O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 15 de novembro de 2020

Um depoimento extremamente tocante do meu colega e amigo Gustavo Bezerra sobre sua visita na fronteira da Covid

O motivo de meu sumiço:
XMA Header Image
Acho que já é hora de explicar meu sumiço. Finalmente me sinto em condições pra isso. Como alguns já sabem, passei por um sufoco e tanto nos últimos meses. O maior que já passei em toda a minha vida. Espero nunca mais passar novamente por experiência semelhante, e que ninguém que leia estas linhas passe por isso também. Em meados de Junho, ao levar minha filha para tomar uma vacina, fui diagnosticado com Covid-19. Fui imediatamente internado, com uma forte pneumonia. O quadro logo se agravou, e tive de ser entubado, em coma induzido. Fiquei 58 dias na UTI, muitos deles sedado. Todo esse tempo passei sem nenhum contato com o mundo exterior, incomunicável, dopado, traqueostomizado, perfurado, examinado de todas as formas possíveis. Foram dias de angústia, dos quais felizmente (ou não) não me lembro de nada. Quando acordei, ainda na UTI, fui informado que cheguei bem perto de passar para o país dos pés juntos – até um padre foi chamado para me dar a extrema-unção. Meus pulmões ficaram bastante comprometidos, e só não pararam de funcionar porque fiquei atado a uma máquina chamada ECMO, que drenou, segundo me disseram, todo o meu sangue (era o último recurso pra evitar que eu virasse estatística). Fiquei mais umas semanas no hospital, e desde então estou em casa, em regime de “home care". Fiquei com algumas sequelas – perdi mais de 20 kg, minha capacidade pulmonar ficou diminuída, fiquei com uma lesão no quadril por causa da posição deitada, e a perna esquerda, devido a uma compressão no nervo e à perda de massa muscular, ficou com os movimentos prejudicados, de modo que estou andando igual ao Mazzaropi, agora com a ajuda de uma elegante bengala... Agora estou melhor, me recuperando pouco a pouco. Vai demorar ainda alguns meses para eu retomar ao que eu era antes, e meus dias têm se resumido a idas ao médico, exames clínicos (ressonância magnética, ecografia etc.) e sessões de fisioterapia. Enfim, o susto foi realmente grande, e gostaria de agradecer a todos que rezaram/oraram/ torceram por mim. Agradeço de coração por todas as mensagens, votos, rezas, orações, correntes, virgens marias, santinhos (até um preto velho) que me mandaram, pedindo minha recuperação. Glória a Deus. Aleluia. Epa, rei. Alahu akbar. Não vou dizer que foi um milagre (foi a medicina), nem repetir clichês do tipo “nasci de novo" etc. (sai do hospital não muito bem de saúde, ao contrário de quando nasci), mas devo dizer que cheguei muito, mas muito perto mesmo, de passar desta pra melhor. Tive a sorte (sic) de poder ser internado num hospital particular; se fosse pelo SUS, provavelmente eu não estaria aqui contando esta história. Tudo isso, na verdade, é para dizer apenas uma coisa, algo que qualquer pessoa com um mínimo de juízo e/ou inteligência já está careca de saber: somente alguém muito desonesto ou mal-intencionado, um canalha, um psicopata ou um perfeito idiota, é capaz de dizer que o vírus que quase me levou – e que já ceifou a vida de mais de 150 mil pessoas no país - é uma “gripezinha". Não é. Estou aqui pra provar.
Gustavo Bezerra
Acho que já é hora de explicar meu sumiço. Finalmente me sinto em condições pra isso.
Como alguns já sabem, passei por um sufoco e tanto nos últimos meses. O maior que já passei em toda a minha vida. Espero nunca mais passar novamente por experiência semelhante, e que ninguém que leia estas linhas passe por isso também.
Em meados de Junho, ao levar minha filha para tomar uma vacina, fui diagnosticado com Covid-19. Fui imediatamente internado, com uma forte pneumonia. O quadro logo se agravou, e tive de ser entubado, em coma induzido. Fiquei 58 dias na UTI, muitos deles sedado. Todo esse tempo passei sem nenhum contato com o mundo exterior, incomunicável, dopado, traqueostomizado, perfurado, examinado de todas as formas possíveis.
Foram dias de angústia, dos quais felizmente (ou não) não me lembro de nada. Quando acordei, ainda na UTI, fui informado que cheguei bem perto de passar para o país dos pés juntos – até um padre foi chamado para me dar a extrema-unção. Meus pulmões ficaram bastante comprometidos, e só não pararam de funcionar porque fiquei atado a uma máquina chamada ECMO, que drenou, segundo me disseram, todo o meu sangue (era o último recurso pra evitar que eu virasse estatística). Fiquei mais umas semanas no hospital, e desde então estou em casa, em regime de “home care".
Fiquei com algumas sequelas – perdi mais de 20 kg, minha capacidade pulmonar ficou diminuída, fiquei com uma lesão no quadril por causa da posição deitada, e a perna esquerda, devido a uma compressão no nervo e à perda de massa muscular, ficou com os movimentos prejudicados, de modo que estou andando igual ao Mazzaropi, agora com a ajuda de uma elegante bengala...
Agora estou melhor, me recuperando pouco a pouco. Vai demorar ainda alguns meses para eu retomar ao que eu era antes, e meus dias têm se resumido a idas ao médico, exames clínicos (ressonância magnética, ecografia etc.) e sessões de fisioterapia.
Enfim, o susto foi realmente grande, e gostaria de agradecer a todos que rezaram/oraram/ torceram por mim. Agradeço de coração por todas as mensagens, votos, rezas, orações, correntes, virgens marias, santinhos (até um preto velho) que me mandaram, pedindo minha recuperação. Glória a Deus. Aleluia. Epa, rei. Alahu akbar.
Não vou dizer que foi um milagre (foi a medicina), nem repetir clichês do tipo “nasci de novo" etc. (sai do hospital não muito bem de saúde, ao contrário de quando nasci), mas devo dizer que cheguei muito, mas muito perto mesmo, de passar desta pra melhor. Tive a sorte (sic) de poder ser internado num hospital particular; se fosse pelo SUS, provavelmente eu não estaria aqui contando esta história.
Tudo isso, na verdade, é para dizer apenas uma coisa, algo que qualquer pessoa com um mínimo de juízo e/ou inteligência já está careca de saber: somente alguém muito desonesto ou mal-intencionado, um canalha, um psicopata ou um perfeito idiota, é capaz de dizer que o vírus que quase me levou – e que já ceifou a vida de mais de 150 mil pessoas no país - é uma “gripezinha". Não é. Estou aqui pra provar.

