O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

RBPI, hora da saudade (1): minha introducao ao nro. especial de 40 anos (1998)

Transcrevo abaixo a "nota liminar" que redigi para introduzir o número especial que concebi e dirigi da RBPI, quando ela completava 40 anos (desde sua criação no Rio de Janeiro em 1958).
Nesta nota eu prometia um novo número especial para o ano de 2008, aproveitando os cinquenta anos da revista e os 200 anos de relações internacionais e de política externa a partir do Brasil, o que não ocorreu. Mas houve, sim, um seminário, e um livro, de que participei. Relatarei os resultados em postagem à parte.
Paulo Roberto de Almeida

Revista Brasileira de Política Internacional
Print version ISSN 0034-7329
Rev. bras. polít. int. vol.41 no.spe Brasília 1998
doi: 10.1590/S0034-73291998000300001

NOTA LIMINAR DO ORGANIZADOR
Revista Brasileira de Política Internacional: a continuidade de um empreendimento exemplar
Paulo Roberto de Almeida
Editor Adjunto da RBPI e Diretor Geral do IBRI

"Nota Liminar": a designação remonta aos anos sessenta, quando o historiador José Honório Rodrigues costumava introduzir assim os muitos números temáticos que ele concebeu enquanto exercia o cargo de Diretor Geral do IBRI, o que lhe dava automaticamente o direito de exercer a função de Editor da RBPI. Ele desempenhou-se brilhantemente à frente da revista, entre 1964 e 1969, numa fase que poderíamos caracterizar como "heróica" da vida deste periódico, como se pode verificar nesta edição comemorativa dos primeiros quarenta anos de sua existência editorial.

Atualmente, e mais precisamente desde a inauguração da série de Brasília, os dois cargos encontram-se nitidamente separados, mas na prática as funções muitas vezes se mesclam, como o prova esta iniciativa do Diretor Geral do IBRI — que é ao mesmo tempo o Editor Adjunto da RBPI — de deixar registrada sua importância para a vida intelectual do Brasil e para o estudo de suas relações exteriores nos últimos quarenta anos.

"Quarenta anos": poucas revistas acadêmicas brasileiras, a fortiori no campo das relações internacionais, podem ostentar uma tal longevidade editorial. Pode parecer pouco, ao lado, por exemplo, dos quase dois séculos de existência da Revue des Deux Mondes, mas no contexto brasileiro trata-se certamente de uma marca de "senioridade". Na verdade, com a notável, mas compreensível, exceção das revistas militares — que ocasionalmente se ocuparam de temas internacionais — e descontando-se o saudável meio século das duas revistas editadas pela Fundação Getúlio Vargas, Conjuntura Econômica e Revista Brasileira de Economia — que também dedicam-se, parcial ou episodicamente, a temas das relações econômicas internacionais do Brasil — nenhuma outra revista acadêmica nesta área especializada pode gabar-se de ser uma espécie de registro e testemunha "ocular" da maior parte dos eventos e processos das relações internacionais do Brasil contemporâneo que constituem o seu próprio objeto de análise.

A RBPI esteve presente, por exemplo, na criação da Política Externa Independente, assim como ela acompanhou a longa trajetória da política nuclear brasileira, desde a fase da recusa do Tratado de Não-Proliferação e de assinatura do Tratado de Tlatelolco, até o período recente de implementação efetiva deste último e da adesão do Brasil ao primeiro. Ela também pode orgulhar-se de ter acompanhado, passo a passo, os progressos e percalços do processo de de integração na América Latina, desde a fase inicial da ALALC, até os dias de hoje, quando se prepara a fase negociadora da ALCA, num contexto de reforço institucional do MERCOSUL e de ampliação de seu relacionamento com outros esquemas e blocos integracionistas, como é o caso da Comunidade Andina e da própria União Européia.

Como relato em meu artigo sobre as revistas brasileiras de relações internacionais — conceito tomado em sua acepção a mais larga possível — muitos foram os periódicos que, de 1958 a 1998, informaram, debateram, criticaram e analisaram aspectos diversos das relações exteriores do Brasil. Poucos, no entanto, sobreviveram a tão longo período de transformações políticas e econômicas no País, desde a fase "clássica" da industrialização substitutiva até os dias que correm, de inserção acelerada na economia globalizada. A tabela sinóptica e cronológica que acompanha esse artigo dá uma idéia do desenrolar de eventos significativos na vida internacional e nacional ao longo do período, correlacionando-os com determinados artigos da própria revista e com documentos selecionados nela publicados.

Publicada pela primeira vez em Brasília a partir de seu volume 36, em 1993, a RBPI tinha sido lançada no Rio de Janeiro em março de 1958, no velho Palácio Itamaraty. Ela já completou, portanto, quatro décadas de vida, o que constitui um fato bastante raro no panorama editorial brasileiro, num cenário acadêmico ainda caracterizado por poucas revistas especializadas em relações internacionais. O Brasil mudou muito nesse período, a começar pela sua própria capital federal, mas a revista, na verdade, mudou muito pouco, descontando-se o fato dela ter passado de trimestral a semestral. Ela continua no entanto a ser pautada pelas mesmas características editoriais e pela mesma clareza de propósitos que tinham orientado sua criação: informar objetivamente e debater criteriosamente todos os fatos e processos relevantes em matéria de política externa brasileira e de relações internacionais em geral.

O presente número, especial, da RBPI pretende, a título de modesta comemoração, apresentar algumas reflexões sobre a política externa brasileira nos últimos quarenta anos, repassar o cenário editorial nessa área, oferecer uma perspectiva histórica de sua importância na pesquisa e na reflexão sobre os temas que formam seu objeto próprio e sua razão de ser, dar evidências sobre sua utilidade intrínseca — como fonte documental para o conhecimento dos últimos quarenta anos de relações internacionais e de política externa brasileira —, bem como, mais importante, trazer novamente ao conhecimento do leitor interessado alguns dos momentos fortes que marcaram seu itinerário intelectual ao longo desse período. Os artigos referenciados ou discutidos nas seções temáticas elaboradas por resenhistas convidados ou por colaboradores habituais da revista, bem como o sumário completo de todos os números publicados até aqui demonstrarão a essencialidade — e mesmo a "indispensabilidade" — da revista em qualquer pesquisa séria que se empreenda nesse terreno.

Por todas essas razões, um passeio pelo passado da revista constitui um motivo de justo orgulho para todos aqueles, diplomatas ou acadêmicos, que estiveram ou ainda estão associados a este empreendimento editorial a todos os títulos exemplar e meritório na comunidade brasileira vinculada à problemática internacionalista. Seu futuro depende, como parece normal, de seus muitos leitores, que nela encontram motivo de satisfação profissional ou de reflexão acadêmica. Um novo encontro dentro de dez anos, quando a velha "repartição dos negócios estrangeiros" completará duzentos anos de existência continuada no Brasil, permitirá aferir a vitalidade desta revista. Até 2008, portanto, com pelo menos mais vinte densos números da RBPI.

Paulo Roberto de Almeida

[Este artigo em formato pdf]

PS.: A tabela sinóptica e cronológica que acompanha meu artigo artigo introdutório (ver post seguinte a este) foi transcrita na base de dados do Scielo no seguimento desse artigo; ver este link, no final (clicar para ampliar).
Paulo Roberto de Almeida

Balanco da era Lula - editoriais do Estadao

Existem muitos balanços da era Lula, inclusive os suspeitos de sempre: a propaganda governamental. Recebi no começo de dezembro, em meu trabalho, um imenso pacote, encaminhado por via rápida (Sedex), contendo pelo menos vinte exemplares de uma brochura em tamanho grande, ricamente ilustrada com fotos e cores e diagramação de qualidade, contendo exatamente isso: propaganda governamental.
Imagino que este governo que nos desgoverna, e que gastou mais de 10 bilhões de dólares com propaganda de si mesmo, mandou os mesmos pacotes por via expressa para as centenas, provavelmente milhares de pessoas cadastradas em suas bases de dados, funcionários de governo, ou de Estado (como é o meu caso), aliados da causa, ou simples receptores da propaganda governamental, sem sequer checar as coordenadas (já que o material foi mandado para um antigo endereço profissional meu.
Em minha opinião, o ministério da propaganda do governo deveria ser simplesmente fechado, e todas as verbas dirigidas a programas mais adequados, de preferência em saúde e educação.
Prefiro balanços independentes, críticos, não laudatórios, sobretudo que eu não tenha de pagar por isso. Daí a razão de preferir balanços da imprensa privada, que os estatistas de plantão chamam de "grande mídia", com uma conotação maléfica, obviamente.
Não creio que na propaganda governamental seja possível encontrar um balanço fiável das ações do governo, pois tudo é feito para enaltecer aquilo que deveria ser feito com menos dinheiro, de forma mais eficiente e sobretudo sem as deformações de certas políticas governamentais como as que contemplamos diariamente.
Li vários balanços nos grandes jornais, mas me permito selecionar apenas os editoriais abaixo do jornal O Estado de S.Paulo, que me parece refletir a realidade como ela é, não como o governo gostaria que fosse.
Prefiro ficar com a realidade...
Paulo Roberto de Almeida

Editoriais - O Estado de S.Paulo

Balanço final
31 de dezembro de 2010

A era Lula - que pode, ou não, ter chegado ao fim neste 31 de dezembro - foi um período único na história da República. À parte as razões mais óbvias disso, a começar da singular trajetória do presidente e de sua excepcional aptidão para se fazer idolatrado pela maioria dos brasileiros, o ciclo de oito anos que se encerra formalmente hoje se distingue por entrelaçar o melhor e o pior que um governante eleito pelo voto popular já proporcionou ao País.
Esse entrelaçamento é o que desaconselha julgar a presidência Lula de um modo esquemático. Dela já se disse, por exemplo, que o seu lado bom não é novo e o seu lado novo não é bom. O jogo de palavras antepõe duas coisas sabidas. De um lado, o que sem dúvida foi a decisão crucial do presidente de preservar, quando não aprofundar, as linhas mestras da política macroeconômica implantada pelo seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. De outro, a política nefasta, em escala sem precedentes, de subordinar o Estado aos interesses da confraria partidária-sindical que se converteu, graças a sua eleição, na nova elite do poder no Brasil. Ao que se soma a degradação das relações entre o Executivo e o Legislativo e a exploração deslavada do carisma presidencial.
Na realidade, a primeira metade do argumento omite que Lula não apenas teve a lucidez de manter os princípios de gestão econômica que até hoje ele chama de "herança maldita" - provavelmente o que a sua retórica teve de mais mistificador -, como ainda chefiou um governo que demonstrou ter a competência necessária para fazê-lo. Ao mesmo tempo, ele fazia valer a sua liderança para enquadrar a companheirada insatisfeita com o pragmatismo responsável na condução da economia, sem o qual, repita-se pela enésima vez, o Brasil não teria tirado o proveito que tirou de um dos maiores ciclos de expansão dos negócios globais no pós-guerra. E sem o qual, no limite, não teria sido possível resgatar 28 milhões de pessoas da pobreza extrema e alçar outros 36 milhões à classe média.
Já a segunda metade do argumento omite que o mesmo Lula, que não há de ter estado alheio ao mensalão; que não teria por que se surpreender com o vexame dos "aloprados" na campanha eleitoral de 2006; que se entregou de corpo e alma aos expoentes do atraso, do patrimonialismo e da venalidade no sistema político nacional; e que, enfim, se colocou acima do próprio Estado do qual deveria ser o primeiro servidor, ao se declarar a "encarnação do povo", nunca se dispôs a alterar a Constituição para disputar um terceiro mandato consecutivo, ao contrário do que a oposição dava como certo.
É verdade que ele se serviu desbragadamente do governo para eleger a ministra Dilma Rousseff. Mas, na soma algébrica dos prós e dos contras, ele tem a seu crédito a estabilidade das regras democráticas no País.
Outro paralelo semelhante, desse ângulo, é o da atitude de Lula em relação à imprensa. Tomados pelo valor de face, os seus virulentos ataques aos meios de comunicação expressariam uma intenção liberticida. E, no entanto, no que dependeu dele, a imprensa brasileira é hoje tão livre como no dia 1.º de janeiro de 2003. O Lula falante, por sinal, é uma caricatura do Lula governante.
Se o seu governo tivesse que ser julgado pela catadupa de palavras impróprias - e não raro mentirosas - que ele proferiu, nada mitigaria a percepção de que o Brasil viveu um período de retrocesso e de achincalhe da instituição presidencial. O problema, de novo, é destrinchar as coisas.
Os abusos verbais de Lula, às vezes à beira do impublicável, remetem ao espetáculo da política personalista e ao lado rústico de um temperamento construído sob a servidão da vicissitude. Mas as suas políticas resultaram de outro traço de sua formação - o da opção preferencial pela conciliação de interesses, que o Lula líder sindical aprendeu na mesa de negociação com o patronato. Dos beneficiários do Bolsa-Família ao grande capital, todos tiveram o seu quinhão.
Na mesma conjuntura de bonança econômica, um outro presidente poderia não ter idêntica sensibilidade para os dividendos políticos da acomodação. A simbiose de ótimo e péssimo que marcou a era Lula teve nisso o seu ponto culminante

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Ganhos e perdas da era Lula
30 de dezembro de 2010

O Brasil viveu uma longa fase de prosperidade nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A economia cresceu e 30 milhões de pessoas entraram no mercado de consumo, graças à elevação dos salários e aos programas de transferência de renda. Mas esse governo foi também um tempo de oportunidades perdidas. A pauta de reformas ficou paralisada. Isso explica em boa parte a permanência do País no grupo dos menos competitivos e a preocupante erosão de suas contas externas. É necessário, num balanço econômico dos dois mandatos, levar em conta esses dois lados da história.

A produção brasileira cresceu 36,8% durante o governo Lula, admitindo-se uma expansão de 7,5% em 2010. O ritmo anual médio de crescimento foi 4%, o dobro do registrado nas duas décadas anteriores.
Entre 2003 e 2010 a economia brasileira passou da 12.ª para a 8.ª posição entre as maiores do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado para este ano em US$ 2,02 trilhões. Mas muitos outros países cresceram velozmente nesta década, e a maior parte dos emergentes, incluídas China, Índia, Turquia, Colômbia e Polônia, expandiu-se mais do que o Brasil.
Houve uma enorme prosperidade global no período Lula, até 2008, em contraste com os anos 90, marcados por uma sucessão de grandes crises internacionais. Muitas economias aproveitaram a onda favorável dos últimos anos e avançaram. O Brasil também foi beneficiado. Se as exportações em 2010 chegarem aos US$ 198 bilhões projetados pelo Banco Central (BC), terão crescido 227,8% em oito anos.
Mas outros países também expandiram velozmente as vendas externas e a posição brasileira entre os maiores exportadores pouco tem variado. Além disso, as exportações mais dinâmicas têm sido as de produtos básicos, graças à demanda crescente da China e de outras grandes economias emergentes.
Boa parte do vigor econômico dos últimos oito anos dependeu de condições criadas entre 1994, início do Plano Real, e 2002. Este fato foi quase sempre escamoteado pelo presidente Lula, empenhado em se apresentar como inventor do Brasil. De fato, a segurança econômica foi garantida pelo tripé formado por metas de inflação, superávit primário e câmbio flexível, componentes da herança recebida de um governo mais sério e mais trabalhador. A abertura econômica dos anos 90 e a privatização de atividades típicas de mercado tornaram o País mais eficiente. A reordenação das finanças públicas, a partir da renegociação das dívidas de Estados e municípios, permitiu uma gestão fiscal mais equilibrada. A Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, completou essa mudança. Além disso, o Plano Real restaurou os instrumentos de política monetária, usados com sucesso nos últimos oito anos, sempre contra os velhos padrões petistas.
Mas os ganhos de eficiência pararam, porque o governo Lula não promoveu nenhuma reforma comparável às dos anos 90. Ensaiou timidamente renovar o sistema tributário, mas desistiu. Maus impostos ainda encarecem o investimento, a produção e a exportação. A indústria continua cobrando uma política de competitividade, várias vezes prometida e nunca executada.
Só o aumento da tributação permitiu obter algum superávit primário, porque o gasto público, especialmente o de custeio, cresceu de forma ininterrupta. No segundo mandato as contas públicas entraram em deterioração e o governo, em vez de corrigir o rumo, apelou para grotescos disfarces contábeis.
Na política externa, a competência e o realismo foram substituídos pela diplomacia do espetáculo, movida por um terceiro-mundismo requentado e pela ambição pessoal do presidente. O governo desprezou oportunidades de acordos comerciais com os mercados mais desenvolvidos e deu prioridade a uma fantasiosa política Sul-Sul. Os parceiros considerados "estratégicos" - da vizinhança ou do outro lado do mundo - tiraram vantagem do Brasil e nunca lhe concederam prioridade. Só o presidente e seus gênios da estratégia parecem não ter notado esse fato. Com um cenário externo muito menos favorável, o novo governo terá de cuidar mais de reformas e menos de fantasias.

