa o Brasil em 84.º lugar em uma lista de 132 países classificados de acordo com sua capacitação comercial. Houve um avanço de três posições em relação à pesquisa anterior, de 2010, realizada com 125 países. Mas a melhora é quase insignificante, quando se considera a distância entre o Brasil e dezenas de competidores desenvolvidos e em desenvolvimento.
Vários dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras nem são mencionados no estudo. Há referencias a tarifas, por exemplo, mas não aparece, na pesquisa, uma comparação direta entre o sistema tributário brasileiro, complexo, pesado e incompatível com as necessidades de integração nos mercados globais, e os de outros países participantes do comércio internacional. Se esse e outros componentes importantes do custo Brasil fossem considerados, a classificação brasileira provavelmente seria ainda pior.
O relatório pode surpreender por causa da classificação nem sempre boa de algumas das maiores potencias econômicas e comerciais. Não há, no entanto, relação necessária entre a capacitação para o comércio e o tamanho da economia. Os Estados Unidos, maior potência do mundo, ocupam o 23.º posto.
Cingapura, Hong Kong, Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia surgem nos cinco primeiros lugares. O Canadá só aparece em 9.º e o Reino Unido, em 11.º. Em 13.º está outra grande potência, a Alemanha, seguida imediatamente pelo pequeno Chile, em excelente posição no quadro geral. O latino-americano seguinte é o Uruguai, 40.º colocado. O preparo para o comércio é determinado por atributos independentes do tamanho, como a qualidade da política econômica, a burocracia, o ambiente regulatório e a infraestrutura.
A classificação do Chile, em 14.º lugar, à frente de várias das maiores e mais desenvolvidas economias e muito longe da maior parte dos latino-americanos, ressalta a importância de um governo leve, pouco intervencionista, comprometido com a integração internacional e bastante eficiente para manter um importante fundo soberano, conhecido por seus investimentos em vários países da região. A posição da Argentina, em 96.º lugar, ressalta o peso do intervencionismo e de uma burocracia montada para emperrar o comércio tanto à custa dos parceiros, como o Brasil, quanto dos empresários nacionais, protegidos por barreiras, mas com enormes dificuldades de acesso aos mercados externos.
O Brasil vai mal na maior parte dos requisitos considerados na pesquisa. A classificação geral de 84.º lugar é dada pela média das classificações de vários atributos. Quando se trata de disponibilidade e uso de tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, a economia brasileira aparece em 53.º lugar. Um dos componentes desse item é o uso da internet para atividades de negócios e nesse aspecto a posição é a de número 28. Mas a situação é desastrosa, quando se trata de várias condições dependentes de forma direta da intervenção governamental.
O País aparece em 104.º lugar no item "acesso aos mercados interno e externo", porque as tarifas são muito altas pelos padrões internacionais (114.º posto). As barreiras já eram muito altas e algumas ainda foram elevadas no ano passado. O cenário também é muito ruim quando se examinam a eficiência da administração aduaneira (99.º lugar) e os procedimentos de importação e exportação (101.º posto).
Em outros estudos comparativos, elaborados com objetivos mais amplos, o Brasil também aparece em classificação muito ruim, principalmente por causa da qualidade da administração pública. O setor empresarial privado normalmente recebe uma avaliação bem mais favorável do que o governamental. Pode haver deficiências nas empresas, mas o poder de competição da indústria e da agropecuária é geralmente razoável - e em alguns casos muito bom - quando se consideram as atividades apenas no interior das unidades produtivas. Esse contraste aparece apenas parcialmente nesse estudo sobre capacitação nacional para o comércio, mas, ainda assim, é bastante sensível.

A Grande Divergencia: debate sobre as novas desigualdades sociais

A "grande divergência" é o termo usado pelos historiadores econômicos para referir-se ao distanciamento crescente de renda entre os países que empreenderam a revolução industrial e os que ficaram para trás, colônias, dependentes, periféricos em geral. Enfim, entre a Europa ocidental e a América do Norte (e mais os offshots ocidentais em alguns pontos do sul) e o resto do mundo, numa conjuntura histórica que se estende de meados do século XVIII ao último quinto do século XX, quando essa divergência começa a diminuir em função do crescimento mais rápido da periferia.
Este é também o título do livro comentado abaixo de um jornalista americano sobre a crescente divergência de renda pessoal entre os muitos ricos dos países já avançados e o resto da sociedade, processo que discrepa da "convergência" observada no curso do século XX, que havia visto a formação de uma vasta classe média e um estreitamento das disparidades de renda. Esse é o quadro da discussão.
Permito-me, antes de postar a matéria, comentar de minha parte.


