O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O Imperio do Algodao: uma historia global - Sven Beckert (book)

Acabo de terminar de ler este livro, que recomendo vivamente, por se tratar, realmente, de uma história global do algodão, de sua cultura, de seu comércio e sobretudo de sua industrialização, o primeiro empreendimento da revolução industrial e a primeira indústria verdadeiramente global, com seu centro em Manchester, depois se espalhando pelo mundo inteiro. A informação disponível sobre o Brasil é da melhor qualidade, baseada em nossos historiadores econômicos, em teses universitárias e no famoso livro do brasilianista Stanley J. Stein, The Brazilian Cotton Manufacture. Transcrevo aqui a parte final, por mim traduzida, de suas referências ao Brasil, quando a industrialização realmente deslancha:

“As três décadas pós-1892 foram chamadas de a idade do ouro da manufatura brasileira de algodão. Foi na sequência da emancipação da escravidão que as elites manufatureiras ganharam mais influência sobre o governo e conseguiram induzir políticas coerentes com os seus interesses, especialmente tarifas. Em 1860, a tarifa sobre o algodão era tão baixa quanto 30% sobre o valor das importações, em 1880 ela tinha dobrado para 60%, e, depois de batalhas delongadas, elas se elevaram para 100% em 1885. Elas ainda ascenderam em 1886, em 1889 e em 1900. As tarifas protecionistas de 1900 permaneceram então em vigor durante três décadas, criando um mercado protegido altamente lucrativo para os fabricantes. Como resultado, em torno de 1920, 75 a 85% de todos os produtos de algodão usados no Brasil eram fiados e fabricados internamente. Um inglês disse com grande pesar em 1921 que '21 anos atrás o Brasil era um excelente mercado para Manchester... Primeiramente os tecidos ordinários caíram fora, e agora todos esses bens estão sendo fabricados no país, e apenas os de qualidade superior ficaram para ser importados'”. p. 400, frase do inglês citado, no livro de Stanley Stein, p. 101."

Um grande livro de história econômica e de história do capitalismo.

Paulo Roberto de Almeida  

Sven Beckert: The Empire of Cotton: A Global History 

 (New York: Alfred A. Knopf, 2014, 616 p.; ISBN: 978-0-375-41414-5)

About The Book

9780375414145Cotton is so ubiquitous as to be almost invisible, yet understanding its history is key to understanding the origins of modern capitalism. Sven Beckert’s rich, fascinating book tells the story of how, in a remarkably brief period, European entrepreneurs and powerful statesmen recast the world’s most significant manufacturing industry, combining imperial expansion and slave labor with new machines and wage workers to change the world. Here is the story of how, beginning well before the advent of machine production in the 1780s, these men captured ancient trades and skills in Asia, and combined them with the expropriation of lands in the Americas and the enslavement of African workers to crucially reshape the disparate realms of cotton that had existed for millennia, and how industrial capitalism gave birth to an empire, and how this force transformed the world.

The empire of cotton was, from the beginning, a fulcrum of constant global struggle between slaves and planters, merchants and statesmen, workers and factory owners. Beckert makes clear how these forces ushered in the world of modern capitalism, including the vast wealth and disturbing inequalities that are with us today. The result is a book as unsettling as it is enlightening: a book that brilliantly weaves together the story of cotton with how the present global world came to exist.

Reflexao da semana: George Orwell on book reviewing

Confessions of a Book Reviewer

George Orwell

Confessions of a Book Reviewer, 1946 [L.m./F.s.: 2013-08-30 / 0.16 KiB]
‘The best practice, it has always seemed to me, would be simply to ignore the great majority of books and to give very long reviews — 1,000 words is a bare minimum — to the few that seem to matter...’
 
 Texto completo neste link: 
http://orwell.ru/library/articles/reviewer/english/e_bkrev

Miseria do Capital no Seculo 21: a proposito do livro do Piketty - Paulo Roberto de Almeida (Mundorama)

O boletim Mundorama publicou uma pequena reflexão que eu havia feito em dezembro último ao ler o livro do Piketty. Segue abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Miséria do Capital no Século 21: A propósito do livro de Thomas Piketty, por Paulo Roberto de Almeida

global-economies
 
 
 
 
 