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Meta fiscal comprometida
30 de dezembro de 2010

Diante da acentuada deterioração dos resultados das contas do governo federal, apontada pelos números da Secretaria do Tesouro Nacional e depois reafirmada pela nota do Banco Central (BC) sobre a execução da política fiscal, não restou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao secretário do Tesouro, Arno Augustin, senão o constrangido reconhecimento de que não cumprirão o que prometiam até a semana passada: um superávit fiscal equivalente a 3,1% do PIB em 2010.

De acordo com o Tesouro, o superávit primário do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) em novembro foi de R$ 1.09 bilhão, menos de um décimo do resultado de novembro de 2009 (de R$ 10,7 bilhões) e quase 90% menor do que o de outubro deste ano (R$ 7,8 bilhões).
Os números do BC, que utiliza outros critérios de registro das contas públicas, são um pouco diferentes, mas a tendência é semelhante nos dois casos. O resultado consolidado de todo o setor público - que inclui, além do governo central, os governos regionais (Estados e municípios) e as empresas estatais dos três níveis de governo - apresentado pelo BC também deixa nítida a rápida deterioração da política fiscal na fase final do governo Lula. O superávit primário do governo central em novembro foi 85% menor do que o de novembro de 2009 e 77% menor do que o de outubro deste ano.
Ao admitir que a meta de superávit fiscal de 2010 não será alcançada, o ministro Guido Mantega tentou lançar boa parte da responsabilidade para os Estados e municípios. "Estamos trabalhando para o governo (central) cumprir sua parte, mas há algumas dificuldades para Estados e municípios", disse, ao comentar os resultados divulgados pelo Tesouro.
Mas os números do BC mostram que o problema principal está mesmo no governo central. O superávit primário consolidado do setor público, no acumulado de 12 meses até novembro, alcançou R$ 91 bilhões, o equivalente a 2,51% do PIB, inferior ao dos 12 meses até outubro, de 2,8% do PIB. Nessa comparação, enquanto o superávit primário dos governos regionais passou de 0,62% até outubro para 0,65% até novembro, o do governo central caiu de 2,1% para 1,8%.
Da meta de 3,1% do PIB para 2010, a parte que cabe ao governo central é de 2,15% do PIB. Isso significa que, para cumprir sua parte, o governo central deverá obter, em dezembro, um superávit de cerca de R$ 13,5 bilhões - e, para alcançar a meta, os governos estaduais e municipais precisarão registrar no último mês do ano um esforço fiscal que não apresentaram até agora, o que não é esperado nem pelos técnicos do Ministério da Fazenda. Os resultados do mês de dezembro nos dois anos anteriores, período em que se registra a piora da política fiscal do governo do PT, estão muito longe do que precisa ser feito neste mês: em dezembro de 2008, o governo central teve déficit primário de R$ 22,4 bilhões e, em dezembro de 2009, superávit de apenas R$ 384 milhões.
Para melhorar artificialmente o resultado de 2010, o governo já admite que poderá abater as obras do PAC de suas despesas. Se fizer isso, será mais uma artimanha contábil de que terá lançado mão para maquiar as contas públicas.
Além de usar truques contábeis, o governo foi favorecido pelo crescimento espetacular das receitas líquidas nos 11 primeiros meses do ano (aumento de 27,8% em relação a igual período de 2009, em termos nominais, de acordo com o Tesouro), mas nem assim conseguirá alcançar a meta de superávit primário, porque aumentou também seus gastos em ritmo acelerado.
O excepcional crescimento da economia em 2010 deu ao governo Lula a oportunidade de fazer um ajuste fiscal sério. Mas, por este ter sido um ano eleitoral, gastou muito mais do que devia e podia, e deixa para o governo de Dilma Rousseff uma herança comprometedora. Os responsáveis pela política fiscal do próximo governo prometem contenção fiscal em 2011. Mas eles são também os responsáveis pela política fiscal deste governo. Dá para acreditar neles?

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A sombra da inflação
30 de dezembro de 2010

A inflação vai ser um dos maiores problemas do novo governo em seu primeiro ano e talvez também no segundo. Os preços ao consumidor devem ter subido cerca de 5,9% neste ano. O ritmo de aumento deverá cair para 5% no fim de 2011 e poderá chegar a 4,8% no final de 2012, segundo projeção do Banco Central (BC), se forem mantidas as condições atuais de juros e de câmbio. Se essas projeções se confirmarem, a presidente Dilma Rousseff passará metade de seu mandato com a inflação acima do centro da meta (4,5%).

A previsão de fortes pressões em 2011 foi confirmada pelo último Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM). A variação de dezembro, 0,69%, foi bem menor que a do mês anterior, 1,45%, mas ainda ficou bem acima do ritmo aceitável para a economia brasileira. Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor, um dos três grandes componentes do IGPM, subiu 0,92%, num ritmo inquietante.
Não pode haver mais dúvida quanto à natureza da atual inflação brasileira. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o problema está localizado no custo da alimentação e é passageiro. Essa interpretação é claramente equivocada. Os preços da comida têm de fato subido mais que os outros, mas o efeito da demanda muito aquecida é indisfarçável. O Índice de Preços ao Consumidor inclui sete grupos de bens e serviços. Em cinco foram registrados aumentos em dezembro.
O efeito da demanda e a pressão sobre o uso da capacidade instalada da indústria têm sido apontados pelo BC como fatores de risco. Outra pesquisa da FGV confirmou esse ponto de vista. Segundo a última Sondagem da Indústria de Transformação, o uso da capacidade instalada subiu de 84,5% em novembro para 84,9% em dezembro, retornando à média do ano depois de uma pequena e breve redução.
Embora líderes do setor prefiram falar em resfriamento da atividade, o índice de confiança dos empresários construído com base na pesquisa voltou a subir, atingindo o maior nível do segundo semestre e retornando à média do ano. Durou pouco, portanto, o arrefecimento da atividade industrial apontado por dirigentes de entidades empresariais como argumento contra novos aumentos de juros. O próprio BC moderou sua política, nos últimos meses, levando em conta essa desaceleração da economia. Mas, como indicaram vários analistas há alguns meses, a decisão das autoridades monetárias foi prematura.
A atividade permanece intensa, a demanda continua muito forte, alimentada tanto pelo alto nível de emprego e pela expansão da massa de rendimentos quanto pelo crédito abundante ao consumidor. As medidas de restrição ao crédito adotadas há pouco tempo pelo BC produziram algum efeito, mas ainda não foram suficientes para frear de forma sensível a expansão do consumo. O otimismo empresarial detectado na recente sondagem da FGV é bem fundado: pelos sinais disponíveis até agora, a demanda interna continuará aquecida nos próximos meses.
Ao mesmo tempo, os últimos números da inflação permitem prever a continuidade de pressões sobre o varejo. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com peso de 60% na formação do IGPM, continua mostrando sinais preocupantes no atacado. As matérias-primas brutas encareceram 1,66% em dezembro e 33,57% no ano. O maior aumento continua sendo o das cotações agropecuárias, 1,15% no mês e 25,29% em 12 meses. Mas as pressões, embora desiguais, são generalizadas.
Preços pagos no atacado podem chegar apenas parcialmente ao consumidor. Isso depende, em parte, da disputa entre varejistas e seus fornecedores. Mas depende também da resistência do consumidor. A combinação de aumento de renda e crédito fácil pode torná-lo - e já vem tornando - tolerante ao encarecimento dos bens e serviços.
A projeção do mercado para os preços ao consumidor em 2011 são pouco piores que as do BC. Para o IPCA, por exemplo, o aumento projetado é de 5,31%. O Copom tem bons argumentos para elevar os juros na reunião de janeiro.

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O BNDES deu mais crédito e assumiu mais riscos
31 de dezembro de 2010

Em 2010, até novembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu créditos no montante recorde de R$ 153,6 bilhões - e continuou anunciando mais empréstimos até os últimos dias do ano, como o de R$ 6,1 bilhões para a Usina Nuclear Angra 3, cujas obras ainda estão em fase de terraplanagem, com previsão de conclusão em 2015. Se for excluída a operação de R$ 25 bilhões com a Petrobrás, o volume de empréstimos deverá ficar em R$ 140 bilhões, contra R$ 137 bilhões, em 2009. O banco entrou no bloco "do nunca antes neste país", engrossando o coro de autocongratulações da era Lula.
Fundado em 1952, maior fornecedor de recursos de investimento de longo prazo, o BNDES fez em sua história bons e maus empréstimos. Entre as primeiras operações dos anos 50 e 60 não houve apenas casos de sucesso, como Cataguases-Leopoldina, Siderúrgica Riograndense, Volkswagen, Brown Boveri, Pirelli, Copel, Cemig ou Suzano. Houve também créditos a frigoríficos e matadouros (Frimisa, Tião Maia), ferrovias (Rede Ferroviária Federal, Sorocabana, Araraquarense, Mossoró, Paulista), estaleiros (CCN, Ishikawajima, Savônia) ou indústrias, como a Cobrasma. E muitos desses empreendimentos ficaram insolventes, foram liquidados e ainda hoje recebem o socorro do governo federal, como a Centrais Elétricas de Goiás (Celg).
Operando no longo prazo, os resultados recentes do BNDES se devem, sobretudo, às gestões entre o início dos anos 90 até a primeira metade desta década. É o que permite ao banco transferir agora vultosos dividendos à União (R$ 10,9 bilhões, em 2009, e R$ 14,5 bilhões, em 2010).
Mas, nos últimos dois anos, as relações entre o governo federal e o BNDES perderam transparência. O Tesouro alocou ao BNDES recursos da ordem de R$ 180 bilhões. O banco alterou sua política, assumiu mais riscos e concedeu crédito a juros mais negativos, subsidiando poucos beneficiários. Mais de 70% dos recursos aportados pela União foram concedidos, até agosto, a grandes empresas.
Operações com grupos econômicos especializados em commodities cujas cotações são muito voláteis, como frigoríficos, implicarão riscos elevados quando as operações vencerem - ou antes disso. O mesmo raciocínio se aplica a empreendimentos como Belo Monte e o TAV (trem bala).
Cobrando juros da TJLP (6% ao ano, há seis trimestres, enquanto o IPCA passava de 4,3%, em 2009, para 5,6%, nos últimos 12 meses), o BNDES não ignora o risco de incorrer em prejuízos, como no passado.

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CERVO, Amado L. (2003) Política exterior e relações internacionais do Brasil: enfoque paradigmático. Revista Brasileira de Política Internacional, Vol. 46, Nº 1, 2003, p. 5-25.
Para Livros:
SARAIVA, José Flávio S. , Ed. (2003) Foreign Policy and Political Regime. Brasília: IBRI, 364 p.
Para documentos eletrônicos:
PROCÓPIO, Argemiro (2007). A hidropolítica e a internacionalização amazônica, publicado em Mundorama.net [http://mundorama.net/2007/09/13/a-hidropolitica-e-a-internacionalizacao-amazonica/]. Disponibilidade: 18/09/2007.

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Números disponíveis da RBPI na base de dados do Scielo:
de 1997 até o presente (inclusive dois números especiais, fora de série)

Abaixo o sumário do número especial de 40 anos que eu editei em 1998:

Table of contents
Rev. bras. polít. int. vol.41 no.spe Brasília 1998

Nota liminar do organizador - Revista Brasileira de Política Internacional: a continuidade de um empreendimento exemplar
Almeida, Paulo Roberto de

· text in Portuguese
Artigos
· 40 anos de política externa brasileira, 1958-1998: três inflexões
Sato, Eiiti
· A diplomacia universalista do Brasil: a construção do sistema contemporâneo de relações bilaterais
Lessa, Antônio Carlos
· Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao serviço da inserção internacional do Brasil
Almeida, Paulo Roberto de

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Artigos de Resenha
· Eixos conceituais da política exterior do Brasil
Cervo, Amado Luiz
· Economia internacional e desenvolvimento econômico: a RBPI na vanguarda do pensamento brasileiro
Almeida, Paulo Roberto de

· text in Portuguese
· Questões estratégicas e de segurança internacional: a marca do tempo e a força histórica da mudança
Garcia, Eugênio Vargas
· O tratamento de temas multilaterais na RBPI: 1958-1998
Rocha, Antonio Jorge Ramalho da

Limites da economia politica bolivariana: crise e retrocessos...

A Venezuela, ou melhor, o Chávez decretou a desvalorização do peso, mas ainda assim a moeda permanece em menos da metade da taxa praticada no câmbio negro. É evidente, para quem quer ver, que políticas econômicas irresponsáveis só podem levar a isso: desabastecimento, inflação, fuga de capitais, desinvestimento, decréscimo da oferta, desequilíbrios nas contas públicas, e depois crise e caos.
A Bolívia não tem exatamente uma política bolivariana ao estilo de Chávez, mas seu presidente também praticou demagogia distributivista.
Em todos esses experimentos malucos, o governo tenta "domar" os mercados, impondo tarifas fixas e "estáveis", nacionalizações e estatizações para lutar contra a "especulação" e a ganância dos produtores privados, subsídios aos itens de maior consumo ou de maior impacto na inflação, e o resultado é sempre o mesmo: desalinhamento dos preços, inflação reprimida, mercado negro de produtos ou moedas, enfim, sinais errados que os mercados se encarregam de punir.
Chega um momento em que as finanças públicas não aguentam mais o impacto de tantas sandices, e o inevitável ocorre: o governo é obrigado a corrigir os preços de certos itens, mas procura compensar com aumentos salariais, o que inevitavelmente acelera a inflação, inclusive pelo caráter errático e imprevisível das medidas.
Gasolina subsidiado num lado da fronteira leva a contrabando do outro, e a pior coisa que um governo pode fazer é tentar fazer do país uma redoma, isolado do mundo. Os mercados externos também punem essas bobagens.
EM resumo, tudo isso é muito conhecido, e se repete na América Latina com uma frequencia assustadora. O que mais assusta, finalmente, não é tanto os desequilíbrios de mercado, pois eles são previsíveis e esperados, mas a burrice, eu diria mesmo a estupidez dos governantes. Tudo isso é filme velho, e eles insistem em repassá-lo novamente.
A Unasul deveria erigir um prêmio à burrice governamental: teríamos muitos candidatos...
Paulo Roberto de Almeida

Crise da gasolina: 15 feridos e 21 detidos na Bolívia
Notícias Yahoo, 31/12/2010

LA PAZ (AFP) – Quinze agentes ficaram feridos e 21 pessoas foram detidas nos choques entre policiais e manifestantes ocorridos nesta quinta-feira nas cidades bolivianas de El Alto e Cochabamba, em meio à crise provocada pelo aumento de até 83% nos preços dos combustíveis.

“Há 15 policiais feridos em El Alto, dois gravemente. Em Cochabamba, 16 (manifestantes) foram detidos, e outros cinco em El Alto”, informou à AFP o ministro do Interior, Sacha Llorenti.