É costume dos contemporâneos, em QUALQUER ÉPOCA, tomar os fatos e processos de seu universo de observação, como dados imutáveis, permanentes ou absolutamente incontornáveis, e a partir daí formular previsões quanto ao futuro, e até construir teorias em torno disso. 
É comum, também, que uma ou duas gerações mais adiante, essas previsões e teorias sejam desmentidas pelos fatos, processos, tendências que CORRIGIRAM o curso anterior, e resultaram, portanto, em situações e realidades bem diversas daquelas antes antevistas ou determinadas.
Todos caem nessa armadilha do "presentismo", inclusive os mais finos observadores da realidade, que não são exatamente os jornalistas, mas os acadêmicos, que costumam fundamentar suas previsões com base em análises extensas do passado, séries estatísticas, e o que mais...
Em outros termos, o que esse jornalista diz pode não se revelar verdade dentro de mais algum tempo, ou seja, as desigualdades crescentes HOJE podem ser eliminadas ou revertidas em algum momento do FUTURO.
Tomar, inclusive, o que disseram Marx e Kuznets como a verdade absoluta pode ser um erro, mesmo na perspectiva deles, naquele momento.
A sociedade anterior, eminentemente agrícola, era muito mais desigual do que a sociedade capitalista, mesmo a da exploração desavergonhada de operários nas fábricas inglesas do século XIX. Esses operários dispunham, provavelmente, de uma situação de vida prospectivamente melhor do que a dos camponeses que eles eram, anteriormente, ou seus antecessores e contemporâneos que permaneceram no campo.
Ou seja, afirmar que o capitalismo, em seu início provocou mais desigualdade é algo arriscado, dada a precariedade de informações e dados fiáveis para comparar situações de bem-estar.
Por outro lado, é um fato que a sociedade se tornou mais equitativa, no século XX, tanto pela ação do mercado -- ou seja, educação e qualificação profissional mais aperfeiçoadas, o que melhora a renda -- como pela ação do Estado, com a tributação progressiva (e o redistribuvismo que isso permite, geralmente pela via dos serviços públicos que diminuem as desigualdades de oportunidade).
É também um fato que a desigualdade entre pessoas está aumentando na fase atual, devido à maior remuneração do capital e à transmissão de heranças e patrimônios entre familiares já no topo da escala: as rendas do capital tendem a ser maiores do que os ganhos do trabalho.
Mas, é também um fato que o capitalismo, sendo um mecanismo remunerador de mercado, favorece a emergência de novas riquezas, desde que apoiadas em boa educação e capacidade de inovação, como nos demonstram as dezenas, talvez centenas de "dot.com" surgidas com estudantes e imigrantes empreendedores, que se tornam bilionários em poucos anos. 
Será, então, que a relativa estagnação da classe média nas últimas décadas não é o resultado de um comportamento atentista, tendente a esperar que o Estado faça, por ela e para ela, a redistribuição de renda que uma mentalidade socialdemocrata se acostumou a pregar desde a Segunda Guerra (e conseguiu impor na maior parte dos países)?
Pode ser: eu pessoalmente tendo a atribuir responsabilidade aos próprios indivíduos pelos seus destinos e itinerários de vida. Nunca esperaria que o Estado me "dê" alguma coisa. Se eu quisesse ficar rico, sei que nunca poderia sê-lo como funcionário público -- embora alguns "conseguem", mas não creio que seja pelas boas vias -- e sim empreendendo meus próprios negócios em nichos de mercado remuneradores (no caso do Brasil atual, o agronegócio, por exemplo).
E quem pode dizer que a tendência atual ao aumento das desigualdades vai se manter indefinidamente, ou até levar, como dramatiza o autor, a uma possível "quebra da democracia" nos EUA? Acho isso totalmente incerto.
Podem ocorrer duas coisas: novas tendências de mercado e de formação profissional (educação especializada) ou de novas políticas públicas que levem, conjuntamente, separadamente, concorrentemente, ou até de forma não convergente, a essa mesma redução.
Não considero dramático esse aumento atual das desigualdades, nos EUA, na China, ou até na Europa (onde só a França escapou das tendências inegualitárias das últimas décadas, e por isso mesmo pode estar sendo levado a menor dinamismo social), inclusive porque os ricos, os bilionários e os extremamente ricos não vão fugir para outro planeta e sempre vão torrar o seu dinheiro aqui mesmo. Seja que eles vão usar esse dinheiro para investir e ficar ainda mais ricos -- e portanto produzir emprego e renda a sua volta -- seja que eles vão usar para consumo conspícuo -- chateaux, iates, festas, etc. -- e ainda assim vão consumir serviços do que lhes servirão essas amenidades.
Por acaso a classe média "empobrecida" (apenas relativamente, deve-se dizer, pois vive melhor, mais longamente e com mais serviços e produtos do que a classe média dos seus pais e avós) vai desaparecer ou ser condenada a diminuir seus padrões? Duvido; só ficarão em má postura os muito preguiçosos, ou seja, aqueles que acham que só podem trabalhar na mesma profissão a vida inteira, e que o Estado deve prover-lhes emprego e renda, se por acaso a fatalidade do emprego eterno não acontece...
Resumindo: o mais importante que o Estado pode fazer, agora e sempre, é preocupar-se com as melhores condições para que as pessoas possam trabalhar, investir, ganhar, ficar ricas, ou seja, dar oportunidades mais ou menos iguais a todos, pela educação de base, universal (não a especializada que acho deve ficar sob responsabilidade e A CARGO de cada um); não acho que o Estado deva ficar descobrindo novas maneiras de tirar dos ricos para "dar" aos "pobres" (com os seus mandarins ficando com uma boa parte no caminho...). Essa é a pior maneira de construir uma sociedade próspera.
Como já disse alguém, o socialismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros. Acho que já somos grandes para viver de ilusões.
À leitura, agora...
Paulo Roberto de Almeida 


Minding the Gap

‘The Great Divergence,’ by Timothy Noah


Writing in the middle of the 19th century, Karl Marx predicted that the gulf between the newly rich and the miserable urban poor, made much worse by the Industrial Revolution, would continue to widen indefinitely. This ever greater disparity, he thought, would ultimately undermine capitalism. Marx turned out to be wrong. Income inequality in Britain (and, from what we can tell, elsewhere in Europe too) began to narrow after the 1860s, and inequality in wealth peaked by the time of World War I. In America, inequality in both incomes and wealth began to lessen after the 1920s. The rich continued to live far better than the poor, but over the next 50 years the gap between them narrowed ­substantially.
Illustration by Thomas Porostocky