===============

 Creio que este pungente depoimento, este relato aflitivo em sua pura expressão formal e literária, oferece uma resposta adequada a dois grandes canalhas que minimizaram a pandemia, e que, com essa mentalidade doentia, causaram milhares de mortes adicionais (ou "inúteis") entre a população ingênua, desinformada ou seguidora dos mentecaptos que assim se comportaram (e que ainda se comportam de forma irresponsável).

Toda a minha solidariedade ao amigo Gustavo Bezerra na sua penosa, longa, mas a termo exitosa recuperação. Eu o estou aguardando para avançarmos na cooperação intelectual em torno de novos projetos.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 15 de novembro de 2020


sábado, 14 de novembro de 2020

O Cronista Misterioso fazendo sucesso absoluto nas estatísticas de acesso em menos de dez dias...

Sucesso total do Cronista Misterioso: com menos de dez dias postado aqui (em 5 de novembro), ele já subiu às alturas nas estatísticas de acesso da minha página na plataforma Academia.edu.

Desse jeito, vou ter de cobrar entrada, para distribuir os justos royalties que merece nosso Cronista Misterioso. Aqui está a referência: 

Um Ornitorrinco no Itamaraty: crônicas do Itamaraty bolsolavista”, Brasília, 5 novembro 2020, 35 p. Compilação de 24 crônicas do cronista misterioso, um diplomata aposentado que se apresenta como “ministro Ereto da Brocha”, publicadas individualmente no blog Diplomatizzando, e agora reunidas em uma brochura. Postado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44437505/Um_Ornitorrinco_no_Itamaraty_cronicas_do_Itamaraty_bolsolavista_Ereto_da_Brocha_2020_); disseminado via Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/11/um-ornitorrinco-no-itamaraty-cronicas.html). 