Segundo o ministro, “atos de vandalismo” foram cometidos por ativistas “identificados” do Movimento Sem Medo (MSM), do ex-prefeito de La Paz Juan del Granado.

O ministro informou que manifestantes atacaram a polícia com pedras, e os agentes reagiram com bombas de gás lacrimogêneo.

Durante os protestos, a multidão quebrou o portão da sede da Vice-Presidência boliviana, incendiou postos de pedágio, destruiu agências da empresa aérea estatal BoA e atacou as sedes da Central Operária e do sindicato dos plantadores de coca.

Os manifestantes também tentaram queimar uma bandeira da Venezuela e incendiar o monumento ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara.

El Alto, cidade-dormitório vizinha a La Paz, foi tomada por milhares de manifestantes, que levantaram barricadas e incendiaram pneus para interromper o trânsito.

Em Cochabamba, os grevistas do transporte de carga estacionaram caminhões nos cruzamentos para bloquear o tráfego.

Santa Cruz de la Sierra, motor do desenvolvimento boliviano, também era muito afetada pela paralisação dos transportes.

Durante a tarde, um grupo liderado pelo MSM tentou chegar ao Palácio Presidencial de La Paz, mas foi reprimido pela polícia de choque, que dispersou o protesto com bombas de gás lacrimogêneo.

Diante da repressão policial, o grupo desistiu de chegar à Praça das Armas, onde estão as sedes dos poderes Executivo e Legislativo.

Em meio aos protestos, a população correu em busca de alimentos e formou enormes filas em torno dos mercados de La Paz.

Os manifestantes exigem a renúncia de Morales, que deflagrou a crise ao decidir pelo fim dos subsídios aos combustíveis, provocando um aumento de 83% na gasolina e de 73% no díesel.

Para suavizar a alta dos combustíveis, Morales aumentou em 20% o salário mínimo e a remuneração das Forças Armadas, da polícia e dos funcionários da saúde e da educação.

O presidente também anunciou outras medidas, como incentivos a agricultores e a pequenos empresários.

Morales convocou ainda os militares para tentar reduzir os efeitos das greves que paralisam o país.

O ministro da Defesa, Rubén Saavedra, anunciou que homens das Forças Armadas farão e venderão pães ao “preço antigo”, diante da decisão do sindicato dos padeiros de parar a categoria por 24 horas e elevar o preço do pão em até 100%.

Os militares bolivianos também foram chamados para dirigir ônibus e caminhões visando atenuar o aumento unilateral de 100% nos preços das passagens de taxis e micro-ônibus que ignoram a greve nos transportes.

A Força Aérea Boliviana está realizando voos comerciais na rota La Paz-Cochabamba-Santa Cruz ao preço simbólico de 150 bolivianos (20 dólares).

Morales afirma que elevou os preços da gasolina e do díesel para enfrentar o contrabando de combustíveis para os países vizinhos, ao custo anual de 150 milhões de dólares.

A Bolívia tem um consumo de 35 mil de barris diários de petróleo, e em 2010 produziu apenas 4.500 barris diários. O restante é importado, principalmente de Venezuela e Argentina.

A verdadeira natureza da crise americana - Philipp Bagus (Mises)

Uma explicação sensível, e "sencilla", como diriam os hermanos, sobre a natureza da crise nos EUA, e uma interpretação mais correta e fiável sobre como e por que as autoridades monetárias americanas estão prolongando a crise...
Paulo Roberto de Almeida

Will There Be QE3, QE4, QE5...?
by Philipp Bagus
Mises Daily, December 31, 2010

Recently, Ben Bernanke indicated that Quantitative Easing II (QE2) might be followed by QE3, etc. In an interview at the beginning of December, Bernanke was asked, "Do you anticipate a scenario in which you would commit to more than $600 billion?"

Bernanke's answer was startling. "Oh, it's certainly possible," he said. "And again, it depends on the efficacy of the program. It depends on inflation. And finally it depends on how the economy looks."

The answer is interesting because it not only indicates the possibility that the Federal Reserve (Fed) will purchase more government bonds but also implies that Bernanke thinks that inflation and QE are different concepts, because otherwise his claim would be a meaningless tautology: more inflation depends on inflation.

To make sense of Bernanke's technical talk, let us go back to the beginning of the infamous QE, to the darkest months of the financial crisis. During the boom fired by artificially low interest rates, financial institutions had financed malinvestments, especially in the housing sector. When the bubble burst and housing prices started to fall, these investments lost value rapidly. Bank losses mounted, bank equity fell, and solvency problems arose. Liquidity dried up as financial institutions started to doubt each other's solvency given the problematic loans on their books.

When credit markets dried up in September 2008, after the collapse of Lehman Brothers, loans that financed malinvestments did not serve as collateral for interbank lending anymore. The Fed stepped into the breach and accepted these bad assets as collateral for loans. In March 2009, the Fed started to buy these assets outright in what was dubbed QE1. As a consequence of this qualitative and quantitative easing, the Fed's balance sheet almost tripled within a few months.[1]

How long would these extraordinary emergency measures be maintained? In March 2009, Ben Bernanke stated that the Fed had an exit strategy from its emergency credit policies. It could simply undo its credit policies and asset purchases, thereby reducing the size of its balance sheet to its precrisis level.

I have argued that such an easy exit option does not exist. The Fed's purchase of problematic assets did not solve the underlying real problems in the economy: injecting new money does not cause malinvestments to go away. By propping up financial institutions, necessary liquidations and readjustments of the structure of production are only delayed. QE1 could even cause more malinvestments and thereby aggravate the problem. The consequence could be a Japanization of the banking system, with insolvent banks held afloat by the central bank.

If the Fed would exit the emergency situation, reduce its balance sheet, and stop accepting problematic assets as collateral for loans, financial institutions would be back to the initial situation of September 2008. If housing prices do not return to their bubble level, many of the problematic assets will continue to be bad and not serve as good collateral. If valued at the market price, these assets might eat up banks' equity. If the Fed ended its emergency measures, we would effectively be back to the initial situation of frozen interbank markets and general illiquidity.

In October 2009, I concluded that the Fed could not go back to its initial balance sheet without causing the collapse of the financial system. One possible way out would be to reinflate the bubble. Rising asset prices — and especially housing prices — would make many problematic bank assets valuable again. The Fed could increase the quality of its assets by inflating the housing bubble.

In the winter of 2010, no one is talking about reducing the Fed's balance sheet or about exit strategies anymore. On the contrary, the Fed has chosen the path of more inflation and dubbed this strategy "QE2."

QE2 has a slightly different purpose than QE1. QE1 directly supported struggling banks by buying their problematic assets. QE2 supports the government.

The inflationary policies of the Fed have been coupled with the Keynesian fiscal policies of the US government. The US government engaged in deficit spending to bail out financial institutions and automakers, disrupting a fast liquidation of malinvestments and a smooth adaption of the structure of production to consumer wants.

QE2 is a direct response to this deficit spending, which obliges the government to issue more bonds. With QE2, the Fed supports the government by buying these bonds. The Fed thereby actively helps the government in its Keynesian policies, which disrupt recovery. While QE1 supported the financial system, QE2 supports the government. Granted, this difference is not substantial given that the fates of the financial system and the government are interwoven. The banking system finances the government that in turn grants the privilege of fractional-reserve banking and implicitly gives guarantees for banks' losses.

Of course, Ben Bernanke does not say that he wants to help finance the government's deficit via money creation. The official excuse for QE2 is, yet again, the scapegoat "deflation."[2] Price inflation is too low. James Bullard, president of the St. Louis Federal Reserve Bank, states that "it's important to defend inflation from the low side as we would on the high side."

In other words, if prices rise too slowly, we must print money so that things get more expensive faster. Bernanke even denies that QE2 would be inflationary: "One myth that's out there is that what we're doing is printing money. … The money supply is not changing in any significant way."

Bernanke plays a semantic trick in this statement. Of course, the Fed does not create the bulk of its new money by literally "printing." Rather, the Fed creates money by manipulating digits in its computer. When the Fed buys a $1,000 government bond from a bank, it transfers 1,000 new dollars as a payment to the bank. It is true that the Fed does not print the money and ship it over to the bank physically. Rather, it increases the account that the bank holds at the Fed by $1,000. It is more convenient to just create the new money in a computer.

However, the fact that the new money is created electronically does not mean that QE2 is not inflationary. QE2 is inflationary in several ways:

First, base money (bank reserves) increases. When the Fed buys a government bond, it creates money that it transfers to the bank selling the bond. At the end of the operation, the bank has more bank reserves and the Fed owns the government bond.

Second, the quality of money tends to decrease.[3] The average quality of assets that the Fed holds decreases when it buys government bonds. The percentage of gold of total assets that could be used in a monetary reform decreases, while the percentage of government bonds increases. Moreover, these bonds are for a government that is ever increasing its debts.

Third, prices will be higher than they would have been otherwise. Prices would probably have fallen substantially without QE1 and QE2. The injection of new bank reserves inhibited a credit contraction and falling prices. In fact, one aim of QE2 is to bid up asset prices.

Money flows into the stock market, bidding up stock prices. In March 2009, when QE1 started, the Dow Jones was below 7,000 and rose to 10,800 until QE1 expired. When the Dow fell below 10,000 again, markets began to speculate about the possibility of QE2, and a new rally started.

While the newly created money flows to asset-price markets, consumer prices might not surge strongly. But sooner or later, these investments will flow out of asset-price markets and start to bid up consumer goods' prices.

Fourth, the exchange rate will be lower than it would have been otherwise. Market participants will value the dollar lower, given that the base-money supply increases and the dollar's quality decreases. This devaluation is another aim of QE2. It is a way to give exporters an advantage. The devaluation is not as crude an instrument as a tariff but has similar effects. It makes consumers poorer. They have to pay higher prices for imported goods.

Consequently, QE2 is, despite Bernanke's words, inflationary. In fact, it is a euphemism to call the policy QE2. The term quantitative easing conceals the true inflationary nature of the instrument. Furthermore, it sounds technical. The added number "2" makes it even more so. People who know little about economics might ignore news on QE2. Why bother to understand something so technical — let the experts deal with it. The term also has a positive connotation. Who does not want "ease"?

As Walter Block has repeatedly pointed out, we should carefully watch our language. Language is crucial to clear communication. The use of the term quantitative easing generates a smog to hide the production of new money. Words, as Block states, can be mightier than pens or swords. They guide our thoughts and writings. The invention of the term quantitative easing prevents people from thinking about the consequences of inflation. The term distorts thinking.

Why not name QE for what it is? Why not name it after the effects it has?
"The term quantitative easing conceals the true inflationary nature of the instrument."
Money printing cannot make society richer; it does not produce more real goods. It has a redistributive effect in favor of those who receive the new money first and to the detriment of those who receive it last. The money injection in a specific part of the economy distorts production. Thus, QE does not bring ease to the economy. To the contrary, QE makes the recession longer and harsher.

The injection of new money into the economy reinflates old bubbles and generates new ones. Most importantly, QE facilitates government deficit spending — additional distortions and rigidities in the economy. Malinvestments can endure. Factors of production are not shifted to places where the consumer wants them to be most urgently.

Thus, QE2 would be better called, "Quantitative Straining," "Quantitative Destruction II," or "Crisis Prolongation III."

Or we might name it after the intentions behind it: "Currency Debasement I," "Bank Bailout I," "Government Bailout II," or simply "Consumer Impoverishment." Finally, we might also name it after its essence: "Money Printing I and II." Or, if we follow Bernanke, who pointed out that most of the new money is created in a computer, we can call it "Money Creation I and II." This might be the most neutral term.

The rhetorical tricks should not distract us from the fact that QE is simple money creation. The aim of Money Creation II is to finance government spending, debasing the dollar. We should dismiss the term QE and instead call money creation what it is: inflation.

Philipp Bagus is an associate professor at Universidad Rey Juan Carlos. He is the author of The Tragedy of the Euro.
See his website. Send him mail. See Philipp Bagus's article archives.

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Notes:
[1] See Philipp Bagus and David Howden, "The Federal Reserve and the Eurosystem's Balance Sheet Policies During the Financial Crisis: A Comparative Analysis" in Romanian Economic and Business Review 4, no. 3: pp. 165–85.
Qualitative easing may be defined as a deterioration of the average quality of assets the Fed holds, while quantitative easing can be defined as an increase in the quantity of its assets.

[2] See Philipp Bagus, "Deflation: When Austrians Become Interventionists" in Quarterly Journal of Austrian Economics 6, no.4: pp. 19–35.

[3] See Philipp Bagus, "The Quality of Money," in Quarterly Journal of Austrian Economics 12, no. 4: pp. 22–45.

Ufa!: so faltam DOIS dias...

Não estou fazendo as contas erradas: faltam DOIS dias para terminar o "nunca antes".
Isso porque estou contando o próprio dia 1, o dia da transmissão, quando não faltarão discursos antes, durante e depois, entrevistas, declarações, frases soltas, rememoracões e compilações das "melhores" frases, etc...
Eu disse "melhores"???
Bem, é um tique de linguagem, apenas isso.
Enfim, faltam só dois dias para um pouco de silêncio. Só um pouco.
Posso apostar metade da minha biblioteca como em menos de 15 dias teremos direito a mais "nunca antes"...
Um pouco de paciência pessoal.
Como já disse alguém: ficamos roucos de tanto ouvir...
Algum dia teremos silêncio...
Paulo R. Almeida

Governo brasileiro nao extradita um terrorista italiano, na verdade criminoso...

A razão invocada foi a "condição pessoal do extraditando", sem explicitar do que exatamente se tratava. Fica parecendo uma escusa para não cumprir o tratado de extradição.
Pode-se especular, portanto, que as razões são outras, e têm a ver com a suposta condição "política" do criminoso italiano.
Ficou faltando o texto da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010 e sua "impertinância" ao presidente sainte...
Paulo Roberto de Almeida

Nota do governo brasileiro sobre o cidadão italiano Cesare Battisti

O Presidente da República tomou hoje a decisão de não conceder extradição ao cidadão italiano Cesare Battisti, com base em parecer da Advocacia-Geral da União.

O parecer considerou atentamente todas as cláusulas do Tratado de Extradição entre o Brasil e a Itália, em particular a disposição expressa na letra “f”, do item 1, do artigo 3 do Tratado, que cita, entre as motivações para a não extradição, a condição pessoal do extraditando. Conforme se depreende do próprio Tratado, esse tipo de juízo não constitui afronta de um Estado ao outro, uma vez que situações particulares ao indivíduo podem gerar riscos, a despeito do caráter democrático de ambos os Estados.

Ao mesmo tempo, o Governo brasileiro manifesta sua profunda estranheza com os termos da nota da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010, em particular com a impertinente referência pessoal ao Presidente da República.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cotas raciais: decisão do Itamaraty gera polêmica - O Globo

Sem comentários...

Cotas raciais: decisão do Itamaraty gera polêmica
Roberto Maltchik
O Globo, 30/12/2010

Reserva de vagas para negros no Instituto Rio Branco é criticada por diplomatas e especialistas em política internacional

A decisão do Itamaraty de adotar um sistema de cotas raciais para o concurso de diplomatas reacendeu a polêmica sobre o assunto. Entre diplomatas, sociólogos e especialistas em política internacional, o tema é tratado como um "barril de pólvora". O Itamaraty adotou como regra para a inclusão do estudante no regime de cotas a autodeclaração. Ou seja, basta que o concorrente se declare afrodescendente para ser beneficiado. Até mesmo defensores do sistema de cotas admitem que o critério abre brechas para distorções e injustiças.

A titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Yvonne Maggie, criticou duramente a decisão do Itamaraty, que, segundo ela, incentiva a disputa entre brancos e negros em um país "sem raças definidas", mas com efetiva desigualdade social.