THE GREAT DIVERGENCE

America’s Growing Inequality Crisis and What We Can Do About It
By Timothy Noah
Illustrated. 264 pp. Bloomsbury Press. $25.
Writing in the middle of the 20th century, the American economist (and future Nobel laureate) Simon Kuznets extrapolated into the indefinite future this newer trend toward more equal incomes and living standards — at least for the advanced economies. He theorized that while the initial ­stages of industrialization caused inequality to increase, and would do so whenever new economies industrialized, further economic development would foster ever greater equality. Alas, Kuznets turned out to be wrong too. The gap between rich and poor has been growing for the past 30 years in most of the world’s advanced economies, and especially in the United States.
Modern economists have learned from Marx’s and Kuznets’s mistakes. Like Kuznets, they see widening or narrowing inequality as the cumulative outcome of several different influences, some pushing the rich and the poor apart and some drawing them closer together. But instead of assuming that the tug of war between those opposing forces is automatically decided by an economy’s stage of development, today’s thinking seeks to understand what makes each influence stronger or weaker. And part of the object is to search out ways for public policy to affect the balance, instead of viewing the overall outcome as predetermined.
In “The Great Divergence,” the journalist Timothy Noah gives us as fair and comprehensive a summary as we are likely to get of what economists have learned about our growing inequality. Noah is concerned about why inequality has widened so markedly over the last three to four decades, what it means for American society and what the country can — and, he argues, urgently should — do about it. As he makes clear, what has mostly grown is the gap between those at the top and those in the middle. As a result, his book resonates more with the recent focus on “the 1 percent” than with more traditional concerns about poverty.
The principal influences on inequality that Noah examines include the failure of America’s schools to keep pace with the step-up in skills that advancing technology demands from our labor force; America’s skewed immigration policy, which inadvertently brings in more unskilled than skilled immigrants and thereby subjects already lower-income workers to greater competition for jobs; rising competition with China, India and other low-wage countries, as changing technology enables Americans to buy ever more goods and even services produced overseas; the failure of the federally mandated minimum wage to keep up with inflation; the decline of labor unions, especially among employees of private-sector firms; and what he sees as an anti-worker and anti-poor attitude among American politicians in general and Republicans in particular. Along the way, he enlivens what might otherwise be a dry recounting of research findings with fast-paced historical vignettes featuring colorful characters like the novelist Horatio Alger, the labor leader Walter Reuther and the business lobbyist Bryce Harlow.
What’s to blame, then, for America’s widening inequality? Leaving aside the politicians, Noah reviews economic research supporting the familiar hypotheses. Indeed, each of them is probably part of the explanation. But the goal of research in a policy-oriented inquiry like this one is quantitative — establishing just how much of the explanation to assign to separate influences one by one, even if all of them contribute to the story. We want not merely to portion out the blame but to know what to do, and different explanations call for different remedies. It would make little sense, for example, to invest huge sums in reforming K-12 education and reducing the cost of college if the mismatch between graduates’ skills and what the economy requires accounts for only a small part of the problem. By contrast, if my Harvard colleagues Claudia Goldin and Lawrence Katz are right that education is the core of the issue (Noah draws extensively on their recent research, especially their aptly titled book “The Race Between Education and Technology”), then what and how we teach young Americans should be at the top of the agenda.

It is not Noah’s fault that economic research has yet to reach consensus on how much of the blame for inequality to place on which explanation, and it is to his credit that he does not try to portray a consensus that is not there. His summary of what we know from the relevant research is faithful to what the researchers have found. Part of the problem here, which “The Great Divergence” also ­accurately conveys, is the tension inherent in concentrating on the American facet of a worldwide phenomenon. As Noah makes clear, inequality is increasing almost everywhere in the industrialized and postindustrial world, even if the increase has been much greater in the United States. We need to know how much weight to give to America-centric explanations like the shortcomings of our schools or our immigration system or the demise of unions. But to understand a global trend, we would like a more ­universal explanation.

THE GREAT DIVERGENCE

America’s Growing Inequality Crisis and What We Can Do About It
By Timothy Noah
Illustrated. 264 pp. Bloomsbury Press. $25.
Noah’s own explanation is, in effect, “all of the above,” and his policy recommendation is therefore to take action on all fronts. His chief concern is the fear that ever widening inequality will undermine our democracy: “Americans believe fervently in the value of social equality, and social equality is at risk when incomes become too dramatically unequal. . . . Growing income inequality makes it especially difficult to maintain any spirit of e pluribus unum.” He rightly emphasizes that while the potential for individuals to move up is essential to what makes inequality acceptable, at least to most Americans, economic mobility in the United States is now more limited than it appears to have been in earlier times and — contrary to the popular image — more limited than in many other countries. (It also matters that in America today incomes are becoming more unequal at the same time that most families’ incomes have been stagnant for more than a decade after allowing for inflation — a point that Noah notes but does not emphasize.)
How much inequality can the Republic stand before the social and political fabric frays? Noah does not answer the question, in part because he doesn’t know, but mostly because he feels he doesn’t need to. “You’d have to be blind,” he writes, “not to see that we are headed in the wrong direction, and we’ve been heading that way for too long. . . . The worst thing we could do to the Great Divergence is get used to it.”

Benjamin M. Friedman is an economics professor at Harvard. His most recent book is “The Moral Consequences of Economic Growth.”
A version of this review appeared in print on May 27, 2012, on page BR1 of the Sunday Book Review with the headline: Market Values.

O Apartheid em construcao no Brasil: cotas para qualquer coisa...

Os militantes do novo racismo acham que as cotas "integram", já que elas supostamente permitiriam o ingresso de negros, ou afrodescendentes, em funções públicas que eles acham indevidamente monopolizadas pela elite branca. 
Acontece que os concursos, e o recrutamento, apenas refletem o grau de preparação de diferentes estratos da população para enfrentar essas barreiras meritocráticas.
Pretender estabelecer por cotas um "direito" significaria tirar o direito de alguém que o conquistaria por esforço próprio. Em lugar de atuar sobre as causas do fenômeno, os militantes querem atuar apenas sobre seus efeitos, perpetuando, portanto, o problema e eternizando o privilégio de alguns, que o adquirem apenas pela cor da pele.
Se trata de um apartheid, evidentemente, um racismo ao contrário, que deve tornar o país mais separado, não mais unido racialmente.
Em qualquer hipótese, é uma má solução para um problema real.
Paulo Roberto de Almeida 

Movimento quer cotas raciais para concursos públicos
O Estado de S.Paulo, 25 de Maio de 2012

Movimento pressiona por cotas raciais para concursos públicos

A Frente de Luta Pró-Cotas Raciais no Estado de São Paulo se movimenta em diferentes direções. Acaba de lançar um abaixo-assinado, que será entregue às autoridades estaduais, reivindicando cotas nas universidades, nos concursos de acesso ao serviço público, incluindo processos de escolha de juízes, procuradores, cargos de confiança.

