O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Infraestrutura logistica: muito pouco, muito tarde...

Só um governo comandado por gente extremamente incompetente ou totalmente idiota, poderia deixar essa situação perdurar por tanto tempo, com extremo desprezo pelas perdas incorridas pelo setor mais dinâmico da economia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida 

Sete obras desatam o nó que estrangula a economia brasileira

O Brasil é o maior produtor mundial de soja, café, suco de laranja e cana de açúcar. Está na segunda posição em carne bovina e na terceira na produção de aves e no cultivo de milho. Todo esse desempenho exuberante se dá apesar da lastimável infraestrutura disponível. Porém, a conclusão e o início de operação de sete obras no coração do país, a região Centro-Oeste, também chamado de Brasil Central e única área ligada geograficamente às outras quatro regiões brasileiras, pode gerar uma economia de 30% no custo de transporte de produtos como soja e milho. Isso pode aproximar o custo de frete nacional ao do norte-americano, que é um terço do brasileiro.
Ao todo, o investimento estimado nos projetos, que têm previsão de início até o começo de 2015, é de 5 bilhões de reais (2,2 bilhões de dólares). A economia que trariam por ano, porém, é de 2,3 bilhões de reais por ano (1 bilhão de dólares), segundo dados reunidos por EL PAÍS, baseado em pesquisas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e doMovimento Pró-Logística do Mato Grosso.
São elas: as rodovias BR-163, no percurso entre Novo Progresso e Itaituba, no Pará (PA), que não está incluído no leilão que será realizado nesta quarta-feira; a BR-158, da região do Alto do Araguaia, no Mato Grosso (MT), até Marabá (PA); a BR-242, entre Sorriso e Canarana, ambas no MT; e a BR-080, de Ribeirão Cascalheira (MT) a Luiz Alves, em Goiás. Essas estradas servirão para alimentar os sistemas portuários da região Norte. Além delas, é necessária a integração pela Hidrovia Tapajós-Amazonas (PA), na região Norte, a partir da localidade de Miritituba (PA), até a região de Santarém. De lá, as cargas serão levadas a dois portos, que estão sendo ampliados: o primeiro instalado em Vila do Conde, no Pará, e o de Itaqui, no Maranhão, no Nordeste. Os três projetos têm previsão de conclusão em 2014. Quando em operação, cada viagem dos comboios de barcaças pela Hidrovia equivale ao carregamento de 1000 caminhões, que hoje precisam seguir até o porto de Santos, em São Paulo, a 2000 quilômetros de distância.

A falta de infraestrutura adequada engole parte do lucro que poderia ser revertido em mais investimentos
Essas obras servem para inverter a rota atual, que prioriza trajetos terrestres irracionais, seja por via rodoviária, seja pela ferrovia Malha Norte, entre Rondonópolis (MT) e o saturado Porto de Santos, em São Paulo. O terminal paulista e o Porto de Paranaguá, no Paraná, ao Sul, são hoje destino de 70% da soja e de 80% do milho do Estado de Mato Grosso. A lógica é aproveitar algo elementar: geograficamente, o escoamento da produção proveniente do paralelo 16 – uma linha imaginária que corta uma área que vai da capital mato-grossense Cuiabá ao norte da Bahia, no Nordeste – tem mais viabilidade econômica pelos portos do Norte do que via Sudeste ou Sul.
“Da maneira como a infraestrutura está estruturada hoje temos um sistema perde-perde. O agricultor perde parte do que poderia receber por causa do custo do frete. O consumidor acaba pagando mais pelo produto. E quem transporta a carga também perde, pois a gasto de trafegar pelas estradas brasileiras é muito alto”, afirma Seneri Paludo, diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso(Famato).

GRÁFICO
O valor pago por uma saca de milho a um produtor na cidade de Sorriso, em Mato Grosso, é de 10,5 reais (4,6 dólares). Já em Cascavel, no oeste do Paraná, o agricultor recebe 18 reais (7,8 dólares). No caso da soja, um agricultor recebe em média 63 reais (27,5 dólares) por saca no Mato Grosso, enquanto no Paraná, que está mais próximo dos portos, o valor gira em torno de 67 reais (29,2 dólares). A diferença de valores reflete a situação desfavorável do agricultor do Centro-Oeste em função da logística desastrosa. A falta de infraestrutura adequada engole parte do lucro que poderia ser revertido em mais investimentos.

Colheitadeira em lavoura de soja no Mato Grosso. / Felipe Barros/Aprosoja
Esse quadro torna mais evidente a importância estratégica do Centro-Oeste: de lá, saem 42% dos grãos produzidos no país, o que faz dele uma forte âncora da cadeia do agronegócio, responsável por cerca de 25% do PIB do Brasil. A estrela desse processo é o Estado do Mato Grosso, dono da terceira maior área do País, atrás do Amazonas e do Pará. Nos últimos cinco anos, enquanto o país tropeçava para crescer a uma taxa de 3%, Mato Grosso teve fôlego para disparar sua expansão a uma taxa média anual de 8%. Nos últimos 20 anos, Mato Grosso quintuplicou sua produção e hoje sustenta, sozinho, uma fatia de 22% do mercado de grãos. Os recursos de toda essa pujança ajudaram a formar uma estrutura composta por organizações de pesquisa econômica e de representação política que estão entre as mais ativas do país.
Mas essa expansão poderia ser ainda maior, como avaliam os líderes das organizações do setor agrícola. “O agricultor acaba freando sua capacidade de produzir pela falta de capacidade do Estado de oferecer uma infraestrutura decente para entregar esse excedente”, diz Décio Tocantins, diretor da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão(Ampa). O Centro-Oeste é a área para onde, a partir da década de 1970, os agricultores da região Sul começaram a avançar, em busca de novas terras e de um clima mais regular e menos suscetível a quebras de colheitas. Por ter tido uma ocupação tardia, a região é a que mais padece do “apagão logístico”.
A falta de armazéns é outro dos grandes gargalos que aumenta a precariedade da estrutura de escoamento da produção. Devido ao déficit de espaço, estimado em 65 milhões de toneladas (cerca de 35% da produção total de grãos da última safra), as carretas servem de estoques ambulantes de grãos. Na época de colheita, uma cena triste, que infelizmente se incorporou à rotina brasileira, é a de toneladas de grãos que passam semanas ao relento e, com frequência, apodrecem.