- É escandaloso. Quem tem raça é cachorro! Todos somos da raça humana e temos condições iguais. Quem vai dizer quem é afrodescendente, num país como o Brasil? Vamos dividir o Brasil em raças, sendo que a nossa divisão é social. Trinta por cento da população abaixo da linha da pobreza se declaram brancas. Isso é muito - afirma a antropóloga.

O embaixador aposentado Rubens Barbosa acredita que o Itamaraty cometeu um equívoco ao adotar o sistema para impulsionar o acesso de negros à diplomacia. Ele afirma que o Instituto Rio Branco já havia dado um passo importante e suficiente quando decidiu conceder bolsas para estudantes interessados na carreira, sem condições financeiras para se preparar para a difícil prova do Instituto Rio Branco. Desde 2002, 198 concorrentes já receberam a Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplomacia, que oferece R$25 mil para a compra de livros, material didático e inscrição em cursos preparatórios. Dezesseis deles já foram aprovados.

- O sistema de cotas é uma cópia dos Estados Unidos, onde há uma clara divisão racial. Essa não é a realidade do Brasil - afirmou.

Especialista em política de cotas, o sociólogo Joaze Bernardino, da Universidade de Brasília (UnB), comemorou a decisão do Itamaraty, mas advertiu que a autodeclaração como preto e pardo, método tradicional de aferição, provoca confusão.

- Não é o recomendado. O ideal seria que o concorrente tivesse que se autodeclarar negro e não preto ou pardo para ser absorvido pelo sistema de cotas. Seria um elemento até mesmo para diminuir a possibilidade de fraude - disse.

Na UnB, o estudante que se declara preto ou pardo é submetido a uma entrevista, antes de ser aceito no sistema de cotas. Nas demais instituições de ensino que aderiram ao sistema, prevalece a autodeclaração.

Nos bastidores, técnicos da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão ligado à Presidência da República, afirmam que o sistema de autodeclaração rende um debate que precisa avançar "tremendamente" junto à comunidade acadêmica e no próprio governo. Ainda assim, o secretário-executivo da Seppir, João Carlos Nogueira, afirma que o sistema de autodeclaração é hoje o mais adequado para designar a população credenciada a se beneficiar das políticas afirmativas.

No Itamaraty, as cotas raciais vão credenciar 30 concorrentes a participar da segunda fase da prova do Instituto Rio Branco. Eles vão disputar com os outros 300 inscritos que avançarem para a segunda etapa do concurso. Em 2011, o Instituto Rio Branco vai oferecer 26 vagas. A partir da segunda etapa - em um exame de quatro níveis -, todos disputam em condições idênticas. Entre oito e nove mil pessoas devem participar da disputa no ano que vem.

Politica Externa de Dilma Rousseff - G1-GloboNews

Desafios do governo Dilma: política externa
Thiago Guimarães
Do G1, em São Paulo, 30/12/2010

Sem Lula, diplomacia brasileira oscila entre inflexão e continuidade.
Série do G1 analisa os principais desafios do próximo governo federal.

As primeiras entrevistas da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), chamaram a atenção por sugerir mudanças de rumo na política externa brasileira no próximo governo.
Dilma classificou como “bárbara” a possibilidade de execução por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada por adultério naquele país. Também disse discordar da abstenção do governo brasileiro em votação na ONU sobre violações de direitos humanos no Irã.
"Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir. Não concordo com a maneira como o Brasil votou. Não é a minha posição”, afirmou Dilma ao jornal "The Washington Post".

Presidente Lula observa a então ministra Dilma Rousseff ser cumprimentada pelo presidente Barack Obama, em Washington, em março de 2009 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Embora a declaração tenha marcado uma divergência pública com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em sua gestão aproximou-se do mandatário iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, as grandes linhas da política externa brasileira devem manter-se sob Dilma, avaliam analistas.

Os sinais estão dados por decisões recentes da presidente eleita, como a indicação, para o Ministério das Relações Exteriores, de Antônio Patriota, secretário-geral do Itamaraty e segundo na hierarquia da pasta.
Auxiliar próximo e amigo do ministro Celso Amorim, Patriota é “afinadíssimo” com o atual titular da pasta, avaliou Igor Fuser, professor de Política e Relações Internacionais da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em debate recente sobre o tema.
Patriota deve manter, por exemplo, a política de expansão das representações diplomáticas no mundo. Foram 64 novas unidades abertas desde o início do governo Lula, em 2003, quase a metade do que havia até então: 150 postos.
Em discurso de posse na Secretaria-Geral do Itamaraty, em outubro de 2009, o futuro ministro também endossou o trabalho de ampliação do quadro diplomático. Falou em “deixar claro desde já” seu “empenho em continuar a trabalhar por uma ampliação do quadro de diplomatas que nos aparelhe para os desafios do século 21”. Sob Lula, uma lei de 2006 permitiu a abertura de 400 vagas de diplomata.


Perfil mais discreto de Dilma deve minimizar “diplomacia presidencial”
A política externa brasileira no governo Lula foi marcada pela busca de maior protagonismo político em foros internacionais.
Exemplos dessa estratégia foram a criação do G20, coalizão liderada pelo Brasil para defender interesses de países emergentes em negociações comerciais, e as tentativas de mediação no conflito entre Israel e Palestina e na crise nuclear do Irã.
Lula tem um ‘bônus de confiança’ que permite lances ousados. É difícil isso ser reproduzido por outra pessoa"
Paulo Roberto Almeida
professor e diplomata
Como Dilma não conta com o prestígio internacional de Lula, pode haver um recuo em iniciativas mais ousadas de política externa, avalia o professor e diplomata Paulo Roberto Almeida.
“O presidente tem crédito internacional e um ‘bônus de confiança’ que permite lançar lances ousados. É difícil isso ser reproduzido por outra pessoa, já que para ser aceito como mediar é preciso ter empatia com os envolvidos, e isso se constrói ao longo do tempo”, diz Almeida.
Agenda internacional de Dilma será agitada em 2011
A performance de Dilma em foros internacionais será posta à prova já nos primeiros meses de seu governo. A agenda diplomática de 2011 prevê a realização no Peru, em fevereiro, da 3ª reunião de dirigentes da Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), mecanismo de cooperação inter-regional e fórum de coordenação política.
Há ainda a previsão de reunião de cúpula do Bric, grupo dos principais países emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia e China). O encontro está marcado para abril, na China, e deve preceder a primeira visita oficial da presidente eleita ao país asiático.
Um dos encontros mais importantes do ano será a reunião de cúpula do G20, prevista para novembro em Cannes, na França. O G20 reúne os países mais ricos do mundo e 11 nações emergentes. Na pauta da reunião estarão temas que ficaram sem solução no último encontro, na Coreia do Sul, como as tensões cambiais que ameaçam a recuperação econômica mundial.
O segundo semestre de 2011 prevê ainda reuniões periódicas da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul. O prestígio externo do Brasil também será testado na eleição, em junho, para a diretoria-geral da FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura. Em 2010, o Brasil lançou a candidatura de José Graziano da Silva, ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate a Fome do governo Lula e atual representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe.

O secretário-geral do Itamaraty, Antônio
Patriota, futuro ministro das Relações Exteriores no
governo Dilma (Foto: Renato Araújo/ABr)
Desafios econômicos marcam front externo
Uma particularidade da política externa brasileira no governo Dilma será um cenário econômico internacional menos favorável, avalia Sandra Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes).
Para a especialista em política de comércio exterior, a perspectiva de demora no reaquecimento da economia mundial e de manutenção do real valorizado dificultarão a obtenção dos saldos expressivos na balança comercial que marcaram a era Lula.
“Para lidar com esse cenário externo e com a concorrência chinesa no mercado doméstico a única solução é adotar uma política de aumento de competitividade”, afirma Rios, em referência a ações para reduzir o chamado “custo Brasil”: impostos altos, entraves burocráticos, infraestrutura insuficiente.
saiba mais
Dilma critica abstenção do Brasil em condenar Irã sobre direitos humanos
A diretora do Cindes avalia que no plano político o Brasil deverá manter a postura de maior presença e ativismo, pois corresponde ao papel que o país passou a ter no mundo. Prevê, contudo, que as mudanças no contexto externo levarão a uma estratégia econômica internacional mais “pragmática”.
“O governo vai ter que olhar para o cenário externo menos como busca de ocupação de espaço, que foi a tônica do governo Lula, e mais para reavaliar onde vale a pena investir, se concentrando no que é mais relevante para o país”, afirma Rios, citando a tentativa “frustrada” do governo Lula de solucionar a crise nuclear entre o Irã e potências ocidentais.

Desafios do governo Dilma
27/12 Segurança
28/12 Educação
29/12 Inclusão digital
30/12 Política externa
31/12 Saúde
01/01 Trabalho
02/01 Infraestrutura

Ufa!: so mais dois dias de "nunca antes"...

Nunca antes neste país, ou em qualquer outro país do mundo, que não esteja em guerra e não precisa "zombar" dos seus "inimigos", um presidente da República, um rei, ou um dirigente qualquer, até um papa (mais um pouco chegamos a Jesus Cristo), declarou que se sentia contente com a crise em outro país, que achava "gostoso" contemplar a miséria alheia, que se regojizava com as dificuldades de outras pessoas.
Nunca antes...
Bem, só faltam dois dias...
Depois poderemos respirar, acho, espero... (mas não tenho certeza). Retenham a respiração até lá e depois digam comigo: Ufa!
Paulo Roberto de Almeida

Lula diz que 'foi gostoso' terminar mandato vendo EUA em crise
Do G1, em Brasília
29/12/2010 19h39

Medidas adotadas pelo Brasil reduziram impacto na economia do país, afirmou.
Presidente discursou durante evento na Bahia nesta quarta-feira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou em discurso nesta quarta-feira (29), na Bahia, as conquistas econômicas durante seu governo e criticou os países desenvolvidos pela crise financeira mundial.

“Foi gostoso passar pela Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam tudo para resolver o problema da crise brasileira, da crise da Bolívia, da crise da Rússia, da crise do México”, disse.

Segundo Lula, as ações adotadas pelo Brasil fizeram que a crise tivesse um impacto menor no país. “Foi importante para falar para eles [os países ricos] que na crise não foi nenhum doutor, nenhum americano, nenhum inglês, foi um torneiro mecânico, pernambucano, presidente do Brasil que soube como lidar com a crise com sua equipe econômica. Foi por isso que a crise demorou mais para chegar aqui e foi embora depressa.”
Em seu discurso, Lula destacou o crescimento da economia e a inclusão social como marcas de seu governo. “É muito confortante, [Jaques] Wagner, saber que nós criamos 15 milhões de empregos em oito anos com carteira assinada. É muito gratificante a gente saber que mais de 36 milhões de brasileiros ascenderam à classe média. É importante saber que mais de 20 milhões de brasileiros saíram da miséria”, afirmou, dirigindo-se ao governador da Bahia.
O presidente afirmou que sua passagem pela Presidência "criou uma coisa nova" para os mais humildes. “Nós não queremos que pensem mais que pobre não gosta de coisa boa. Não sei quem foi o malandro que inventou que pobre não gosta de coisa boa. Que pobre gosta é de miséria. Não. Pobre gosta é de luxo. Inventaram até que peão não gosta de uísque, que peão só gosta de cachaça. Peão gosta de uísque também.”

Avaliacao das ciencias sociais: um debate (indireto) com um representante da categoria

Uma avaliação da avaliação acadêmica em ciências sociais: notas a texto de Renato Dagnino
Paulo Roberto de Almeida

Recebi, pela internet, que é o canal universal de comunicações em nossa era, um texto do cientista social Renato Dagnino, intitulado “Os cientistas sociais e a avaliação da sua produção acadêmica”, elaborado em novembro de 2010, a partir de apresentação feita pelo autor no 34º Encontro Anual da ANPOCS, onde o autor participou de simpósio sobre “Política Científica e Pós-Graduação nas Ciências Sociais”. Como me sinto parte da comunidade e portanto interessado no tema, e em suas conexões com o trabalho acadêmico do qual sou parte interessada (ainda que apenas parcialmente), vou me permitir comentar topicamente esse texto, simplesmente pelo método da transcrição (com os trechos marcados assim: RD: ) e acréscimo de notas pessoais, marcadas em itálico e iniciadas por minhas próprias iniciais (PRA: ).
O texto de Dagnino tem a seguinte estrutura: “1. Introdução; 2. Fatos estilizados consensuais; 3. Fatos estilizados menos consensualmente percebidos; 4. Fatos estilizados ainda menos consensualmente percebidos; 5. Particularidades do contexto nacional; 6. Indícios de mudança; 7. Para não concluir”. Procedo de modo linear e não sistemático, apenas retendo trechos e questões que chamaram minha atenção por alguma peculiaridade de redação, problemas detectados no plano formal ou lacunas no texto, do ponto de vista lógico ou substantivo.
Vamos ao exercício:
RN: Os critérios de avaliação da produção acadêmica são formulados de maneira a medir “qualidade” do trabalho dos professores e pesquisadores das ciências "duras" e, por isto não são adequados para as ciências sociais.
PRA: Não creio que as ciências sociais devam se subtrair a avaliação de sua “produtividade”, ainda que se possa conceber alguma peculiaridade pelo fato de não poderem ser conduzidas experiências da mesma forma como nas hard sciences.

RN: Nos países capitalistas, as ciências "duras" sempre foram imprescindíveis para o processo de acumulação de capital; o que legitima ainda mais o seu apoio diferenciado a ponto de naturalizá-lo como uma hegemonia.
PRA: Por que essa “intromissão” de uma característica socioeconômica numa discussão sobre os procedimentos científicos? Por que as ciências “duras” seriam menos imprescindíveis se o sistema fosse, não capitalista, e sim “socialista”, ou feudal? O que tem a ver o capitalismo com a imprescindibilidade das ciências duras? Ciência é algo que transcende os sistemas socioeconômicos e serve a qualquer sociedade, em qualquer época e lugar, sem discriminação de qualquer espécie. Ela funciona e funcionou da mesma forma na Grécia antiga, no socialismo soviético e no capitalismo liberal. Essa constatação simplesmente não faz sentido.

RN: Os mitos da neutralidade, universalidade e linearidade da ciência difundidos pelos cientistas "duros" (aceitos pela sociedade e não contestados pelos cientistas sociais) levaram a que o caráter enviesado no sentido do capital não fosse percebido sequer pelos de extração marxista;
PRA: Se existe algum mito aqui é o de acreditar que o caráter “enviesado” do capital possa ter algo a ver com peculiaridades do trabalho científico, e que pelo fato de algum cientista trabalhar numa sociedade capitalista ele não pode ser neutro, universal ou “linear”; por que marxistas seriam tão obtusos a ponto de não o perceber essa perversidade do capital?

RN: A dinâmica tecnocientífica mundial, há décadas fortemente influenciada por objetivos militares, está também, cada vez mais, presidida pelo objetivo de lucro das grandes empresas multinacionais, que são hoje responsáveis por metade do gasto mundial de pesquisa;
PRA: “Cada vez mais”? Por que só agora? Sempre foi assim: empresas capitalistas, há vários séculos, atuam com base no lucro, assim como já faziam ou fizeram mercadores fenícios, artesãos medievais, manufatureiros renascentistas e toda e qualquer categoria de atividade produtiva: homens ativos são sempre motivados por algum desejo de retorno, de ganho, de riqueza; da mesma forma, o desejo de segurança, a motivação da conquista, a cobiça por riqueza alheia ou a necessidade de defender a sua própria sempre influenciaram as tecnologias militares e guerreiras, e nisso existe espaço para todos os modos de produção possíveis; RN deveria ser mais universal e neutro, e algo linear; seria melhor assim.

RN: A escassa percepção dessa dinâmica e uma reação automática pouco refletida se materializam no discurso de alguns cientistas sociais que, impregnado de universalismo e neutralidade, defende que devemos melhorar a qualidade do seu trabalho abordando temas de interesse internacional e usando referencias internacionais, para publicar em inglês em periódicos internacionais;
PRA: Antigamente se escrevia em grego, ou latim, ou francês, que foram as línguas mais utilizadas em cada época para produzir e divulgar ciência, literatura, ou qualquer outra coisa, como contabilidade capitalista ou pré-capitalista. Não se percebe porque o preconceito contra o inglês! Não existe nenhuma razão para isso, apenas desejo de não ser universal, apenas tacanhamente latino-americano.

