O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Mensagem de Natal de F. D. Roosevelt, 24/12/1943, EUA em meio à guerra mais terrível da história -

 

 

Meanwhile in America, CNN

Stephen Collinson and Shelby Rose

'Today, I express a certainty'

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Franklin D. Roosevelt delivers his national radio address on December 24, 1943, at his home in Hyde Park, New York.

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Two years in, the pandemic seems to have dragged on forever. And the end seems dispiritingly distant as the Omicron variant of the coronavirus rages and much of the world, outside of the richest nations, waits in vain for vaccines. 

 

The worst public health emergency in 100 years is an outlier among other crises that have stalked developed countries in modern times, including economic recessions, the HIV/AIDS pandemic, civil unrest, endemic poverty and national disasters. That’s because there’s probably not one human being who has not seen their freedom curtailed, health compromised, prospects dimmed or family ties interrupted owing to Covid-19. The closest equivalent of shared suffering may be World War II, when the dangers and deprivations of soldiers, sailors, Marines and airmen abroad were mirrored at home, with air raids in Europe and a mass civilian mobilization in the name of the war effort in the United States. Then, as now, memories of pre-crisis life were fading, and the end was over a horizon clouded by fear and tragedy. 

 

President Franklin Roosevelt set out in his Christmas address in 1943 to instill optimism and determination among his compatriots and to steel them for losses to come with a vision of life as it had once been known returning better than before. Predicting ultimate victory, he promised education, jobs and economic security to the millions of Americans fighting abroad when they came home. An early version, if you like, of President Joe Biden’s Build Back Better. Six months before the D-Day Normandy invasion, FDR drew the line under past reversals in the fight against “international gangsterism and brutal aggression in Europe and in Asia.” 

 

Recalling the previous two wartime festive seasons, he remarked, “We have said, ‘Merry Christmas—Happy New Year,’ but we have known in our hearts that the clouds which have hung over our world have prevented us from saying it with full sincerity and conviction.” From his home in Hyde Park, New York, he went on: “On Christmas Eve this year—I can say to you that at last we may look forward into the future with real, substantial confidence that, however great the cost, ‘peace on earth, good will toward men’ can be and will be realized and insured. This year I can say that. Last year I could not do more than express a hope. Today I express a certainty—though the cost may be high and the time may be long.” 

 

Roosevelt had spent a decade forging a relationship with Americans he addressed as “my friends” through his Fireside Chats on the radio. His tone was one of a benevolent but firm leader taking his fellow citizens into his confidence. On this occasion, he offered a sweeping survey of the war in the Pacific and Europe, after recently returning from strategy talks with leaders of Russia, China and Britain.  

 

Listening to FDR decades on, it’s hard to imagine an American leader ever again being able to co-opt such a sense of national unity in the face of a common crisis. The pandemic has shattered any such illusions that the national good could surmount the politics of a bitter, divided era. But his words are a reminder that however dark the present seems, hopes for the future can never be truly extinguished, and they underscore the power of strong, yet often elusive, political leadership. This is as welcome now, as America contemplates its third pandemic year, as it was after two years of an earlier national crisis, on Christmas Eve 78 years ago. 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Ideias e diplomacia: O Visconde do Uruguai e o nascimento da política externa brasileira– 1849-1853 - Paulo Fernando Pinheiro Machado

IDEIAS E DIPLOMACIA: O Visconde do Uruguai e o nascimento da política externa brasileira – 1849-1853 

Paulo Fernando Pinheiro Machado

(Lisboa: Lisbon International, 2022; ISBN: 978-989-37-2189-6).

 

Por que o Brasil independente manteve a sua integridade territorial ao passo que a América espanhola se fragmentou em uma série de repúblicas? Essa é uma pergunta que vem intrigando os historiadores e cientistas políticos há dois séculos. A maioria das análises apontam para uma decisão política consciente das elites imperais, em especial do Partido Conservador, de manter a unidade territorial do Brasil pela construção de um estado centralizado, após a pacificação das Revoltas do Período Regencial (1831-1835). Paulo Fernando Pinheiro Machado procura, nesta obra, analisar a face externa desse processo de construção do estado-nação brasileiro, pelas ideias, crenças e motivações de uma personagem central nesse processo: Paulino José Soares de Souza, o Visconde do Uruguai. Paulino foi quem por primeiro conferiu ao Brasil independente uma política externa coerente e estruturada, legando ao novo país uma tradição diplomática que serviu de régua mestra para os seus sucessores desde então. No ano do bicentenário da Independência, a presente obra convida a uma reavaliação crítica das ideias e dos valores fundamentais do Partido Conservador no plano externo, os quais legaram uma diplomacia de alto nível para o país e acabaram também por desembocar na tragédia da Guerra do Paraguai.