O texto do abaixo-assinado diz que “São Paulo é o Estado com maior população negra do Brasil, com cerca de 14,5 milhões de afro-brasileiros, que tiveram seus antepassados escravizados”. Isso representa 34,6% do total de 42 milhões de habitantes no território paulista. Por outro lado, ainda segundo o texto, os negros ganham menos para as mesmas funções, têm piores condições de vida e estão praticamente ausentes dos espaços de poder.

Na avaliação da frente, as cotas sociais utilizadas na USP, Unicamp, Unesp e Fatec, não resolvem o problema da desigualdade entre negros e não negros. “Vários estudos apontam que a adoção de cotas raciais é o únicomeio capaz de mudar o perfil elitista de seus cursos”, afirma.

Além do abaixo assinado, a frente está pressionando a Assembleia Legislativa para que aprove leis garantindo cotas raciais. Na segunda-feira foi realizada uma audiência pública naquela casa, na qual os deputados prometeram unificar três projetos já existentes sobre o tema. Na USP existe um movimento para levar o assunto a debate no Conselho Universitário.

Boa parte das universidades públicas do País já adota cotas raciais. As escolas de São Paulo preferem as cotas sociais, que privilegiam alunos egressos da rede pública de ensino. Desde que o STF declarou a constitucionalidade das ações afirmativas e das cotas raciais, em abril deste ano, o movimento negro no Estado começou a se mobilizar para mudar o perfil paulista.

Cerca de setenta organizações do movimento negro e da área estudantil participam da frente, organizada há quase um mês.

sábado, 26 de maio de 2012

¿"Primavera"? ¿en Cuba??: "¿estas guevando hermano?

Primavera só se for da repressão, que continua florescendo. O artigo não traz muita coisa nova, a não ser a informação de que a antiga chancelaria, ou residência, da Embaixada do Brasil, expropriada quando do rompimento de relações, em 1964, nunca foi solicitada de volta pelo governo brasileiro, e hoje abriga o coronel Chávez, o único financiador de Cuba no momento. Depois de Chávez, abre-se um buraco negro...
Paulo Roberto de Almeida 

Primavera em Cuba
Luiz Eduardo Vasconcelos e Odemiro Fonseca
O Globo, 25/05/2012

Luiz Eduardo Vasconcelos é engenheiro e Odemiro Fonseca é empresário.

Visitar Havana é ver que o tempo pode parar. A arquitetura de casas e prédios parou no modernismo dos anos cinquenta. Os carros pararam nos rabos de peixe. Os bares pararam nos mojitos e daiquiris. Nas pessoas, há languidez na forma de agir. E os costumes à mesa, nas roupas, na linguagem, no conhecimento e na forma de argumentar mostram que o longo isolamento criou um fosso comportamental entre a ilha e o mundo.
Essa ilha linda, habitada por um povo alegre e musical, nunca foi independente em economia. Primeiro os colonizadores espanhóis, com seus portos fechados e legitimando a escravidão, que somente acabou em 1886. As lutas anticoloniais devastaram os barões de açúcar e tabaco e entraram os americanos comprando tudo. Já se manifestava então o espírito antiamericano na aristocracia rural e entre os intelectuais.
Depois da revolução de 1959, vieram os russos, construindo usinas a óleo diesel e grandes obras. E autoestradas, até hoje vazias. Infraestrutura ajuda se for usada. Como no comunismo não existe custo de capital, é em tais países onde se veem os melhores exemplos de desperdício de capital. Agora Cuba vive de ajuda chinesa, do petróleo de Chaves e dos turistas — que este ano vão ser três milhões. Os canadenses patrocinaram o horrendo aeroporto internacional de Havana e o mundo patrocinou a restauração da bela Havana Velha, patrimônio da Humanidade.
Não se vê atividade agrícola, industrial, transporte nas estradas. A principal fonte cambial são os turistas, pelo uso do peso conversível, comprável em moeda estrangeira, cuja cotação fixada pelo governo força todos a usar tal moeda para pagar por tudo. Os preços ficam perto dos internacionais (o governo já aprendeu), mas quase tudo é da pior qualidade. O charme de Cuba atrai estranhas tribos de turistas, todas muito complacentes.
Os cubanos recebem salários em pesos nacionais, que consomem em produtos muito racionados, em mercados pessimamente mantidos e supridos, que abrem poucas horas por dia. Como acontecia na Rússia, há roubo nas fábricas, que alimentam mercados informais. Educação superior é dada como alta, mas observa-se que muitos universitários não trabalham ou trabalham fora das profissões. E a qualidade da medicina é impossível de ser verificada por um estrangeiro. Sem liberdade, as pessoas não têm como usar educação.
A revolução cubana foi salva por um bônus populacional. Eram 7,1 milhões em 1960. Hoje são 11,1 milhões, com população declinante. A população em 1960 já crescia pouco e havia boa infraestrutura. Se a população cubana tivesse crescido como a mexicana ou a brasileira, Cuba seria hoje uma favela de 22 milhões de pessoas. Se a população cubana tivesse crescido como a do Equador ou da Venezuela, Cuba seria hoje uma favela de 30 milhões de pessoas. Mas mesmo com o bônus populacional, o resultado não é animador. As séries de Angus Maddison mostram que a renda per capita de Cuba em 1950 era a quinta entre os 22 maiores latino-americanos, depois de Venezuela, Argentina, Uruguai e Chile. Em 2001, Cuba estava entre os quatro piores, adiante de Honduras, Nicarágua e Haiti.
O importante porto de Havana definhou a partir de 1960. Mas agora Cuba tem um novo patrocinador — o Brasil. O BNDES financia (85% do investimento mais linhas de crédito para Cuba importar alimentos e máquinas agrícolas) e a Odebrecht constrói o porto de Mariel, para ser uma zona franca. Fomos detidos, longe do canteiro, por um guarda armado, por tirarmos fotos. Retiveram nossos documentos, e quando a novela terminou o nosso motorista, antes exaltando “o maior porto da América Latina”, estava muito silente e preocupado.
[???] ...ários destes episódios de controle social (paradas em postos policiais, ameaças aos guias dos turistas — “cuidado com o que falas”, lorotas incríveis), potencializados pela ridícula TV e imprensa estatal, ausência de livros e internet, impossibilidade de viajar e os ainda existentes CDRs (Comitês de Defesa da Revolução — que são por quarteirão e participação compulsória), mostram que a primavera cubana está longe de acontecer. Depois de 53 anos de ditadura, o povo cubano tem medo dele mesmo. A liderança cubana parece inerte e misteriosa. Ninguém sabe como e onde vivem e o que fazem. Mas fala-se à boca pequena sobre Chaves. Hospeda-se na antiga residência do embaixador brasileiro. Este palácio residencial foi expropriado quando as relações diplomáticas foram cortadas, e, depois de restabelecidas, o Brasil nunca solicitou a devolução.