 
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Mundorama, 31/01/2015

Economistas são seres simplistas, por definição. Eles costumam basear suas equações sobre a criação de renda e riqueza a partir de três fatores produtivos básicos: trabalho, capital e recursos naturais. Muitos outros economistas já tentaram introduzir nessas equações um outro fator: o capital humano, ou conhecimento. Mas, por diversos motivos, este acréscimo ainda não se tornou de uso comum na ciência econômica. Em todo caso, a riqueza das pessoas costuma ser medida sob diferentes formas: em fluxos de renda, que é aquela derivada do trabalho, e em estoques da riqueza acumulada, que costuma ser chamada de patrimônio, e que por sua vez pode ser imobilizado (imóveis, iates, carros, etc.) ou utilizado para a criação de novas riquezas, sob a forma de ativos líquidos, os quais produzem o que comumente se chama de rendas do capital.
A dinâmica populacional – composição, distribuição etária e qualidade da mão-de-obra – varia muito de um país a outro, e influencia bastante a criação de renda e de riqueza, cujos fluxos e estoques acompanham as variações e natureza daquela. Ainda que o capital (bastante) e as pessoas (menos) possam viajar pelo mundo, não existe uma autoridade global e uma única fonte de regulação dos fluxos e estoques em posse das pessoas. Os Estados nacionais mantêm jurisdições próprias, com regras diferentes para o tratamento impositivo desses fluxos e estoques, o que dificulta a concepção de um instrumento uniforme e universalmente aplicável de taxação de renda e riqueza.
Sobre isso, se sobrepõem diferentes concepções sobre como devem ser tratadas (ou seja, taxadas) as diferentes formas de renda e riqueza. As filosofias em vigor na história do mundo moderno podem ser divididas, grosso modo, entre o liberalismo, que acha que a criação de renda e riqueza deve ficar sob a competência dos indivíduos, com um mínimo de interferência dos Estados nacionais, e o marxismo” (ou variantes do socialismo), que acha que esses Estados devem regular as rendas do trabalho e as do patrimônio em benefício de todos, transferindo fluxos de renda e seus estoques entre as pessoas, segundo critérios determinados por políticos e burocratas desses Estados.
Existem neste mundo êmulos de Marx, em todas as partes, para todos os gostos e para todas as finalidades, alguns deles – pode ser o caso do francês Piketty – até mais espertos do que a maioria dos crentes, aproveitando-se da adesão de muitos na teoria do valor-trabalho para aumentar o seu próprio capital às custas desses muito crentes, que acham que o capital só pode aumentar às custas do trabalho. Essa concepção sobre o valor-trabalho – a única coisa errada aceita por Adam Smith – não leva em conta o chamado capital humano, que os próprios economistas penam a integrar em suas equações. Os êmulos de Marx acham que os Estados devem taxar mais as rendas do capital para distribuir entre os que possuem apenas rendas do trabalho, o que supostamente tornaria o mundo mais igualitário, ou menos desigual.
O problema todo é que essa recomendação marxista não deriva de nenhuma análise econômica sobre a criação de renda e riqueza, sendo apenas e tão somente uma recomendação política, baseada numa filosofia do igualitarismo. Essa filosofia orienta os Estados a avançarem sobre o capital, ou seja, sobre o estoque de riqueza das poucas pessoas muito ricas (que por definição são sempre em menor número), para distribuí-la entre os que só dispõem apenas dos fluxos de pagamentos derivados do seu trabalho. Ela tem tido algum sucesso ao redor do mundo, uma vez que as pessoas dependendo do seu trabalho são sempre em maior número, formando a vasta maioria dos votantes nas modernas democracias de mercado.
Esse tipo de recomendação aproxima a política econômica do modelo de sociedade recomendada pelos marxistas, que é aquela na qual não existiria renda do capital, e nenhuma riqueza acumulada, na qual todas as rendas do trabalho seriam igualitária e equitativamente divididas pelo Estado. Não é preciso aqui grandes digressões, com base em equações econômicas ou em séries estatísticas históricas de renda e de riqueza, para constatar que esse tipo de sociedade não funcionou, e que os únicos exemplos reais na história – o socialismo de tipo soviético e seus êmulos ao redor do mundo foram notórios fracassos econômicos na criação de renda e riqueza, só conseguindo se manter à custa de enorme repressão política, que produziu grande infelicidade humana (total falta de liberdade, e até mesmo alguns milhões de mortos).
Um modelo mais ameno desse tipo de igualitarismo radical – mas falso, uma vez que os que controlam o Estado se apropriam de uma parte importante das rendas do “valor-trabalho – é o socialismo moderado dos regimes de tipo socialdemocrata, em vigor em diversas democracias modernas de mercado, basicamente na Europa, com contrafações disso no resto do mundo. Uma consulta às estatísticas correntes mais frequentes relativas à criação de renda e riqueza nas últimas décadas (dados da OCDE, por exemplo) demonstra que o crescimento de todas as formas de renda e riqueza foi maior naqueles países onde foi menor a apropriação de fluxos e estoques de renda e riqueza pelos próprios Estados. Não se trata aqui de opinião ou filosofia política, mas de uma constatação simples, e direta, a partir de uma correlação entre níveis de carga fiscal dos países e suas taxas de crescimento do PIB per capita, independentemente da distribuição social dessas formas de riqueza. Maior taxação, menor crescimento, ponto.
Isso nos traz de volta ao “capital do século 21”, proposto por Piketty, que acaba de provar que a desigualdade vem aumentando no mundo, baseada no aumento dos fluxos e estoques de rendimentos obtidos pelo capital, sobre os simples rendimentos do trabalho. Ele também acha que governos devem taxar mais o patrimônio e as rendas dos muito ricos, pois o problema seria a existência de poucas pessoas muito ricas – e que tendem a enriquecer cada vez mais –, não a existência de um imenso contingente de pobres, ou de pessoas moderadamente ricas (classe média). Independentemente dos problemas de agregação de dados e de processamento da informação estatística, o que parece inevitável, dado o amplo espectro de valores e a grande dispersão cronológica com os quais Piketty trabalhou, o que mais parece contestável em sua tese é justamente o argumento de que a riqueza tende a caminhar mais rapidamente do que o crescimento econômico geral das economias de mercado.
Tal tese que, em sua formulação sintética, r > g, tende a assumir ares de grande síntese genial, um pouco ao estilo da famosa equação einsteiniana, E=mc2 – parece contradizer a lógica formal dos processos econômicos e a própria evolução civilizatória das sociedades humanas, cada vez mais educadas e mais sofisticadas intelectualmente, com amplo acesso à educação superior por amplas camadas de indivíduos e grupos. Pode ser que patrimônio e a riqueza de forma geral, passem por processos temporários e parciais de acumulação preferencial e de concentração em certos grupos e indivíduos, em geral vinculados a atividades financeiras e comerciais; mas daí a transformar essa constatação numa nova “lei geral da acumulação capitalista no século 21”, como parece pretender Piketty, vai uma grande distância. Assim como ocorreu com as teses de Marx, ela também vai ser provavelmente desmentida pela evolução das sociedades capitalistas.
Piketty prefere empobrecer os ricos a enriquecer os pobres. Pela experiência visual que já tivemos no século 20, esse tipo de empreendimento pode ser mais um desastre econômico e social à espreita, do que propriamente uma forma de criar o verdadeiro capital do século 21, baseado no conhecimento. Distribuir o dinheiro dos ricos entre os pobres vai tornar as sociedades mais ricas? Duvidoso que ocorra, a menos de dirigir todos os recursos para aumentar e melhorar o capital social: conhecimento.
Piketty, Thomas. Capital in the Twenty-First CenturyCambridge, MA: Belknap Press, 2014, 696 p.
Paulo Roberto de Almeida é diplomata e professor do Centro Universitário de Brasília – Uniceub (@pauloalmeida53)