Índice

 

PREFÁCIO, Paulo Roberto de Almeida


INTRODUÇÃO

1. O PAPEL DAS IDEIAS NA POLÍTICA

    1.1 CATEGORIAS DE IDEIAS

    1.2 O IMPACTO DAS IDEIAS NA POLÍTICA


2. O CONTEXTO: O MUNDO RESTAURADO PÓS‑GUERRAS NAPOLEÔNICAS

    2.1 PAX BRITANNICA

    2.2 AS POTÊNCIAS DO CONCERTO EUROPEU

    2.3 A AMÉRICA ESPANHOLA E O RIO DA PRATA

    2.4 A POSIÇÃO DO BRASIL


3. ORIGENS E GESTAÇÃO DO PENSAMENTO DIPLOMÁTICO DO VISCONDE DO URUGUAI 

    3.1 ORIGENS FAMILIARES

    3.2 EDUCAÇÃO FORMAL

    3.3 RELAÇÕES SOCIAIS

    3.4 EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL


4. O PENSAMENTO POLÍTICO E DIPLOMÁTICO DO VISCONDE DO URUGUAI 

    4.1 O PENSAMENTO CONSERVADOR

    4.2 O PENSAMENTO POLÍTICO DO VISCONDE DO URUGUAI

    4.3 URUGUAI E O IMPÉRIO


5. A DIPLOMACIA COMERCIAL

    5.1 OS TRATADOS DESIGUAIS

    5.2 A REAÇÃO AO SISTEMA DE TRATADOS

    5.3 A DIPLOMACIA FINANCEIRA


6. A SITUAÇÃO FINANCEIRA NO PRATA EM MEADOS DA DÉCADA DE 1840

    6.1 A DIPLOMACIA FINANCEIRA DO VISCONDE DO URUGUAI

    6.2 LIMITES: A GRANDE POLÍTICA AMERICANISTA


7. A SITUAÇÃO NO MOMENTO DA INDEPENDÊNCIA

    7.1 A IDÉIA DE NACIONALIDADE NO BRASIL

    7.2 A POLÍTICA DE LIMITES ANTES DA GESTÃO DO VISCONDE DO URUGUAI

    7.3 A POSIÇÃO DO VISCONDE DO URUGUAI

    7.4 A POSIÇÃO DOS SUCESSORES DO VISCONDE

    7.5 AS RELAÇÕES COM A INGLATERRA: DO CONFLITO À PACIFICAÇÃO


8. UMA RELAÇÃO CONFLITUOSA: AS MÁGOAS DA INDEPENDÊNCIA

    8.1 A POSIÇÃO DO VISCONDE DO URUGUAI

    8.2 PRECURSORES E SEGUIDORES DA POLÍTICA DO VISCONDE

    8.3 O PRATA: DA NEUTRALIDADE À INTERVENÇÃO


9. O CONTEXTO GEOPOLÍTICO DA REGIÃO

    9.1 O CONTEXTO GEOPOLÍTICO DA REGIÃO

  9.2 A POLÍTICA DO IMPÉRIO PARA O PRATA ATÉ 1849: ABAETÉ E A DOUTRINA DA NEUTRALIDADE

   9.3 A POLÍTICA DO VISCONDE DO URUGUAI: A DOUTRINA DA INTERVENÇÃO

   9.4 A POLÍTICA PARA O PRATA DEPOIS DO VISCONDE


CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS


Trechos do Prefácio:

A construção da diplomacia brasileira por um de seus pais fundadores

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor 

 

Paulino José Soares de Souza não figura entre os founding fathers da nação, inclusive porque, nascido em Paris, em 1807, só tinha 15 anos quando da declaração da autonomia, em 1822. Mas, ele foi, indiscutivelmente, um dos pais construtores do Estado brasileiro e um dos fundadores de sua diplomacia, tal como ela conseguiu se libertar de duas pesadas amarras da herança internacional portuguesa e passou a cuidar, verdadeiramente, dos interesses nacionais. Este livro, do eminente colega diplomata e distinto intelectual Paulo Fernando Pinheiro Machado, consolida toda a informação disponível sobre a atuação de Paulino como chanceler (duas vezes), tanto no plano conceitual, quanto no terreno da prática, tendo ele “encerrado” dois episódios que tinham ficado em aberto desde a independência, e dado a partida a uma política externa que será continuada por seus sucessores, com destaque para os dois Rio Branco, o visconde e o barão, cuja tradição de qualidade tornou-se um patrimônio da diplomacia republicana, prolongada até praticamente o período recente.