Bear in a China shop - Arthur Kroeber (Foreign Policy)

Recomendo ler este artigo em sua integra, no link abaixo:

SATURDAY, MAY 26, 2012

Bear in a China shop - Arthur Kroeber (Foreign Policy)


Bear in a China Shop

IT'S NOT THE BOOMING ECONOMY THAT'S ABOUT TO BURST -- IT'S BIGGER THAN THAT. SOCIAL DISCONTENT AND, YES, INCOME INEQUALITY COULD RIP CHINA APART AT THE SEAMS.

BY ARTHUR KROEBER | MAY 22, 2012


Venezuela: novas acusacoes de narcoEstado - ex-presidente Uribe

Desta vez, a acusação não vem de um transfuga do Estado venezuelano, como os dois juízes que se autoexilaram, por medo de serem eliminados pelos narcotraficantes de alto escalão no governo venezuelano, mas do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe, que levou uma guerra implacável contra as Farc-narcotraficantes, acusando diversas vezes o governo chavista de cumplicidade com os terroristas narcotraficantes.
Pode ser lido na sequência de post anterior sobre o mesmo assunto:

SÁBADO, 12 DE MAIO DE 2012


Uma herança pesada, sem dúvida, para o governante que suceder a Chávez, pois terá a hostilidade de certos círculos militares.
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: o perigo do ‘Narco-Estado’

Infolatam
Madrid, 24 maio 2012
(Especial para Infolatam, por Luis Esteban González Manrique).- O ex-presidente colombianoÁlvaro Uribe acusou via Twitter Hugo Chávez de converter seu país em um “paraíso do narcotráfico e refúgio de terroristas”, depois da recente morte de 12 militares colombianos em um ataque das FARC na zona rural de Guajira, fronteira com a Venezuela. Segundo o comandante do Exército colombiano, o general Sergio Mantilla, entre 70 e 80 guerrilheiros que participaram do golpe teriam cruzado a fronteira venezuelana antes e após o ataque.
As acusações de conivência das autoridades venezuelanas com o narcotráfico e as FARC nao são novas, mas fizeram-se mais insistentes depois das recentes denúncias de dois juízes do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano que fugiram do país. Segundo o ex-magistrado do TSJ, Luis Velásquez Alvaray, que se exilou na Costa Rica em 2006 depois de ser acusado de corrupção, entre os “generais favoritos” de Chávez há vários narcotraficantes que integram o poderoso “Cartel de los Soles”.
aponte