 

Title

30 Day Views

30 Day Uniques

All-Time Views

All-Time Downloads

Um Ornitorrinco no Itamaraty: cronicas do Itamaraty bolsolavista - Ereto da Brocha (2020)

209

161

210

49

A Constituicao Contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos

168

125

3,281

753

3772) O outro lado da gloria: o reverso da medalha da diplomacia brasileira (2020)

98

78

99

19

1462) O Brasil e a nanotecnologia: rumo à quarta revolução industrial (2005)

72

32

4,273

657

O Ocidente e seus salvadores: um debate de ideias, Miseria da Diplomacia (2019)

67

54

67

20

Direito do Mercosul (2ª edicao rev., ampla.) - Chapters PRAlmeida

66

56

66

31

Marxismo e Socialismo (2019)

65

54

1,361

535

Pensamento Diplomatico Brasileiro, PRAlmeida: Metodologia, Oswaldo Aranha (2013)

52

45

55

19

Uma certa ideia do Itamaraty: A reconstrucao da politica externa e a restauracao da diplomacia brasileira (2020)

47

39

430

119

19) Integração Regional: uma introdução (2013)

43

35

1,839

574

3790) As eleicoes americanas e as relacoes do Brasil com os Estados Unidos: da subordinacao a Trump a simulacoes sob uma presidencia Biden (2020)

42

37

42

16

1263) Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro - Capítulos PRAlmeida (2017)

36

30

36

22

Do alinhamento recalcitrante 'a colaboracao relutante: o Itamaraty em tempos de AI-5 (2008)

33

27

33

10

14) O Estudo das Relações Internacionais do Brasil (2006)

32

17

1,478

338

 

Trump Drove Latin America Into China’s Arms - Oliver Stuenkel (Foreign Affairs)

Oliver Stuenkel mostra como a política de Trump para a AL backfired, por incompetente, ideológica e puramente aventureira, como se espera de bestas quadradas...

Paulo Roberto de Almeida 

 

Foreign AffairsNovember/December 2020

SIGN INSUBSCRIBE

Trump Drove Latin America Into China’s Arms

Biden Has a Chance to Wrest It Back

By Oliver Stuenkel

November 13, 2020

 

The administration of U.S. President Donald Trump took an aggressive approach to Latin America that has spectacularly backfired. Two years ago, John Bolton, who was then the U.S. national security adviser, dubbed the autocratic regimes of Venezuela, Cuba, and Nicaragua the “Troika of Tyranny” and confronted the three countries with crippling sanctions and menacing rhetoric. “Today, we proudly proclaim for all to hear: the Monroe Doctrine is alive and well,” Bolton said in April 2019, referring to the principle behind the long and traumatic history of U.S. interventions in Latin America.

The result was to unite Latin American governments of all stripes against the United States. Regional leaders, concerned about the precedent that U.S. intervention in Venezuela could set, reluctantly sided with the country’s dictator, Nicolás Maduro. Even those strongly critical of Venezuela, such as Colombia, rejected all talk of military intervention, and Brazilian President Jair Bolsonaro, who had made radical alignment with the United States the centerpiece of his foreign policy, found himself overruled by the country’s armed forces, which categorically oppose the presence of foreign troops in neighboring countries. The autocratic leaders of Venezuela, Nicaragua, and Cuba are still in power—in part because U.S. pressure created a rally-round-the-flag effect and helped them deflect blame onto Washington for internal woes.

Even as it failed to achieve its primary objective, the Trump administration’s policy undermined broader U.S. strategy in Latin America by strengthening China’s hand in the region. Indeed, the aggressive U.S. stance has left Latin American policymakers scrambling for partners who can balance Washington’s influence—a role that Beijing has been only too willing to play. In Venezuela, sanctions have sidelined U.S. firms, creating an ideal opening for Chinese companies to expand their influence. If the Maduro regime were to collapse, Beijing would be well positioned to assume a dominant role in the country’s reconstruction.

During the Trump presidency, China has grown more influential and more powerful in Latin America in virtually every dimension. Brazil is perhaps the most remarkable example: despite Bolsonaro’s anti-China rhetoric and his efforts to strengthen ties to Washington, Brazil’s trade with the United States has fallen to its lowest level in 11 years, while trade with China is booming. Fully 34 percent of Brazilian exports go to China, and China’s relatively quick economic recovery from the coronavirus pandemic will likely lead that figure to grow.