O Brasil nascente iniciou-se na vida internacional tendo de resolver três problemas herdados da política externa de Portugal, dos quais o primeiro foi contornado logo após a Restauração dos Bourbons na França pós-napoleônica e dois outros prolongados justamente até a atuação de Paulino, no começo dos anos 1850. Caiena, a futura Guiana francesa, que tinha sido ocupada por forças enviadas pelo príncipe regente D. João logo após a chegada da Corte portuguesa no Rio de Janeiro – uma forma de vingança contra Napoleão, que tinha mandado invadir Portugal em 1807 –, foi devolvida à França pelo tratado de Utrecht de 1817. Mas o problema do tráfico escravo, nas relações com a principal potência da época, a Grã-Bretanha, e a questão da Cisplatina – o futuro Uruguai, também invadido por forças portuguesas durante a presença da Corte no Brasil –, incorporada ao território do Império, e foco do nosso primeiro conflito com as Províncias “Desunidas” do Prata, permaneceram como dois focos imediatos de tensão nas relações exteriores da nova nação independente, ao lado e além do próprio reconhecimento diplomático do novo Estado pelas demais potências e vizinhos regionais, finalmente resolvido a partir de 1825. Essas duas questões só foram resolvidas, pelo menos nos seus aspectos mais cruciais, graças à atuação de Paulino na sua segunda encarnação como ministro dos Negócios Estrangeiros, antes mesmo que ele recebesse o título de Visconde do Uruguai, que só chegou em 1854, depois que ambos já tinha encontrado soluções satisfatórias, graças ao segundo melhor chanceler do novo Império do Brasil, depois do primeiro, José Bonifácio, um dos pais fundadores, também conhecido como o “patriarca da Independência”.

Este livro tem um título apropriado, “Ideias e diplomacia”, pois estes são os dois grandes conceitos em torno dos quais Paulo Fernando Pinheiro Machado organiza os seus argumentos substantivos, mas também traz, em seu subtítulo, uma afirmação mais do que apropriada: o “nascimento da política externa brasileira”. Com efeito, até o começo das Regências, a política externa do Brasil tinha sido quase “portuguesa”, e não só pelos problemas do Prata e do tráfico, mas também em função das tribulações de D. Pedro I com os assuntos da antiga metrópole: entre estas se incluem as desventuras de D. João VI de volta ao trono de Portugal, a ambição de D. Miguel, irmão de D. Pedro, este o herdeiro legítimo da coroa na morte (altamente suspeita) do pai em 1826, sua luta deste para fazer de sua filha, Maria da Glória, a legítima sucessora como futura D. Maria II, em benefício de quem abdicou da coroa portuguesa, o que só se efetivourealmente depois da verdadeira guerra civil que teve de travar contra o absolutista D. Miguel, já após sua própria abdicação como imperador do Brasil e volta definitiva a Portugal, em 1831. 

(...)


Senador do Império, ministro de Estado por duas vezes na Justiça e por três vezes na pasta dos Negócios Estrangeiros, embaixador em missão especial na França, para tratar do caso da Guiana – que só seria resolvido na República, pelo barão do Rio Branco –, Paulino José Soares de Souza não deixou um registro circunstanciado de seu imenso trabalho de gestor, de político, de chefe fundador de uma diplomacia verdadeiramente brasileira, mas ofereceu sua contribuição de estadista como autor de duas obras de direito administrativo. Seu neto, José Antonio Soares de Souza, deixou sobre ele um relato encomiástico, mas honesto, na obra A vida do visconde do Uruguai (1944), com ampla informação sobre cada uma de suas múltiplas atividades nos diversos cargos em que se desempenhou sempre de forma brilhante. Outros estudiosos importantes, como José Murilo de Carvalho, que organizou a reedição de suas principais obras (2002), ou Ilmar Mattos (1999), examinaram o seu trabalho como construtor do Estado imperial. Esta obra, de meu colega Paulo Fernando Pinheiro Machado, completa agora, pelo estudo de suas ideias e pelo acompanhamento de sua ação na diplomacia, o panorama virtualmente completo desse grande formador do Brasil na primeira fase de sua existência como nação independente. 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, dezembro de 2021





 

 

 

 

 

O PIB global: 94 trilhões de dólares - EUA, China, Alemanha e Japão fazem metade do total; Brasil é dez vezes menor do que a China

Visualizing the $94 Trillion World Economy in One Chart

Visual Capitalist, December 22, 2021

https://www.visualcapitalist.com/visualizing-the-94-trillion-world-economy-in-one-chart/ 

The $94 Trillion World Economy in One Chart

View the expanded version of this infographic.

Just four countries—the U.S., China, Japan, and Germany—make up over half of the world’s economic output by gross domestic product (GDP) in nominal terms. In fact, the GDP of the U.S. alone is greater than the combined GDP of 170 countries.

How do the different economies of the world compare? In this visualization we look at GDP by country in 2021, using data and estimates from the International Monetary Fund (IMF).

An Overview of GDP

GDP serves as a broad indicator for a country’s economic output. It measures the total market value of final goods and services produced in a country in a specific timeframe, such as a quarter or year. In addition, GDP also takes into consideration the output of services provided by the government, such as money spent on defense, healthcare, or education.

