Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 1 de fevereiro de 2015
O Imperio do Algodao: uma historia global - Sven Beckert (book)
Paulo Roberto de Almeida
Reflexao da semana: George Orwell on book reviewing
Confessions of a Book Reviewer
George Orwell
- Confessions of a Book Reviewer, 1946 [L.m./F.s.: 2013-08-30 / 0.16 KiB]
- ‘The best practice, it has always seemed to me, would be simply to ignore the great majority of books and to give very long reviews — 1,000 words is a bare minimum — to the few that seem to matter...’
- Texto completo neste link:
- http://orwell.ru/library/articles/reviewer/english/e_bkrev
Miseria do Capital no Seculo 21: a proposito do livro do Piketty - Paulo Roberto de Almeida (Mundorama)
Paulo Roberto de Almeida
Miséria do Capital no Século 21: A propósito do livro de Thomas Piketty, por Paulo Roberto de Almeida
Piketty, Thomas. Capital in the Twenty-First Century. Cambridge, MA: Belknap Press, 2014, 696 p.Paulo Roberto de Almeida é diplomata e professor do Centro Universitário de Brasília – Uniceub (@pauloalmeida53)
Petrobras ja virou lixo, com merito - Editorial O Globo
E o lulopetismo desestabilizou a Petrobras
A maior crise na história da empresa é causada por um partido de esquerda e não pelos “neoliberais” tucanos, nem os ‘entreguistas’ de todos os matizes
A maior crise da história da Petrobras tem começo, meio e ainda não se sabe o fim. É certo que ela será uma empresa menor, depois da baixa patrimonial que terá de fazer para refletir os efeitos dramáticos produzidos em seus ativos pelo lulopetismo: desde a rapina patrocinada por esquemas político-partidários — do PT, PP, PMDB, por enquanto — a decisões de investimento voluntaristas, sem cuidados técnicos, e também inspiradas por preferências políticas e ideológicas.
No mais recente fiasco da diretoria e Conselho de Administração — a divulgação do balancete do terceiro trimestre do ano passado sem auditoria e registro contábil da roubalheira do petrolão —, foi revelado que, da análise de 31 ativos da companhia, resultou a estimativa de que eles estariam superavaliados em astronômicos R$ 88,6 bilhões.
Não apenas pelos desvios do petrolão, mas por mau planejamento e mudanças de parâmeros como dólar e preço do petróleo. Sobre a corrupção em si, o Ministério Público do Paraná informa que a Operação Lava-Jato, a que está desbaratando a quadrilha da estatal, permitiu a denúncia contra responsáveis por desvios de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões, bloqueados na forma de bens de réus. Para comparar: no mensalão foram R$ 140 milhões.
O começo da hecatombe foi a entrega da estatal ao lulopetismo sindical, de que José Sérgio Gabrielli é símbolo. Ex-presidente da estatal, ele foi denunciado devido a evidências de superfaturamento em obras do centro de pesquisa da estatal.
Diretores passaram a ser apadrinhados por políticos/partidos, e assim abriram-se as portas do inferno. O próprio Lula fez uso político da estatal, ao impor a construção de refinarias inviáveis no Maranhão e no Ceará, para contentar os Sarney e os Gomes (Cid e Ciro). Elas acabam de sair dos planos da estatal, mas, só em projetos, desperdiçaram R$ 2,7 bilhões. A Abreu e Lima, por sua vez, um ícone do superfaturamento, surgiu de conversas entre Lula e o caudilho Hugo Chávez — sem que a Venezuela investisse na refinaria.
Na quinta, a agência Moddy’s rebaixou todas as notas de risco da estatal, colocando-a no limiar da perda do “grau de investimento”. Abaixo desse nível, os títulos da empresa entram na faixa do “junk”, “lixo”. Com méritos.
Entzauberung petista: petistas sinceros abandonam o barco dos petralhas
Ao Presidente do Municipal do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras de Caruaru
Sr. Adilson Lira
Venho por meio deste, comunicar que, em discussão realizada pelo grupo ‘Semeando Estrelas’, ficou determinado, imediatamente, a DESFILIAÇÃO COLETIVA de 32 integrantes do PT de Caruaru.
Os motivos políticos que levaram a essa decisão são muitos. Assim sendo, solicitamos ao Diretório Municipal que encaminhe a Justiça Eleitoral os afastamento e registros de todos e todas na lista que segue em anexo.