Latin American heads of state watched closely as Trump repeatedly humiliated Bolsonaro—surprising him with tariffs on Brazilian products, for example. The lesson they drew was simple: a partnership with Washington entailed significant economic and political risk. They looked to Beijing instead: Chile’s president sought to make his country the region’s main interlocutor with China, and Argentina welcomed a Chinese military-run space station, which began operating in 2018. Of seven countries that shifted ties from Taipei to Beijing during the Trump presidency, three—the Dominican Republic, El Salvador, and Panama—are in Latin America. Paraguay faces growing pressure to join them. Many Latin American countries are likely to adopt Huawei’s 5G infrastructure, despite U.S. threats of unspecified “economic consequences” for those that do.

President-elect Joe Biden has an opportunity to take a more constructive approach to Beijing’s growing influence in Latin America. Doing so will require the new administration to avoid antagonizing the region’s leaders and to emphasize shared interests instead. Washington will have to counteract an ugly impression that the Trump administration has created—one that suggests the United States is driven largely by the desire to contain China rather than support the region’s economic development.

DAY ONE

The less threatening the United States appears from a Latin American perspective, the less of an urge the region’s leaders will feel to balance its influence with China’s. Trump administration officials, including former and current Secretaries of State Rex Tillerson and Mike Pompeo, have made frequent reference to the Monroe Doctrine. The incoming U.S. administration must explicitly distance itself from this language. Such talk was a gift to the Chinese, who defend the principle of nonintervention—a principle that Latin American governments strongly support.

Badmouthing China makes Washington look desperate to dominate and afraid to compete.

The Biden administration should make clear from day one that military intervention in Venezuela is off the table, and it should put an end to broad sanctions that immiserate the country’s citizens. Even Venezuelans who despise Maduro largely oppose the U.S. sanctions, which have caused vast human suffering in a region where millions of people are already sliding back into poverty because of the pandemic. The United States should calibrate sanctions to hurt only those who assure Maduro’s hold on power. It should do the same in Nicaragua and Cuba, because whatever Latin Americans may think about the regime in Havana, broad sanctions fuel anti-Americanism in the region and make China’s life easier.

A POSITIVE AGENDA

Latin American policymakers are far more likely to be influenced by constructive U.S. policies toward their countries than by negative U.S. rhetoric about China. Trade with China has had many positive economic consequences for Latin America over the past two decades, and the United States sounds patronizing and dishonest when it seeks to dissuade the region’s leaders from sustaining these relations. Such meddling is counterproductive—even when the United States has genuinely relevant concerns, such as those about the inequality of a trade relationship that has Latin America mainly selling commodities to China and buying value-added goods in return, or about the risks that Huawei telecommunications infrastructure may pose to privacy.

The Biden administration should instruct its ambassadors and officials not to speak about Chinese–Latin American relations in public at all. Badmouthing China, rather than promoting U.S. strengths, makes Washington look desperate to dominate and afraid to compete. A Central American diplomat once privately told me that when U.S. officials complain about China in Latin America, “they sound like a jealous ex-boyfriend.”

The United States should instead lay out a positive agenda on matters of common concern across the region. Some of these pertain to other regions as well: the United States under Biden should of course return to the World Health Organization and adopt more generous policies to help poor countries gain access to masks, ventilators, and vaccines against COVID-19. Such measures will go a long way in countering China’s growing influence in Latin America.

Biden will need particular diplomatic skill to deal with Bolsonaro.

In Latin America in particular, Washington should emphasize and deepen its work with local partners to promote human rights, protect the environment, and strengthen civil society. It should be an ally in the region’s fight against corruption and a source of economic aid at the current moment of profound crisis. A constructively engaged United States can convene regional discussions to help tackle drug trafficking and transnational crime, which victimizes hundreds of thousands of young Latin Americans every year.

PRESIDENTIAL DIPLOMACY

U.S. presidential diplomacy could go a long way toward overcoming the region’s polarities, and Biden may be particularly well suited for such an enterprise. He is unusually knowledgeable about Latin America for a U.S. president-elect, and his moderate, pragmatic style may allow him to establish a meaningful rapport with leaders from the left (Bolivia, Mexico, Argentina), through the center-right (Colombia, Chile, Uruguay), to the far right (Brazil). Dialogue in the region has all but broken down in recent years: President Bolsonaro has so far refused to speak to his Argentine counterpart, and Mexico’s president, Andrés Manuel López Obrador, has yet to visit a single Latin American country. Only if and when these leaders resume a constructive dialogue will the region be able to address its most urgent problems, such as migration from Venezuela and Central America, environmental degradation in Brazil, transnational crime, and a poverty rate nearing 40 percent.