O agricultor acaba freando sua capacidade de produzir pela falta de capacidade do Estado de oferecer uma infraestrutura decente para entregar esse excedente”, diz Décio Tocantins
O Governo Federal sinalizou que faria do assunto prioridade, e em agosto deste ano, anunciou um plano de investir 25 bilhões de reais em infraestrutura de estocagem. A ideia é que, durante os próximos cinco anos, 5 bilhões de reais (2,2 bilhões de dólares) em recursos subsidiados a uma taxa anual de 3,5% sejam direcionados a esses projetos. O gesto foi visto com bons olhos pelo setor.
Até agora, porém, nem um centavo foi liberado. “Os projetos estão sendo analisados e esses recursos devem começar a chegar aos beneficiários até o 2014”, afirmou uma fonte do Ministério da Agricultura responsável pela área.
“Nós vínhamos pedindo há muitas anos essa linha de crédito. Mas a demora é sempre muito frustrante”, diz Glauber Silveira, presidente daAprosoja, entidade que representa os produtores de grãos do Mato Grosso.
Corrigir esses problemas vai determinar se o país deixará esses nós estrangulando seu potencial ou se vai preferir desatá-los, mantendo-se como um potência competitiva no mercado internacional de produtos agrícolas.



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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A era do Nunca Antes: Autopsia de um Embuste - Marco Antonio Villa

O livro de Villa é a autópsia de um embuste

Na edição de VEJA que está nas bancas, comentei o livro mais recente de Marco Antonio Villa: Década Perdida ─ Dez Anos de PT no Poder. Segue-se o texto revisto e ampliado:
(Foto: Roberto Stuckert Filho)


(Foto: Roberto Stuckert Filho)

É muito milagre para pouco verso, constatam os brasileiros sensatos confrontados com o samba-enredo que canta as façanhas produzidas entre janeiro de 2003 e dezembro de 2013 pela fábrica de fantasias administrada pelo governo do PT. A letra garante que Lula, escalado pela Divina Providência para dar um jeito na herança maldita de FHC, só precisou de oito anos para fazer o que não fora feito em 500 ─ e repassar a Dilma Rousseff uma Pasárgada da grife Oscar Niemeyer. E a sucessora só precisou de meio mandato para passar a presidir uma Noruega com praia, sol de sobra, Carnaval e futebol pentacampeão.
O único problema é que, até agora, nenhum habitante do país real conseguiu enxergar esse prodígio político-administrativo. Nem vai conseguir, avisa a leitura de Década Perdida ─ Dez Anos de PT no Poder (Record; 280 páginas; 45 reais), do historiador Marco Antonio Villa. O Brasil maravilha registrado em cartório nunca existiu fora da imaginação dos pais, parteiros e tutores do embuste mais longevo da era republicana. Para desmontar a tapeação, bastou a Villa exumar verdades reiteradamente assassinadas desde o discurso de posse do produtor, diretor, roteirista e principal personagem da ópera dos farsantes.
“Diante das ameaças à soberania nacional, da precariedade avassaladora da segurança pública, do desrespeito aos mais velhos e do desalento dos mais jovens; diante do impasse econômico, social e moral do país, a sociedade brasileira escolheu mudar e começou, ela mesma, a promover a mudança necessária”, decolou Luiz Inácio Lula da Silva ao pendurar no peito a faixa entregue por Fernando Henrique Cardoso. “Foi para isso que o povo brasileiro me elegeu presidente da República.” A chegada do Homem Providencial à terra devastada, sem rumo e órfã de estadistas abriu o cortejo de bazófias, bravatas e invencionices que, para perplexidade dos que enxergam as coisas como as coisas são, parece ainda longe do fim.
Nunca antes neste país tanta gente foi ludibriada por tanto tempo, comprova a didática reconstituição conduzida por Villa. Nunca se mentiu tão descaradamente sem que um único e escasso político oposicionista se animasse a denunciar, sem rodeios nem eufemismos, a nudez obscena do reizinho. Em férias desde o início do século, a oposição parlamentar assistiu passivamente à montagem do Evangelho Segundo Lula, uma procissão de fraudes que enfileira pelo menos um assombro por ano.
Já no primeiro, o salvador da pátria conferiu a todos os viventes aqui nascidos ou naturalizados o direito de comer três vezes por dia. E a fome acabou. No segundo, com a reinvenção do Bolsa Família, estatizou a esmola. E a pobreza acabou. Não pôde fazer muito em 2005 porque teve de concentrar-se na missão de ensinar a milhões de eleitores que o mensalão nunca existiu — e livrar os companheiros gatunos do embarque no camburão que só chegaria em 2013. Indultado liminarmente pela oposição e poupado pela Justiça, o camelô de si mesmo atravessou os anos seguintes tentando esgotar o estoque de proezas fictícias.
Festejou o advento da autossuficiência na produção de petróleo, rebaixou a marolinha o tsunami econômico, proibiu a crise americana de dar as caras por aqui, condenou a seca do Nordeste a morrer afogada nas águas transpostas do Rio São Francisco, criou um sistema de saúde perto da perfeição e inaugurou mais universidades que todos os doutores que o precederam no cargo, fora o resto. E sem contar o que andou fazendo depois de nomear-se conselheiro do mundo.
Dilma teve de conformar-se com o pouco que faltava. Fantasiou de “concessão” a privatização dos aeroportos, por exemplo. Por falta de fregueses, criou o leilão de um lance só para desencalhar o pré-sal. Acrescentou alguns metros à Ferrovia do Sarney. Obrigada a cuidar da inflação em alta e do PIB em baixa, deixou para depois o trem-bala mais lento do mundo. Mas melhorou extraordinariamente a paisagem do país já desprovido de pobres ao anunciar pela TV a completa erradicação da miséria.
Haja vigarice, gritam os fatos e estatísticas que Villa escancara numa narrativa clara, irrefutável e contundente. Lula escapou do naufrágio graças à política econômica de FHC, que não se atreveu a mudar, e à bonança financeira mundial só interrompida no crepúsculo do segundo mandato. Sobrou para Dilma Rousseff: o “espetáculo do desenvolvimento” prometido pela herdeira só não perde em raquitismo para os de Floriano Peixoto e Fernando Collor, os dois mais retumbantes fiascos econômicos do Brasil republicano. Alheio aos problemas políticos e administrativos que comprometem o futuro da nação, o projeto do governo do PT está reduzido a um tópico só: eternizar-se no poder.
“O partido aparelhou o Estado”, adverte Villa. “Não só pelos seus 23 000 cargos de nomeação direta. Transformou as empresas e bancos estatais, e seus poderosos fundos de pensão, em instrumentos para o PT e sua ampla clientela. Estabeleceu uma rede de controle e privilégios nunca vista na nossa história. Em um país invertebrado, o partido desmantelou o que havia de organizado através de cooptação estatal. Foram distribuídos milhões de reais a sindicatos, associações, ONGs, intelectuais, jornalistas chapa-branca, criando assim uma rede de proteção aos desmandos do governo: são os tontons macoutes do lulopetismo, os que estão sempre prontos para a ação.”
O Brasil perdeu outra década. O PT ficou no lucro. E Lula ganhou mais do que todos.