Generally speaking, when GDP is increasing in a country, it is a sign of greater economic activity that benefits workers and businesses (while the reverse is true for a decline).

The World Economy: Top 50 Countries

Who are the biggest contributors to the global economy? Here is the ranking of the 50 largest countries by GDP in 2021:

At $22.9 trillion, the U.S. GDP accounts for roughly 25% of the global economy, a share that has actually changed significantly over the last 60 years. The finance, insurance, and real estate ($4.7 trillion) industries add the most to the country’s economy, followed by professional and business services ($2.7 trillion) and government ($2.6 trillion).

China’s economy is second in nominal terms, hovering at near $17 trillion in GDP. It remains the largest manufacturer worldwide based on output with extensive production of steel, electronics, and robotics, among others. 

The largest economy in Europe is Germany, which exports roughly 20% of the world’s motor vehicles. In 2019, overall trade equaled nearly 90% of the country’s GDP.

The World Economy: 50 Smallest Countries

On the other end of the spectrum are the world’s smallest economies by GDP, primarily developing and island nations.

With a GDP of $70 million, Tuvalu is the smallest economy in the world. Situated between Hawaii and Australia, the largest industry of this volcanic archipelago relies on territorial fishing rights. 

In addition, the country earns significant revenue from its “.tv” web domain. Between 2011 and 2019, it earned $5 millionannually from companies—including Amazon-owned Twitch to license the Twitch.tv domain name—equivalent to roughly 7% of the country’s GDP.

Like Tuvalu, many of the world’s smallest economies are in Oceania, including Nauru, Palau, and Kiribati. Additionally, several countries above rely on the tourism industry for over one-third of their employment. 

The Fastest Growing Economies in the World in 2021

With 123% projected GDP growth, Libya’s economy is estimated to have the sharpest rise. 

Oil is propelling its growth, with 1.2 million barrels being pumped in the country daily. Along with this, exports and a depressed currency are among the primary factors behind its recovery.

RankCountryRegion
2021 Real GDP Growth (Annual % Change)
1🇱🇾 Libya Africa123.2%
2🇬🇾 Guyana South America20.4%
3🇲🇴 Macao Asia20.4%
4🇲🇻 Maldives Asia18.9%
5🇮🇪 Ireland Europe13.0%
6🇦🇼 Aruba Caribbean12.8%
7🇵🇦 Panama Central America12.0%
8🇨🇱 Chile South America11.0%
9🇵🇪 PeruSouth America10.0%
10🇩🇴 Dominican RepublicCaribbean9.5%

Ireland’s economy, with a projected 13% real GDP growth, is being supported by the largest multinational corporations in the world. Facebook, TikTok, Google, Apple, and Pfizer all have their European headquarters in the country, which has a 12.5% corporate tax rate—or about half the global average. But these rates are set to change soon, as Ireland joined the OECD 15% minimum corporate tax rate agreement which was finalized in October 2021.

Macao’s economy bounced back after COVID-19 restrictions began to lift, but more storm clouds are on the horizon for the Chinese district. The CCP’s anti-corruption campaign and recent arrests could signal a more strained relationship between Mainland China and the world’s largest gambling hub.

Looking Ahead at the World’s GDP

The global GDP figure of $94 trillion may seem massive to us today, but such a total might seem much more modest in the future.

In 1970, the world economy was only about $3 trillion in GDP—or 30 times smaller than it is today. Over the next thirty years, the global economy is expected to more or less double again. By 2050, global GDP could total close to $180 trillion.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Relatório (secreto) da visita do vice-presidente João Goulart à China de Mao, em agosto de 1961, quando o presidente se demitiu - J.A. Araújo Castro

Agreguei à minha página do Academia.edu, a cópia fotográfica do ofício secreto encaminhado a partir do Consulado do Brasil em Hong Kong, em 4 de setembro de 1961, pelo então ministro-conselheiro da embaixada do Brasil em Tóquio, João Augusto de Araújo Castro, a propósito da visita do vice-presidente reeleito João Goulart à República Popular da China, em agosto de 1961, quando o Brasil reconhecia apenas a República da China (Formosa), com considerações pessoais sobre a forma e a natureza dessa visita, no curso da qual, brasileiros e chineses foram surpreendidos com a notícia da renúncia do presidente Jânio Quadros.