Hérlon Cavalcanti
Presidente do coletivo ‘Semeando Estrelas’
Lista de nomes para DESFILIAÇÃO COLETIVA (conforme carta enviada ao Presidente do Municipal do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras de Caruaru Sr. Adilson Lira)
[32 nomes suprimidos]
sábado, 31 de janeiro de 2015
Petrobras: Le Monde diz que ela sinaliza todos os males do Brasil
“Petrobras simboliza todos os males do Brasil”, afirma o jornal francês Le Monde
Veras que um filho teu nao foge a luta: bem, chegou a hora então...
Lava Jato
Empreiteiras querem levar Lula e Dilma à roda da Justiça
Com os processos da Operação Lava-Jato a caminho das sentenças, as empreiteiras querem Lula e Dilma junto com elas na roda da Justiça
Veja.com, 30/01/2015
Questionario Google sobre a política externa companheira: teve um "ativa e altiva": Ufa!
Portugal e seus judeus sefarditas: 500 anos de atraso e de injusticas
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Politica externa: aos amigos, tudo? Aos demais, apenas o que sobrar? - Contribuicoes devidas pelo Brasil aos organismos internacionais
Pausa para... uma historia de papagaio - Mauricio David
Serve apenas para divertir...
E tomar um pouco do nosso tempo com coisas mais amenas...
Paulo Roberto de Almeida
Versão 2015 do filme "Rio" : em Copacabana, última semana de janeiro, um calor senegalês, o meu papagaio Martin (vulgo Perroquet) fugiu, provocando grande tumulto e a atrapalhando o trânsito, deixando um rastro de desolação e tristeza
Peça em sete atos
Ato 1, domingo à noite :
Visitas em casa, o general U. e o sueco Torsten, o Martin (vulgo "perroquet" ou "o pássaro"), dez anos de convivência, alegria dos netos e conversador inveterado ( "Bom dia, louro", "vai dormir, lourinho", "cadê o João", "cadê a Isabela", e cantador de musiquinhas tais como "Atirei o pau no gato, to- tô...") se solta da corrente mas termina por voltar para sua casa, para dormir... A Beatriz, que há dez anos o cuida como mãe postiça, deixa para colocar a corrente no dia seguinte porque o lourinho tem o temperamento da Dilma e está inquieto no jardim de inverno, querendo ir dormir.
Ato 2, segunda-feira :
Pela manhã chega o nordestino Silva, o faz-tudo a quem o Martin respeita e a única pessoa com quem se comporta docilmente ( o Silva é uma espécie de Lula, o único que consegue enquadrar a Dilma), mas o perroquet dá um jeito de escapulir e pela primeira vez, em dez anos de vida, alça vôo e vai pousar nas copas das árvores da rua Viveiros de Castro. Martin é cabeça dura - como a presidente - e resiste aos apelos para que desça da árvore. Todas as tentativas são em vão, desde os apelos da multidão que se aglomera na rua até a tentativa de atraí-lo com guloseimas e suas frutas prediletas...
A multidão vai aumentando no curso da manhã, alguém diz "tem que chamar os bombeiros", mas os bombeiros estão apagando incendio não sei onde, virão mais tarde. Aventureiros tentam subir nas árvores onde se refugia Martin (vulgo "Perroquet"), mas tudo em vão... A molecada de hoje em dia não sabe mais subir em árvores...
Chegam os bombeiros, fecham a rua e tentam com a escada Magirus chegar até o pouso do Martin... A rua em polvorosa, janelas cheias, calçadas regorgitando de palpiteiros, todas as tentativas dos bombeiros se frustram.
Os bombeiros se vão, porque começou um incendio não sei donde, mas prometem voltar mais tarde. Os palpiteiros continuam dando seus pitacos, os bombeiros voltam mais tarde, e nada... O Martin continua impecável e inamovível na copa dá árvore, parece até a Graça Foster na presidência da Petrobrás.
Chegam as rádios e televisões, a Bandeirantes transmitindo em direto, até a Marilene - a assessora do lar e cuidadora do Martin - é entrevistada ao vivo, a rua está em comoção.
Ato 3, terça-feira :
O Martin continua indiferente ao que se passa abaixo, no máximo repetindo os seus gritos de "dá o pé, louro" e "bom-dia, louro"...