Brazil: um corrupto ordinario (como muitos outros)

Brazil Is Entranced by a Tale of Love, Taxes and Bribery
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RIO DE JANEIRO — There were the boxes of Cuban cigars, which cost about $500 each at a shop in Vila Nova Conceição, one of the most exclusive districts of São Paulo, and the $2,260 bottles of Vega Sicilia Único, a legendary Spanish red. Throw in a Porsche Cayenne, speedboat jaunts to tropical islands and all-night soirees with high-end escorts, and what do you get?
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The unlikely lifestyle of a Brazilian tax inspector.
In one of the most salacious corruption scandals to captivate Brazil in years, the municipal government of São Paulo, the nation’s largest city, is reeling from revelations of a scheme in which investigators claim that a group of tax inspectors allowed construction companies to evade more than $200 million in taxes in exchange for bribes.
“We always had marvelous dinners, excellent trips by private plane to Angra dos Reis,” Vanessa Alcântara, 27, the former companion of one of the inspectors charged with accepting bribes, said in a televised interview, referring to the oceanfront city that is a playground for Brazil’s elite.
The titillating details of the scandal are emerging as an offshoot of a custody battle between Ms. Alcântara and Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, 41, a low-ranking São Paulo official. Brazilians are absorbing their confessions and accusations against one another, some of which have been nationally televised, in a case that underlines how political corruption remains entrenched despite landmark efforts to send corrupt officials to jail.
So far, the scandal has tinged the administration of São Paulo’s current mayor, Fernando Haddad, and of his predecessor, Gilberto Kassab. Investigators say the bribes to Mr. Magalhães and his colleagues were largely used to gain approval for real estate projects.
A top aide to Mr. Haddad, Antonio Donato, resigned after tax inspectors implicated in the scheme told prosecutors that some of the bribes were channeled to Mr. Donato when he was a city councilman. Mr. Donato denied that claim on Tuesday, and Mr. Haddad said in a statement that his administration put an end to the inspectors’ actions shortly after he took office this year.
Intercepts of phone calls by Mr. Magalhães suggest that he met Ms. Alcântara in 2011 at Bamboa, a São Paulo nightclub frequented by prostitutes. She disputes that account, which Mr. Magalhães repeated over the weekend on the Globo television network, contending that they met when she tried to sell him a cellphone plan.
But when it comes to living high from ill-gotten gains, the estranged couple seem to agree on a lot of things.
Mr. Magalhães, who chose to cooperate with investigators after his arrest in October, described how developers delivered bags of cash, some containing about $30,000, on a weekly basis to his office. The money was then divided among four municipal officials, he said, recounting how he burned through much of his haul by spending more than $4,500 a night on prostitutes.
“I spent because the money was coming in,” he said. “I wanted to live.”
In telephone intercepts and newspaper interviews, Ms. Alcântara said she and Mr. Magalhães, who had a child together, would count the money in her living room, on occasion finding more than $180,000 on their hands. Prosecutors estimate his fortune at $8 million, an amount difficult to reconcile with his annual salary of about $82,000.
Ms. Alcântara said he used some of the money to decorate her apartment at a cost of $50,000, and local newspapers have reported that they would splurge on $2,200-a-night suites at a designer hotel and meals at steakhouses with $380 bottles of Charmes-Chambertin Grand Cru, a coveted French wine.
The high life apparently ended when Ms. Alcântara became enraged over what she saw as the meager monthly child support Mr. Magalhães offered her after they separated, prompting her to talk to prosecutors.
As is sometimes the case in the cycle of Brazilian corruption scandals, celebrities can emerge from such intrigue.
One aspirant to such status is Nagila Coelho, 38, a personal trainer who is now a romantic companion of Mr. Magalhães. She is planning to start her own line of bikinis, according to a report in Folha de São Paulo, a Brazilian newspaper. Ms. Alcântara, meanwhile, is mulling a venture into politics.
She said she already had a slogan: “Being a thief is easy; I’ll be honest amid all the thieves.”