Quando puder, farei a análise desse ofício secreto, contextualizando-o na conjuntura histórica daquele momento da diplomacia brasileira, entre os "apelos" (americanos) da Guerra Fria e os novos eflúvios da Política Externa Independente, do presidente Jânio Quadros e do chanceler Afonso Arinos de Melo Franco (que acabou saindo com a demissão inopinada do presidente que se acreditava com virtudes "gaullistas".
Jânio já havia "ordenado" a retomada de relações diplomáticas e comerciais com os países socialistas da órbita soviética, mas a China de Mao era uma coisa bem diferente, e não tenho certeza de que Jânio ou Goulart tivessem plena consciência do que isso significava na geopolítica mundial e nas relações exteriores do Brasil.
A decisão de enviar Goulart à China antecedeu, provavelmente, à decisão de Jânio de tentar o seu "golpe" contra o Congresso, mas pode-se argumentar que ele partia da suposição maquiavélica de que a apresentação da sua carta de demissão, no meio daquela viagem, induziriam tanto os congressistas, quanto os militares, a pressionarem pela sua manutenção como presidente. Não aconteceu nem uma coisa, nem outra, sobretudo depois que ele resolveu dar a Ordem do Cruzeiro do Sul ao Ché Guevara...
Gostaria, neste momento, de destacar o enorme auxílio que sempre tive enquanto estive como diretor do IPRI (e aproveitava o cargo para aventurar-me em outras esferas, sobretudo históricas, do Itamaraty) do meu amigo, historiador Rogério de Souza Farias, o garimpeiro dos arquivos da Secretaria de Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22/12/2021

Livro de Bruno Sampaio da Costa: Processo Civilizador nas Exposições de Motivos dos Códigos de Processo Civil: um ensaio - meu orientando

Uma das últimas publicações identificadas deste ano de 2021 (outras podem estar correndo por aí):

1431. “Uma leitura original das Exposições de Motivos aos Códigos de Processo Civil”, Orelhas ao livro de Bruno Sampaio da Costa, Processo Civilizador nas Exposições de Motivos dos CPCs: um ensaio (São Paulo: Editora Dialética, 2021, 152 p.; ISBN: 978-6525209920). Relação de Originais n. 3955.


O livro está disponível na Amazon, neste link.



Transcrevo abaixo o texto da orelha: 

Uma leitura original das Exposições de Motivos aos Códigos de Processo Civil 

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivocontracapa ao livro de Bruno Sampaio da CostafinalidadeProcesso Civilizador nas Exposições de Motivos dos CPCs: um ensaio]

 

 

Constituições, códigos e outros instrumentos relativos à organização legal de um determinado país costumam refletir o espírito da época, o chamado Zeitgeist. Oliveira Viana, um dos primeiros sociólogos do Brasil dizia, num de seus trabalhos dos anos 1920, que havia uma incompatibilidade entre o Brasil real e o Brasil legal, e que o fato de no país se valorizar mais a Autoridade do que a Liberdade era devido a que o povo não demonstrava sentimentos de solidariedade social como talvez se encontrassem nos povos europeus, em especial no povo anglo-saxão, daí a ausência de liberalismo no Brasil. Ele se colocou, em consequência, a serviço dos interesses corporativos das elites, em especial do autoritarismo do Estado Novo.

Pois foi no Estado Novo que Francisco Campos, outro arauto do autoritarismo tupiniquim, elaborou a Exposição de Motivos ao Código de Processo Civil de 1939; foi também sob uma outra ditadura, o regime militar que perdurou de 1964 a 1985, que outro defensor do autoritarismo, Alfredo Buzaid, elaborou sua Exposição de Motivos ao Código de 1973. Mas, já foi no contexto de abertura que se seguiu à democratização retomada em 1985 que uma Comissão de Juristas elaborou a Exposição de Motivos ao CPC de 2015. 

Bruno Sampaio da Costa mobilizou a metodologia elaborada pelo sociólogo Norbert Elias a respeito do “processo civilizador”, para examinar detidamente as três exposições de motivos aos Códigos respectivos de 1939, 1973 e 2015, evidenciando justamente a dinâmica social, ideológica, em uma palavra, civilizatória, que marcaram as introduções a essas três peças de três momentos diferentes da evolução política do Brasil.  Seu livro, Processo Civilizador nas Exposições de Motivos dos CPCs, constitui justamente uma leitura original, inédita para os padrões deste tipo de análise, sobre nosso próprio processo civilizador numa área das mais relevantes para os atuais sentimentos de solidariedade na sociedade brasileira.

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor.

 

[Brasília, 3955, 2 de agosto de 2021]

 

'País precisa sair da armadilha do baixo crescimento', diz Maílson da Nóbrega - Entrevista com Sonia Racy (OESP)

 Economia 

'País precisa sair da armadilha do baixo crescimento', diz Maílson da Nóbrega

Saída é trocar de presidente e voltar a ter uma economia mais produtiva, aponta ex-ministro do governo Sarney, que também vê um cenário difícil para uma terceira via

Entrevista com Maílson da Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda

Sonia Racy, O Estado de S.Paulo

22 de dezembro de 2021 | 05h00


Economista experiente, ministro da Fazenda nos difíceis anos de alta inflação do governo Sarney e um dos criadores da Tendências Consultoria, o hoje consultor Mailson da Nóbrega aponta dois passos que o Brasil precisa dar para voltar a respirar e ter rumo. Primeiro, trocar de presidente em 2022. Segundo, “sair da armadilha do baixo crescimento”.