Eladio Aponte
Por sua vez, Eladio Aponte, outro ex-membro do TSJ, fez cargos similares contra as cúpulas militar e judicial venezuelanas depois de prestar-se a colaborar com a DEA, a agência de antidrogas dos EUA, desde o Panamá, onde se refugiou depois de ser demitido de seu cargo em meio a revelações sobre seus nexos com o narcotráfico. Também um empresário venezuelano de origem síria, Walid Makled, que enriqueceu pelos contratos de moradias do Estado e hoje é processado por narcotráfico e assassinato na Venezuela após ser extraditado em 2010 a esse país pelo governo colombiano, revelou em uma entrevista que teve mais de 40 de altos oficiais do exército venezuelano em sua folha de pagamento e aos que pagava um milhão de dólares mensais por sua “proteção”.
Sobre Makled pesa a acusação de fornecer os insumos químicos que alimentam os laboratórios de cocaína das FARC na selva colombiana e de ter introduzido toneladas de cocaína nos EUA. Abandonado em uma cela em uma prisão colombiana, ante sua iminente deportação à Venezuela, Makled falou com El Nacional (10-10-2010) ao sentir-se traído pelos militares de alta patente, deputados e magistrados do TSJ e dirigentes do Partido Socialista Unificado da Venezuela que, segundo ele, protegiam suas operações. “Tenho vídeos e gravações de conversas telefônicas de todos eles”, assegurou.
Há tempo, tornaram-se habituais no país operações de assassinatos encomendados, ordenados pelos narcotraficantes que se infiltraram às forças de segurança. Mas, ninguém acredita que Aponte ou Velásquez estivessem fora desse jogo.
Segundo diversas versões da imprensa venezuelana, quando estavam em exercício, seu primeiro cliente era o governo, que os usava para perseguir inimigos políticos, contra os quais forjavam sentenças condenatórias e negando-lhes os direitos que tinham para se defender.
Segundo escreveu Moisés Naím no último número de Foreign Affairs, o que acontece Venezuela faz parte de um fenômeno global mais amplo: a penetração do crime organizado nos aparelhos estatais, o que tem provocado o aparecimento de “Estados mafiosos”, nos quais os sindicatos do crime terminam se comportando como apêndices dos governos, gozando da ajuda de juízes, espiões, generais, ministros, policiais e diplomatas.
Esse processo tem convertido o crime multinacional em um assunto de segurança internacional porque as máfias, nesta nova fase de seu desenvolvimento global, contam com a proteção legal e as mordomias diplomáticas que antes só desfrutavam os Estados. Naím cita como um exemplo paradigmático dessa metástase do câncer criminal, o caso de Jackie Selebi, o comissário da Polícia Nacional da África do Sul que foi nomeado em 2006 presidente da Interpol, um cargo desde o qual defendeu o fortalecimento da cooperação das autoridades policiais mundiais para combater o crime transnacional. Em 2010 Selebi foi condenado a 15 anos de prisão em seu país por aceitar um suborno de 156.000 dólares de narcotraficantes.
Outro caso notório de corrupção nas altas esferas é o do general boliviano René Sanabria, ex-diretor da agência antidrogas desse país, detido ano passado no Panamá por agentes federais dos EUA, acusado de ter planejado o embarque de centenas de quilos de cocaína a Miami. Sanabria foi condenado a 14 anos de prisão na Flórida depois de declarar-se culpado das acusações contra ele.
Em seu comparecimento ante a comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, Douglas Farah, pesquisador sobre crime e terrorismo do International Assesment and Strategic Center, sustentou que as organizações criminosas e as terroristas utilizam os “mesmo canais, as mesmas estruturas ilícitas e exploram as mesmas debilidades dos Estados”. Essas organizações, segundo Farah, estão convergindo em “entidades híbridas” como as FARC.
A Venezuela aparece vinculada a muitos desses casos, especialmente depois que em 2005 o governo de Chávez expulsasse a DEA. Segundo o Escritório da ONU contra as Drogas e o Crime (UNODC), a Venezuela fornece hoje ao menos a metade da cocaína que chega à Europa. O governo de Caracas assegura que está apreendendo mais drogas do que nunca antes e que desde 2005 extraditou aos EUA 69 grandes “chefes” do narcotráfico.
No entanto, seus próprios dados mostram uma queda de 50% na cocaína apreendida entre 2005 e 2010. Segundo a DEA, 90% dos aviões que levam cocaína colombiana decolam da Venezuela. Os grupos criminosos estão especialmente ativos no Estado de Apresse, utilizado como a zona de aterrissagem e saída dos aviões que partem carregados de cocaína rumo a América Central, o Caribe, EUA e África Ocidental, desde onde se dirigem a Europa. Os carregamentos de droga lançados do ar no Caribe são recolhidos por lanchas rápidas que as levam ao Haiti, Honduras e Guatemala em trânsito ao México e EUA. Entre 2006 e 2008, a metade das embarcações capturadas com cocaína no Atlântico pelo serviço de guarda-costas norte-americano tinha partido da Venezuela, frente aos 5% da Colômbia.
As evidências contra os ‘narco-gerais’
Um relatório do departamento do Tesouro de 2008 acusou os generais Henry Rangel Silva, nomeado ministro a princípios deste ano, e Hugo Carvajal Barrios, diretor da contra inteligência militar, eRamón Rodríguez Chacín, ex-ministro de Justiça e do Interior de Chávez, de estarem envolvidos no narcotráfico e de serem as conexões do governo com as FARC.
Traficantes venezuelanos foram presos no México, Espanha, Holanda, República Dominicana, Grenada, Santa Lucía e países africanos como Ghana e Guiné-Bissau. A ofensiva do governo de Bogotá contra suas operações obrigaram os narcotraficantes colombianos a utilizar o território da Venezuela, aproveitando a porosidade de uma fronteira a mais de 2.000 quilômetros para atingir os mercados dos EUA e Europa.
O relatório do Tesouro assinala que as FARC e os cartéis colombianos tem um incentivo adicional: a colaboração de unidades das forças antinarcóticos, da Guarda Nacional e da polícia. A Venezuela é hoje, ademais, um centro de operações de traficantes de pessoas, lavagem de dinheiro, contrabando de armas e petróleo. O jornalista venezuelano Manuel Malaver sustenta que o fato de que não tenha estourado na Venezuela uma guerra entre cartéis rivais como no México, é uma demonstração de que os grupos atingiram um ‘modus vivendi’ com as forças de segurança, que arbitram seus conflitos.
Segundo relatórios de inteligência e da UNODC, a cocaína cruza o Atlântico desde Venezuela à África em aviões de carga e barcos mercantes até aeroportos e portos como Dakar (Senegal) e Accra (Ghana), onde os carregamentos são divididos e transportados à Europa por velhas rotas de contrabando terrestres e marítimas.
Na África ocidental, países inteiros caíram nas mãos dos cartéis. O valor da cocaína que transita por países como Guiné-Bissau com direção à Europa multiplica várias vezes o tamanho de sua economia. Essa região inclui 10 dos 20 países mais pobres o mundo, o que os faz especialmente vulneráveis ao poder corrupto do crime organizado multinacional. A UNODC estimou que só em 2006 cerca de 40 toneladas de cocaína, com um valor de mercado de 1,8 bilhões de dólares, transitaram pela região.
Segundo Antonio Mazziteli, ex-diretor da UNODC, o governo da Guiné-Bissau “vendeu” em 2009 o acesso a várias das 90 ilhas do arquipélago de Bijagós aos narcotraficantes para que as utilizassem como trampolim de seus embarques para Europa. No dia 1 de março de 2009, o chefe do exército desse país, general Batista Thagme Na Waie, morreu em uma explosão e horas depois, o presidenteJoao Bernardo Vieria foi assassinado por soldados do exército. Provavelmente ambos os crimes foram cometidos por militares comprados pelo narcotráfico. Nenhum desses dois crimes foi resolvido.
Em novembro de 2008, um Boeing 727 que decolou da Venezuela carregado de cocaína aterrissou em um deserto no norte de Malí. Após descarregá-lo, seus tripulantes atearam fogo para apagar vestígios. Em abril desse ano, as autoridades de Serra Leoa extraditaram aos EUA seis homens -dois deles venezuelanos- por utilizar aviões para transportar drogas.
Brian Lattel, ex-especialista da CIA em Cuba, acha que os vínculos da ilha com o narcotráfico terminaram em fracasso, quando Fidel Castro, a se ver descoberto pela DEA, ordenou o fuzilamento do general Arnaldo Ochoa e do coronel Tony da Guarda para salvaguardar o prestígio do regime. A escritora venezuelana Elizabeth Burgos sustenta, por sua vez, que o “mecanismo mimético” que Chávez estabeleceu com Cuba, levou seu governo a imitar o sistema castrista e as variações que este foi incorporando durante meio século, sobretudo seu envolvimento no tráfico de drogas, que abria a Cuba a possibilidade de encher o vazio deixado pela suspensão dos subsídios soviéticos.
Burgos diz que escutou mencionar pela primeira vez essa estratégia aos servidores públicos cubana no Chile durante o período da Unidade Popular, sob o pretexto de que essa atividade se justificava pelo confronto com o imperialismo, dado que os EUA era o primeiro consumidor e, portanto, a primeira vítima do vício.
Ao reconhecer as FARC como “exército beligerante” Chávez deu o primeiro passo para a aceitação do narcotráfico como “arma contra o imperialismo”, com o que converteu à bacia de Orinocona estrada fluvial da cocaína produzida na Colômbia, materializando o sonho de utilizar a droga como “arma revolucionária”. Inclusive os analistas mais benevolentes com Chávez, acham que o líder bolivariano prefere olhar ao outro lado por sua necessidade do apoio da cúpula militar.
Traduzido por Infolatam