RN: O afastamento da perspectiva latino-americanista fundacional das ciências sociais brasileiras é justificada, neste caso, em função da perda de importância da região no contexto globalizado internacional, da conveniência de que o Brasil se insira no mundo científico dos países líderes e da heterogeneidade existente ao interior da América Latina.
PRA: Nunca houve nada de especificamente latino-americano na construção das ciências sociais brasileiras, que foram muito mais formadas com base em aportes europeus e norte-americanos, do que da própria região. O Brasil não se insere nas correntes mais relevantes da ciência mundial apenas porque a América Latina é perdedora e não produz ciência de qualidade, mas porque é isso que deve ser feito e isso é que beneficia o Brasil, independente de qualquer perspectiva regionalista. A ciência, como deveria saber RN, é universal e universalista.

RN: A expressão Ciências Sociais é um “invento” latino-americano, fruto de sua orientação “militante” decorrente do contexto em que se iniciou sua implantação, caracterizado pela condição periférica e suas características de concentração de poder econômico e político no nível interno e dependência cultural e econômica no externo.
PRA: Nunca antes neste país se escreveu absurdo tão grande com respeito às ciências sociais. Não existe qualquer fundamento histórico, material para uma afirmação desse tipo, que é simplesmente incompreensível para quem conhece a evolução do pensamento social ao longo dos séculos, desde os filósofos gregos, os tomistas medievais, os historiadores renascentistas, os ideólogos do iluminismo, os racionalistas do século 19 e os funcionalistas do século 20. “Invento latino-americano”?; “orientação militante”? Acho que Marx contestaria imediatamente essa interpretação grotesca.

RN: Em que pese a projeção no circuito internacional alcançada pelo “alto clero” das ciências "duras", a contribuição das ciências sociais brasileira (Paulo Freire, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, etc.), mesmo quando avaliada segundo os critérios usuais de citação é seguramente maior;
PRA: Nacionalismo e chauvinismo acadêmico certamente não fazem bem a qualquer texto que pretenda fazer uma avaliação das ciências sociais brasileiras. “Seguramente maior”? Com base em que? Uma afirmação que vale tanto quanto o seu exato contrário, ou seja, de uma contribuição pobre, sem significado universal (que é o que distingue a ciência), pelo menos no que concerne Paulo Freire, dono de uma contribuição politicamente motivada, sectária, estreitamente ideológica.

RN: O segmento dos integrantes das ciências duras que podem “enquadrados” na categoria de “progressistas” é menor, no Brasil, do que o das ciências sociais;
PRA: Progressistas? Isso não faz o menor sentido para as ciências duras, e deveria não fazer, tampouco, para as ciências sociais. Não se pede que uma ou outra seja progressista ou reacionária, apenas que sejam boas ciências, a primeiras fundadas nos velhos princípios baconianos bem conhecidos, as segundas tentando construir a objetividade de que falava Weber. Esse “progressismo” do autor do texto só pode conduzir a uma má ciência, dura ou mole...

RN: Aqueles cientistas "duros" vêem seus colegas das ciências sociais como mais capazes de “fazer acontecer” as mudanças sociais que almejam;
PRA: Inacreditável! Como é que o autor foi descobrir as mudanças sociais almejadas pelos cientistas “duros”? Fez uma enquete, uma pesquisa, um questionário? Tabulou os resultados, publicou isso em algum lugar? Não se pode fiar numa afirmação desse tipo, destituída de qualquer validade empírica ou conceitual. Isso é simplesmente subjetivismo da pior espécie, indigno de qualquer ciência que se preze.

RN: Não é percebido que os cientistas "duros" progressistas tendem a pensar que seus colegas das ciências sociais seriam responsáveis, mais que eles, pela alteração do quadro social precário do País.
PRA: Isso tampouco é ciência, e sim profetismo, ou artes divinatórias. O que a ciiencia, dura, mole, técnica ou literária tem a ver com a percepção do “quadro social precário” no Brasil? O autor faz confusão entre o trabalho científico e a elaboração de propostas de políticas públicas que visam, sim, redimir a situação social, mas que dependem de escolhas políticas e valores sociais, não da natureza da investigação científica, ou seu caráter mais ou menos progressista. Isto é instrumentalização dos procedimentos científicos da pior espécie que possa existir, sinal de uma mentalidade autoritária que pretende dizer o que é progressista e o que não é.

RN: Criar consciência de que a mudança dos critérios supõe, mais do que um projeto de consolidação da área, uma discussão franca com esses cientistas "duros" de esquerda acerca do papel da comunidade de pesquisa no processo de democratização política e econômica do País.
PRA: Existem cientistas “duros” de esquerda? Certamente. Existem os de direita? Possivelmente. O que isso tem a ver com a qualidade de seu trabalho científico. Absolutamente nada. Existem cientistas “moles” das duas categorias? Provavelmente mais da primeira espécie do que da segunda. Mas podem também existir os de “centro” ou também aqueles que pretendem fazer apenas ciência, dura ou mole, não proselitismo e evangelização política como as propostas neste texto simplório e canhestro.

Em face dessas demandas de alteração dos critérios que devem prevalecer na avaliação das ciências sociais brasileiras, e em vista do que se leu nesse trabalho, uma única conclusão é possível: devem ser reforçados os controles e aumentados as garantias de que as verbas e recursos de todo o tipo que vão para essas ciências, de maneira a evitar que bobagens desse tamanha sejam escritas sob coberta de proposta “científica”.
Talvez seja melhor continuar a conversa numa “mesa de bar”...


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30.12.2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Retorno a Idade Media? - Parag Khanna

No lo creo, pero siempre hay el gusto por las analogias historicas, muy de pronto erroneas, pero hay quienes las creen...
Paulo Roberto de Almeida

Future shock? Welcome to the new Middle Ages
Parag Khanna
Financial Times, December 28 2010

Imagine a world with a strong China reshaping Asia; India confidently extending its reach from Africa to Indonesia; Islam spreading its influence; a Europe replete with crises of legitimacy; sovereign city-states holding wealth and driving innovation; and private mercenary armies, religious radicals and humanitarian bodies playing by their own rules as they compete for hearts, minds and wallets.

It sounds familiar today. But it was just as true slightly less than a millennium ago at the height of the Middle Ages.

In recent years it has become conventional wisdom that the post-cold-war world will see rising powers such as China and Brazil create what international relations experts call a "multi-polar" order. Yet for the next 10 or 20 years, it is not at all clear that the future many imagine will
come to pass - namely that the relative US decline will continue, Europe will muddle along, China and India will grow ever stronger, and other straight-line projections.

In fact, the world we are moving into in 2011 is one not just with many more prominent nations, but one with numerous centres of power in other ways. It is, in short, a neo-medieval world. The 21st century will resemble nothing more than the 12th century.

You have to go back a thousand years to find a time when the world was genuinely western and eastern at the same time. Then, China's Song dynasty presided over the world's largest cities, mastered gunpowder and printed paper money.

At around the same time India's Chola empire ruled the seas to Indonesia, and the Abbasid caliphate dominated from Africa to Persia. Byzantium swayed and lulled in weakness both due to and despite its vastness. Only in Europe is this medieval landscape viewed negatively.

This was a truly multi-polar world. Both ends of Eurasia and the powers in between called their own shots, just as in our own time China, India and the Arab/Islamic community increasingly do as well.

There is another reason why the metaphor is apt. In medieval times, the Crusades, and the Silk Road, linked Eurasia in the first global trading system - just as the globalised routes of trade are doing today.

The merchant houses of Bruges and Venice financed transcontinental ventures to discover sources of spices and other riches. Marco Polo reached the court of Kublai Khan in China, but only after admiring the vineyards of Kashgar and being awestruck by the material abundance of Xi'an. Arab pilgrim Ibn Battuta made an even greater parallel voyage from Morocco to the Far East,
visiting the thriving civilisations of southern India and Sumatra along the way.

Now, globalisation is again doing much the same, diffusing power away from the west in particular, but also from states and towards cities, companies, religious groups, humanitarian non-governmental organisations and super-empowered individuals, from terrorists to philanthropists. This force of entropy will not be reversed for decades - if not for centuries. As was the case a millennium ago, diplomacy now takes place among anyone who is someone; its prerequisite is not sovereignty but authority.

Some see contrary trends in the light of the financial crisis. But given the power of the forces pushing a new medievalism, it is too simple to speak of a "return of the state" evident in the bail-out of Wall Street and the stimulus packages of governments. Far more revealing about the future is the crumbling of most of the post-colonial world from Africa to the Middle East to South Asia, where over-population, corrupt governance, ethnic grievances and collapsing infrastructure are pushing many states towards failure.

From Congo and Sudan to Pakistan, many "states" are likely to see a move towards a hybrid public-private system of governance. Take Afghanistan, where a postmodern arrangement between international extractive companies, the Kabul government, local warlords and foreign peacekeepers seems as likely an outcome as any - a neo-medieval model also being used in Africa
and elsewhere too.

In the economic sphere, most states, rich or poor, western or eastern, have become filters, trying to manage inflows and outflows of goods, money and people that globalisation has imposed on them. In medieval times, one's welfare depended on family status, guild membership and property holdings.
Cities were stratified according to socio-economic caste. Loyalty was not to the "state" as such, but to whoever delivered the goods.
Today, the world's population turns ever more to companies to provide essential services, whether security or healthcare. Even in rising India, much "public" welfare is provided by industrialists such as the Tatas and Ambanis, whose family businesses also run entire factory cities. They are increasingly the equivalent of the House of Medici, the family that came to
dominate Florence from the 14th century. The Islamic world today is replete with such political philanthropy, with the Muslim Brotherhood in Egypt and Hizbollah in Lebanon functioning as political parties but also as social institutions supplying healthcare and schools.

Of course, no analogy is perfect. But the medieval parallel is at least a warning against over-simplified references to the neat 19th century "Concert of Europe", the balance of power between European states that followed the Napoleonic wars. This system saw a modus vivendi between a handful of nation states. But our new world is far more complex.

The only missing piece, of course, is America. The Middle Ages was pre-Atlantic. Yet today we have the legacy superpower of the US, located in the new world. If the European Union today plays the part of the Holy Roman Empire, then the US is the new Byzantium, facing both east and west while in a state of relative decline. The Byzantines lasted for many centuries beyond their material capability, through shrewd diplomacy and deception rather than by force.

This new world will mean huge challenges, for the west in particular. But if the US applies a genuinely Byzantine strategy, it has a good chance of stopping a slide into conflict. And remember that, despite its bleak reputation, the Middle Ages was actually an era of great invention and discovery - and one which eventually gave way to a great Renaissance too. As we witness today's great power grievances mount and fear another world of war, we must remember the same is possible today.

The writer is a senior research fellow at the New America Foundation and author of the forthcoming How to Run the World: Charting a Course to the Next Renaissance (Random House, 2011)

Diplomacia viajeira: resultados em milhagens, talvez...

O que dizem os acadêmicos tem muito menos importância -- ou não tem nenhuma importância -- em relação ao que dizem aqueles que fazem as coisas acontecer: os empresários, os homens de negócios, que são os que produzem, vendem, trazem riqueza para o país.
Acadêmicos costumam dar despesas e induzir a posições erradas. Seria o caso de perguntar ao que acha que interesses econômicos não podem ser separados dos objetivos políticos, quem paga o seu salário de acadêmico. Ele pode responder: "É o Estado!". Errado! É a sociedade, através de seus empresários e trabalhadores.
Aparentemente, com todo o nacionalismo, a "nova geografia comercial" não teve os resultados esperados. Mas sempre tem gente que gosta de se iludir, e enganar os outros.
Paulo Roberto de Almeida

Em oito anos, Lula visitou 85 países em busca de parceiros comerciais e políticos
BBC Brasil, 29 de dezembro de 2010

Presidente saiu em busca de novos mercados, mas também foi criticado por relação com governos polêmicos
Relação com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad é considerada a mais polêmica do governo Lula

Com visitas a 85 países em um período de oito anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em prática uma política de diversificação das relações do Brasil com o mundo que ajudou a projetar o país do ponto de vista econômico, mas que ao mesmo tempo colecionou polêmicas na arena política.

Com um discurso contrário à concentração das exportações brasileiras para um número "restrito" de países, Lula passou a usar as visitas internacionais como forma de "vender" o produto brasileiro em novos mercados.

A diversificação das relações, no entanto, também teve um forte cunho político, refletindo sobretudo a busca de apoio ao Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O fortalecimento da relação com a África é apontada por especialistas como "principal símbolo" dessa estratégia. Em oito anos, Lula visitou 27 países do continente, enquanto Fernando Henrique Cardoso esteve em apenas três deles.

Garoto-propaganda
"Lula assumiu como ninguém o papel de garoto-propaganda do produto brasileiro no mercado internacional. Sem dúvida o empenho foi bem-vindo, mas o resultado prático deixou a desejar", diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior (AEB), Fábio Martins.

Ele cita a permanência de barreiras sanitárias impostas por Estados Unidos, Rússia e Japão à carne brasileira, apesar das insistentes "reclamações" do presidente Lula junto a esses países.

Ainda segundo Martins, a busca por mercados consumidores menos tradicionais, como na África e no Oriente Médio, acabam tendo "pouco impacto" no total exportado.

"O problema é que diversificamos para esses países, que têm menos peso comercial, e perdemos espaço em mercados altamente consumidores, como o dos Estados Unidos", diz Martins.

Em 2002, as exportações brasileiras para os Estados Unidos representavam 28% do total exportado, caindo para 11% em 2010.

O governo, no entanto, argumenta que o processo de diversificação está "começando" e que as vantagens puderam ser constatadas durante a crise financeira, quando países dependentes da economia americana, como o México, sofreram um impacto muito maior do que o Brasil.

Relação política
O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense Williams Gonçalves diz que a política externa do presidente Lula seguiu a tradição "nacionalista" e que, nesse contexto, é "impossível" separar os interesses econômicos dos objetivos políticos.

"A busca pela ampliação dos parceiros comerciais obedeceu a uma orientação política, que não chega a ser nova na história das relações internacionais do Brasil", diz o professor.

Sob a gestão do presidente Lula, o Brasil ampliou ou intensificou suas relações com países de fora do eixo ocidental - alguns deles com governos polêmicos, despertando uma série de críticas na opinião pública.

O caso mais emblemático passou a ser o do Irã, acusado de abusos em direitos humanos, mas há também exemplos como Venezuela, Sudão, Líbia, Cuba e Guiné Equatorial, todos visitados pelo presidente Lula.

Na avaliação de Gonçalves, a diplomacia dos anos Lula foi "coerente", na medida em que privilegiou os "interesses nacionais".

Como resultado concreto o professor cita a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), que segundo ele foi resultado, dentre outros fatores, de uma ação conjunta de Brasil, China e Índia.

"É claro que não vamos defender causas absurdas, mas precisamos fazer nossos cálculos. Uma parte da nossa sociedade quer que sejamos uma potência ética, mas isso não existe", diz o professor da UFF, lembrando que, assim como o Brasil, diversas outras democracias também têm relações próximas com governos polêmicos.

Já na avaliação do ex-secretário geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Rubens Ricupero, o presidente Lula fez alguns "julgamentos equivocados" em sua busca por novos parceiros.

"No caso do Irã, por exemplo, tentamos impor nossa agenda e tivemos um resultado negativo, que não deu certo", diz Ricupero, referindo-se à tentativa de acordo nuclear intermediada por Brasil e Turquia.

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O Partido Comunista Frances: 90 anos e desaparecendo...