Lis Horta Moriconi contributed reporting.

Big Brother tragicomico na Venezuela, ou prepotente-ridiculo, outotalitario-histrionico

Menos para os jornalistas, claro. Estes são sempre culpados se as notícias são ruins...
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela desabastecimiento

Fiscalía de Venezuela contra periodistas por hablar de la escasez

Infolatam
Caracas, 26 noviembre 2013
Las claves
  • Diario 2001 señaló en un titular en primera página que los "usuarios se quejan por la falta de gasolina de 91 octanos", que las "estaciones de servicio reciben menos de la mitad de combustible de hace tres años" y que "consumidores hacen colas de hasta dos horas para surtirse".
El Ministerio Público de Venezuela citó hoy a declarar al presidente y a los vicepresidentes del Diario 2001 de Caracas a los que acusa de “información falsa” por un titular sobre una supuesta escasez de combustibles.
Andrés de Armas, presidente de la empresa editorial Bloque De Armas, propietaria del diario, deberá presentarse este miércoles, en tanto que los dos vicepresidentes, Martín de Armas y Armando de Armas, fueron citados para los próximos 2 y 4 de diciembre, respectivamente, detalló la Fiscalía en una nota de prensa.
Las citaciones, añadió el texto, “forman parte de la investigación iniciada el pasado 9 de octubre, ante la denuncia interpuesta en el Ministerio Público acerca de un plan desestabilizador” y “un día después fue publicada una información falsa como titular de primera página en el Diario 2001″.
Diario 2001 señaló en un titular en primera página que los “usuarios se quejan por la falta de gasolina de 91 octanos”, que las “estaciones de servicio reciben menos de la mitad de combustible de hace tres años” y que “consumidores hacen colas de hasta dos horas para surtirse”.
El presidente venezolano, Nicolás Maduro, reaccionó entonces contra los dueños del diario, afirmando que había que meterlos en la cárcel y que lo que estaban haciendo era un delito.
Con posterioridad, a principios de noviembre, un equipo de periodistas del mismo diario fueron arrestados durante unas horas en una jornada de venta de alimentos a precios bajos organizada por el Gobierno, debido a que, según la dirección del medio, habían registrado incidentes en las colas.
Mandaron a los periodistas “a provocar violencia”, dijo entonces Maduro sobre los directivos del Bloque De Armas.
Buena parte de los diarios tradicionales venezolanos son reiteradamente acusados por el Gobierno de estar alineados a favor de la oposición e incluso de formar parte de supuestos planes conspiradores que denuncia periódicamente.
Maduro ha venido lanzando en los últimos meses acusaciones contra diarios y propietarios de medios de comunicación por lo que considera tratamiento sesgado de las informaciones y ha pedido boicotearlos.
La Defensoría del Pueblo interpuso en un tribunal de menores la semana pasada una acción judicial por “infracción a la protección debida” contra el diario El Universal por una fotografía que mostró en portada una mano y una mancha de sangre de una víctima de secuestro.
La imagen provocó un “gran impacto visual” que vulneró “la integridad psíquica de los niños, niñas y adolescentes” y su “derecho a recibir información adecuada a su desarrollo integral y el derecho a la salud”, argumentó la Defensoría del Pueblo.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Um contrato exemplar, um trabalhador exemplar, uma hipocrisia excepcional, do Stalin Sem Gulag...

O Stalin Sem Gulag está zombando da sociedade brasileira: faria o mesmo em uma prisão em regime fechado?
PRA

JOSÉ DIRCEU JÁ ASSINOU CONTRATO PARA SER GERENTE DE HOTEL POR R$ 20 MIL 
Luiz Orlando Carneiro 
Jornal do Brasil, 26/11/2013

O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu – condenado na ação penal do mensalão a 10 anos e 10 meses de prisão, mas já cumprindo no regime semiaberto a pena de 7 anos e 11 meses por corrupção ativa – conseguiu um contrato de trabalho, cuja cópia já foi enviada ao ministro Joaquim Barbosa, relator da AP 470. O contrato com o Hotel Saint Peter, no centro de Brasília – que depende da aprovação do juiz da Vara de Execução Penal do Distrito Federal para ser cumprido durante o dia – prevê um salário de R$ 20 mil para a prestação de serviços como gerente administrativo. O horário de trabalho é das 8h às 17h, com uma hora de intervalo de almoço. 
Na petição enviada ao Supremo Tribunal Federal, o advogado de José Dirceu, José Oliveira Lima, lê-se: “No contrato de trabalho (...), o St. Peter Hotel ainda faz constar a informação de que ‘tem plena ciência e anui com as condições do empregado, no sentido de cumprir a atividade laboral, seja no tocante a horário, seja por outra exigência a qualquer título, relativamente ao regime profissional semiaberto ou outro a que seja determinado pelo poder judiciário para cumprimento da pena a que foi submetido em razão da condenação na Ação Penal 470, em trâmite perante o STF”. 