Nesta conversa com Cenários, considera urgente aprovar uma reforma tributária – o projeto de lei já existe, foi coordenado pelo economista Bernard Appy. A opção escolhida pelo governo Bolsonaro, “é péssima, resume-se a reforma do Imposto de Renda”. Para 2022, ele acredita que a terceira via “é um projeto difícil”. E que, entre Lula e Bolsonaro, o petista “pode ter cometido erros”, mas “entende como funcionam as instituições e mostrou que sabe governar”. Aqui vão trechos da conversa.

Com o clima de incertezas tanto na política bem como na economia, dá para desenhar algo para próximos anos?

Acho que temos dois desafios. O primeiro é a alternância do poder em 2022 – ou seja, a substituição de Jair Bolsonaro por um presidente que saiba conduzir-se na gestão do governo e restabeleça o prestígio que o Brasil já teve na cena internacional. O segundo, sair desse cenário de baixo crescimento, a chamada armadilha da renda média. A renda per capita estagnou nos últimos 40 anos, e a razão principal foi a queda da produtividade, que é o grande fator de geração de riqueza de um país. 

Mas esse problema, de baixa produtividade, vem desde os anos 80, não?

Os 80 foram o início dessa derrocada. Nos 50, 60 e 70, a produtividade trouxe o maior crescimento do Brasil de todos os tempos, o chamado milagre brasileiro de 1968 a 1973, que chegou aos 11,1% ao ano. Nos 80, isso começou a cair.

O que motivou essa virada?

Foi a queda da eficiência na economia. Temos aí fatores externos, como as crises do petróleo em 1973 e 79 e o esgotamento da estratégia de crescimento pela substituição das importações e forte intervenção dirigista do Estado. Também acabou o benefício dos campos, provocando forte migração do campo para as cidades. E, de quebra, tivemos uma piora do sistema fiscal. 

Como foi isso?

O Brasil criou um sistema fiscal avançado, em 1965. Adotou-se um método de tributação de consumo dos mais modernos do mundo. Na época, era o ICM, depois ICMS e IPI. Isso foi sendo deteriorado por novas formas de tributação, que abriga hoje o PIS e o Cofins. E a Constituição de 1988 foi uma pá de cal na eficiência tributária porque, sob pressão dos governadores e prefeitos, atribuiu-se a Estados o poder de decidir sobre ICMS. 

Foi uma má ideia?

Foi um desastre. Trouxe imposto sobre imposto e virou uma bagunça. Com o ICMS mudando sete vezes por semana, nenhuma empresa de atuação nacional consegue acompanhar essa loucura. Eu diria que hoje o principal fator de redução da produtividade no Brasil é o ICMS.

Existe alguma possibilidade de, um dia, termos uma boa reforma tributária?

O Brasil perdeu agora uma oportunidade de fazê-la, por meio da proposta do Centro de Cidadania Fiscal, liderada pelo Bernard Appy. Ali, pela primeira vez na história, governadores e secretários da Fazenda se puseram de acordo. Por que não emplacou? Porque os Estados depois se convenceram de que esse sistema é inviável. Hoje, a economia é cada vez mais de serviços, que já tomam 73% da economia brasileira, e há poucos serviços tributados por Estados – a grande massa deles está na área tecnológica, é tudo dos municípios. Mas acho que o projeto não está enterrado, ele pode renascer se houver uma mudança de poder em 2022.

Qual é a importância dessa alternância de poder?

É evitar a presença de um presidente despreparado como o atual, sem a menor capacidade de coordenar o jogo político e com capacidade inacreditável de dizer bobagem todo dia.

O que acha da candidatura do Lula? E da terceira via?

No nosso cenário lá na Tendências Consultoria, caminhamos para um segundo turno entre Lula e Bolsonaro no qual Lula será o vencedor. Não vemos espaço, no momento, para uma terceira via. Quanto a Bolsonaro, talvez ele veja que não tem chance de chegar ao segundo turno e tente ser deputado, para ficar a salvo de processos. 

Como vê o futuro de Lula?

Ele é candidatíssimo e quer mostrar que não foi corrupto. Agora, se você me perguntar “o governo do Lula seria melhor do que o do Bolsonaro?”, não tenho dúvida em dizer que sim. Ele sabe como funcionam as instituições, já mostrou que sabe governar. 

Mas ainda é cedo e muita coisa pode mudar, não?