Uma história que se aproxima do fim, sem glória e sem honra...
Paulo Roberto de Almeida

Le Parti communiste, nonagénaire sans avenir
Editorial - Le Monde, 27.12.2010

Dans la nuit du 29 au 30 décembre 1920 naissait le Parti communiste français. Au terme de débats fiévreux, le vote décisif du congrès de Tours était sans appel : 3 208 délégués approuvaient l'adhésion à l'Internationale communiste, créée par Lénine, à Moscou, un an auparavant ; 1 022 délégués seulement préféraient, avec Léon Blum, garder la "vieille maison" socialiste.

S'il mérite le respect dû aux nonagénaires, il faut bien dire que le PCF a connu des anniversaires plus glorieux. Et pour cause. Après avoir dominé la gauche française pendant près d'un demi-siècle, entre les années 1930 et 1970, après avoir constitué un pôle majeur de la vie politique nationale, le PCF décline inexorablement depuis. Comme le notait sans fard L'Humanité, en annonçant les deux journées discrètes de commémoration organisées les 11 et 12 décembre, "le Parti communiste français ne prétend plus depuis longtemps incarner une avant-garde autoproclamée du mouvement ouvrier".

Le contraire serait surprenant. Premier parti de France au lendemain de la guerre (28,6 % des voix aux élections de novembre 1946), encore soutenu par un électeur sur cinq jusque dans les années 1970, le PCF n'a connu, depuis, qu'une longue dégringolade électorale. Il a touché le fond lors de l'élection présidentielle de 2007 : Marie-George Buffet, alors secrétaire générale, n'a recueilli que 700 000 voix, soit 1,9 % des suffrages, loin derrière le candidat trotskiste, Olivier Besancenot.

En trente ans, le parti a également perdu les trois quarts de ses adhérents (officiellement 100 000 cartes, dont 60 000 à jour de cotisation) et la plupart de ses parlementaires (17 députés élus en 2007).

Incapable de prendre la mesure des transformations profondes de la société française, le PCF est également en panne de base sociale et il a perdu l'essentiel des relais qui ont longtemps fait sa force. Le "parti de la classe ouvrière" ne l'est plus : 4 % seulement des ouvriers ont soutenu Mme Buffet en 2007. La CGT, ancienne "courroie de transmission" syndicale, a pris ses distances depuis dix ans. Quant aux villes et aux "banlieues rouges" du communisme municipal, elles ne sont guère qu'une survivance : le Parti communiste ne dirige plus que 28 villes de plus de 30 000 habitants (contre 72 il y a trente ans).

Enfin, privé de modèle de référence depuis la disparition de l'Union soviétique au début des années 1990, le PCF est, à l'évidence, en panne de stratégie. Ses hésitations à l'approche de l'élection présidentielle de 2012 en témoignent : ou bien il se contente d'être une force d'appoint du Parti socialiste, en espérant sauver ainsi ses derniers bastions ; ou bien il accepte l'OPA que Jean-Luc Mélenchon entend faire sur ses dernières troupes, ce qui revient à remettre son sort entre les mains d'un tribun venu du PS.

Dans les deux hypothèses, on voit mal le PCF capable de "relever le défi d'un nouveau siècle d'émancipation", comme l'y invitait récemment son nouveau secrétaire général, Pierre Laurent. Sombre alternative. Pour ne pas dire impasse totale.

Article paru dans l'édition du 28.12.10

Do mito a beatificacao: nunca antes na historia das religioes...

Estamos próximos da beatificação política...
A desculpa é que "Lula" (com l maiúsculo) é um animal marinho, portanto está justificado o novo nome. Mais precisamente, se refere a um molusco marinho da classe dos cefalópodes.
QED...

Petrobras batiza Tupi de Lula e anuncia reservas de 8,3 bi no bloco BM-S-11
CIRILO JUNIOR, PEDRO SOARES - DO RIO
Atualizado às 12h36.

A área de Tupi teve sua comercialidade declarada nesta quarta-feira pela Petrobras e os sócios Galp e BG. O novo campo será denominado Lula, e tem reservas estimadas em 6,5 bilhões de barris de petróleo e gás recuperáveis. Tupi era o nome provisório da área descoberta. Após a declaração de comercialidade, os campos recebem nomes de formas marinhas.

A área vizinha de Iracema também foi certificada. Batizada de Cernambi, tem 1,8 bilhão de barris de óleo e gás. Os campos de Lula e Cernambi fazem parte do bloco BM-S-11, e juntos, somam reservas de 8,3 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás)

O "nunca antes", do Brasil para o mundo... - Paulo R. Almeida

Agora sim, o último artigo publicado no ano de 2010. Depois disso, o silêncio...
É o que esperam muitos...


Never Before Seen in Brazil: Luis Inácio Lula da Silva’s grand diplomacy
Nunca antes visto no Brasil: a grande diplomacia de Lula
Paulo Roberto de Almeida *
Revista Brasileira de Política Internacional (v. 53, n. 2 2010)

1. South America was not enough: Luis Inácio Lula da Silva goes out into the world
Has Brazil already attained the status of a global power, as sought by Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy? Or, despite all his efforts, does it remain a mere regional power? Those two questions were, almost obsessively, at the center of Lula’s entrepreneurial diplomacy, for the whole duration of his administration (2003-2010). The questions are still open.(1)
Global power status, as is well known, is not a matter of national choice, or an issue subjected only to the political will of the actors involved in what is a complex and interrelated equation. It depends on a complete set of objective factors – connected with economic strength, technological endowments and military capabilities – as well as on a clear recognition of that status by other actors, first of all by the general consensus of the international community, but especially by the great powers. This recognition is usually linked to primary sources of power – Russia and China clearly fit the pattern – but it can also be associated with other attributions and types of participation in world affairs – cooperation, defense of human rights and democracy, etc.
According to those criteria, Brazil cannot be recognized, yet, as a global power, as it lacks some of the capabilities linked to those pre-conditions, with an emphasis on financial and military capabilities. Neither is it acknowledged as such by the world community. Much of the talk about Brazil’s new role is due to its active diplomacy under Luis Inácio Lula da Silva, together with the deployment of external cooperation towards poor countries in Africa and Latin America (efforts labeled, by the President himself, as the ‘diplomacy of generosity’). But, Brazil’s association with some less commendable actors – such as Iran or Cuba – as well as its poor record on human rights questions, an issue which clearly diminished in importance in Lula’s time, has weakened its credentials in terms of the expectations of public opinion.
But even on a more limited regional basis, it is also probably an exaggeration to count Brazil as a South American ‘natural leader’, for reasons other than a desire for ‘grandeur’. Notwithstanding the fact that it fills almost completely the objective criteria to be recognized as such – territorial, economic and demographic dimensions; size of internal markets; presence in external markets; concentration and diversification of investments; level of industrial development; the most advanced technological basis on the continent; its already large direct investment flows in neighboring countries; and, of course, military capabilities – Brazil does not yet enjoy some of the ‘subjective’ criteria linked to that status, the most important of those being the willing acceptance by the neighboring countries of such a role. Not only Argentina and Colombia, the two other middle-level powers in South America, but also the smaller countries, are not yet ready to accept Brazil as their regional representative or want it to act as a kind of an unelected speaker on their behalf. Unfortunately, big countries are seldom appreciated in their regions.
This lack of natural leadership derives not only from historical reasons – the fact that Brazil is the sole Portuguese-speaking country within a Spanish environment, and that it emerged as a monarchy in the 19th century, in a republican continent – but also from negative contemporary factors, such as the traditional links it has maintained with developed countries in Europe and North America at the expense of its interactions with South American neighbors. Huge Brazilian direct investments and many diplomatic initiatives have been undertaken in recent years in practically all South American countries, but this has not been enough to change the lack of enthusiasm for Brazil’s role as a leader.
Notwithstanding its importance in the regional context and its growing role and presence in some questions on the international agenda – especially in multilateral trade policies and WTO negotiations, and environmental affairs, among others – it would be a little premature to count Brazil among the major powers in the world. An objective evaluation of Brazil’s current limited capabilities also has to recognize brilliant prospects for the medium term: Brazil is already an ‘emerged’ country, but still an ‘emerging’ economy and a power broker. The fact of the general discussion about its greater role on the world diplomatic agenda should be acknowledged as a real accomplishment for President Luis Inácio Lula da Silva.
Any assessment of his diplomacy has to start from the fact – and this is its distinctive character – that it does not follow the traditional patterns of professional diplomatic practices, but rather its own Workers’ Party, the PT’s, ideological choices and political inputs. Those party preferences have left their marks heavily in the foreign policy of Brazil in a manner never seen before 2003. Accordingly, we shall first review the said ‘innovation’ in Brazilian foreign policy, both in terms of doctrine and of political orientation, and then move to the main issues of the diplomatic agenda. Lula’s diplomacy was not only conceived and applied more in line with party politics than with State considerations, but it has also served much more his own motivations for personal aggrandizement in world scenarios than Brazil’s national interests.

2. Shoes and sovereignty: the rhetoric of a sectarian Party diplomacy
For the first time in decades, or ever, Brazilian foreign policy was conceived and conducted under the overriding influence of non-professional diplomats. The PT’s ‘foreign policy’ was the dominant element in Brazilian foreign policy since the beginning of the da Silva government, but not in a structured manner, as the PT never ‘produced’ a structured or a complete set of conceptions and solutions for Brazil’s international relations. The party always had a poor theoretical structure, simply relying on ‘Gramscian’ figures from academia for the preparation of more sophisticated papers and proposals relating to economics and political life. But the core of its ‘thinking’ – if one can indulge it with such a description – is a confused mixture of typical (and stereotypical) Latin-American leftism with old-style nationalism and anti-imperialism, with brushes of Castroism, Stalinism, Trotskyism, and Liberation Theology beliefs.
From the standpoint of its organizational structures, the PT is a quasi-Bolshevik party, albeit without the old apparatchik apparatus of a Soviet-style Communist party. In the beginning, its core staff was formed mainly by: (a) ‘alternative’ trade-unionists, who started by rejecting the traditional trade-unions linked to the Ministry of Labor, but who have quickly adapted to the flow of easy money provided by the compulsory labor tax (the act of creating new trade unions is a prosperous ‘industry’, and the practice has enormously prospered under Lula); (b) old guerrilla-fighters, or semi-professional revolutionaries, ‘recycled’ into party politics (albeit keeping some old habits from their previous clandestine life, and liaisons with Cuba in particular); and, (c) religious movements, such as the leftist Liberation Theology and ‘ecclesial communities’.
The PT’s ‘ideology’ is a mixture of old style socialist credo, prior to the fall of Berlin wall, and of social-democratic economic beliefs (mostly of a purely redistributive character). In fact, many of the sects that make up PT are still true believers in socialism, and are die-hard statists who still trust in the merits of a planned economy. For all purposes, they are anti-capitalists, anti-imperialists, and naturally, anti-Americans, as almost all of the leftist Latin-American parties are. Some of the PT apparatchiks were trained and instructed by Cuban intelligence officers, which can explain their loyalty to Cuba's goals in Latin America, such as the organization of the São Paulo Forum (the FSP), a Cuban-sponsored coordinating mechanism for all leftist parties in the region which until 2005 included members of the Colombian FARC.(2)
The PT’s main guidelines in foreign policy were established by those involved in its ‘international relations’, starting with the who had apparatchiks that lived in exile during the military regime (1964-1985). Some of them happened to enjoy the confidence of their Cuban mentors, a fact that exerted some influence in the definition and implementation of ‘their’ foreign policy, when the time arrived. The future President himself – who, as a trade unionist and leader of metalworkers, developed links with counterparts in Cuba, in the USA, and in Europe – came to understand better the intricacies of international politics; his qualitative leap, the one that was decisive for his own personal life and for the political itinerary of Brazil, was to create in 1980, with the help of former guerrilla fighters, a political party that was to represent a departure from traditional politics and trade-unionism in Brazil.
Nevertheless, the PT always was, and continues to be, a consortium of leftists, engaged actively in the party’s cause, which is not exactly a national cause according to the normal lines of a parliamentary or even a presidential democracy. The PT has always relied on mass politics or popular organizations, like students' associations, labor unions or peasant movements, which it controlled. Its concept of democracy is merely instrumental: everything that serves the major objective of holding power for the party fits its “philosophy” and practices. Adhering to a ‘Cuban’ agenda, it is not surprising if human rights or democracy do not occupy higher levels in this kind of diplomacy. This feature has to be considered as the major political component of Brazilian foreign policy during Luis Inácio Lula da Silva's government.