O contrato 
O contrato apensado aos autos do processo tem a assinatura da gerente geral do hotel, Valéria Linhares. Documentos em anexo informam que a gerente foi contratada em agosto de 2012 com salário de “R$ 1.800”; que o hotel é de propriedade de Paulo Masci de Abreu e de uma empresado Panamá, a Truston International Inc. O contrato tem vigência inicial de 45 dias, prorrogáveis pelo mesmo tempo. 
Numa ficha preenchida por José Dirceu, anexada à petição, lê-se – além dos nomes dos pais e outros dados pessoais – que ele é “católico”, gosta de fazer caminhadas, assistir a filmes e de viajar. 

À pergunta de por que gostaria de trabalhar em hotel, o réu do mensalão respondeu: “Necessidade e por apreciar hotelaria e a área administrativa”.

A insustentavel leveza do comercio internacional: OMC fracassa, mais uma vez...

Alguém esperava um sucesso? Alguém está ligando para a OMC?
Paulo Roberto de Almeida

Azevêdo reconhece fiasco nas negociações da OMC
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 26/11/2013

GENEBRA  -  
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, disse hoje que vai informar aos ministros, na conferência de Bali, na semana que vem, que não foi possível "encontrar convergência" para um acordo de liberalização comercial.
Segundo fontes que acompanham as discussões na plenária, fechada à imprensa, Azevêdo frisou que vai dizer aos ministros que ficou "realmente perto" o alcance de um resultado positivo, mas, que uma vez mais, não se chegou à reta final.
Conforme Azevêdo, "o fiasco em Bali terá graves consequências para o sistema multilateral de comércio". "A maioria de vocês sabe disso", sustentou em reunião com 159 países.
O fiasco, nota o diretor-geral, nao é só para a OMC e para o sistema multilateral, como também para as populações, os empresários e, sobretudo, para os mais vulneráveis.
"Ninguém em qualquer parte do mundo vai viver melhor se fracassamos em Bali", disse Azevêdo, segundo participantes da reunião.
Para ele, o pior de tudo é que o fiasco não tem justificativas. Insistiu que nada que está na mesa exige dos membros que vá além do que é possível.

Existem Palacios e moradas; Despesas e despesas; algumas MAIUSCULAS, outras normais, ate minusculas

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 26/11/2013:


Economizar, jamais

A coluna Diário do Poder (www.diariodopoder.com.br), de Cláudio Humberto, faz uma comparação impressionante entre Brasil e Estados Unidos. O Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro, tem 4.600 funcionários; a Casa Branca, sede do Governo americano, tem 460 funcionários. O presidente americano mora e trabalha na Casa Branca. O presidente brasileiro trabalha no Palácio do Planalto, mora no Palácio da Alvorada e dispõe da Granja do Torto; tem também à disposição o Palácio Rio Negro, em Petrópolis.

E a mania de palácios à vontade não é exclusiva dos presidentes, seja qual for seu partido: o governador de São Paulo mora e trabalha no Palácio dos Bandeirantes, tem um palácio no Horto Florestal, em São Paulo, tem outro palácio em Campos do Jordão. Para que? Para nada.

The British way

O primeiro-ministro britânico mora e trabalha numa casa em Downing Street, 10. A casa foi um presente do rei George 2º a seu principal ministro, Robert Walpole, por bons serviços prestados. Walpole aceitou o presente, desde que não fosse algo pessoal: a casa seria utilizada por quem quer que ocupasse o cargo.

Existem Ordens, e ordens; alguns recebem, outros nao cumprem, ou cumprem...

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 26/11/2013


Os mais iguais

O artigo 231 do Estatuto do PT determina a expulsão de petistas condenados "por crime infamante ou práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado". Nenhum dos condenados com trânsito em julgado no processo do Mensalão foi expulso, ou teve o processo de expulsão iniciado.

O decreto 4.207/02 determina a cassação de medalhas oficiais de condenados com trânsito em julgado. José Dirceu tem a Medalha da Ordem do Mérito Militar; José Genoíno, a Medalha do Pacificador; Roberto Jefferson, a Medalha do Pacificador e a Ordem do Mérito Militar; Valdemar Costa Neto, a Medalha do Pacificador. A Medalha do Pacificador deve ser cassada por ato do comandante do Exército, general Enzo Peri; cabe ainda a ele notificar o Conselho da Ordem do Mérito Militar da situação dos condenados. Mas até agora ninguém se moveu, muito menos ele: essa história de obedecer às normas é para os menos iguais.