Biden will need particular diplomatic skill to deal with Bolsonaro. The self-styled “Trump of the Tropics” repeatedly attacked the Democratic candidate during the campaign because of his comments about deforestation in the Amazon. Biden’s task will be to get Brazil to adopt more stringent environmental rules—but to do so without pushing it into the arms of China, which is careful never to criticize Brazil’s controversial environmental policies, and without issuing public threats, which Bolsonaro uses to mobilize his radical followers.

No matter how much U.S. diplomacy improves under Biden, trade between China and Latin America is almost certain to continue growing, and China will therefore consolidate some influence on the continent. Economic ties to China may help to mitigate the worst of the coming recession in Latin America, even if it can’t be staved off altogether. Nonetheless, Washington has an opportunity to become a far more trusted and influential partner to Latin America than it has been under President Trump. The new administration should seize the moment as the region charts its geopolitical course.

 

"A Mão do Autor e a Mente do Editor", com Alex Catharino, entrevista Paulo Roberto de Almeida sobre Roberto Campos

 Fui convidado para falar de um dos livros que publiquei, uma coletânea de artigos sobre temas constitucionais de Roberto Campos:

alex.catharino's profile picture

Entrevista 15 - Paulo Roberto de Almeida sobre Roberto Campos

Décima quinta entrevista de Alex Catharino na série de lives "A Mão do Autor e a Mente do Editor". Na live de 14 de novembro o entrevistado foi o embaixador Paulo Roberto de Almeida @pralmeida, que falou sobre o livro "A Constituição contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988", lançado pela @lvmeditora

Ver o debate aqui: https://www.instagram.com/tv/CHllzrjp7Qq/




Coloquei todos os meus trabalhos "constitucionais" à disposição dos interessados: 

3793. “Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre temas constitucionais”, Brasília, 14 novembro 2020, 8 p. Listagem de todos os trabalhos tratando de temas constitucionais e alguns institucionais, para exposição e debate com Alex Catharino, editor da LVM, em 14/11/2020, via Instagram. DOI: 10.13140/rg.2.2.28791.11683. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44496923/3793_Trabalhos_de_Paulo_Roberto_de_Almeida_sobre_temas_constitucionais_2020_)

Ali figura, em links apropriados, prefácio e introdução a esse livro sobre os artigos constitucionais de Roberto Campos, como aqui linkado: 

Texto introdutório ao livro de Paulo Roberto de Almeida (org.), Roberto Campos, A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (São Paulo: LVM, 2018, 448 p.; ISBN: 978-85-93751-39-4). Disponibilizado em Academia.edu (link: http://www.academia.edu/38422710/3414RobertoCamposUtopiaConstitucional.pdf) e anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/roberto-campos-e-utopia-constitucional.html).

assim como uma coletânea que fiz sobre esses mesmos temas: 

3240. Estrutura Constitucional e Interface Internacional do Brasil: Relações internacionais, política externa e Constituição, Brasília, 29 janeiro 2018, 146 p. Compilação seletiva de ensaios sobre essa temática, elaborados depois de 1996, como complemento ao livro Parlamento e Política Externa (1996). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/35779830/Estrutura_constitucional_e_interface_internacional_do_Brasil), em Research Gate (9/03/2018; link: https://www.researchgate.net/publication/323675789_Estrutura_Constitucional_e_Interface_Internacional_do_Brasil_Relacoes_internacionais_politica_externa_e_Constituicao_Brasilia_Edicao_do_Autor_2018), informado no Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/01/as-relacoes-constitucionais-e-estrutura.html)



FSP: "A vitória de Joe Biden é uma boa notícia para o Brasil?" - PRA: "Não, Péssima (para o Brasil de Bolsonaro)

A vitória de Joe Biden é uma boa notícia para o Brasil?

 Meu artigo publicado na FSP deste sábado, na seção "Tendências / Debates", um formato que eu DETESTO, por sempre implicar um maniqueísmo nas posições que não combina com a vida real. Quem respondeu SIM, foi o embaixador Rubens Ricupero (neste link: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/11/a-vitoria-de-joe-biden-e-uma-boa-noticia-para-o-brasil-sim.shtml). 