3. Bizarre friendships and ‘new trade geography’: Luis Inácio Lula da Silva's international policy
Two main objectives have marked, in a somewhat contradictory manner, Brazilian foreign policy under Luis Inácio Lula da Silva: the preservation of national sovereignty and the strengthening of regional integration in South America, the latter being a continuation of policies already implemented by previous governments. The former, that is, the sovereign presence of Brazil in the world, would have to be decreased if the latter is to be reinforced, as exclusively national policies – in sectors such as industry, agriculture, or even trade policy – have to accommodate the choices being made in favor of regional integration. Its priorities were established in three main areas: the reform of the United Nations Charter and Brazil’s accession to a permanent seat on its Security Council; the finalization of multilateral trade negotiations, with a preferential option for the relationship with the European Union, instead of the conclusion of the American project of a hemispheric free trade area (FTAA), strongly opposed by the PT and other leftist movements; the reinforcement of Mercosur and its extension to other countries in South America, starting with Chile and other Southern Cone countries, such as Bolivia. Other priorities comprised the establishment of a strong relationship with selected ‘strategic allies’, designated as being ‘non-hegemonic countries’, namely China, Russia, India, and South Africa, the last two forming part of the IBSA forum, the first three organized along the lines proposed in the Goldman Sachs study on the BRIC countries.
All these moves followed the so-called ‘South-South’ diplomacy and the desire to create a ‘new geography of world trade’ and strengthen the ‘democratization of international relations’, without ‘imperial arrogance’ and ‘hegemonic unilateralism’. In terms of ‘tools’ to accomplish those objectives, it is not difficult to recognize the high quality of Brazilian professional diplomacy. Brazil’s ‘diplomatic GDP’ is greater than its economic GDP, and the latter is certainly greater than its ‘military GDP’, in other words, its capacity for projecting power abroad. Indeed, Brazil’s influence in diplomatic negotiations is more important than its actual presence in the world, as compared, for instance, to its participation in trade and financial flows (as a recipient of foreign capital and know-how, and a modest investor abroad). Brazil’s professional diplomatic skills make it a relevant actor and sometimes a broker in important multilateral trade negotiations (despite its minor role in financial or trade areas).
Nevertheless, Brazil’s influence in the new global interdependence is being handicapped by its mixed feelings toward globalization, and this is reinforced by the PT’s leading role in its diplomacy, as the party combines an old-style nationalism with defensive policies in the industrial and investment sectors, including trade protectionism and the promotion of substitutive industrialization. For many of its political leaders – and obviously for all the leftists in the da Silva government – globalization is just another name for Americanization, which they reject and even despise because of their superficial nationalism and instinctive protectionism. It is true that Brazil, in promoting Mercosur, has abandoned the worst aspects of its hard-core protectionism from the 1950s up to the 1980s, but entrepreneurs and the political elite maintain the same old feelings of the ‘dependency school’, a mixture of developmental Keynesianism and a vague Third World ideology demanding a ‘new international economic order’.
Policy reforms, in line with the Washington Consensus of the 1990s, and the Cardoso administration’s more receptive attitude toward globalization, brought Brazil more in line with mainstream economics, promoting economic opening and trade liberalization. But, starting with Luis Inácio Lula da Silva's government, those policies were somewhat reversed, if not taken back to the old days of Latin American ‘Structuralism’, identified with Raul Prebisch and Celso Furtado, former guardians of this ‘heterodox’ school. This reversal in diplomatic guidelines was presented as a renewal with the ‘Independent Foreign Policy’ of the early 1960s, when it was in fact only the result of nostalgia for old times.
Many of the new manifestations of this ‘sovereign diplomacy’ have been focused in consolidating alliances with a few selected partners in the Third World, mainly large emerging countries, notably India, South Africa and China, with the addition of Russia to the process, as it is considered to be an ‘anti-hegemonic’ counter-power. Great efforts have been made to achieve the goal of inserting Brazil into the inner sanctum of the UN Security Council, an initiative that served to arouse the opposition of Argentina and other competitors. Another goal, that of strengthening and expanding Mercosur, with the inclusion of new partners in South America has, in fact, resulted in the dilution of its trade rules and in an overextension of ‘social pacts’, which have little meaning for real integration.
In parallel with the so-called ‘diplomacy of generosity’ in Latin America – to consolidate a self-ascribed ‘Brazilian leadership’ in the region, a role always rejected by professional diplomacy, mindful of its negative tones – the PT government took initiatives to isolate United States in the region and enlarge the sphere of self-coordination among Latin American or South American countries. It started by refusing – in fact sabotaging – the FTAA initiative, proposed by President Clinton in 1994, an act undertaken by a joint action by Argentina, Brazil and Venezuela. This policy was also pursued through a series of proposals for the establishment of new bodies uniting exclusively South or Latin American countries. One of them was aimed at submitting the Colombian-US agreement for cooperation against the narco-guerrillas to a detailed scrutiny by a new consultation mechanism proposed by Brazil: the South American Defense Council, itself part of a larger structure, the Union of South American Nations (Unasur).
In February 2010, for instance, with total support from Brazil, a Latin American ‘unity’ Summit decided the double establishment of the new Community of Latin American and Caribbean States, which replaced the former Rio Group (1986), and of a Latin American Summit on Integration and Development, also created by a Brazilian initiative in December 2008. “For the first time in 200 years”, it was said, Latin American countries were meeting “without any kind of guardianship”, that is, exempt from any influence from the ‘empire’ and fully integrating Cuba into the coordinating and consultation mechanisms. The exclusion of the ‘empire’ was presented as a “success”, a ‘first’ in Latin American history, as Brazilian diplomacy acquired the capacity to “say no”.
The anti-American orientation of those actions was very clear, not only for ideological reasons, a feature which might be normally expected from a typical leftist Latin American party, such as PT, still proud of its Cuban links and its solidarity with ‘liberation movements’. It was also welcomed as a misguided feeling that integration under the aegis of “imperialism of free-trade” (as the American initiatives were labeled) would rather correspond to a project of ‘annexation’, instead of a symmetrical integration. It was on behalf of that creed that many other initiatives were taken, including the deliberate sinking of the regional negotiations for a hemispheric free trade area and the frustrated proposal for a South American free trade area (which did not prevent some countries from signing bilateral trade agreements with the US).
Paradoxically, Brazil was accused of being ‘imperialist’, and has been asked, in consequence, to pay the costs of the ‘asymmetrical situation’ created by its very huge presence. Bolivia, Paraguay, Uruguay, other countries – even Argentina – forced Brazil to accept new and very generous terms for the reinforcement of their relationship: Bolivia nationalized oil and gas resources exploited by the Brazilian state company Petrobras; Paraguay required additional payments for its share of electricity generated by the bi-national hydro-electric plant at Itaipu; Argentina unilaterally imposed safeguards and other defensive trade restrictions on a number of Brazilian manufactured goods that would be normally exported through the free-trade area of Mercosur; Uruguay and other countries, including Venezuela wanted investments or financing from Brazil.
During previous administrations, professional diplomacy conducted bilateral relations with the United States under normal assumptions of cooperation and consultation without any ideological misconceptions about what is usually called ‘American hegemonic pretensions’. The PT’s diplomacy reverted to the ‘normal’ anti-imperialism (together with some anti-Americanism) of the old Latin American left. Dealing cautiously with American interests in the world and in the region during its first mandate, the da Silva government exhibited a more assertive ‘anti-hegemonic’ stance in its second mandate, developing (at least rhetorically) some confrontational positions in relation to American interests in the global scenario; political conflicts over specific issues were always avoided and direct opposition never allowed to arise, but a more assertive behavior, connecting Brazil with other ‘non-hegemonic’ emerging powers, was allowed to develop (in fact, was explicitly promoted).

4. Too much transpiration, less inspiration: Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy in action
Intentions and proclamations aside, diplomacy under Luis Inácio Lula da Silva has to be evaluated according to its concrete results – or lack thereof – in the many subjects that mobilized the attention of the professional staff of the Foreign Service, under the triple guidance of the Presidential Assistant, the Minister and his Secretary-General, with the clear approval and the appreciation of the President himself. Among those issues, the following protracted the most attention from all these actors during the period under consideration: the UN Security Council; alliances with strategic partners; Mercosur and related issues of regional integration; the relationship with Argentina; Brazil’s leadership in South America and regional blocs; the WTO and multilateral trade negotiations; relations with other emerging powers and the international role of Brazil. For some of these issues, the PT already had its own ‘policies’; for others, it followed the official diplomatic line, distorting it for its own purposes.

The United Nations Security Council: a long-standing obsession
Despite a vague mention related to the “reform of international organizations”, the issue was never a priority in the PT’s guidelines on Foreign Policy but it was a pet subject for the Foreign Minister, who had a long career in multilateral forums and a personal attraction for international security matters; he transmitted this interest to the President, who promptly excepted the idea that Brazil was ready to enter the inner sanctum of the United Nations. This issue is notoriously difficult, and Brazil engaged vast resources – human, diplomatic, financial – in lobbying other countries for the purpose of reforming the UN Charter and enlarging its Security Council. The remarkable degree of acceptance of Luis Inácio Lula da Silva by the international media and other world leaders – all of whom, with the exception of George Bush, invited him to the annual G8 meetings – convinced the President that the idea was not only feasible but attainable, despite some opposition from regional partners (most vociferously, Argentina and Mexico).
Brazilian initiatives took various forms. With other developing countries, bilateral debt write-offs were offered to the poorest countries, but sometimes even to oil exporters like Gabon. With the other candidates (Japan, Germany, and India), a G4 was created to support one of the proposals put forward by former UN Secretary General Kofi Annan. Brazil never reached an agreement with two key actors in this process, USA and China, who continuously opposed any substantial reform of the international body. For the sake of its great objective, Brazil assumed a commanding role in the pacification process of Haiti, engaging considerable resources in the task of nation-building that went clearly beyond the country's traditional participation in peacekeeping missions. Also, to enhance Brazil's international presence, the President ordered the opening of permanent embassies in almost all African countries and in all the Latin American states, even in the smallest islands of the Caribbean, all with very limited results in practice. Despite rhetorical support for his pretention, expressed in many bilateral communiqués along his mandate, the President was continuously frustrated.

Alliances with strategic partners (Argentina, China, India, South Africa)
Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy believed that countries such as Brazil, Argentina, China, South Africa and India not only share common values and the same objectives in the world system, but also have relatively similar social and economic characteristics, making them ready to sustain joint projects and efforts at cooperation. IBSA, or the G-3, for instance, was presented as one example of creativity and shared vision between three great multiracial democracies, Brazil, India and South Africa. Having decided to form the group, the three countries struggled hard to find common problems and to establish a list of ‘shared solutions’, installing as many working groups as possible without regard for the actual differences among. Official rhetoric refers to IBSA as a ‘success story’, although concrete results, objectively assessed, remain below expectations, providing more promises than real accomplishments.
Argentina is another kind of ‘strategic partnership’: it was the co-founder of the Southern Cone integration process, with Mercosur at its core, the consolidation of which would require that the co-ordination of macroeconomic policies between the two big associates, as well as a set of joint measures to strengthen the regional bloc, be placed at the center of that endeavor. Instead, Argentina’s behavior in Mercosur became a hindrance for Brazilian industrialists, as their exports were subjected to many protectionist restrictions adopted by the Buenos Aires Government, which was still committed to old national practices in trade and industrial policies. The da Silva Government not only tolerated such abuses – contrary to the spirit and to the letter of Mercosur agreements, as well as to WTO-GATT dispositions on safeguards – but also managed to contain the dissatisfaction of Brazilian exporters.
China, for its part, was previously (and uncritically) selected by the President and the PT as a strategic ally, and began to benefit from this position by the declaration, by Brazil, that it filled the requirements of a “market economy”, as defined by WTO rules (and thus able to enjoy the bonuses of this recognition in its bilateral trade with Brazil). Brazilian diplomacy misread completely the real will of China in terms of accepting the reform of the UN Charter and the elevation of Brazil to its long sought ambition to become a permanent member of the Security Council. Neither were the Chinese ready to make the huge investments in Brazilian infra-structure that were expected by Luis Inácio Lula da Silva, as they actually regarded Brazil as one more commodity provider among many others.

The dismantling of Mercosur as an unintended consequence
The ‘restructuring’, institutional consolidation and enlargement of Mercosur were on Lula’s diplomatic menu, as had been explicitly announced since the beginning. According to this priority, total dedication was devoted to the attraction of new partners – Bolivia, Chile, Venezuela, and Ecuador – and facilitating their integration into the bloc (including a waiver on the application of the Common External Tariff, a clear circumvention of the normal discipline inside a customs union, which is what Mercosur pretends to be). Besides the creation of a Mercosur Parliament – without real functions, to be precise – there was no real progresses in the fields of trade liberalization and economic opening among member countries. From the designated group of ‘candidates’, only Hugo Chávez’s Venezuela decided to join the bloc, to the consternation of the real democrats and the concerns of the business world. Despite a strong lobby exerted by the da Silva Government in favor of Chávez, the documentation has not yet been concluded, as Paraguay has still to endorse it.
Irrespective of the real setbacks in the commercial areas of Mercosur, it is a fact that Brazil has invested heavily in the project of a stronger Mercosur and its expansion throughout the region. For instance, Brazil proposed, created and financed, at 70% of its cost, a fund to “correct the imbalances” in the region, a financial scheme equivalent to only a small part, 1%, approximately, of the combined Mercosur member countries’ GDPs and that, in fact, duplicates the work of the multilateral banks already operating in the region – the World Bank, the Inter-American Bank and other bodies. Instead of reducing imbalances in the region by market-friendly mechanisms, in line with each country's comparative advantages, governments allocate money to a vast array of projects poorly managed by bureaucrats and incapable of correcting any imbalance between them.
As well as an emphasis on its social and political agenda, Luis Inácio Lula da Silva's big push towards Mercosur’s enlargement was to offer it to whichever countries in South America would be willing to join, even at the price of overlooking some of its requirements, simply to accommodate specific countries with strong political motivations. Bolivia, for instance, was offered the chance to enter Mercosur without being liable to the Common External Tariff (which was considered an exaggerated concession by Argentina). Ecuador, along with Bolivia, a member of the Andean Community of Nations (CAN), was also approached, but preferred not to be entangled in any new commercial compromise. Chile, bound to a single tariff, as consolidated in the GATT system, declined from the start to become a full member of Mercosur, taking into account that it benefits from free-trade agreements concluded with each of its hemispheric partners. Colombia and Peru, too, setting aside their CAN membership, opted for free-trade agreements with the United States, a move that pushed Venezuela’s Hugo Chávez to denounce the country’s membership of CAN and to make a pledge to join Mercosur.
There are two problems with Chávez’s political decision to become a full member of Mercosur: on the one hand, since 2006, when that option was chosen, he signed, at the same time, a trilateral pact, with Cuba and Bolivia, creating ALBA, the Bolivarian Alliance of the Americas, a bizarre integration scheme built around state trading, managed cooperation and no free trade at all. On the other hand, Venezuela has never complied with the requirements of Mercosur’s customs union – that is, the Common External Tariff and all other regulations to that effect – declaring instead that it's intention was to transform Mercosur from its ‘neoliberal’ rules to a new political bloc, animated by its own proposals concerning ‘21st-century socialism’. Even accounting for the political empathy demonstrated by the two biggest associates towards Venezuela – in the case of Argentina compounded by the fact that Hugo Chávez was its sole financier after the 2002 moratorium – that was a little too far from the modest capitalist, albeit dirigiste, integration scheme devised by Brazil and Argentina.

Sleeping with a restive neighbor: relations with Argentina
The most sensible, and relevant, of all bilateral Brazilian relationships, the diplomatic interaction with Argentina, remains in a delicate situation, despite the benign propensity of the da Silva Government to accept almost all restrictions and limitations unilaterally imposed by Buenos Aires on the trade exchanges and reciprocal economic flows. At the beginning the da Silva and Kirchner mandates, in 2003, the excuse for many defensive measures was the profound crisis created by the end of the convertibility exchange regime and the external debt moratorium, followed by a complete standstill in foreign financing for Argentina. In a second stage, bruised by the excessive number of initiatives the Brazilian President was taking to assert Brazil’s leadership in the region, Nestor Kirchner hardened Argentinean positions in many negotiating situations, either in Mercosur or in regional matters, and even in multilateral situations, such as Brazilian candidacies in some international organizations (IADB, WTO, and others).
Ego disputes aside, the most important problem was a special safeguards regime that Argentina sought to impose on bilateral trade with Brazil, invoking “structural imbalances” arising from the Brazilian exchange flotation or hidden subsidies on Brazilian exports; “involuntary” export restrictions and other market arrangements were put in place, even against Mercosur rules and WTO dispositions, which the Brazilian President accepted as part of his “diplomacy of generosity” (to the great displeasure of Brazilian industrialists). In other contexts, Brazil was unable (or was not accepted) to mediate the conflict between Argentina and Uruguay over the cellulose plants next to the border. Favorable diplomatic rhetoric apart, Argentina was never very enthusiastic about Brazilian initiatives in the region: the South American Community of Nations, the two inter-regional summits – with Arab and African Countries – the South American Defense Council within Unasur, the Latin American and Caribbean meetings, and some other initiatives. Above all, though, the most contentious issue was Brazil's candidacy to the UNSC seat, followed by its implicit posture as regional leader – two endeavors that affected Argentina self-esteem and moved her to an openly active opposition.

Tropical Man’s Burden: Brazil’s regional leadership
One of the most important of Luis Inácio Lula da Silva's diplomatic initiatives, along with the Brazilian candidacy to a permanent seat in the UNSC, is the union of South America as a political entity, free from any interference from the “American empire”, and this has always corresponded to a permanent project for his party, obviously supported by its Cuban and other Latin American leftist allies. The core of Brazilian regional diplomacy, under the direct inspiration of Itamaraty’s Secretary-General, was strongly directed towards this ambitious objective, with partial successes in various aspects.
The economic aspect of the project – the political implosion of the American proposal of a FTAA, followed by the creation of a South American Free Trade Area – was only half-achieved: the abandonment of a hemispheric trade liberalization scheme. Brazilian initiatives towards creating its own economic space in the region were downsized to a mosaic of bilateral agreements within the framework of a Latin American Integration Association that failed to promote expanded exchanges or to effectively integrate the economies of the countries. The modest opening of the Brazilian economy in favor of its neighbors curtailed the Brazilian's grand vision for the continent.
The political components of the project remained too vague to really unite ten South American States that harbor different conceptions, sometimes opposed to each other, about political and economic integration. Unhappily for the Brazilian project, the fact is that South America became less, not more, integrated during Luis Inácio Lula da Silva's tenure, and the reason has little to do with external crises or military dictatorship. Indeed, democracy has progressed in the region, but political instability remains a crucial factor that explains the differing concepts of integration, and some of the regional crises. By most accounts, Bolivarianism and indigenism, arising in Andean countries, have rendered those polities more instable, socially and politically, and prone to old conceptions of integration, marked by State-led economic policies, nationalization and a less relevant role for trade and finance, compared to social and political issues, all of which was completely at odds with a market-led integration, such as that practiced in Mercosur.
In addition, the exercise in ‘regional leadership’, as tentatively tried by Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy, was not well received; in fact, it had never been welcomed in the past, one more reason for professional diplomacy making a taboo of this difficult concept. Tempted by his warm reception in the world press and among many political leaders, Lula believed that the time was ripe for Brazil to assume a more assertive posture based on political dialogue, Brazilian financing of development projects and a tentative measure to coordinate positions in regional or multilateral negotiations.
Being the largest economy in the region, Brazil exerts a natural attraction on neighboring countries, but that has not been enough to overcome old suspicions about its quasi-imperialistic behavior in South America, or its supposed desire to impose its own domination over other countries, replicating, albeit in a less arrogant manner, American imperial tutelage. In fact, Brazil has never exerted any guardianship over the region, but the multiplication of initiatives could be seen as devoid of vested interests. That could be one of the reasons for Andean countries not accepting the offer by Brazilian diplomacy to set up a secretariat for the newly-created South American Community of Nations, an entity that was replaced, one year later by the Hugo Chávez-sponsored Union of the Nations of South America (Unasur), with its headquarters in Quito.
The da Silva Government also failed to provide an adequate substitute to a scheme devised by Cardoso’s administration for the infrastructure projects in South America. The Initiative for the Integration of South America (IIRSA), created in 2000, never advanced from its stage of portfolio projects – prepared by the INTAL-IADB – to transform them into concrete undertakings capable of mobilizing private and official financial resources to deal with the multiple needs in the region in terms of energy, communications, and major engineering projects (notably in transport). As regards investments and other market opportunities, the successful implosion of the FTAA by Brazilian diplomacy (with a little help from Argentina and Venezuela) may have thrown some countries into the arms of the USA, as Brazil is not really a powerful replacement solution for economies looking for big flows of direct investment and access to larger markets, at least not those of the size of the United States; in the same move, Brazil ended up with less market access and reduced preferences in its neighbors’ markets.