Divida Publica do Brasil: os dados de 2011

Últimos dados relativos à dívida pública brasileira, segundo informações do Ministério da Fazenda:


1 – O estoque da dívida líquida da União (interna e externa) em 2011 foi R$ 2.600,7 bilhões (64,20% do PIB).

2 – O custo médio de carregamento da dívida 2011 foi de 12,83% ao ano.

3- O ganho real médio (juros menos inflação IGPM) dos investidores em 2011 foi de 7,38% ao ano.

4 – Foi pago em 2011 o montante de R$ 131,0 bilhões (3,16% do PIB) de juros e encargos.

5 – Foi amortizado em 2011 o montante de R$ 97,6 bilhões (2,35% do PIB) da dívida.

6 – Foi renegociado em 2011 o montante de R$ 479,4 bilhões (11,57% do PIB) da dívida.

7 - Foram captados em 2011 novos empréstimos, no montante de R$ 94,2 bilhões (2,27% do PIB).

Revolucao energetica na América Latina - Washington Post


Center of gravity in oil world shifts to Americas

By 

The Washington Post, May 25, 2012

LOMA LA LATA, Argentina — In a desertlike stretch of scrub grass and red buttes, oil companies are punching holes in the ground in search of what might be one of the biggest recent discoveries in the Americas: enough gas and oil to make a country known for beef and the tango an important energy player.
The environment is challenging, with resources trapped deep in shale rock. But technological breakthroughs coupled with a feverish quest for the next major find are unlocking the door to oil and natural gas riches here and in several other countries in the Americas not traditionally known as energy producers.
That is quickly changing the dynamics of energy geopolitics in a way that had been unforeseen just a few years ago.
From Canada to Colombia to Brazil, oil and gas production in the Western Hemisphere is booming, with the United States emerging less dependent on supplies from an unstable Middle East. Central to the new energy equation is the United States itself, which has ramped up production and is now churning out 1.7 million more barrels of oil and liquid fuel per day than in 2005.
“There are new players and drivers in the world,” said Ruben Etcheverry, chief executive of Gas and Oil of Neuquen, a state-owned energy firm that is positioning itself to develop oil and gas fields here in Patagonia. “There is a new geopolitical shift, and those countries that never provided oil and gas can now do so. For the United States, there is a glimmer of the possibility of self-sufficiency.”
Oil produced in Persian Gulf countries — notably Saudi Arabia, Iran, the United Arab Emirates, Kuwait and Iraq — will remain vital to the world’s energy picture. But what was once a seemingly unalterable truth — that American oil production would steadily fall while the United States remained heavily reliant on Middle Eastern supplies — is being turned on its head.
Since 2006, exports to the United States have fallen from all but one major member of the Organization of the Petroleum Exporting Countries, the net decline adding up to nearly 1.8 million barrels a day. Canada, Brazil and Colombia have increased exports to the United States by 700,000 barrels daily in that time and now provide nearly 3.4 million barrels a day.
Six Persian Gulf suppliers provide just 22 percent of all U.S. imports, the nonpartisan U.S. Energy Information Administration said this month. The United States’ neighbors in the Western Hemisphere, meanwhile, provide more than half — a figure that has held steady for years because, as production has fallen in the oil powers of Venezuela and Mexico, it has gone up elsewhere.
Production has risen strikingly fast in places such as the tar sands of Alberta, Canada, and the “tight” rock formations of North Dakota and Texas — basins with resources so hard to refine or reach that they were not considered economically viable until recently. Oil is gushing in once-dangerous regions of Colombia and far off the coast of Brazil, under thick salt beds thousands of feet below the surface.
A host of new discoveries or rosy prospects for large deposits also has energy companies drilling in the Chukchi Sea inside the Arctic Circle, deep in the Amazon, along a potentially huge field off South America’s northeast shoulder, and in the roiling waters around the Falkland Islands.
“A range of big possibilities for oil are opening up,” said Juan Carlos Montiel, as he directed a team from the state-controlled company YPF to drill while a whipping wind brought an autumn chill to the potentially lucrative fields here outside Añelo. “With the exploration that is being carried out, I think we will really increase the production of gas and oil.”
Because oil is a widely traded commodity, analysts say the upsurge in production in the Americas does not mean the United States will be immune to price shocks. If Iran were to close off the Strait of Hormuz, stopping tanker traffic from Middle East suppliers, a price shock wave would be felt worldwide.
But the new dynamics for the United States — an increasingly intertwined energy relationship with Canada and more reliance on Brazil — mean U.S. energy supplies are more assured than before, even if oil from an important Persian Gulf supplier is temporarily halted.
The fracking ‘revolution’
Perhaps the biggest development in the worldwide realignment is how the United States went from importing 60 percent of its liquid fuels in 2005 to 45 percent last year. The economic downturn in the United States, improvements in automobile efficiency and an increasing reliance on biofuels all played a role.
But a major driver has been the use of hydraulic fracturing. By blasting water, chemicals and tiny artificial beads at high pressure into tight rock formations to make them porous, workers have increased oil production in North Dakota from a few thousand barrels a day a decade ago to nearly half a million barrels today.
Conservative estimates are that oil and natural gas produced through “fracking,” as the process is better known, could amount to 3 million barrels a day by 2020.
“We have a revolution here,” said Larry Goldstein, director of the Energy Policy Research Foundation in New York. “In 47 years in this business, I’ve never seen anything like this. This is the equivalent of a Category 5 hurricane.”
All of this has happened as exports from Mexico and Venezuela have fallen in recent years, a trend analysts attribute to mismanagement and lack of investment at the state-owned oil industries in those countries. Even so, there is a possibility that new governments in Mexico and Venezuela — Mexico elects a new president July 1, and Venezuelan President Hugo Chavez has cancer — could open the energy industry to the private investment and expertise needed to boost production, analysts say.
“There’s a lot of upside potential in Latin America that will boost the oil supply over the medium term,” said RoseAnne Franco, who analyzes exploration and production prospects in the region for the energy consultant Wood Mackenzie. “So it’s very positive.”
Political elements
Much of the exploration, though, will not be easy, cheap or, as in Argentina’s case, free of political pitfalls. Price controls on natural gas and import restrictions have made doing business in Argentina hard for energy companies. And last month, President Cristina Fernandez de Kirchner’s populist government stunned oil markets by expropriating YPF, the biggest energy company here, from Spain’s Repsol.
But the prize for energy companies is potentially huge. Repsol estimated this year that a cross section of the vast Dead Cow formation here in Neuquen province could hold nearly 23 billion barrels of gas and oil. That followed a U.S. Energy Information Administration report that said Argentina possibly has the third-largest shale gas resources after China and the United States.
“All the top-of-the-line companies are here,” said Guillermo Coco, energy minister of Neuquen province, including ExxonMobil, Chevron and Royal Dutch Shell. Although only about 200 wells have been drilled, Coco said companies here talk of drilling 10,000 or more in the next 15 years.
Wells on the horizon
On a recent day here in a dusty spot called Loma La Lata, German Perez oversaw a team of 30 technicians from the Houston-based oil- services giant Schlumberger as they prepared to frack a well.
The operation was huge: Trucks lined up with revving generators. Giant containers brimmed with water. Hoses used for firing chemicals into wells littered the ground. Cranes hoisted huge bags of artificial sand into mixers. Then, 1,200-horsepower pumps blasted water, chemicals and sand nearly 9,000 feet into the earth. “This is a hard rock, so we create countless cracks and fissures, for the gas and oil to flow,” Perez said.
Staring at the stark landscape, broken up here and there by oil rigs, Perez said he thought many companies would one day arrive in search of oil and gas. “The projections are pretty good,” he said. “In our case, we have been here a year and a half and we have tripled the equipment we have. And we think we will double that in another year.”