Brasil: um pais fascista que humilha seus cidadaos

Fascismo é quando o Estado diz, comanda, ordena o que você pode ou não pode fazer, certo?
Ou seja, você, como cidadão honesto, contribuinte, cumpridor dos seus deveres, não tem o direito de dispor dos seus recursos e ativos, mas depende de burocratas desse órgão fascista por excelência que é a Receita Federal para dizer o que você pode ou não pode fazer com o seu dinheiro.
Este é o Brasil do fascismo corporativo. 
Paulo Roberto de Almeida 

Receita Federal aplica R$ 10 mil em multas em fiscalização no aeroporto Salgado Filho

Trabalho tem como meta aumentar controle sobre mercadorias trazidas de voos internacionais

Zero Hora, 26/11/2013
Receita Federal aplica R$ 10 mil em multas em fiscalização no aeroporto Salgado Filho Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
Multas e tributações somaram R$ 10 mil na primeira manhã de Operação Ícaro, três vezes mais que o normalFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Com o aumento dos voos internacionais com destino ao aeroporto Salgado Filho, a Receita Federaldeu início nesta terça-feira, dia 26, à Operação Ícaro. O trabalho busca aumentar controle sobre o que é trazido pelos passageiros do exterior.
O limite atual de compras é de US$ 500 por pessoa. Além disso, também é proibida a entrada de alimentos e produtos de origem vegetal ou animal no país.
Até as 11h, cerca de 300 passageiros dos três voos internacionais que chegaram ao terminal da Capital foram fiscalizados. Segundo o chefe da equipe de fiscalização aduaneira da Receita Federal Paulo Roberto da Silva, a operação de hoje contou com o dobro de funcionários – seis, em vez dos três habituais – e com o uso de um scanner móvel, que é um equipamento no qual os fiscais fazem uma avaliação prévia das bagagens antes de encaminhar o passageiro para a área interna de fiscalização do aeroporto.
Nos três voos de hoje, foram aplicadas tributações e multas no valor de R$ 10 mil, contra R$ 3 mil registrados normalmente. O trabalho da Receita Federal segue ainda no início da tarde, quando chega ao Salgado Filho o voo com origem de Miami.
O trabalho intensificado da Receita deve seguir até o final da semana em Porto Alegre.

Divida Publica: parabens aos companheiros, conseguiram dobrar a coitadinha...

Será que o PIB dobrou em dez anos, para manter sua parte constante no volume de riquezas produzidas anualmente pelo país?
Paulo Roberto de Almeida

VEJA.com, 25/11/2013

A dívida federal, que contabiliza os endividamentos do governo nos mercados interno e externo, avançou 1,69% em outubro ante setembro, para 2,023 trilhões de reais, o maior da série histórica, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira. A dívida chegou ao patamar de 2 trilhões apenas uma vez, em dezembro de 2012, segundo a série do Tesouro. Mas ainda ficou abaixo dos 2,02 trilhões verificados em outubro. A série mostra ainda que a dívida pública dobrou entre 2004 e 2013.
Segundo o Tesouro, a dívida pública interna cresceu 1,91% em outubro, atingindo 1,934 trilhão de reais — impulsionada pelas emissões de títulos públicos no valor de 18,62 bilhões de reais e pagamento de juros de 17,53 bilhões de reais. Do total das emissões feitas no mês passado, o Tesouro emitiu 2,350 bilhões de reais para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), usada para financiar a redução das tarifas de energia. Já a dívida externa diminuiu de 2,73% em outubro para 88,5 bilhões de reais – contra 91,3 bilhões de reais no mês anterior.
Uma das principais causas do aumento da dívida na última década foi o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que recebeu 300 milhões de reais em repasses do Tesouro nos últimos quatro anos — na década, a dívida total aumentou em 1 bilhão de reais, ou seja, o BNDES responde por 30% do aumento.

Composição da dívida
Em relação à composição da dívida, os títulos prefixados atingiram 40,74% do total, ante 40,36% em setembro. Os papéis corrigidos pela inflação somaram 35,04% do total, ante 35,10% no mês anterior. Já os títulos atrelados aos juros básicos ficaram em 19,95% do total, menor que os 20,04% no mês anterior.Entre os detentores dos papéis, a participação dos investidores estrangeiros caiu em outubro para 16,91%, frente 17,22% em setembro.
(Com Reuters)

Kafka e a Muralha da China: por favor, me prendam, eu quero ser preso, eu imploro...

Kafkiano, realmente...
Paulo Roberto de Almeida

China: Wanted Exile’s Attempt to Surrender Is Rejected
By THE ASSOCIATED PRESS, November 25, 2013

The second most-wanted student leader from the 1989 Tiananmen Square pro-democracy protests was turned back from Hong Kong on Monday in his latest attempt to surrender to Chinese authorities and return home. It was the fourth such attempt by the former student leader, Wu’er Kaixi, who said his lack of success so far was the result of “absurd” actions by the Chinese government.

Mr. Wu’er, who has lived in exile in the United States and Taiwan for more than two decades, is stuck in a situation in which he is both wanted for arrest and, like many other dissidents who have fled, prevented from returning to China. Mr. Wu’er said in a blog post that he wanted to go back to China to see his ailing parents and other family members, whom he has not seen since he fled into exile 24 years ago. His parents have also been denied permission to visit him. He was named No. 2 on the Chinese government’s list of 21 wanted student leaders (behind Wang Dan) after the military crushed the 1989 protests, killing at least hundreds.