Petrobras ja virou lixo, com merito - Editorial O Globo


E o lulopetismo desestabilizou a Petrobras

A maior crise na história da empresa é causada por um partido de esquerda e não pelos “neoliberais” tucanos, nem os ‘entreguistas’ de todos os matizes

por 
Num enredo de realismo fantástico aplicado à política, o lulopetismo, corrente hegemônica do PT, partido de esquerda, é que se tornou o maior algoz da Petrobras, nas seis décadas de história da estatal, ícone da própria esquerda. Não foram o “neoliberalismo” da social-democracia tucana nem os “entreguistas” de todos os matizes o carrasco da companhia, como petistas sempre denunciaram. Bastaram 12 anos de administração comandada pelo PT para a maior empresa brasileira, situada também com destaque em rankings internacionais, chegar ao ponto de não ter acesso ao mercado global de crédito, devido ao alto risco que representa.
A maior crise da história da Petrobras tem começo, meio e ainda não se sabe o fim. É certo que ela será uma empresa menor, depois da baixa patrimonial que terá de fazer para refletir os efeitos dramáticos produzidos em seus ativos pelo lulopetismo: desde a rapina patrocinada por esquemas político-partidários — do PT, PP, PMDB, por enquanto — a decisões de investimento voluntaristas, sem cuidados técnicos, e também inspiradas por preferências políticas e ideológicas.
No mais recente fiasco da diretoria e Conselho de Administração — a divulgação do balancete do terceiro trimestre do ano passado sem auditoria e registro contábil da roubalheira do petrolão —, foi revelado que, da análise de 31 ativos da companhia, resultou a estimativa de que eles estariam superavaliados em astronômicos R$ 88,6 bilhões.
Não apenas pelos desvios do petrolão, mas por mau planejamento e mudanças de parâmeros como dólar e preço do petróleo. Sobre a corrupção em si, o Ministério Público do Paraná informa que a Operação Lava-Jato, a que está desbaratando a quadrilha da estatal, permitiu a denúncia contra responsáveis por desvios de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões, bloqueados na forma de bens de réus. Para comparar: no mensalão foram R$ 140 milhões.
O começo da hecatombe foi a entrega da estatal ao lulopetismo sindical, de que José Sérgio Gabrielli é símbolo. Ex-presidente da estatal, ele foi denunciado devido a evidências de superfaturamento em obras do centro de pesquisa da estatal.
Diretores passaram a ser apadrinhados por políticos/partidos, e assim abriram-se as portas do inferno. O próprio Lula fez uso político da estatal, ao impor a construção de refinarias inviáveis no Maranhão e no Ceará, para contentar os Sarney e os Gomes (Cid e Ciro). Elas acabam de sair dos planos da estatal, mas, só em projetos, desperdiçaram R$ 2,7 bilhões. A Abreu e Lima, por sua vez, um ícone do superfaturamento, surgiu de conversas entre Lula e o caudilho Hugo Chávez — sem que a Venezuela investisse na refinaria.
Na quinta, a agência Moddy’s rebaixou todas as notas de risco da estatal, colocando-a no limiar da perda do “grau de investimento”. Abaixo desse nível, os títulos da empresa entram na faixa do “junk”, “lixo”. Com méritos.

Entzauberung petista: petistas sinceros abandonam o barco dos petralhas

Desculpem a recaída no sociologuês: Entzauberung é uma expressão de origem weberiana que quer dizer desencantamento do mundo, um pouco como os processos de laicização ocorridos no Ocidente pós-Reforma.
Bem, mas parece que a cidadela da justiça social, convertida em valhacouto de bandidos, está desencantando os militantes sinceros, de donde crece la palma, que preferem abandonar o navio a continuar pagando para a Nova Classe, a Nomenklatura que rouba, ordena que se roube mais, e ainda quer continyar roubando ad infinitum.
Mas geralmente esse pessoalzinho, que acredita que o capitalismo é intrinsecamente malvado, vai alimentar outros partidecos salvacionistas que pretendem ainda construir o verdadeiro socialismo.
Paulo Roberto de Almeida

Desfiliação em massa no PT. Cresce o número  de pessoas que abandonam o partido em todo o país.
O número de filiados descontentes com o Partido dos Trabalhadores tem sido uma das maiores preocupações da cúpula do PT nos últimos meses, Embora seja um assunto mantido em sigilo, eventualmente fontes internas vazam casos de dezenas de desfiliações diárias em praticamente todo o país.
A onda antipetista que atinge o partido entre a população e também internamente tem causado bastante desconforto entre os dirigentes. As contribuições financeiras dos filiados estão caindo a níveis tão preocupantes que o partido já determinou o combate à corrupção interna, que também é grande. Temendo o pior, o PT aprovou uma nova regra que agiliza os processos de punição a corruptos. A expectativa é de um expurgo imediato dos quadros partidários.
Um bom exemplo da debandada vem do PT de Caruaru, que perdeu de uma só vez 32 filiados. A grande baixa ocorre após a desfiliação de militantes históricos da sigla, a exemplo de Paulo Naílson, Tânia Bazante e professor Reginaldo. De acordo com Mário Flávio, em seu blog, os mais de 30 ex-integrantes estão ligados a Hérlon Cavalcanti, que também deixou o PT.
Na ocasião, foi divulgada uma carta coletiva que o leitor acompanha abaixo:

Carta de desfiliação coletiva do PT de Caruaru
Ao Presidente do Municipal do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras de Caruaru
Sr. Adilson Lira

Venho por meio deste, comunicar que, em discussão realizada pelo grupo ‘Semeando Estrelas’, ficou determinado, imediatamente, a DESFILIAÇÃO COLETIVA de 32 integrantes do PT de Caruaru.
Os motivos políticos que levaram a essa decisão são muitos. Assim sendo, solicitamos ao Diretório Municipal que encaminhe a Justiça Eleitoral os afastamento e registros de todos e todas na lista que segue em anexo.