China e Japao: guerra por algumas ilhotas?

Situação deveras preocupante no (?) Mar da China, ou Mar do Japão? Seria ridículo que os dois países se enfrentassem militarmente a esse propósito.
Duas soluções, que nenhum dos dois Estados tomará: levar o caso a arbitragem internacional, como sempre se fez em casos semelhantes; levar o caso à CIJ, da Haia, que poderia dar seu aviso sobre o caso.
Infelizmente, essas soluções não aparecem factíveis, por uma série de motivos...
Paulo Roberto de Almeida

MALOUINES BIS – Pour une île, Chine et Japon pourraient se déclarer la guerre

Photo aérienne des îles Kitakojima et Minamikojima, de l'archipel Senkaku.
Les deux géants économiques du continent asiatique se sont lancés dans un bras de fer diplomatique. Motif de cette querelle de voisinage : la question de l'appartenance des îles Senkaku, appelées îles Diàoyútái par la Chine, qui les revendiquent depuis les années 60. Ces huit îles et rochers japonais, situés dans la mer de Chine orientale, sont l'objet de toutes les convoitises, du fait des gisements potentiels d'hydrocarbures situés à proximité. En outre, l'emplacement est stratégique pour la marine chinoise, qui considère la mer de Chine du Sud comme une "zone d'intérêt vital".
La situation s'est envenimée ces dernières semaines entre Pékin et Tokyo, comme le relate Slate. La Chine a en effet annulé la semaine dernière une visite officielle au Japon, pour raisons d'"agenda". Mais d’après l’agence d’information japonaise Kyodo, reprise par le Tokyo Times,  "l’annulation constitue un signe de protestation contre l’occupation par le Japon" de ces îles.
"Ça devient vraiment un casus belli"
Cité par Slate, Kazuhiko Togo, le directeur de l’Institut des affaires mondiales à l’université de Kyoto, estime la situation inquiétante : "Nous avons besoin de nous préparer militairement et, en même temps, nous devons faire tous les efforts diplomatiques possibles pour combler la distance entre Tokyo et Pékin. Ça devient vraiment un casus belli."
La lutte pour ce petit territoire avait déjà menacé la relation bilatérale entre les deux pays en 2010, quand la marine japonaise avait arrêté le capitaine d'un bateau chinois près de ces îles. Des marches antijaponaises avaient notamment été organisées dans des villes chinoises de province, et Pékin avait réagi avec brutalité en prenant d'importantes mesures de rétorsion économique.
En 2011, les autorités chinoises avaient de nouveau revendiqué le territoire, affirmant que "depuis les temps anciens, les îles Diaoyu et les eaux adjacentes ont fait partie du territoire chinois et [que] la Chine maintient une souveraineté indiscutable sur elles". La situation semble inextricable, et pourrait bien mener à un conflit semblable à la guerre des Malouines, qui avait opposé l'Argentine et la Grande-Bretagne.