Voltam os bombeiros e novas tentativas de resgate, em vão. Crescem as rodas de palpiteiros, alguém sugere contatar o batalhão de alpinistas do Exército, alguns mais afoitos tentam escalar as árvores para ver se capturam o lourinho. No final da tarde desci para dar uma caminhada no Saara (desculpe !, na praia de Copacabana) e fui cercado por gente na rua, perguntando se era a verdade que havia uma grande recompensa para quem recuperasse o lourinho. Alguém me diz que ouviu dizer que a recompensa seria de 15.000 reais, assustado corri antes que alguém ( ignorando que o BNDES não deu reajuste salarial este ano que passou aos seus funcionários) viesse com um papagaio na mão me cobrar.
Chovem telefonemas (até de outros municípios) de gente se oferecendo, a troco de uma "módica recompensa", para escalar a árvore e recuperar o Martin. Telefona um bombeiro, se oferecendo para "no seu dia de folga", capturar o a esta altura rebelde papagaio. Deixa o seu telefone, mas pede que não se fale com o seus comandante na corporação, apenas "diretamente com ele".
Ato 4, quarta-feira:
Passados dois dias e duas noites do Martin encarapintado na copa da árvore (desta vez já em uma diferente, vizinha da primeira), o Martin virou personagem da rua : vem gente fotografá-lo, as rodinhas continuam se formando, os boatos crescendo... Que a Ana Maria Braga queria levá-lo ao seu programa na TV, que o Boechat queria vir fazer uma entrevista ao vivo com ele... Tenho que comunicar aos netos do desaparecimento do Martin, Beatriz começa a se consolar com o inevitável, mas mantenho firme a esperança de que a ave, afinal !, premida pela fome e sede, terminará por descer da árvore voltar ao doce recesso do lar, onde é tratada diariamente com substitutos do caviar e da champagne.
Ato 5, quinta-feira pela manhã :
Eis senão quando toca o interfone hoje pela manhã : alguém achou o Martin caminhando tranquilamente pela Avenida Copacabana, como se fosse um velho aposentado do do BNDES ou da Petrobrás... O trânsito parou, até que alguém teve a idéia de pegar um saco e capturar o bichinho, trazendo-o para a portaria do meu (seu) prédio.
Ato 6, quinta-feira à tarde :
Restabelecida a paz e pago o resgate, aqui está o Martin gozando da parte que lhe toca da previdência complementar do meu fundo de pensão, livre dos ataques dos gaviões (que soube abundam em Copacabana, e eu que pensava que só estavam em Brasília...), comendo a sua goiabinha e aguardando a hora do " boa-noite, lourinho", "vai dormir, lourinho" que o Senhor reserva para os justos. E vou tratar de mandar pela rede para os netos a fotografia do Martin já restabelecido nos seus domínios, para que eles possam, por sua vez, dormir tranquilos...que amanhã tem neve nas ruas de Washington e frio e vento nas de Paris...
Ato 7, sexta-feira à tarde :
Equipe de televisão da TV Bandeirantes, que veio "entrevistar" o peralta no contexto de uma reportagem sobre o louro fujão...
Moral da história 1 : Mais vale uma gaiola social-democrata com casa, comida e roupa-lavada, que escapadas aventureiras nestes ceus controlados pelo Joaquim Levy e pela Dilma em sua fase neoliberal...
Moral da história 2 : Mas acho mesmo é que o meu papagaio é muito politizado e fugiu porque não estava aguentando este governo Dilma...Ou seria o calor ? Ou o governo Dilma 2 combinado com o calor senegalês?
Por Zeus !
Mauricio David
Choque dentro de uma civilizacao: o caso do blogueiro condenado a MIL chibatadas - Mario Machado
Paulo Roberto de Almeida
A punição Raif Badawi
Mario Machado
Coisas Internacionais, 30 Janeiro 2015 08:59 AM PST
Ontem escrevi en passant sobre os conflitos internos sobre os rumos das civilizações e sobre as forças de manutenção cultural tendem a se valer de leis draconianas para artificialmente coibir a força natural pela mudança que existe em qualquer agrupamento humano e como a comparação (facilitada pela migração e tecnologia) entre civilizações pode ser uma força importante.
Um exemplo, extremo desse fenômeno é a punição administrada ao blogueiro saudita Raif Badawi, 1.000 chibatadas. Acredito que nem a mais relativista das almas consegue não se escandalizar diante das 1.000 chibatadas.
O The Guardian fez uma boa seleção de citações do blog (hoje encerrado, obviamente) de Badawi destaco algumas, que são analises sobre a realidade de seu país e de sua ‘civilização’.