O Brasil deu certo? - Rubens Ricupero e Mansueto Almeida

Acho que a pergunta não é bem essa, pois aparece claramente, dos dados disponíveis, que o Brasil NÃO deu certo.
A pergunta é: quando é que o Brasil vai, finalmente, dar certo?
Minha resposta é: não sei. Pelo andar da carruagem, vai demorar muito, pelo menos enquanto não retificarmos todas, eu disse TODAS, as políticas atualmente em curso, macro, setoriais, sociais, educacionais, etc., enfim, tudo.
Paulo Roberto de Almeida 

RUBENS RICUPERO


O Brasil deu certo?
Nos anos de fastígio, o governo passou à sociedade brasileira a crença de que "o céu era o limite"
Em Zurique ou Seul ninguém precisa asseverar que a Suíça ou a Coreia do Sul deram certo. A frequência com que se vem fazendo essa afirmação entre nós indica que aumentaram ultimamente as dúvidas, já consideráveis no passado.
Em parte, isso tem a ver com os protestos. Demoliram a ilusão de que o Brasil se tornara um país "normal", no qual as massas não precisavam descer às ruas para suprir falhas das instituições. Outra razão: a economia não cresce, e, um a um, todos os estímulos fracassaram.
Cedo ou tarde se esgotarão os recursos para transferências sociais, inviabilizando continuar a reduzir a pobreza e a desigualdade, acarretando a seguir a inelutável erosão dos ganhos conquistados.
De 1999 a 2012, segundo Mansueto de Almeida, as transferências de renda a famílias representaram a assombrosa porcentagem de 84% da alta da despesa não financeira do governo. A partir de 2003, a proporção superaria 91%! É óbvio não ser possível ir muito além disso.
A contrapartida não é apenas a falta de recursos para investir. Já não haverá dinheiro para mais nada, nem para inevitáveis aumentos de salários de funcionários. Se a expansão de gastos se devesse ao custeio da máquina governamental, conforme alegado por alguns, seria talvez mais fácil obter consenso na sociedade para reagir.
O problema é que num país com consciência de culpa pelo passado de escravidão e injustiça, "transferência social" soa como algo ilimitadamente desejável, do qual jamais se poderá ter o bastante. Não existe no Brasil nem de longe o horror moral que os americanos sentem pelos "entitlements", isto é, as garantias de transferência de dinheiro sem contrapartida.
Depende da liderança política a iniciativa de educar o país a fazer a distinção entre o mais e o menos desejável nas transferências, que vão da Bolsa Família aos benefícios do INSS, da Loas para idosos e doentes, aos mais abusados seguro-desemprego e abono salarial.
Nos anos de fastígio, o governo passou à sociedade a crença de que "o céu era o limite". Tomou por prova de que o Brasil tinha dado certo para sempre o que não passava do efeito da maré que, ao subir, eleva todos os barcos. Elogiava-se o presidente porque, em seu governo, todos ganhavam e ninguém perdia.
Agora que a maré começou a baixar, não há espaço para que todos ganhem e os conflitos distributivos voltam a aparecer, constituindo um dos elementos dos recentes protestos. Evitar que eles polarizem e radicalizem a sociedade como nos anos 1960 e na Venezuela e Argentina de hoje vai ser o desafio existencial do próximo governo.
Como tudo prenuncia a reeleição de governo que não passou no teste da realidade, alguns concluíram que teremos quatro anos de declínio lento e gradual, na melhor das hipóteses. Esses tentam se proteger como podem. Não é porque o Brasil deu certo que uma em cada dez vendas de imóveis em Nova York tem brasileiro como comprador.
Aos outros resta a esperança de que uma equipe econômica renovada regenere a economia e que de alguma maneira a mesma liderança convença políticos e sociedade a moderar o apetite distributivo.
(Folha de São Paulo, 25/11/2013)
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O nosso dilema: O Brasil deu certo?


Gostei muito do artigo do embaixador Rubens Ricupero na sua coluna de hoje no jornal Folha de São Paulo (a seguir). O embaixador mostra de forma muito clara o nosso dilema:
“Nos anos de fastígio, o governo passou à sociedade a crença de que "o céu era o limite". Tomou por prova de que o Brasil tinha dado certo para sempre o que não passava do efeito da maré que, ao subir, eleva todos os barcos. Elogiava-se o presidente porque, em seu governo, todos ganhavam e ninguém perdia.......Agora que a maré começou a baixar, não há espaço para que todos ganhem e os conflitos distributivos voltam a aparecer, constituindo um dos elementos dos recentes protestos”.
O nosso dilema é exatamente esse. Não há como, na próxima década, simplesmente fazer mais do mesmo. Aumentar todos os gastos sociais como fizemos desde 1999 e que foi possível porque a economia crescia mais rápida pelo efeito positivo de mais de uma década de reformas aliado ao boom de commodities. Daqui para frente terremos que fazer escolhas.
O comportamento do gasto público no Brasil nos últimos anos foi planejando de tal forma que se passou para a sociedade a sensação que poderíamos ter políticas distributivas muito ativas, recuperando nossas desigualdades de séculos em pouco mais de duas décadas, e ainda usufruir de um estado ativo na promoção de empresas e setores. Essa conta não fecha e só conseguimos viabilizar temporariamente esse modelo do “ganha-ganha” porque os gastos sociais tomaram conta da quase totalidade do orçamento e os estímulos setoriais passaram a ser financiados pelo crescimento da dívida bruta e empréstimos para bancos públicos.
Não há como ter um país que cresce como a China e tem políticas sociais na magnitude do Brasil, dado o nosso nível de renda per capita. As pessoas esquecem que o gasto público total (juros inclusive) no Brasil, em 2012, foi próximo a 40% do PIB, ante 25% do PIB da China de acordo como FMI. Adicionalmente, segundo as Nações Unidas, a China tem uma razão de dependência da (população idosa sobre população economicamente ativa) de 12,7%, ante 11.8% para o Brasil. No entanto, a China gasta com previdência 2.5% do PIB e Brasil 12% do PIB. Os brasileiros não querem ser a China.
Gasto Social no Brasil -2011/2012 - 23,5% do PIB
Gasto social PIBGasto social PIB
Fonte: SIAFI, Banco Mundial, Balanço do Setor Público. Elaboração: Mansueto Almeida
Na verdade, apenas o chamado gasto social público do Brasil (23,5% do PIB) é praticamente equivalente ao gasto total do setor público da China (25% do PIB) – ver gráfico em pizza acima. Assim, não dá para falar em “Chisil”– uma mistura de China e Brasil. Isso é uma aberração teórica e não ajuda no debate. O debate foi colocado muito bem e de forma sucinta pelo embaixador Rubens Ricupero no seu artigo.