Hérlon Cavalcanti
Presidente do coletivo ‘Semeando Estrelas’

Lista de nomes para DESFILIAÇÃO COLETIVA (conforme carta enviada ao Presidente do Municipal do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras de Caruaru Sr. Adilson Lira)
[32 nomes suprimidos]
Em Pernambuco, Cerca de 20 pessoas protocolaram a saída, maior parte deles compõem a tendência Lutas e Massas (PTLM), liderada pelo membro da Executiva Nacional, Gilson Guimarães. “Identificamos que o PT de Pernambuco está totalmente desconectado com a realidade social” declarou, ao justificar a debandada em massa.
As perspectivas de Guimarães são ainda mais sombrias para o futuro do PT no estado. “O primeiro momento é construir um diálogo, com os outros filiados – somos quase 5.000 – para construir um debate e definir o nosso rumo”, observou. De acordo com ele, a expectativa é que alguns membros do PTLM deixem o partido.
Em São Paulo, a situação não é diferente. Antes mesmo do pronunciamento de Marta Suplicy onde previu o fim do partido, vários militantes de peso já haviam abandonado a legenda. Lula está muito preocupado com a saída “negociada” de Marta, pois isso pode causar mais uma sangria nas fileiras do partido. Segundo aliados próximos do ex-presidente, Lula estaria disposto a atuar como articulador de uma saída de Marta do partido para evitar que a ex-prefeita e ex-ministra da Cultura provoque danos ainda maiores ao governo e ao PT.
Desde que disponibilizou o formulário de contato no topo do site para seus leitores, a redação do Domínio do Fato tem recebido centenas relatos de pessoas decepcionadas com o PT. Muitos são filiados e simplesmente deixaram de recolher a contribuição partidária. Pelo estatuto da legenda, filiados são obrigados a pagarem a chamada contribuição partidária. Há casos extremos, onde pessoas mudaram de endereço para fugir do embaraço de sua ligação com o partido.
@muylaerte

sábado, 31 de janeiro de 2015

Petrobras: Le Monde diz que ela sinaliza todos os males do Brasil

Ingenuidade do reporter: ele ainda vai tomar conhecimento de todos os outros males dos petralhas, e não do Brasil principalmente, contra o país e contra os brasileiros.
Ademais dos crimes comuns, como esses da Petrobras (mas deve ser o mesmo em outras estatais e todos os demais órgãoa públicos), existem todos os crimes econômicos que derivam de políticas e medidas equivocadas e que provocam imensas perdas financeiras, além do chamado custo-oportunidade.
Paulo Roberto de Almeida

29 de janeiro de 2015

“Petrobras simboliza todos os males do Brasil”, afirma o jornal francês Le Monde

Olho do furacão – A corrupção e os maus resultados do balanço da Petrobras são tema de duas reportagens na grande imprensa francesa nesta quinta-feira (29). O diário econômico Les Echos afirma que o Brasil “se afunda no escândalo”, enquanto o vespertino Le Monde, em chamada de capa, afirma que “a Petrobras simboliza todos os males do Brasil”.
Ilustrada com uma foto da presidente Dilma Rousseff levando as mãos ao rosto, o artigo do correspondente no Rio de Janeiro afirma que a multinacional pagou propinas durante dez anos, “principalmente para a coalizão que está no poder”, notadamente o PT, o PMDB e o PP. “Nenhum grupo industrial personificou tanto a ascensão do Brasil, e nenhum se viu no coração de um escândalo. Atingido pela revelação de um sistema de corrupção e de propinas generalizado, o gigante petroleiro se tornou em alguns meses o símbolo de todos os males do Brasil”, afirma o repórter Nicolas Bourcier.
O artigo de página inteira faz um resumo da trajetória da empresa nos últimos anos, a partir do seu auge, no final dos anos 2000, com a descoberta do pré-sal – quando a presidente Dilma Rousseff chegou a afirmar que “Deus era brasileiro” –, até o atual estado, com a divulgação de um balanço, na última quarta-feira (28), revelando a deterioração das contas da empresa. O balanço omite os custos da corrupção e não contou com auditoria da consultoria PwC, que se recusou a avalizar o documento.
O Le Monde reproduz os três cenários possíveis para o futuro da empresa elencados pela revista brasileira Exame. No cenário otimista, o preço do barril do petróleo sobe, a empresa reconhece a corrupção e suas ações sobem 60%. No cenário intermediário, o preço sobe menos, o ritmo das construções de plataformas diminui, mas a produção de petróleo aumenta. No cenário pessimista, o valor do barril se aproxima dos US$ 75 e a empresa precisará pagar uma multa de R$ 340 milhões, contando com o BNDES para se salvar. “O risco de um desmantelamento da empresa ou de uma divisão das atividades com vistas em uma privatização parcial é evocado”, diz o Le Monde.
Les Echos: “Brasil afunda”
A publicação do balanço financeiro do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras ganhou destaque no diário econômico francês Les Echos, que não poupa críticas à situação da empresa e suas repercussões para a imagem do país. O escândalo é revelador do nível de corrupção praticado no Brasil, diz o texto da reportagem publicada na edição desta quinta-feira (29).
“O Brasil se afunda no escândalo político financeiro da Petrobras” é o título de uma reportagem ilustrada com uma foto da presidente Dilma Rousseff e da presidente da Petrobras, Graça Foster, vestidas com o macacão da empresa durante a campanha presidencial, em setembro do ano passado.
“Foi durante a noite, quase na clandestinidade que o gigante brasileiro do petróleo publicou seu balanço… do terceiro trimestre de 2014!”, exclama o jornal, lembrando que a divulgação dos dados era aguardada desde novembro e havia sido adiada duas vezes.
No entanto, o balanço ainda é oficioso porque ainda não passou pelo crivo de auditores externos, informa o jornal. A presidente da empresa admitiu que ainda não é possível avaliar com precisão a extensão dos estragos provocados pela corrupção e sua depreciação nos ativos da empresa.
E não foi por falta de procurar, ironiza Les Echos. Os especialistas adotaram um método que identificou um buraco de R$61,4 bilhões, mas a empresa preferiu usar as regras e exigências das comissões de regulação das bolsas de valores do Brasil e dos Estados Unidos para exibir dados mais confiáveis. Nada disso deu garantias e resgatou a confiança dos investidores, constata o artigo.
O choque na Bolsa de São Paulo foi tão violento que o anúncio de que o lucro líquido da Petrobras caiu 38% em relação ao segundo trimestre do ano, e registrou queda de 9% na comparação com o terceiro trimestre de 2013, quase passou despercebido.
Situação desconfortável
Apesar do otimismo apresentado por Maria das Graças Foster com a chegada do executivo João Elek para pilotar o comitê de Governança, Risco e Conformidade da empresa, a situação atual da Petrobras não é nada confortável.
“Sem balanço oficial e muito endividada, a Petrobras não tem mais acesso aos mercados financeiros”, lembra Les Echos, que cita ainda o impacto negativo sobre os planos de investimentos e o abandono de vários projetos como a construção polêmica de duas refinarias.
Les Echos também destaca o pedido da presidente Dilma Roussef para que os envolvidos no escândalo de corrupção sejam punidos, “mas sem que a empresa saia prejudicada”. Descoberto há pouco menos de um ano, o escândalo da Petrobras continua provocando estragos e sua extensão se amplia a cada dia, enfraquecendo a maior empresa do país. “O caso Petrobras é revelador do alto grau da corrupção que persiste no Brasil”, afirma Les Echos. (Com RFI)