Acho que 2022 vai ser um ano difícil, O ambiente externo é desafiador, estamos num momento de mudança na política monetária dos EUA, onde a inflação já passou dos 6%. E acho esse programa que substitui o Bolsa Família uma aposta arriscada de Bolsonaro. Na campanha, o Lula vai dizer ao eleitor, principalmente no Nordeste, que é o mesmo Bolsa Família, uma criação dele.


https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pais-precisa-sair-da-armadilha-do-baixo-crescimento-diz-mailson-da-nobrega,70003933036 

Pasteur. La foi dans la science - Revue L'Histoire (janvier 2022)

A França vai comemorar os 200 anos do nascimento de Pasteur reafirmando sua fé na ciência.

No Brasil, não vamos "comemorar" os 200 anos da nossa Independência porque o desgoverno do Bozo é tudo o que não gostaríamos nesse ano símbolo, a destruição das instituições, o desmantelamento da governança, o estupro orçamentário e, sobretudo, a ANTICIÊNCIA, o desprezo pelas mais rudimentares normas sanitárias, cuidados profiláticos e investimentos em vacinas, o que levou o Brasil a ter, proporcionalmente, uma das maiores taxas de mortalidade por Covid do mundo, senão a maior.

E o capitão continua negacionista e sabotando vacinas para crianças, e os necessários cuidados em relação à Ômicron. O Brasil se desfez sob o Bozo, um psicopata incurável.

Paulo Roberto de Almeida



Pasteur. La foi dans la science 

La pandémie de Covid-19 a rebattu les cartes : alors qu’on croyait possible de les éradiquer, les maladies infectieuses se rappellent à nous. Et avec elles l’importance du vaccin. C’est une des nombreuses raisons de commémorer en 2022 le bicentenaire de la naissance de Louis Pasteur à Dole, dans le Jura.

Celui-ci est devenu, de son vivant déjà, une légende, celui qui a vaincu la mort. Rien, il est vrai, ne manque au portrait du saint laïque, fils du peuple, prêt à tout pour faire triompher la vérité au bénéfice du bien-être de l’humanité.

Les travaux des historiens depuis trente ans ont nuancé ce portrait. Pasteur n’est pas un génie isolé ; il s’est appuyé sur de fidèles collaborateurs et sur les travaux de ses prédécesseurs. D’autres acteurs essentiels ont contribué à la « révolution pasteurienne », en premier lieu son grand rival allemand, Robert Koch. Pasteur fut aussi un entrepreneur avisé et sut faire preuve d’un grand sens de la communication.

Reste une œuvre scientifique immense. Et une conception de la science dont nous sommes les héritiers.

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La nueva década perdida de América Latina - José Antonio Ocampo (La Reforma)

  

La Reforma, México – 22.12.2021

La nueva década perdida de América Latina

Paradójicamente, la mejor manera de superar la actual década perdida de América Latina puede ser centrarse en cuestiones que van más allá del crecimiento económico

José Antonio OCampo

 

Nueva York -  En cualquier otro año que no sea este, el crecimiento económico en América Latina daría motivos de orgullo a los gobiernos de la región. La Comisión Económica de las Naciones Unidas para América Latina y el Caribe (CEPAL) estima que el crecimiento del PIB en 2021 estará en torno al 6% , mientras que el Fondo Monetario Internacional pronostica un crecimiento del 6,3% . Desafortunadamente, incluso la proyección más optimista es insuficiente para compensar la contracción que sufrió la región en 2020, de -6,8%.

América Latina será la región del mundo en desarrollo con el peor desempeño al salir de la pandemia. Debido al crecimiento muy débil en los cinco años anteriores a la pandemia de COVID-19, la región experimentó una “media década perdida.” Ahora, con el colapso económico de 2020, la recuperación limitada de 2021 y un crecimiento moderado esperado para 2022 (2,9% según la CEPAL), está claro que la región se encuentra en medio de otra década perdida de desarrollo. Si 2023 es similar a 2022, el crecimiento anual promedio para el período 2014-23 sería de solo 0,7% anual, peor que la tasa anual de 1,4% que América Latina durante la década perdida de los años 1980.

La recuperación económica de la crisis del COVID-19 también ha sido muy desigual. Cuando se consideran en conjunto los años 2020 y 2021, Chile y Colombia son los dos países más grandes con el mejor desempeño; se espera que ambos superen sus niveles de actividad económica previos a la pandemia. Brasil y Perú también pueden hacerlo, pero el PIB de Brasil se contrajo en el segundo y tercer trimestres. Argentina y México tendrán un nivel de actividad económica inferior al de 2019, y el colapso económico en Venezuela ha continuado. Entre las economías más pequeñas, solo República Dominicana, Guatemala y Paraguay mostrarán una mayor actividad económica en 2021 que en 2019.