A bridge too far: multilateral and regional trade negotiations
Access to new markets through multilateral trade negotiations, with small concessions in new areas – like investments, intellectual property and services – but also in industrial tariffs, have always been a chasse gardée for Itamaraty, preserved from intrusions by other government agencies. This domestic hegemony was somewhat contested during Lula’s government – especially by Brazilian agricultural producers competing in world markets, but also other sectors – because of the extreme politicization of those economic issues practiced since the beginning. Under the slogan of creating a ‘new geography for world trade’, Itamaraty aligned Brazil with other developing countries – always with the aim of presenting a united front against rich countries – disregarding the fact that some of those countries (including China and India, two of its strongest ‘allies’) possessed in reality interests directly opposed to Brazil’s aim in dismantling agriculture protectionism and high subsidies in the area.
The Commercial G20, created at the Cancun ministerial meeting of the WTO (2003), was presented as a strong expression of Brazilian leadership in trade negotiations, and as an ‘alternative’ to old negotiating schemes, but its internal contradictions quickly became apparent in subsequent phases and the group was not capable of overcoming different interests among its members to present a united front in some crucial issues related to it. For all practical purposes, the offensive stance of Brazil in those matters was rendered as defensive as the Chinese or Indian positions, including in non-agricultural market access (NAMA) and in services, in a time when Brazilian farmers, and even many industrialists, were disposed to advance further.
In the same areas, and in other negotiating instances – such as in the framework of trade talks between Mercosur and the EU – less ambitious positions or a limited disposition to make concessions in industrial tariffs from partners like Argentina (but the same applies to India and some other developing countries) curtailed the possibility for Brazil to reach an acceptable agreement with other developing countries, thus opening new markets for Brazilian products. The preferential alliances devised by Itamaraty with other developing countries – which included ‘social concerns’ and ‘interests of less competitive agriculture’, or ‘family farms’ – added to the hindrances that had been self-inflicted for political reasons, in addition to the fact that the great expansion for Brazilian exports in the farming sector is essentially concentrated in the emerging markets, not in rich countries. In this sense, the ‘South-South’ policy and the ‘new geography of trade’, with all their political bias, were in contradiction to Brazilian national interests and the country's natural competitive advantages. Asian countries, for instance, have for a long time been practicing the ‘new geography’ in expanding their exports to rich countries in the West.

Dragons, elephants and other fauna: Brazil’s presence in the world
China was designated an ‘ally’, or ‘strategic partner’ even before Luis Inácio Lula da Silva's coming to power, as he made a political visit to that country in 2001, and was received with the honors due to an important political leader. At that time, many of the PT leaders still held the erroneous belief that China was a socialist economy and a country interested in constituting a ‘common front’ against the arrogant rich countries and Western ‘imperialism’. When he came to power, Luis Inácio Lula da Silva started to put in practice his unilaterally conceived ‘Chinese policy’, which consisted of great expectations concerning major investments in Brazil and, especially, a strong political relationship by which both countries were to influence a big change in world power, reducing the spaces for ‘hegemony’ in international politics – a concept used by the Chinese, by the way.
The Brazilian's diplomacy imagined that, by conceding to China the status of a ‘market economy’, as requested by the Chinese leadership, it would be possible to capture large-scale investments and technological cooperation, as well as the most prized reward sought by the president: China’s support for the Brazilian aspiration to a seat in the UNSC. In other occasions – during reciprocal state visits –the President even considered the idea of a free-trade agreement between China and Mercosur, and offered the possibility of replace the payment system in bilateral trade, starting to use local currencies instead of dollars. Both measures were clearly in favor of Chinese interests and, thanks to the opposition from entrepreneurs – alarmed by the destructive potential of low-cost Chinese competition – and from some more vigilant bureaucrats in the Central Bank, they were not implemented at all, despite being proposed by the President himself (probably out of naïveté or simple ignorance of economic matters).
China never committed itself to supporting Brazil in its quest for the UNSC seat and has always acted in its own self-interest, even on strictly bilateral matters; it did not hesitate, for instance, to impose a trade embargo on the arrival of a Brazilian cargo of soy beans invoking sanitary measures, when it was simply pushing down the prices, and this on the eve of one of Luis Inácio Lula da Silva's official visits to China. In other contexts China makes very clear that it wants to keep for itself the decision on the desirable pattern for bilateral relations, including matters pertaining to private investment and a common multilateral agenda (either in BRIC meetings, or elsewhere).
The creation of the informal group called BRIC, comprising Brazil, China, India and Russia, has the latter country as the main partner with Brazil in the endeavor that looks more at political aims than economic objectives, despite the fact that the proposal by an investment economist takes its legitimacy from their economic importance for the future world economy. The new acronym has attracted a lot of publicity but it remains to be seen if the group has, effectively, coherent, sound and feasible proposals for global governance, justifying its claim to be an alternative to the traditional G7-G8 group. In the same way, the decision to strengthen links with new and old partners, in other continents, fits Luis Inácio Lula da Silva's intention to diversify the options available for Brazilian exports, other sources for sophisticated technology – with France, for instance – and to achieve a balance of commercial objectives and attain a leading political role for the country in the world (as in the summits organized with Arab and African countries together with South American neighbors of Brazil).
A resident diplomatic representation was established in Ramallah and Luis Inácio Lula da Silva tried to insert himself in the complicated chessboard of Middle East conflicts, offering to mediate a ‘peace’ between Israelis and Palestinians on the basis of ‘sincere dialogue’, which, of course, arrived at nothing. New attempts at bona fide diplomacy were made in connection with the troubled negotiations between the great powers and Iran, over that country's covert activities regarding its nuclear program, only to characterize Brazil's President as a friend of the controversial figure of Ahmadinejad. Brazil’s too lenient posture regarding human rights violations around the world, together with Luis Inácio Lula da Silva’s indulgence towards dictators like Fidel Castro, have tarnished the good record previously held by Brazil.
There is no doubt that Brazil has become an important broker in many instances on the international agenda, even if some ambiguities remain over specific points of the political aspect of the PT’s external policy (human rights and democracy being the most visible, but also non-proliferation and environment). Luis Inácio Lula da Silva had the opportunity to engage in dialogue at the same time with capitalists in Davos and the dreamers of the World Social Forum, but many in his immediate surroundings exhibited a clear anti-American stance, as was revealed, for instance, in the cases of Honduras and Venezuela. The President's negative appraisals of ‘neoliberalism’ and ‘Wall Street speculators’ have more to do with old-fashioned leftist postures than with the diplomatic seriousness required from an aspiring emerging power. At the beginning of his mandate, Luis Inácio Lula da Silva attempted to ‘sell’ to other Latin American countries a replacement of the ‘Washington Consensus’, by means of a so-called ‘Buenos Aires Consensus’, a fragile set of fragile rules about welfare policies. At the end of his mandate, had become a strong critic of the current international system, probably frustrated by the unwillingness of great powers to reform the UNO Charter and accept Brazil as one of the ‘more equals’.

5. Luis Inácio Lula da Silva's heritage: Brazilian diplomacy's new clothes
The October 2010 presidential elections in Brazil provide the opportunity to change many things in foreign policy, if there is a social-democratic victory – probably more in the region, and specifically in connection with Mercosur, than in Brazil’s world role – or, otherwise, a new government can maintain, roughly speaking, the same lines in diplomacy as followed during the last eight years of the da Silva administration. Indeed, the PT’s foreign policy, though not consensual, is widely accepted by many sectors of public opinion, mainly in academia and left-wing parties and movements. It would be more of the same, except for the lack of a colorful president, who has represented Brazil abroad in a lively manner in times of great changes in world scenarios.
Some positions will probably not change, of course: the self-characterization of Brazil as a developing country, its pretension to be a speaker on behalf of other poor countries seeking a new economic order, with more justice and fairness being shown towards those countries, the reduction of the inequalities and imbalances that still divide the world, the democratization of international politics – with Brazil standing yet again as a candidate for a permanent seat on the UNSC – and many other requests of this nature. Strong action against hunger, poverty and injustices will continue to be high in the agenda, as well as the defense of sovereignty and states' policies directed to social development.
South America – and with the PT, Latin America – will be maintained as the most relevant priority of Brazilian foreign policy, but in the case of a social-democratic win, exclusive ‘South-South’ policies will probably be scaled down within the ranks of Itamaraty, in favor of a more balanced view of cooperation and a more pragmatic position regarding commercial policies and human rights issues. Multilateralism in economic and political careers will keep the same importance as always and Itamaraty will regain some of the spaces it lost to a very activist presidential palace in the last eight years. There will probably be less presidential diplomacy, and more ‘normal’, professional diplomacy, with less travel and visits both abroad and to Brazil.
Changes in or of style and different emphases apart, Brazil will undoubtedly retain the growing economic and political importance it attained during Luis Inácio Lula da Silva's administration. The new view of Brazil held by foreign countries has objective grounds: the preservation of economic stability and the steady, albeit modest, growth rates exhibited by Brazilian economy that its diplomacy has been able to capitalize upon. China, the current engine of the world economy became the main Brazil’s trading partner in the last year of Luis Inácio Lula da Silva's mandate, but it was China that that has contributed most to Brazilian growth, a growth much more based on the value given to its commodities than on the diversification and expansion of exported manufactures. In fact, economic growth in Brazil is perhaps becoming too dependent on China, as was the case in the past with the Brazilian-American relationship. However, in the context of the BRIC countries, Brazil has shown the worst growth rate of the four nations, and has not lost its relative share of the world GDP or the intensity of its participation in international trade.
Thus, despite Luis Inácio Lula da Silva's satisfaction with the greater presence of Brazil in the world, which allows him to enhance his own leading role in building that position, it would not be wrong to say that this new role derives much more from a hyperactive diplomacy, based on the strong promotion of the President himself, than from a real transformation in the objective position of Brazil in the economic and political scenarios. Growth in nominal GDP as compared to other countries is, at least in some measure, the result of the currency's appreciation against the dollar; in the same way, growth in exports reflects the growing demand from dynamic countries for Brazilian commodities; there is also the expansion of domestic credit for consumption, even at the risk of a bubble arising from excessive debt contracted by individuals and families. On a similar topic, the economic stability granted since Cardoso’s administration, and rightfully preserved by da Silva, together with the size of the domestic market and Brazilian connections within the framework of Mercosur, are responsible for the huge amounts of foreign direct investments that have been attracted since then. This relatively benign scenario will probably be maintained for the next few years, depending on the main markets for Brazilian products (today tending towards China) and on external credits from financial markets.
An overall evaluation of Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy should be able to recognize its ability to project a dynamic image of Brazil worldwide, helping to make the country a fully-fledged actor in the forefront of international diplomacy. Brazil is certainly present in many of the most important discussion bodies dealing with economic and political issues in the world agenda. Not surprisingly, the personal figure of da Silva is even more present than the country, which confirms the real success of his diplomacy in projecting his own image as the personification of Brazil.
In terms of its own development though, Brazil is still an emerging country, with many social deficiencies, economic imbalances, uneven regional progress, and an extremely problematic public education system; its state institutions and corruption levels are much more akin to the standard patterns already familiar in developing countries than with the advanced economies that Brazil is struggling to imitate. Incidentally, it is worth noting that Brazil could be a full member of the OECD, as it has received 10 open invitation in recent years to consider becoming associated with that organization; it was only for ideological and political reasons that Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy choose to stand aside. Even taking into account some economic challenges arising from such a decision, OECD patterns in economic policy and governance would help Brazil to modernize its structures and improve the overall performance of its public policies.
Indeed, the main challenges for Brazil in the years ahead are entirely internal, with few, or none, deriving from external factors. Domestic problems are mainly to blame for the modest role still characterizing Brazil’s world presence; an ambitious set of governance reforms – the taxation system, labor legislation, political and administrative reforms, and an educational revolution – most of them in line with OECD patterns, should contribute to the international aggrandizement of Brazil. Those tasks will presumably depend on a less ideological type of governance and on a new kind of diplomacy, open-minded and market-friendly. This task is for a post-da Silva government.

Received August 14, 2010
Accepted November 18, 2010


Abstract: Critical assessment of Luis Inácio Lula da Silva's diplomacy, which departed from the previous patterns of the Brazilian Foreign Service, to align itself with the political conceptions of the Workers’ Party. This diplomacy has neither consolidated the position of Brazil as a regional leader, nor attained its declared goal of inserting Brazil into the United Nations Security Council, although it has reinforced Brazil’s image in the international scenarios; but this was achieved much more through the personal activism of the President himself, than through normal diplomatic work.

Resumo: Avaliação crítica da diplomacia do governo Lula, que abandonou os padrões tradicionais do Itamaraty para alinhar-se com as concepções políticas do Partido dos Trabalhadores. Essa diplomacia não conseguiu consolidar a posição do Brasil como líder regional, nem logrou o objetivo declarado de colocar o país no Conselho de Segurança das Nações Unidas, muito embora tenha reforçado a imagem do Brasil no cenário internacional; mas isso foi alcançado mais por meio do ativismo do próprio presidente, do que pelo trabalho diplomático normal.

Key-words: Brazil, diplomacy, Lula government, regional leadership, global presence.
Palavras-chave: Brasil, diplomacia, governo Lula, liderança regional, presença global.


Notes
* PhD in Social Sciences and Brazilian career diplomat.
(1) Some of the questions debated in this essay have been already dealt with in other articles by the author, namely: “Brazil in the world context, at the first decade of the 21st century: regional leadership and strategies for its integration into the world economy”, In: Joam Evans (org.), Brazilian Defense Policies: Current Trends and Regional Implications (London: Dunkling Books, 2009), p. 11-26; “Lula’s Foreign Policy: Regional and Global Strategies”, In: Werner Baer and Joseph Love (eds.), Brazil under Lula (New York: Palgrave-Macmillan, 2009), p. 167-183; “Política exterior: potencia regional o actor global”, In: “Brasil Emerge”, Vanguardia Dossier (Barcelona: La Vanguardia, n. 36, Jul-Sept., 2010), p. 68-72.
(2) Minutes of the regular meetings of the FSP, since its foundation, in 1990, up to 2007, with evidence of the participation of the Colombian narco-terrorist group FARC, can be found at this website: http://www.midiasemmascara.org/arquivo/atas-do-foro-de-sao-paulo/7.html, accessed on 20th October 2010.