Veras que um filho teu nao foge a luta: bem, chegou a hora então...

O Partido Totalitário, na comemoração dos seus 35 aninhos de anacronismos, resoveu conspurcar o hino nacional, começando uma campanha sob o slogan: "Verás que um filho teu não foge à luta..."
Bem, está na hora então, de lutar para provar a "inocência da conivência"...
Vamos ver: a quem beneficiaram os crimes?
Paulo Roberto de Almeida

Lava Jato

Empreiteiras querem levar Lula e Dilma à roda da Justiça

Com os processos da Operação Lava-Jato a caminho das sentenças, as empreiteiras querem Lula e Dilma junto com elas na roda da Justiça

Rodrigo Rangel, Robson Bonin e Bela Megaele
Veja.com, 30/01/2015
SEM SAÍDA – Presos desde novembro do ano passado, os empreiteiros envolvidos no escândalo da Petrobras negociam acordos de delação premiada com a justiça
SEM SAÍDA – Presos desde novembro do ano passado, os empreiteiros envolvidos no escândalo da Petrobras negociam acordos de delação premiada com a justiça (Michel Filho/AG. O GLOBO/VEJA)
Há quinze dias, os quatro executivos da construtora OAS, presos durante a Operação Lava-Jato, tiveram uma conversa capital na carceragem da polícia em Curitiba. Sentados frente a frente, numa sala destinada a reuniões reservadas com advogados, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e os executivos Mateus Coutinho, Agenor Medeiros e José Ricardo Breghirolli discutiam o futuro com raro desapego. Os pedidos de liberdade rejeitados pela Justiça, as fracassadas tentativas de desqualificar as investigações, o Natal, o réveillon e a perspectiva real de passar o resto da vida no cárcere levaram-nos a um diagnóstico fatalista. Réus por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, era chegada a hora de jogar a última cartada, e, segundo eles, isso significa trazer para a cena do crime, com nomes e sobrenomes, o topo da cadeia de comando do petrolão. Com 66 anos de idade, Agenor Medeiros, diretor internacional da empresa, era o mais exaltado: “Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho”.
A estratégia dos executivos da OAS, discutida também pelas demais empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, é considerada a última tentativa de salvação. E por uma razão elementar: as empreiteiras podem identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do esquema, os grandes beneficiados, os mentores da engrenagem que funcionava com o objetivo de desviar dinheiro da Petrobras para os bolsos de políticos aliados do governo e campanhas eleitorais dos candidatos ligados ao governo. É um poderoso trunfo que, em um eventual acordo de delação com a Justiça, pode poupar muitos anos de cadeia aos envolvidos. “Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”, disparou, ressentido, o presidente da OAS, Léo Pinheiro. Amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos tempos de bonança, ele descobriu na cadeia que as amizades nascidas do poder valem pouco atrás das grades.
Na conversa com os colegas presos e os advogados da empreiteira, ele reclamou, em particular, da indiferença de Lula, de quem esperava um esforço maior para neutralizar os riscos da condenação e salvar os contratos de sua empresa. Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas. E foi dessa mágoa que surgiu a primeira decisão concreta do grupo: se houver acordo com a Justiça, o delator será Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos. As empreiteiras sabem que novas delações só serão admitidas se revelarem fatos novos ou o envolvimento de personagens importantes que ainda se mantêm longe das investigações. Por isso, o alvo é o topo da cadeia de comando, em que, segundo afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff.
(Com reportagem de Daniel Pereira e Hugo Marques)

Questionario Google sobre a política externa companheira: teve um "ativa e altiva": Ufa!

Uma brincadeira que atraiu algumas pessoas (y un hombre sincero, de donde crece la palma...).
1
Indicação de data e hora
Como você definiria a política externa brasileira desde 2003? 
Adequada, exótica, aceitável, fora dos padrões habituais do Itamaraty? 
Escolha a sua caracterização.
2
27/01/2015 21:46:42Esquizofrênica
3
27/01/2015 23:41:51Partidária
4
28/01/2015 05:23:08Exótica
5
28/01/2015 05:34:10Esquizofrênica
6
28/01/2015 06:03:36Inadequada
7
28/01/2015 06:13:28Esquizofrênica
8
28/01/2015 07:17:28Esquizofrênica
9
28/01/2015 07:43:41Partidária
10
28/01/2015 08:34:32Esquizofrênica
11
28/01/2015 08:54:55Partidária
12
28/01/2015 09:05:47Esquizofrênica
13
28/01/2015 10:38:20Partidária
14
28/01/2015 11:46:58Esquizofrênica
15
28/01/2015 12:11:25Exótica
16
28/01/2015 13:41:09Inadequada
17
28/01/2015 14:16:52Inadequada
18
28/01/2015 16:46:05Esquizofrênica
19
28/01/2015 18:58:37Partidária
20
28/01/2015 21:10:07Ativa e Altiva
21
29/01/2015 05:58:09Inadequada
22
29/01/2015 09:30:28Inadequada
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30/01/2015 06:14:03Partidária
24
30/01/2015 11:10:09Esquizofrênica
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30/01/2015 13:34:15Esquizofrênica