Iran: programa nuclear continua, a despeito de todo o otimismo ocidental - entrevista Akbar Hashemi Rafsanjani

Rafsanjani says final Iran deal could come within a year

By Najmeh Bozorgmehr, Lionel Barber and Roula Khalaf in Tehran
Financial Times, November 25, 2013

Akbar Hashemi Rafsanjani, one of Iran’s most influential political leaders, has raised hopes of a comprehensive nuclear deal with world powers within a year.
In a rare interview with the Financial Times in Tehran, Mr Rafsanjani, 79, declared that Sunday’s interim deal was the hardest step because it meant overcoming decades of diplomatic estrangement with the US going back to the 1979 Islamic revolution.
“It was breaking the ice, the second stage will be more routine,” said the former two-term Iranian president, sitting serenely in his book-lined office in an elegant Tehran palace that once belonged to the late Shah, who was ousted in the revolution.
Many analysts in Tehran and Washington warn that the next phase of negotiations will be very difficult, partly because Israel continues to believe that Iran is covertly on course to develop a nuclear bomb and partly because of differing expectations in Tehran and western capitals about how much further ground Iran is prepared to give.
But Mr Rafsanjani was determinedly optimistic. “Part of it [the breakthrough] was because talking to the US was a taboo. That taboo could not be easily broken and nuclear talks could not move ahead without the US.”
He said Iran had no interest in developing nuclear weapons and dismissed Israeli threats of a military strike to curb its nuclear programme. “Israel is so small; no small fish can eat big fish.”
Mr Rafsanjani is leader of the so-called conservative pragmatists who have long argued against Iran’s international isolation, and were alarmed by the confrontational policies of the former hardline president, Mahmoud Ahmadi-Nejad.
Western officials view Mr Rafsanjani as a barometer of the fractious Islamic regime’s willingness to adopt more pragmatic policies abroad.
In the interview, the top cleric, who heads the Expediency Council, which drafts policy, and wields considerable influence behind the scenes, referred to the ruinous damage to the economy wrought by sanctions and the populist policies adopted by Mr Ahmadi-Nejad.
Interactive

As Iran agrees a historic deal to limit its nuclear programme in exchange for an easing of tough international sanctions, this guide profiles seven key nuclear sites around the country
He expressed hope of a turnround in the economy in the next two years, especially if foreign investors come in and support sectors such as aviation, the oil and gas sectors, petrochemicals, shipping and railroads.
Despite being barred from running in the June presidential election (“ill-wishers did not let me run,” he says), Mr Rafsanjani struck an alliance with reformers that helped to catapult his ally Hassan Rouhani to the presidency.
But the more rational approach of Mr Rafsanjani, who has now seen many of his fellow “Rafsanjani-ites” appointed to Mr Rouhani’s administration, was vindicated. “The people recognised the way the country was run would not benefit them.”
He made clear that Iran has no intention of abandoning its nuclear programme, but rather intended to bring it in line with the 1968 Non-Proliferation Treaty that allows for the peaceful development of nuclear power.
This mirrors the view of the Iranian government, which would like to preserve its low-level uranium enrichment programme while providing sufficient assurances, through inspections and other forms of compliance, that it will not divert nuclear material for more sinister use.
“The limitations set by international laws are acceptable to us. The Non-Proliferation Treaty is acceptable to us. Anything more than that would be considered imposed on us.”
“The [Iranian] people recognised the way the country was run would not benefit them
- Akbar Hashemi Rafsanjani, head of Iran’s Expediency Council
Mr Rafsanjani and his allies have been worried about growing tensions with Saudi Arabia, not just over the nuclear programme but also over Iran’s interference in various crises in the Arab world, particularly Syria.
Tehran has actively backed President Bashar al-Assad’s regime financially and militarily, while Saudi Arabia has supplied funds and weapons to the rebels. The stand-off between Shia Iran and Sunni Saudi Arabia has exacerbated sectarian strains across the region.
Mr Rafsanjani is one of the few Iranian political figures who has enjoyed good relations with Saudi leaders. In the interview, he said he was ready to travel to Riyadh and had been invited by King Abdullah to perform last month’s hajj, the Muslim pilgrimage. His intention would be “to reassure them [the Saudis] that friendship with Iran benefits the region and both countries.”
But he hinted that Iran’s leaders first needed to agree on policies of de-escalation. A future trip needed preparation and a decision within Iran on “how we are going to deal with [Saudi Arabia] in a win-win situation.”
Mr Rafsanjani acknowledged that Iran “can play a better role” in Syria than it is doing now, but said the fate of Mr Assad would ultimately be decided by Syrians.
“If the Syrian people accept it, it seems to be no problem [for Assad to step down]  . . .,” he said. “We have no right to interfere,” he added.

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