Em todo caso, eu só tinha essa opção, que me foi dada pela FSP: NÃO, quando eu acho obviamente o contrário. Era isso, ou não colaboraria.

Bem, encontrei uma maneira de transmitir o meu pensamento de outra maneira. Confiram (neste link ou abaixo: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/11/a-vitoria-de-joe-biden-e-uma-boa-noticia-para-o-brasil-nao.shtml):

A vitória de Joe Biden é uma boa notícia para o Brasil? Não, Péssima (para o Brasil de Bolsonaro)


Folha de S. Paulo, 14/11/202, p. A-3


Como no caso de qualquer outra política governamental, a política externa também apresenta aspectos positivos ou negativos, segundo o lado que se examine. A vitória de Joe Biden na eleição de 2020 trouxe certo alívio no resto do mundo, mas representa, ao que parece, uma péssima notícia para o Brasil. Não para todo o Brasil, pois muitos, entre estes majoritariamente os diplomatas, aspiravam por esse resultado, cansados do que eles consideram ser uma diplomacia especialmente servil, não exatamente aos Estados Unidos, mas a Trump, especificamente. Mas também existem os que lamentam a não reeleição de Trump. Esse é o Brasil de Bolsonaro, para quem tal derrota significa a perda de um “grande amigo”, um dos poucos interlocutores com os quais ele mantinha a ilusão de uma grande “aliança”. O “outro Brasil”, integrado por grande parte da opinião pública mais informada, apostava nesse fracasso, como forma de imprimir outra direção a certas políticas do atual governo, em especial a diplomacia. 

Bolsonaro deixa de contar com um “aliado” na condução de sua política externa, assim como de várias outras, também. Talvez ele tenha de se desfazer do chanceler acidental e do ministro do meio ambiente; terá de mudar orientações seguidas até aqui, ideológicas em sua maior parte, que se contrapõem a setores da opinião pública nacional – em especial, os homens de negócios – ou até a membros do seu próprio governo. 

A vitória de Biden é péssima, pois, para o Brasil de Bolsonaro. Mas ela talvez possa não ser boa também para o “outro Brasil”. Os Democratas, por exemplo, estarão ainda menos propensos do que os Republicanos de Trump – que reverteram ao protecionismo – para fazer um acordo comercial bilateral, aliás já rejeitado por comissão da Câmara de Representantes que eles dominam. Eles também tenderão a adotar uma postura de “controle” em matéria de meio ambiente e de direitos humanos, e podem até querer “punir” o Brasil não só pela destruição aparentemente patrocinada por Bolsonaro na Amazônia – intensas queimadas, desmatamento, desprezo pelos direitos dos indígenas –, mas também pelo reiterado apoio dado por ele a Trump, inclusive durante a tentativa de judicialização do processo de apuração. Os Democratas tampouco serão mais compreensivos no caso da disputa com a China, estimulada por Trump, mas que é igualmente partilhada por Joe Biden: a questão do 5G está aberta. Eles podem retroceder tanto no apoio ao ingresso do Brasil na OCDE, quanto no status de “aliado extra-OTAN”, o que poderia afetar pretensões dos militares brasileiros. Em diversos outros temas de interesse de Bolsonaro, as posturas de Biden passam a divergir das orientações dadas aos diplomatas brasileiros, constrangidos a obedecer às instruções do chanceler, que concorda mais com seu colega Mike Pompeo do que com o próprio corpo profissional do Itamaraty.

Mas, ocupados com tantos problemas causados por Trump nos quatro anos de desmantelamento de tudo o que os americanos criaram desde Bretton Woods, os Democratas podem não dar nenhuma atenção ao Brasil e à América Latina. Isso é mau? Não exatamente: talvez a melhor coisa de uma nova “negligência benigna” por parte do governo dos EUA, seja justamente deixar o Brasil em paz com os seus próprios problemas. Provavelmente, ninguém vai nos pedir para participar da construção de uma nova ordem mundial...

 

[Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3784, 31 de outubro, 5 de novembro de 2020; revisão: 11/11/2020




Plutarco 2: Vidas Paralelas de Trump e Bolso (será possível?) - Paulo Roberto de Almeida

Plutarco 2: Vidas Paralelas de Trump e Bolso 
(será possível?)