Los efectos sociales en la región han sido devastadores. La CEPAL y la Organización Internacional del Trabajo estiman que en 2020 se perdieron 25 millones de puestos de trabajo en América Latina. Al segundo trimestre de este año se habían recuperado solo 17 millones, por lo que el empleo todavía se encuentra alrededor de un 3% por debajo del nivel anterior a la crisis. No hay estimaciones de la tasa de pobreza para el 2021, pero llegó al 33,7% en 2020 según la CEPAL, por lo que la región ha perdido más de una década en términos de reducción de la pobreza.

Los efectos internos de la pandemia han sido mucho más significativos que los choques económicos internacionales que ha experimentado América Latina. De hecho, a pesar de los problemas con el transporte marítimo y las cadenas globales de valor, el comercio internacional se ha recuperado mucho más rápido que después de la crisis de 2008-09. Los precios de las materias primas también mostraron una fuerte recuperación desde mediados del año pasado. En general, se espera que las exportaciones latinoamericanas crezcan un 25% en 2021, gracias a un aumento del 8% en los volúmenes y las tendencias positivas en los precios de exportación. La principal excepción es el turismo, que ha experimentado una recuperación muy incompleta.

Los flujos de capital han sido abundantes para los países que tienen acceso a los mercados financieros. Durante los primeros nueve meses de 2021, las emisiones de bonos latinoamericanos en el mercado internacional de capitales alcanzaron los 124.000 millones de dólares, un 5,6% más que en el mismo período de 2020, cuando las emisiones también mostraron una tendencia positiva. El costo de dicha financiación ha sido muy bajo para los patrones históricos. Y, en contra de la expectativa de que la pandemia reduciría las remesas de los migrantes, estas aumentaron tanto en 2020 como en 2021, particularmente de los migrantes en los Estados Unidos.

Pero la desaceleración de la mayoría de las principales economías y el aumento de la inflación en todo el mundo indican que las condiciones globales pueden ser menos positivas en los próximos meses. La Reserva Federal de Estados Unidos ha señalado que subirá las tasas de interés en 2022 y el Banco Central Europeo también endurecerá su política monetaria. China, un mercado importante para América Latina, enfrenta dificultades causadas por los problemas de deuda de su sector de la construcción y algunas grandes empresas. Y los precios de las materias primas, incluido el petróleo, parecen haber alcanzado su punto máximo, aunque siguen siendo altos.

Además, el espacio fiscal de los gobiernos latinoamericanos seguirá estando limitado por los altos niveles de la deuda. Y los bancos centrales de la región están aumentando las tasas de interés desde sus mínimos históricos para responder a los aumentos de la inflación.

En cualquier caso, dado el débil crecimiento económico esperado, los gobiernos latinoamericanos deben evitar adoptar políticas macroeconómicas contraccionistas. Más importante aún, deberían centrarse en reformas estructurales. Tomar medidas para reducir la desigualdad a través del gasto social y sistemas tributarios más equitativos sería un buen lugar para comenzar. Los gobiernos también deberían fomentar políticas activas de desarrollo productivo y exportaciones con mayor contenido tecnológico, respaldadas por una mayor financiación para la ciencia y la tecnología. También sería bienvenida la adopción plena de la agenda ambiental mundial. Y los responsables de la formulación de políticas deberían emprender un fuerte impulso a la integración regional, despolitizando los procesos existentes y ampliando su acción hacia nuevas áreas, en particular en materia de salud y productos farmacéuticos.

Por último, pero no menos importante, la región debe demostrar su dedicación a la democracia. La crisis de la deuda de la década de 1980 debilitó a los regímenes autoritarios en el poder y facilitó la democratización. Pero ese compromiso está hoy en duda. Desafortunadamente, como lo destacó el Instituto Internacional para la Democracia y la Asistencia Electoral (IDEA) en un informe reciente, esta es una tendencia mundial. Es esencial que los países latinoamericanos demuestren en las próximas elecciones que la democracia sigue siendo un pilar de su estrategia de desarrollo.

Paradójicamente, la mejor manera de superar la actual década perdida de América Latina puede ser centrarse en cuestiones que van más allá del crecimiento económico. Una agenda que se centre en el fortalecimiento de la democracia, la reducción de la pobreza y la desigualdad y la protección del medio ambiente tiene más probabilidades de mejorar las posibilidades de la región de lograr un crecimiento más incluyente y más sostenible.(P.S.)

 

José Antonio Ocampo, exministro de Finanzas de Colombia y subsecretario general de las Naciones Unidas, es profesor de la Universidad de Columbia, presidente del Comité de Políticas de Desarrollo de las Naciones Unidas y presidente de la Comisión Independiente para la Reforma de la Fiscalidad Corporativa Internacional. Es autor de Resetting the International Monetary (Non) System (Oxford University Press, 2017) y coautor (con Luis Bértola) de The Economic Development of Latin America since Independence (Oxford University Press, 2012). 

 

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