Portugal e seus judeus sefarditas: 500 anos de atraso e de injusticas

Demorou (mais ou menos 500 anos) mas chegou a reparação: Portugal começa a oferecer dupla cidadania a todos os que puderem provar ascendência judeo-sefardita, ou seja, os descendentes daqueles que foram expulsos numa das ações mais estúpidas já perpetradas, junto com a Espanha vizinha, contra seus próprios interesses nacionais.
Sem deixar de cometer um crime contra uma de suas comunidades mais brilhantes, os dois reinos ibéricos se condenaram a um atraso monumental, ao se privarem dos melhores cérebros que poderiam ter em todas as áreas do conhecimento humano. Poderiam ter sido dois países razoavelmente desenvolvidos, e escolheram o atraso, o retrocesso científico, a carolice esterilizante, a estreiteza mental.
Os que retornarem agora serão provavelmente os menos preparados dos sefarditas que ainda existem espalhados pelo mundo, aqueles que na verdade buscam um passaporte europeu por diversas razões econômicas, não necessariamente os melhores dessa comunidade menos "nobelizável" que os judeus askenazis.
Os nazistas cometeriam o mesmo erro, a mesma estupidez fundamental quase 450 anos depois, por vezes nas mesmas condições de humilhação: não se podia vender propriedades e bens e levar consigo a fortuna resultante; ouro, apenas sob forma de algumas joias pessoais (como aneis ou relógios de uso pessoal), e neste caso do hitlerismo monstruoso sem qualquer possibilidade de "conversão", como ainda foi oferecida aos judeus ibéricos. Muitos morreram, outros foram obrigados a se converter, muitos preferiram partir, sem quase nada consigo.

Dirigentes estúpidos são capazes de condenar seus países ao atraso, inclusive aqueles que no Brasil dos anos 1930 e 40, por exemplo, proibiam o ingresso de judeus que buscavam desesperadamente fugir do nazismo. 
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Politica externa: aos amigos, tudo? Aos demais, apenas o que sobrar? - Contribuicoes devidas pelo Brasil aos organismos internacionais

Apenas transcrevendo...


JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE 
O ESTADO DE S. PAULO,29 Janeiro 2015
Dinheiro foi depositado após reportagens revelarem débitos do Itamaraty com órgãos da Nações Unidas; com as contas pagas, brasileiro deve tentar a reeleição na FAO
GENEBRA - Num esforço para garantir a candidatura à reeleição do brasileiro José Graziano da Silva, o governo de Dilma Rousseff depositou o que devia à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O Brasil somava uma dívida de US$ 15 milhões em relação à sua cota de 2014.
O depósito foi feito pelo Ministério do Planejamento após reportagens revelarem que o Brasil estava devendo para diversos organismos na ONU e, por essa razão, ter sido suspenso de alguns deles. No caso da Agência Internacional de Energia Atômica e do Tribunal Penal Internacional, o Brasil já perdeu seu direito de voto.
Conforme revelou o Estado, a dívida do Brasil com as agências da ONU soma mais de R$ 662 milhões (cerca de US$ 258 milhões).
José Graziano da Silva manteve boas relações com Dilma Rousseff, desde o tempo em que ambos eram ministros do governo Lula. Ao vencer as eleições em 2012 para seu primeiro mandato na FAO, Graziano assumiu prometendo recolocar a entidade no centro do debate mundial.
A falta de pagamento por parte do Brasil, portanto, era considerado como um golpe a essa promessa e poderia enfraquecer a nova candidatura do brasileiro. As eleições ocorrem em junho.
A crise no pagamento das cotas brasileiras ocorreu após a ONU modificar os critérios de contribuições e elevar a participação dos países emergentes na conta final da entidade.
O tema das dívidas também foi alvo de uma reunião no início da semana entre o novo chanceler Mauro Vieira e o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa. O objetivo era mostrar que a falta de fundos à chancelaria está tendo um impacto não apenas na estrutura física das embaixadas, mas também custando caro em termos de impacto na posição do País no exterior.
Interesses. Pelo Itamaraty, se o pagamento à FAO foi comemorado, diplomatas não deixaram de atacar a influência de Graziano, um ex-ministro, na cúpula do governo. Falando sob a condição de anonimato, diplomatas apontaram que o Brasil hoje não pode votar em temas de interesse internacional. Mas, por não estar entre as prioridades do governo, essas contas não estão sendo pagas.

Pausa para... uma historia de papagaio - Mauricio David

Recebido do meu amigo Mauricio David, uma historieta que não tem nenhum sentido econômico, político, moral ou literário.
Serve apenas para divertir...
E tomar um pouco do nosso tempo com coisas mais amenas...
Paulo Roberto de Almeida

Versão 2015 do filme "Rio" : em Copacabana, última semana de janeiro, um calor senegalês, o meu papagaio Martin (vulgo Perroquet) fugiu, provocando grande tumulto e a atrapalhando o trânsito, deixando um rastro de desolação e tristeza

Peça em sete atos

Ato 1, domingo à noite :
Visitas em casa, o general U. e o sueco Torsten, o Martin (vulgo "perroquet" ou "o pássaro"), dez anos de convivência, alegria dos netos e conversador inveterado ( "Bom dia, louro", "vai dormir, lourinho", "cadê o João", "cadê a Isabela", e cantador de musiquinhas tais como "Atirei o pau no gato, to- tô...") se solta da corrente mas termina por voltar para sua casa, para dormir... A Beatriz, que há dez anos o cuida como mãe postiça, deixa para colocar a corrente no dia seguinte porque o lourinho tem o temperamento da Dilma e está inquieto no jardim de inverno, querendo ir dormir.