Sobre liberdade de expressão e inovação:
As soon as a thinker starts to reveal his ideas, you will find hundreds of fatwas that accused him of being an infidel just because he had the courage to discuss some sacred topics. I’m really worried that Arab thinkers will migrate in search of fresh air and to escape the sword of the religious authorities.
Secularismo:
Secularism respects everyone and does not offend anyone ... Secularism ... is the practical solution to lift countries (including ours) out of the third world and into the first world.
e;
I’m not in support of the Israeli occupation of any Arab country, but at the same time I do not want to replace Israel by a religious state ... whose main concern would be spreading the culture of death and ignorance among its people when we need modernisation and hope. States based on religious ideology ... have nothing except the fear of God and an inability to face up to life. Look at what had happened after the European peoples succeeded in removing the clergy from public life and restricting them to their churches. They built up human beings and (promoted) enlightenment, creativity and rebellion. States which are based on religion confine their people in the circle of faith and fear.
Sobre o terrorismo de inspiração islâmico:
What hurts me most as a citizen of the area which exported those terrorists ... is the audacity of Muslims in New York that reaches the limits of insolence, not taking any regard of the thousands of victims who perished on that fateful day or their families. What increases my pain is this [Islamist] chauvinist arrogance which claims that innocent blood, shed by barbarian, brutal minds under the slogan “Allahu Akbar”, means nothing compared to the act of building an Islamic mosque whose mission will be to ... spawn new terrorists ... Suppose we put ourselves in the place of American citizens. Would we accept that a Christian or Jew assaults us in our own house and then build a church or synagogue in the same area of the attack? I doubt it. We reject the building of churches in Saudi Arabia, not having been assaulted by anyone. Then what would you think if those who wanted to build a church are the same people who stormed the sanctity of our land? Finally, we should not hide that fact that Muslims in Saudi Arabia not only disrespect the beliefs of others, but also charge them with infidelity to the extent that they consider anyone who is not Muslim an infidel, and, within their own narrow definitions, they consider non-Hanbali [the Saudi school of Islam] Muslims as apostates. How can we be such people and build ... normal relations with six billion humans, four and a half billion of whom do not believe in Islam.
As mil chibatadas em Badawi são um drama humanitário e uma história tristemente exemplar sobre os conflitos internos nas civilizações e nos lembram uma vez mais como é incompleta a explicação do terrorismo e autoritarismo somente pela luta de civilizações, ou como culpa do imperialismo “ianque” (como gostam de dizer).
Não entendam esse texto como uma apologia de uma pretensa superioridade do ocidente que seria o exemplo máximo, por que no seio do ocidente os mesmos temas estão presente e causam acalorados debates, mas é aí que reside o ponto, não é mesmo? Afinal, é contra um debate amplo com alternativas múltiplas que se insurgem os radicais, claro que dão nomes como ocidentalização e infiéis, por que como sabemos palavras além de sua carga semântica, carregam uma forte carga emocional.
Mario Machado
Os grandes crimes da humanidade: companheiros turcos fazem genocidio contra os armenios
A revista francesa L' Histoire, deste mês de janeiro, também traz um dossiê especial sobre esse genocídio.
O jornal Le Monde também publicou um dossiê a respeito.
Paulo Roberto de Almeida
Read more at: http://carnegieendowment.org/2015/01/27/great-catastrophe-armenians-and-turks-in-shadow-of-genocide/i0ph?mkt_tok=3RkMMJWWfF9wsRolv6vMZKXonjHpfsX66%2B0qXqOg38431UFwdcjKPmjr1YAFRcd0aPyQAgobGp5I5FEIQ7XYTLB2t60MWA%3D%3D
http://carnegieendowment.org/2015/01/27/great-catastrophe-armenians-and-turks-in-shadow-of-genocide/i0ph?mkt_tok=3RkMMJWWfF9wsRolv6vMZKXonjHpfsX66%2B0qXqOg38431UFwdcjKPmjr1YAFRcd0aPyQAgobGp5I5FEIQ7XYTLB2t60MWA%3D%3D
L'Histoire:
Arméniens : le premier génocide du XXᵉ siècle
Par Boris Adjemian, Taner Akçam, Annette Becker, Hamit Bozarslan, Pierre Chuvin, Vincent Duclert, François Georgeon, Raymond Kévorkian, Claire Mouradian, Mikaël Nichanian et Yves Ternon.http://www.histoire.presse.fr/mensuel/408