O texto de um eventual "clássico revisitado", cobrindo as vidas paralelas de Trump e Bolsonaro estaria bem mais para um relato estilo Monty Python do que Plutarco, mas sempre se pode melhorar o relato (a menos que alguém desconfie de minhas boas intenções).
Esse Plutarco, que falava mal Latim, andou inventando um bocado de coisas, e simplificava muito as vidas dos seus biografados (que ele fazia muito rapidamente), só escolhendo os fatos que se encaixassem em sua visão comparativa muito especial. Mas ele tinha lá as suas qualidades, para estudantes colegiais digamos assim.
Em vez de começar por Alexandre o Grande e por Julio Cesar, por exemplo, ele começa por Teseu e Rômulo, ou seja, dois personagens mitológicos.
Ainda assim, ele tem algumas frases memoráveis. Para sinalizar algo que ele não conhecia, ele já começava por uma desculpa:
"All beyond this is portentous and fabulous, inhabited by poets and mythologers, and there is nothing true or certain." (edição Aubrey Stewart e George Long, traduzida do grego, 1880)

Atualmente, poderíamos dizer quase a mesma coisa dos dois presidentes: tudo o que eles dizem deles mesmos é magnificado e fabulário, descrito por sociólogos e ideólogos, e não tem nada correto ou verdadeiro. 


A propaganda ilegal do chanceler acidental na campanha de 2018

 É sabido que o então chefe do Departamento da América do Norte e do Caribe, ministro de segunda classe Ernesto Araujo, se engajou intensamente, ainda que de modo clandestino, na campanha presidencial de 2018, em favor do candidato da extrema-direita. Ele fez isso sobretudo por meio de seu blog “Metapolítica 17: contra o globalismo”, e em clara contradição com a legislação em vigor e recomendações específicas da Comissão de Ética da Presidência da República e recomendações do Ministério do Planejamento. 

Quando foi descoberto — notadamente numa matéria de Patrícia Campos Mello na FSP no final de setembro de 2018 — apressou-se em desculpar-se com a alta chefia da Casa, que foi especialmente tolerante com ele, a despeito da nítida violação da lei e da ética. 

O artigo 73 da Lei Eleitoral proíbe uma série de condutas aos agentes públicos em período eleitoral para garantir "igualdade de oportunidades entre candidatos no pleito eleitoral". É vedado "ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária; ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado; fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público", entre outros pontos.

O MPOG sempre expediu circulares com as recomendações da Comissão de Ética da PR, indicando claramente o que nós, funcionários públicos NÃO poderíamos ou deveríamos fazer. Ou seja, o candidato a chanceler extravasou as rsgras de conduta. Como seu chefe, ele se permite violar a lei, até aqui impunemente.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 14/11/2020

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre temas constitucionais (2020) (listagem apenas)

Participando de um debate com meu editor, Alex Catharino, sobre a obra por ele editada – A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (São Paulo: LVM, 2018) –, resolvi compor uma lista de todos os meus trabalhos relativos à mesma temática, selecionando apenas aqueles que apareciam sob esse conceito na lista geral de trabalhos:

3793. “Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre temas constitucionais”, Brasília, 14 novembro 2020, 8 p. Listagem de todos os trabalhos tratando de temas constitucionais e alguns institucionais, para exposição e debate com Alex Catharino, editor da LVM, em 14/11/2020, via Instagram. DOI: 10.13140/rg.2.2.28791.11683. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44496923/3793_Trabalhos_de_Paulo_Roberto_de_Almeida_sobre_temas_constitucionais_2020_).

Existe uma compilação anterior, nesse mesmo universo, que já foi publicada: 

3240. Estrutura Constitucional e Interface Internacional do Brasil: Relações internacionais, política externa e Constituição, Brasília, 29 janeiro 2018, 146 p. Compilação seletiva de ensaios sobre essa temática, elaborados depois de 1996, como complemento ao livro Parlamento e Política Externa (1996). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/35779830/Estrutura_constitucional_e_interface_internacional_do_Brasil), em Research Gate (9/03/2018; link: https://www.researchgate.net/publication/323675789_Estrutura_Constitucional_e_Interface_Internacional_do_Brasil_Relacoes_internacionais_politica_externa_e_Constituicao_Brasilia_Edicao_do_Autor_2018), informado no Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/01/as-relacoes-constitucionais-e-estrutura.html) .DOI: 10.13140/RG.2.2.28791.11683.