Ato 2, segunda-feira :
Pela manhã chega o nordestino Silva, o faz-tudo a quem o Martin respeita e a única pessoa com quem se comporta docilmente ( o Silva é uma espécie de Lula, o único que consegue enquadrar a Dilma), mas o perroquet dá um jeito de escapulir e pela primeira vez, em dez anos de vida, alça vôo e vai pousar nas copas das árvores da rua Viveiros de Castro. Martin é cabeça dura - como a presidente - e resiste aos apelos para que desça da árvore. Todas as tentativas são em vão, desde os apelos da multidão que se aglomera na rua até a tentativa de atraí-lo com guloseimas e suas frutas prediletas...
A multidão vai aumentando no curso da manhã, alguém diz "tem que chamar os bombeiros", mas os bombeiros estão apagando incendio não sei onde, virão mais tarde. Aventureiros tentam subir nas árvores onde se refugia Martin (vulgo "Perroquet"), mas tudo em vão... A molecada de hoje em dia não sabe mais subir em árvores...
Chegam os bombeiros, fecham a rua e tentam com a escada Magirus chegar até o pouso do Martin... A rua em polvorosa, janelas cheias, calçadas regorgitando de palpiteiros, todas as tentativas dos bombeiros se frustram.
Os bombeiros se vão, porque começou um incendio não sei donde, mas prometem voltar mais tarde. Os palpiteiros continuam dando seus pitacos, os bombeiros voltam mais tarde, e nada... O Martin continua impecável e inamovível na copa dá árvore, parece até a Graça Foster na presidência da Petrobrás.
Chegam as rádios e televisões, a Bandeirantes transmitindo em direto, até a Marilene - a assessora do lar e cuidadora do Martin - é entrevistada ao vivo, a rua está em comoção.

Ato 3, terça-feira :
O Martin continua indiferente ao que se passa abaixo, no máximo repetindo os seus gritos de "dá o pé, louro" e "bom-dia, louro"...
Voltam os bombeiros e novas tentativas de resgate, em vão. Crescem as rodas de palpiteiros, alguém sugere contatar o batalhão de alpinistas do Exército, alguns mais afoitos tentam escalar as árvores para ver se capturam o lourinho. No final da tarde desci para dar uma caminhada no Saara (desculpe !, na praia de Copacabana) e fui cercado por gente na rua, perguntando se era a verdade que havia uma grande recompensa para quem recuperasse o lourinho. Alguém me diz que ouviu dizer que a recompensa seria de 15.000 reais, assustado corri antes que alguém ( ignorando que o BNDES não deu reajuste salarial este ano que passou aos seus funcionários) viesse com um papagaio na mão me cobrar.
Chovem telefonemas (até de outros municípios) de gente se oferecendo, a troco de uma "módica recompensa", para escalar a árvore e recuperar o Martin. Telefona um bombeiro, se oferecendo para "no seu dia de folga", capturar o a esta altura rebelde papagaio. Deixa o seu telefone, mas pede que não se fale com o seus comandante na corporação, apenas "diretamente com ele".

Ato 4, quarta-feira:
Passados dois dias e duas noites do Martin encarapintado na copa da árvore (desta vez já em uma diferente, vizinha da primeira), o Martin virou personagem da rua : vem gente fotografá-lo, as rodinhas continuam se formando, os boatos crescendo... Que a Ana Maria Braga queria levá-lo ao seu programa na TV, que o Boechat queria vir fazer uma entrevista ao vivo com ele... Tenho que comunicar aos netos do desaparecimento do Martin, Beatriz começa a se consolar com o inevitável, mas mantenho firme a esperança de que a ave, afinal !, premida pela fome e sede, terminará por descer da árvore  voltar ao doce recesso do lar, onde é tratada diariamente com substitutos do caviar e da champagne.

Ato 5, quinta-feira pela manhã :
Eis senão quando toca o interfone hoje pela manhã : alguém achou o Martin caminhando tranquilamente pela Avenida Copacabana, como se fosse um velho aposentado do do BNDES ou da Petrobrás... O trânsito parou, até que alguém teve a idéia de pegar um saco e capturar o bichinho, trazendo-o para a portaria do meu (seu) prédio.

Ato 6, quinta-feira à tarde :
Restabelecida a paz e pago o resgate, aqui está o Martin gozando da parte que lhe toca da previdência complementar do meu fundo de pensão, livre dos ataques dos gaviões (que soube abundam em Copacabana, e eu que pensava que só estavam em Brasília...), comendo a sua goiabinha e aguardando a hora do " boa-noite, lourinho", "vai dormir, lourinho" que o Senhor reserva para os justos. E vou tratar de mandar pela rede para os netos a fotografia do Martin já restabelecido nos seus domínios, para que eles possam, por sua vez, dormir tranquilos...que amanhã tem neve nas ruas de Washington e frio e vento nas de Paris...

Ato 7, sexta-feira à tarde  :
Equipe de televisão da TV Bandeirantes, que veio "entrevistar" o peralta no contexto de uma reportagem sobre o louro fujão...

Moral da história 1 : Mais vale uma gaiola social-democrata com casa, comida e roupa-lavada, que escapadas aventureiras nestes ceus controlados pelo Joaquim Levy e pela Dilma em sua fase neoliberal...

Moral da história 2 : Mas acho mesmo é que o meu papagaio é muito politizado e fugiu porque não estava aguentando este governo Dilma...Ou seria o calor ? Ou o governo Dilma 2 combinado com o calor senegalês?

Por Zeus !

Mauricio David

Choque dentro de uma civilizacao: o caso do blogueiro condenado a MIL chibatadas - Mario Machado

Meu amigo Mário Machado, animador do Coisas Internacionais, tem uma sensibilidade especial para assuntos "civilizatórios", como eu, e sempre se preocupou com o destino de pessoas, como eu, acima e além dos Estados e das religiões.Sua postagem sobre o caso do infeliz blogueiro saudita, é particularmente feliz (se me permitem a contradição nos termos) em capturar o absurdo da sentença punitiva em face do que ele escreveu, que está no centro do conflito de civilização a que eu já me referi várias vezes, e que divide as sociedades islâmicas (não todas, mas várias) dentro delas. Elas não vão poder evoluir enquanto não equacionarem essa impossibilidade de seus próprios filhos não puderem discutir os textos sagrados e fazerem aquilo que se chama de exegese, ou seja, interpretação e discussão. Até lá, teremos pequenas e grandes tragédias como essa.
Paulo Roberto de Almeida

A punição Raif Badawi
Mario Machado
Coisas Internacionais, 30 Janeiro 2015 08:59 AM PST

Ontem escrevi en passant sobre os conflitos internos sobre os rumos das civilizações e sobre as forças de manutenção cultural tendem a se valer de leis draconianas para artificialmente coibir a força natural pela mudança que existe em qualquer agrupamento humano e como a comparação (facilitada pela migração e tecnologia) entre civilizações pode ser uma força importante.

Um exemplo, extremo desse fenômeno é a punição administrada ao blogueiro saudita Raif Badawi, 1.000 chibatadas. Acredito que nem a mais relativista das almas consegue não se escandalizar diante das 1.000 chibatadas.

O The Guardian fez uma boa seleção de citações do blog (hoje encerrado, obviamente) de Badawi destaco algumas, que são analises sobre a realidade de seu país e de sua ‘civilização’.

Sobre liberdade de expressão e inovação:
As soon as a thinker starts to reveal his ideas, you will find hundreds of fatwas that accused him of being an infidel just because he had the courage to discuss some sacred topics. I’m really worried that Arab thinkers will migrate in search of fresh air and to escape the sword of the religious authorities.

Secularismo:
Secularism respects everyone and does not offend anyone ... Secularism ... is the practical solution to lift countries (including ours) out of the third world and into the first world.

e;

I’m not in support of the Israeli occupation of any Arab country, but at the same time I do not want to replace Israel by a religious state ... whose main concern would be spreading the culture of death and ignorance among its people when we need modernisation and hope. States based on religious ideology ... have nothing except the fear of God and an inability to face up to life. Look at what had happened after the European peoples succeeded in removing the clergy from public life and restricting them to their churches. They built up human beings and (promoted) enlightenment, creativity and rebellion. States which are based on religion confine their people in the circle of faith and fear.

Sobre o terrorismo de inspiração islâmico:

What hurts me most as a citizen of the area which exported those terrorists ... is the audacity of Muslims in New York that reaches the limits of insolence, not taking any regard of the thousands of victims who perished on that fateful day or their families. What increases my pain is this [Islamist] chauvinist arrogance which claims that innocent blood, shed by barbarian, brutal minds under the slogan “Allahu Akbar”, means nothing compared to the act of building an Islamic mosque whose mission will be to ... spawn new terrorists ... Suppose we put ourselves in the place of American citizens. Would we accept that a Christian or Jew assaults us in our own house and then build a church or synagogue in the same area of the attack? I doubt it. We reject the building of churches in Saudi Arabia, not having been assaulted by anyone. Then what would you think if those who wanted to build a church are the same people who stormed the sanctity of our land? Finally, we should not hide that fact that Muslims in Saudi Arabia not only disrespect the beliefs of others, but also charge them with infidelity to the extent that they consider anyone who is not Muslim an infidel, and, within their own narrow definitions, they consider non-Hanbali [the Saudi school of Islam] Muslims as apostates. How can we be such people and build ... normal relations with six billion humans, four and a half billion of whom do not believe in Islam.

As mil chibatadas em Badawi são um drama humanitário e uma história tristemente exemplar sobre os conflitos internos nas civilizações e nos lembram uma vez mais como é incompleta a explicação do terrorismo e autoritarismo somente pela luta de civilizações, ou como culpa do imperialismo “ianque” (como gostam de dizer).

Não entendam esse texto como uma apologia de uma pretensa superioridade do ocidente que seria o exemplo máximo, por que no seio do ocidente os mesmos temas estão presente e causam acalorados debates, mas é aí que reside o ponto, não é mesmo? Afinal, é contra um debate amplo com alternativas múltiplas que se insurgem os radicais, claro que dão nomes como ocidentalização e infiéis, por que como sabemos palavras além de sua carga semântica, carregam uma forte carga emocional.

Mario Machado

Os grandes crimes da humanidade: companheiros turcos fazem genocidio contra os armenios

Com a desculpa dos "companheiros", aqui vai uma recomendação de livro sobre o primeiro genocídio do século 20 (bem, os companheiros turcos já tinham massacrado um bocado de gregos no istmo que une, ou separa, os dois países, mas não na escala praticada contra os armênios 3 anos depois), aquele cometido pelo Estado e pelo exército turcos contra dezenas de milhares, centenas de milhares de inocentes armênios, no curso da Grande Guerra.
A revista francesa L' Histoire, deste mês de janeiro, também traz um dossiê especial sobre esse genocídio.
O jornal Le Monde também publicou um dossiê a respeito.
Paulo Roberto de Almeida

Carnegie Endowment for International Peace: 
http://carnegieendowment.org/2015/01/27/great-catastrophe-armenians-and-turks-in-shadow-of-genocide/i0ph?mkt_tok=3RkMMJWWfF9wsRolv6vMZKXonjHpfsX66%2B0qXqOg38431UFwdcjKPmjr1YAFRcd0aPyQAgobGp5I5FEIQ7XYTLB2t60MWA%3D%3D

L'Histoire:

Arméniens : le premier génocide du XXᵉ siècle

Il y a cent ans le gouvernement des Jeunes-Turcs commettait le premier génocide du XXe siècle décimant la communauté arménienne, pourtant bien intégrée à l’Empire ottoman. On comprend mieux aujourd’hui l’idéologie qui a motivé les responsables et la mécanique implacable du massacre.
Par Boris Adjemian, Taner Akçam, Annette Becker, Hamit Bozarslan, Pierre Chuvin, Vincent Duclert, François Georgeon, Raymond Kévorkian, Claire Mouradian, Mikaël Nichanian et Yves Ternon.http://www.histoire.presse.fr/mensuel/408